Ela cruzou o oceano em busca de um futuro. Ele era tudo o que ela jurou evitar. Recém-formada em Direito e bolsista da prestigiada Montera University of New York ( MUNY ) Ella Fontana deixa a Itália determinada a construir sua carreira em criminologia, longe das sombras do controle masculino que marcaram sua infância. Mas o destino (e a conta de aluguel vencida) a colocam frente a frente com Ethan Ravelli: seu professor mais temido… e agora seu novo chefe em um renomado escritório de advocacia criminal. Frio, provocador e absurdamente brilhante, Ethan confronta Ella a cada passo. Dentro e fora da sala de aula. Ela, por sua vez, não recua. E é aí que começa o jogo. Um romance cheio de ironia, tensão e verdades perigosas. Porque há coisas que não se aprendem nos livros. E Ethan Ravelli é uma delas.
Leer másISABELLA FONTANA
Nova York me recebeu com frio, buzina e um taxista que quase atropelou uma pomba. Honestamente? A pomba parecia ter mais experiência de vida que eu. Meu nome é Isabella Fontana, mas os mais íntimos me chamam de Ella. Italiana, recém-formada em Direito, bolsista no curso de criminologia da Montera University of New York… a MUNY. Parece impressionante? Talvez. Mas a única coisa que eu conseguia pensar enquanto entrava no campus era: não tropeça, não tropeça, não tropeça. O vento de Manhattan batia nos meus cabelos castanhos como se quisesse me avisar que ali tudo se movia rápido e eu teria que me adaptar. Nova cidade, nova vida. Uma nova Ella? Talvez. Mas já imaginava que nada seria fácil. Carregava duas pastas contra o peito, uma bolsa no ombro e uma expressão indecifrável: entre o deslumbre e o ceticismo, com uma pitada de loucura. " Faculdade dos sonhos... e talvez também dos pesadelos." Resmunguei, caminhando apressada. LIA: Você está pálida! Está nervosa? É o Ravelli, né? Meu Deus, vamos ter aula com o Ravelli. Eu vi no grupo do semestre! Ela surgiu do nada, como sempre, com a mochila pendurada de qualquer jeito e um copo de café prestes a cair. O meu desastre em forma de melhor amiga. Essa é a Lia. Nos conhecemos quando estive em Manhattan para procurar apartamento. Nos damos super bem, e já me acostumei com as loucuras dela. Talvez seja justamente por isso que amo ela. "Quem é Ravelli?" LIA: Quem é Ravelli? Ele é o professor mais temido, mais gato e mais… misteriosamente ameaçador dessa universidade! Fala como um vilão elegante da máfia… tipo, se ele te elogiar, você corre. Dizem que ele lê sua mente e destrói suas certezas em cinco minutos. Estou apavorada… e muito excitada, o homem é um deus grego de tão gostoso! "Ah. Ótimo. Um mafioso acadêmico. Era só o que faltava. Quem sabe um dia eu não precise defender ele dos seus próprios crimes?" Entramos na sala. O auditório era gelado, com carteiras de madeira escura e uma iluminação que deixava todos mais pálidos. Eu sentei. Lia ficou em pé. Parecia um spinner humano em crise. LIA: E se ele for grosso? E se ele me perguntar alguma coisa? E se eu desmaiar no meio da aula e virar meme no canal da MUNY? "Respira. Você só vai desmaiar depois que eu levantar a mão e perguntar algo idiota." LIA: Ella, não! Você não vai levantar a mão, né? "Claro que não. A não ser que ele fale alguma barbaridade." LIA: Você sempre levanta a mão quando não deve. Promete que não vai? Não prometi nada, apenas sorri. Foi então que ele entrou. Ethan Ravelli. Altura imponente, terno impecável, olhar glacial e aquela expressão de quem já está entediado com a humanidade. O tipo de homem que, se encostar na lousa, a lousa pede desculpa. Não vou mentir: o homem tinha presença. Cabelos escuros, barba bem aparada, expressão dura. O tipo de beleza que irrita só de olhar. Senti que o fogo da Lia se instalou em mim. ETHAN: Silêncio. E o silêncio aconteceu. Como mágica. ETHAN: Esta disciplina é Criminologia Aplicada. Lidamos com o que a sociedade não entende: mentes perigosas. Se quiserem sobreviver à matéria, esqueçam os dramas de streaming. O crime real não tem trilha sonora. Ele andava lentamente entre as fileiras. Parou perto da Lia. ETHAN: Nome. Lia travou. LIA: Lia. Lia Watson. A-cho. ETHAN: Você acha ou tem certeza? Lia quase chorando arregalou os olhos. LIA: Depende do tom de voz com que o senhor pergunta. O auditório riu. Até eu ri. Ravelli… não. Ele continuou andando. Fez uma pergunta sobre moralidade criminal, que ninguém respondeu. O silêncio ficou constrangedor, e então, levantei a mão. Lia desesperada sussurrou. LIA: Ela levantou... Ela levantou. Meu Deus, eu vou vomitar. ETHAN: A senhorita tem algo a acrescentar? "Acho que