Mundo de ficçãoIniciar sessãoÀs vezes, a vida parece em preto e branco, sem motivos para sorrir ou sonhar. Foi assim que Lua se sentiu até cruzar o caminho de Eduardo Duarte Galvão um homem tão arrogante quanto irresistível, capaz de virar seu mundo de cabeça para baixo. Quando aceita trabalhar como secretária dele, jamais imaginou que acabaria recebendo a proposta mais inusitada — um casamento por contrato. Entre atritos, provocações e segredos, nasce uma convivência intensa, onde cada olhar pode ferir ou colorir. Agora, entre um contrato e emoções inesperadas, Lua descobrirá que até mesmo as cores imperfeitas podem compor a mais bela pintura, a do amor que surge onde menos se espera.
Ler mais– Visão de Henry Eu não sei quanto tempo fiquei parado no banheiro, com a água batendo nas minhas costas, tentando convencer meu corpo a voltar a funcionar. Acho que perdi a noção do tempo desde que Alyce entrou na UTI. Desde que o corpo pequenininho dela começou a depender de máquinas e remédios mais fortes do que qualquer criança deveria precisar.Eu não chorei.Não consegui.Era como se meu corpo tivesse travado numa espécie de suspensão… como se eu tivesse parado entre o medo e o choque, sem conseguir chegar totalmente a nenhum dos dois.Mas quando fechei o chuveiro, respirei fundo e disse pra mim mesmo que precisava ser forte por Amber — pela Amber que dormia frágil num quarto do hospital sem saber o que estava acontecendo — senti algo abrir uma fissura dentro de mim.Eu queria cair.Queria desabar no piso frio.Queria gritar.Mas eu precisava parecer inteiro quando saísse daquele banheiro.A médica tinha dito que qualquer susto, qualquer emoção forte, qualquer oscilação emocio
— VISÃO DE Amber Eu acordei com uma sensação estranha. Uma mistura de vazio e pressentimento. Não sei explicar… apenas parecia que o ar do quarto estava mais pesado, como se algo tivesse acontecido enquanto eu dormia. O sol da manhã escorria pela fresta da cortina, mas ao invés de sentir conforto, eu me senti sufocada.Minha barriga doía — não como antes, não como as contrações assustadoras daquela madrugada — mas um incômodo profundo, como se meu corpo inteiro estivesse em alerta.Olhei para o lado.Henry dormia sentado na poltrona, ainda com o jaleco por cima da roupa social. A cabeça caída para frente, os braços cruzados, as olheiras tão marcadas que pareciam pintadas.Ele estava exausto.E mesmo exausto, mesmo depois de ter enfrentado horas de medo comigo, ele não foi embora. Ele nunca ia embora.Meu peito apertou — não de dor, mas de culpa. Porque quanto mais eu melhorava… mais eu sentia que alguma coisa fora daquele quarto estava piorando.Eu sabia.Eu sempre soube.Eu sinto q
– Visão de Lua Eu nem lembro direito como consegui sair de casa. Tudo virou um borrão tão rápido que, quando tentei puxar da memória, parecia que alguém tinha apagado a maior parte e deixado só os flashes mais desesperadores. Só sei que coloquei Sol e a pequena Ester nos braços da minha avó Laura, tentando sorrir, tentando parecer calma, enquanto a minha voz—trêmula e mentirosa—dizia que a gente iria “só ver uma coisinha rápida”.Eu sabia que era mentira. Minha avó também sabia. Até a Sol, com sua sensibilidade enorme, deve ter percebido pela maneira como eu tremia ao pegar a bolsa. Mas ninguém me questionou. Talvez porque todos viram o medo no meu olhar. Medo real. Medo que aperta o peito como uma mão grande e fria.A última imagem que tive antes de fechar a porta foi a Ester com os olhos arregalados, chupeta pendurada no canto da boca, e Sol segurando a roupinha da irmã com tanta força que parecia querer ancorar a gente no mundo. Aquilo ficou na minha mente como um aviso silencios
— VISÃO DE HENRY Amber dorme...Ou… tenta.É um sono leve, inquieto, cheio de pequenos sobressaltos e movimentos curtos.Mesmo dormindo, ela parece fugir de alguma coisa — como se até os sonhos estivessem tentando machucá-la.Eu a observo em silêncio.A pele dela está muito pálida.Os lábios, secos.E há olheiras profundas sob seus olhos — marcas da anemia, das noites mal dormidas, da dor e do medo.Ela parece pequena demais, frágil demais, presa no meio de fios, máquinas e almofadas que não chegam nem perto de substituir o carinho que ela realmente precisa.Meu peito aperta.De novo.Nunca senti tanto medo na minha vida.Medo de perder a Amber.Medo de perder Victor.Medo de perder Alyce.Tudo ao mesmo tempo, como se alguém tivesse colocado dinamite no meu coração e acendido o pavio.Passo a mão no cabelo dela com o máximo de cuidado possível.Ela suspira, ainda dormindo, como se reconhecesse meu toque.E então eu lembro da sessão com o psicólogo.Do doutor Adrian e daquele maldito
visão de Amber Quando acordei naquela manhã, pela primeira vez em dias eu não senti aquela dor cortante que rasgava meu ventre. Ainda havia um peso, um incômodo, mas era suportável. O médico disse que os medicamentos finalmente estavam fazendo efeito.Mas efeito nenhum do mundo seria suficiente para afastar o medo.O quarto estava silencioso. As máquinas, pela primeira vez, apitavam num ritmo constante e suave. Eu deveria estar aliviada — mas meu peito continuava apertado, como se a qualquer momento o chão fosse se abrir e me engolir inteira.Olhei para o lado.E lá estava Henry.Dormindo sentado na poltrona desconfortável, os braços cruzados, a cabeça tombada para o lado. Ele vinha todos os dias, todas as noites. Não importava o trabalho, não importava nada. Ele simplesmente ficava.Por mim.Por Victor.Por nós.Às vezes eu acordava no meio da madrugada com ele segurando minha mão enquanto dormia, como se tivesse medo de me perder até enquanto sonhava.Passei meus dedos de leve no r
– VISÃO DE HENRYQuando o telefone toca, meu coração congela antes mesmo de atender. O nome do hospital brilha na tela como uma sentença. Não penso, não respiro, não raciocino. Apenas atendo.E, em seguida, o mundo desaba.A voz da enfermeira é rápida demais, séria demais, urgente demais.“Sua noiva… a senhora Amber… está com dores fortes e sangramento. O médico pediu para avisar para vir imediatamente.”Não escuto mais nada depois disso.Só o barulho do meu próprio sangue pulando dentro dos meus ouvidos.— Estou indo — é tudo o que consigo responder antes de correr.As ruas parecem longas demais, o trânsito lento demais, a vida inteira fora de compasso. Cada segundo que passa me deixa mais desesperado. Minhas mãos tremem no volante, meu peito aperta como se estivesse sendo esmagado por dentro.Amber.Meu amor.Nosso filho ou filha. Quando finalmente estaciono em frente ao hospital, quase arranco a porta do carro. Entro correndo, empurrando as portas automáticas como se elas fossem c
Último capítulo