Mundo de ficçãoIniciar sessãoEla sempre foi diferente — e isso nunca foi um problema para Isabela. Negra, gorda, inteligente e dona de um coração imenso, ela aprendeu a se amar mesmo quando o mundo insistia em dizer o contrário. Ele, Kaio, era o oposto em tudo: branco, popular, confiante e acostumado a ser o centro das atenções. Dois universos que jamais deveriam colidir — mas colidiram. O que começou como uma amizade improvável se transformou em um amor intenso, avassalador, e ao mesmo tempo… impossível. Quando as certezas de Kaio começam a ruir, ele escolhe o caminho mais fácil: desaparecer. Anos depois, o destino — teimoso como sempre — os coloca frente a frente novamente. Entre o que foram e o que ainda poderiam ser, Isabela e Caio precisam encarar a pergunta que sempre evitaram: até onde vai o amor quando o tempo muda tudo — até quem somos?
Ler maisDiferente de outras pessoas da minha idade,eu sempre gostei do ambiente escolar. Minha mãe diz que quando foi me levar à escola pela primeira vez, chorou porque a ignorei com sucesso,encantada com meus novos amigos e professora.
Acho que esse encantamento nunca foi embora e mesmo nos dias mais difíceis,eu ainda conseguia me sentir e casa quando estava no colégio. Eu tinha bons amigos, sabia estudar, lia bons livros e tirava boas notas. Não há nada que eu precisasse que não estivesse no chão da escola. Pelo menos era assim que eu pensava. _ Turma, para finalizar a aula, vou deixar um trabalho em grupo! Vocês terão que apresentar uma mostra de artes atemporal,que envolva diversas décadas e vertentes artísticas : Anos 60,70,80 e por aí vai! Terão 2 meses para organizar tudo. _ Amiga, já sei o que vamos fazer... vamos dançar! _Vamos o que? Nem pensar! _ Você é minha melhor amiga! Vai me deixar sozinha nessa?Essa turma nos odeia.. Quem vai fazer o trabalho com a gente? _ Não acredito que estou sendo convencida. _ Isabela, você precisa sair dessa bolha e achar um par para dançar. _Renata, eu aceito dançar,mas em par? você acabou de deixar claro que ninguém vai querer fazer o trabalho com a gente e tá certa! Ninguém Vai! _Deixa comigo que faço a coreografia e acho um par. Essa conversa já aconteceu a uma semana e até agora já apelei para todos os meus amigos homens e ninguém quis dançar comigo. Renata logo arrumou o par dela e eu no fundo,sabia que seria assim. Pode parecer clichê,mas não sou considerada uma menina bonita pela minha aparência e adolescentes são cruéis. Estou tão cansada de tentar ameaçar ou me oferecer para fazer os trabalhos do semestre para os meninos,que estou seriamente pensando em desistir e implorar por um atividade escrita pra a professora. _ Amiga, ainda bem que te encontrei..Biels quer falar com a gente. Acabou de mandar mensagem. _ O que ele quer? Não diga que ele vi desistir de ser seu par n dança?! _ Ele nem é maluco! Já estamos terminando a coreografia. _ Oh .. Que maravilha ( Contém ironia) _ Haha Falsa. _ Biels,achei ela! _Tava procurando vocês. Tenho novidades,Isabela. _ Descobriu que sou herdeira? _ Descobriu o que? Não! Olha, consegui um par para você. _ Você o que? De que turma ele é? _ Essa é a questão.. Ele não é da escola,tá no terceiro período de direito e tem 19 anos. _ Onde você arrumou esse anjo? Ela jurava que não ia dançar mais ou faria um solo. _ Quem disse que eu faria um solo? Ficou louca, Renata? Porém,eu jurava que não iria dançar mais. Como isso aconteceu,Biels? _ Nem eu sei direito porque foi muito aleatório. Eu estava numa festa jogando magic e durante o jogo comentei que tinha chegado atrasado porque estava ensaiando para dançar na escola e que você estava sem par. Aí, ele falou : " Estava sem! Eu danço como ela!" _ É o que? Do nada? Ele é maluco de querer dançar comigo? Nem me conhece! Perguntou algo sobre mim? Como sou?meu nome? se sou bonita? Óbvio que vc mentiu para me ajudar. _ Amiga, não surta! _ Ele não perguntou nada,Isabela. Só disse isso e pediu para marcar com vc na Tholarian. _ Aquela loja de card game aqui perto da escola? _ Essa mesmo . Ele frequenta ela. _ Como eu nunca o vi? Sempre vou lá comprar