sua pergunta parte de uma premissa enviesada. Nem todo comportamento antiético vem de uma estrutura criminosa. Às vezes, é só reflexo de uma sociedade doente." ETHAN: Interessante. Uma crítica precoce. E a senhorita se formou onde mesmo? "Università degli Studi di Milano. Com mérito." ETHAN: Então a senhorita é italiana. Isso explica a ousadia. "Ou a lógica." Ele me encarou. Eu não desviei. Não por coragem, mas porque sabia que, se olhasse para o lado, veria Lia suando, gesticulando e possivelmente hiperventilando. ETHAN: Vamos ver se a sua lógica sobrevive até o final do semestre. "Vamos." Foi nesse momento que eu soube: Esse homem ia infernizar minha vida. E eu ainda nem sabia o quanto. ETHAN: Alguns de vocês não vão aguentar o semestre. Outros vão se surpreender com o que são capazes de justificar em nome da lógica. Cínico, presunçoso e incrivelmente interessante. O tipo de homem que eu evitaria, se o destino não fosse tão irônico. Ainda não sabia que o professor arrogante da MUNY… era também o advogado mais temido de Manhattan. E que o meu maior desafio não seria a matéria. Seria ele. "Porque eu sou advogada e não conhecia esse homem?" Sussurrei para Lia, que estava pálida como papel. LIA: Nunca mais me faça passar por isso… eu pensei que ele ia te engolir. Você não é advogada coisa nenhuma, já pegou algum caso? Não! Então fica calada. Ele voltou a andar pela sala, enquanto falava sobre os conceitos de criminologia moderna. Mas ele falava como se desse uma sentença. Cada palavra saía com peso, como se julgasse todos nós só por estarmos vivos. Eu até tentei prestar atenção, mas o tom dele… era de quem carrega segredos, e não está interessado em compartilhá-los. Depois de vinte minutos falando sobre organizações criminosas, dominação de poder e psicologia do medo, ele largou: ETHAN: Pessoas comuns não têm estrutura mental para viver no limite da lei. O criminoso nato… nasce com isso. " Ma che cazzo stai dicendo..." ( Que porra está dizendo? ) Sussurrei em italiano. Esqueci onde estava. Pensei que ninguém fosse ouvir. Ethan sem virar, ainda escrevendo no quadro ETHAN: Attenta alla lingua, signorina Fontana. (Cuidado com a língua, senhorita Fontana.) Eu congelei. Primeiro: como ele ouviu aquilo? Segundo: como ele sabia meu nome completo? Claro ele é o professor. Terceiro: ele respondeu em italiano e com um sotaque bem carregado? A sala ficou em silêncio por um segundo. Até Lia me cutucar com o cotovelo com força. Lia sussurrou. LIA: Você xingou o professor em italiano? No primeiro dia de aula? Isso é uma PIADA? Estamos num filme da N*****x, é isso? Ethan virou-se lentamente. ETHAN: Vejo que sua ousadia não se limita ao idioma. Espero que seu conteúdo intelectual esteja à altura da sua boca. "Depende do quanto o senhor pretende provocar a inteligência dos seus alunos com absolutismos frágeis." Ele me encarou em silêncio. ETHAN: Interessante. Está oficialmente no topo da lista. Espero grandes coisas… ou grandes decepções. "Com todo respeito, professor, o topo sempre foi meu lugar favorito." LIA: Eu tô passando mal, Ella. Eu juro, vou infartar aqui mesmo. CALA BOCA!” A aula terminou minutos depois. E quando ele saiu da sala, não sem antes me lançar outro daqueles olhares clínicos, senti meu corpo arrepiar. Talvez fosse somente o frio, o medo, mas havia algo que me preocupava muito.ETHAN…Ela estava segurando a faca como se aquilo fosse a única defesa que tinha no mundo. Mãos trêmulas, olhos arregalados, o corpo inteiro vibrando em puro pânico. Eu conheço esse olhar. É o olhar de alguém que não confia em ninguém e, honestamente, não posso culpá-la. Mas uma lâmina na mão dela não era opção. Não enquanto eu estivesse aqui. Dei um passo, depois outro. Devagar, para não assustá-la mais do que já estava. "Me dá a faca, Isabella." Não precisei levantar a voz. Eu não grito. Nunca precisei. Autoridade não vem do tom, vem do controle. E eu tinha controle, pelo menos, eu tinha que ter. ELLA: Eu não vou permitir que ninguém me toque, Ethan. Ninguém! Havia dor na voz dela. Dor e algo que me fez apertar o maxilar com força. Aqueles desgraçados… se eu tivesse chegado antes… se eu tivesse previsto… Miguel tentou aliviar a tensão, como sempre: MIGUEL: Vamos respirar, gente… é só um almoço! Não precisamos inaugurar o noticiário policial, ok? Ignorei. Meu foco era ela. A