cartas de lixão para o deck que tô montando. _ Amiga, isso importa? _ Claro que importa! _ É isso meninas! Não esqueçam... Hoje às 16h na Tholarian! matem essa aula. Fui! E ele foi mesmo .. Sumiu feito fumaça pelos corredores depois de soltar essa bomba. Eu iria dançar com um psicopata que não conhecia e que não sabia absolutamente nada sobre mim ou eu sobre ele. As horas nunca demoraram tanto a passar e eu nunca me envolvi tanto nos exercícios em sal quanto hoje. Fiz de tudo pra esquecer o frio na barriga que me incomodava e a curiosidade que me perturbava: " O que levaria um estranho a querer estar comigo?" Nunca fui escolhida frente aos outros.Na realidade,sempre fui a que sobrava e estava pronta para continuar sendo assim. E ai, ele chegou. _ Amiga,Temos que sair nessa aula.Biels tá esperando a gente lá fora. _ Não posso,Renata. Ainda não acabei meu cálculo. _ Nem começa! Até parece que é excelente em matemática. Você está nervosa,isso sim. _ Nervosa? Nem conheço o menino! Dá um tempo. A lojinha ficava a 15 minutos da escola andando.Só que parece uma eternidade hoje, porque esse frio na barriga não para de criar borboletas na minha barriga. Eu nunca detestei tanto matar uma aula.Não gosto de perder o controle. _ Chegamos meninas.. Esperem um minuto.Olha ele ali. _ Hey,Kaio.. Esse é o seu par! Isabela,Kaio.. Kaio.. Isabela.. Demorei a encontrar os olhos dele para ver de quem se tratava e talvez fosse melhor não ter visto. A borboleta no estômago deu lugar a um coração acelerado e mãos que não paravam de suar. Ele é lindo. Estilo rockeiro,cabelo castanho escuro,olhos mel,pele clara,olhar indiferente,geek,alto ( bem alto) e sorriso convencido de lado. _ E aí,meu par .. _ O...oii.. Sério que gaguejei? _ Hey,Cara vc fica hoje com a gente ? _ Não mano.. Só vim jogar e conhecer ela. Vou embora já. Quem é a responsável pela dança? _ Renata! _ E aí, Renata?! Kaio.. Prazer! Quando a gente começa a ensaiar? _ Amanhã lá na minha casa. Deixa eu te passar o endereço.... Que ódio! Enquanto estou babando por ele,mal sou notada. Assim como um papel de bala sou ignorada por Kaio, enquanto ele conversa com Renata e Gabriel. O que esperar? Eu só quero que esse trabalho acabe logo.Capítulo — A Promessa do Karma POV KAIO Desde que li o diário de Isa, nada mais fez sentido. Aquelas palavras eram mais do que sonhos. Eram memórias. Lembranças de algo que eu nunca vivi — mas que, de algum modo, recordava com o coração. Desde criança, vejo alguém. Um homem que aparece nas horas de silêncio, quando o mundo dorme e só o som da minha respiração preenche o ar. Ele nunca disse o próprio nome, mas sempre me chamou de “meu menino”. Com o tempo, entendi: era meu espírito guia. Alguém que me acompanha desde sempre, mesmo antes dessa vida. Quando pequeno, eu tentava falar sobre ele. Mas as pessoas riam. Diziam que era imaginação, que eu inventava amigos invisíveis. Eu aprendi a calar — mas ele nunca deixou de aparecer. Nos momentos certos. Principalmente agora. Na noite em que li o diário, ele surgiu novamente. Seu olhar era calmo, mas havia tristeza ali. — Está na hora de lembrar — ele disse. E foi assim que procurei o centro espírita da c
Capítulo — Ecos de Outras VidasPOV ISADesde que Kaio desapareceu por aqueles dias, algo dentro de mim mudou.Não era apenas saudade — era como se um eco, vindo de muito longe, tivesse despertado dentro do meu peito.As noites passaram a ser diferentes. Eu dormia e sonhava com ele. Mas não era o Kaio que eu conhecia — o universitário arrogante e apaixonado, o garoto que me fazia rir sem esforço.Nos sonhos, ele era outro.Estávamos entrando num cinema, rindo de algo que só nós entendíamos. Tudo parecia normal, até que as luzes se apagavam e o riso se transformava em discussão.As palavras saíam confusas, cheias de dor e raiva. Eu o via se levantar, me puxar pelo braço e, quando me dava conta, a sala de cinema se desmanchava.De repente, estávamos cercados por cobras.Elas se arrastavam pelo chão, frias e silenciosas, enquanto eu me agarrava a Kaio, sentindo o coração disparar.Ele apontava para um alçapão no chão — uma saída.“Desce primeiro, Isa!”, dizia ele.E eu obedecia, chorando
Capítulo — Quando o Inverno ChegouPOV ISAO tempo parecia correr diferente ao lado do Kaio.Um ano e seis meses.Foi o que durou a nossa história até aqui — o tipo de amor que parecia impossível, mas que deu certo por um tempo.Tudo começou com um gesto simples, um convite inesperado numa tarde qualquer. Ele apareceu na porta da minha casa com um sorriso nervoso, um buquê de flores amassadas e uma caixa de chocolates nas mãos.— Eu cumpro o que prometo, Isa. — disse ele, respirando fundo. — Um mês virou o suficiente pra ter certeza… você é tudo que eu quero.E ali, no meio da varanda, com o pôr do sol colorindo o céu e as mãos dele trêmulas segurando uma caixinha pequena, Kaio me pediu em namoro.Com direito a aliança, chocolate e aquele olhar que sempre me desarmava.Chorei, claro.Disse sim, entre risos e soluços, e ele me abraçou tão forte que o mundo pareceu caber naquele instante.Os meses seguintes foram uma mistura de risadas, planos e sonhos compartilhados.Kaio me esperava n
POV ISAAs pessoas sempre diziam que amizades entre um casal recém-formado não funcionavam. Que o amor muda tudo, que a convivência transforma o que antes era leve em algo pesado.Mas, com Kaio, era diferente.Nós continuávamos melhores amigos.Ele ainda era o primeiro a ouvir meus desabafos e o último a soltar minha mão quando eu precisava de força.E, talvez, fosse justamente isso que tornava tudo tão intenso.Kaio não era o tipo de namorado que mandava flores ou escrevia bilhetes fofos. Ele não sabia lidar com gestos românticos, mas me protegia de um jeito que ninguém nunca fez. Bastava alguém me olhar torto que o semblante dele mudava. A expressão se tornava sombria, os olhos estreitavam, e ele parecia pronto para enfrentar o mundo por mim.E eu… eu o amava por isso.Por cada contradição, cada detalhe que só eu via.As pessoas comentavam — claro que comentavam.“O popular e a nerd.”“Ela nem combina com ele.”“Vai ser só uma fase.”Mas todas as vezes que ouvia algo assim, ele aper
POV ISA O silêncio no cinema era sufocante, mas o barulho que vinha de dentro de mim era ensurdecedor. As luzes se apagaram, a tela começou a brilhar e, mesmo assim, eu não conseguia pensar em nada além do beijo. Aquele beijo. Meu coração ainda batia acelerado, misturado à vergonha e à confusão. E o pior de tudo: o olhar de Giovanne. Ele tentou disfarçar, fingir que nada tinha acontecido, mas eu vi a decepção em seus olhos. A mesma decepção que eu já senti quando esperava algo de Kaio e não recebia. Renata se acomodou ao meu lado, cochichando alguma coisa sobre o filme, mas eu mal ouvi. Kaio estava duas fileiras à frente, o corpo rígido, os ombros tensos. Parecia que o beijo o deixara tão perdido quanto a mim. No meio do filme, eu tomei uma decisão. Chega de fugir. Levantei-me devagar e caminhei até o assento ao lado dele. Senti os olhares de alguns amigos, mas ignorei. Sentei e fiquei em silêncio por alguns segundos, tentando reunir coragem. Ele não me olhou. Então, fi
A mensagem de Kaio ainda estava na tela do meu celular quando o sol começou a nascer. “Isa, preciso te ver amanhã. Só nós dois.” Fiquei olhando para aquelas palavras durante minutos, sem saber o que responder. Parte de mim queria dizer sim — correr até ele e pedir que dissesse tudo o que vinha engasgando há tanto tempo. Mas outra parte, mais orgulhosa e cansada, me dizia que não era o momento. Não depois de tudo o que ele fez, de todos os sinais trocados e mal interpretados. Acabei digitando: “Não posso. Já vamos nos ver no cinema com o pessoal.” Foi o jeito mais educado que encontrei de dizer “não”. O resto da noite foi um tormento. Eu pensava no que poderia ter acontecido se tivesse aceitado. Imaginava o que ele queria tanto me dizer. Mas o que mais doía era imaginar que talvez, dessa vez, ele estivesse realmente disposto a abrir o coração — e eu o impedi. No dia seguinte, me arrumei com o coração inquieto. Renata me esperava no portão, animada, como se aquele passeio f





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