Ele me olhou muito sério, como se tentasse desvendar um mistério. ETHAN: Você é ótima para inventar histórias. “Nós dois sabemos que não é história. Eu juntei algumas informações e cheguei a essa conclusão. Não importa, você me ajudou, me estendeu a mão, é meu amigo. Eu vou tentar te ajudar o máximo que eu puder… só não faz da minha vida no escritório um inferno, ok?” Ethan Ravelli cruzou os braços me observando. O seu semblante ruim voltou. Maxilar tenso, os punhos fechados, totalmente desconfortável. ETHAN: Não faz ideia onde está se metendo. “Não, eu não sei! Mas me disse que cuidaria de mim. Prometeu que nada vai acontecer. Então aceito, e ficaria honrada se o senhor me contasse o que aconteceu. Qual é esse caso? " ETHAN: Boa noite, Ella! Virou as costas e foi para o quarto, foi isso. Não disse mais nada e me deixou extremamente curiosa para saber se estava ou não certa. Fui para o quarto, me deitei, mas o sono não vinha. Eu não conseguia parar de pensar nas manchas de sa
Era quase uma hora da madrugada quando meu estômago doeu de fome. Me virei na cama,e quando olhei para a porta ela estava se abrindo. ETHAN: Não se assuste, sou eu. Ethan entrou no quarto e ligou o abajur. O que eu vi a seguir me fez arregalar os olhos. ETHAN: Eu estava resolvendo um assunto muito importante. Quando estava voltando para cá vi a sua mensagem. Aqui está o que você me pediu. Meu coração parou por alguns instantes. Ele colocou uma pizza na mesa do quarto. Um copo com refrigerante e várias barras de chocolate. “ Eu não enviei nenhuma mensagem… que mensagem?” Ele me olhou confuso, e então me entregou o telefone. …Eu estou com fome e não tem nada de bom aqui para comer. Traga para mim, uma pizza de pepperoni, com muita mussarela e muito salaminho, eu amo. 💭 Eu vou te matar Lia Watson! Filha de uma mãe sem juízo. “ Só pode ter sido a Lia. Me perdoe.” Eu estava fora de mim. O seu perfume estava impregnado no telefone, e automaticamente grudou em minha mão. Ele pego
O som da porta se fechando ecoou pelo triplex, e percebi que Miguel e Ethan estavam indo embora. Ele me lançou aquele olhar enigmático antes de sair, e, honestamente, eu não sabia se me sentia abandonada ou aliviada. ETHAN: Se não sentir confiança em falar com os seguranças, pode me ligar. Acredito que tenha meu número salvo na sua agenda. Eu deveria responder educadamente, mas seu olhar estava tão fixo e tão escuro que eu apenas concordei balançando a cabeça. “ Você é estúpida, Ella!” Antes que eu pudesse pensar muito, ouvi passos vindo da porta lateral e uma voz familiar que me fez respirar aliviada: “Espero que ainda tenha chá ou café, porque essa noite está pedindo uma overdose de cafeína.” Sorri antes mesmo de virar. “Lia!” De pijama e com uma touca. Ela esfregava os braços tremendo de frio. “Vamos entrar. Tem chá e podemos nos enfiar debaixo do cobertor na sala de tv. Eu andei olhando de lado e parece ser enorme.” LIA: Série? “Uma investigação criminal, é tudo de bom
Meus soluços foram diminuindo, mas a sensação de sufoco não passava. Ainda abraçada nele, finalmente consegui falar, mesmo com a voz embargada. “Eu… eu não sou a estúpida que não sabe abrir uma porta… e-eu só estou muito nervosa.” Engoli seco, tentando me acalmar, mas as lágrimas voltaram. “E também estou com medo. Eu não fiz nada para eles me machucarem assim, senhor Ethan! Nada! E… eu não consigo confiar mais em ninguém!” Minha respiração acelerou outra vez, os dedos apertaram a camisa dele. “Eu estava com medo do senhor entrar ou sei lá o que… e quando a porta não abriu, eu me lembrei do que eles fizeram.” Senti os músculos dele ficarem rígidos. Então, a voz dele veio baixa, firme, carregada de algo que parecia raiva contida. ETHAN: Eu nunca vou te machucar, Ella. Pelo contrário. Ele se afastou só o suficiente para olhar nos meus olhos. E havia fogo ali. ETHAN: Eu vou destruir todos que fizeram essa maldade com você. Eu te dou a minha palavra: vou me vingar. E farei uma vi
Miguel entrou no quarto com um sorriso que eu reconheci de longe: aquele sorriso de quem estava se divertindo às minhas custas. Encostou na porta, cruzando os braços, e eu tive certeza de que era uma armadilha. MIGUEL: Então… eu chego no corredor e encontro um homem de quase quarenta anos, andando com cara de funeral, depois de jogar flores e chocolates no lixo. Quer me contar o que fez, pequena Fontana? Revirei os olhos. “Ah, claro. Agora a culpa é minha porque o Sr. Controle Absoluto não sabe lidar com a palavra “não”. Miguel riu baixo, se aproximando devagar. Ele parecia se deliciar com a tensão que ficou no ar depois que Ethan saiu daqui todo bravo. Aposto que ele nunca tinha visto o amigo perder a linha daquele jeito. MIGUEL: Você é incrível. Sério mesmo. Dez minutos com você e ele parece um adolescente rejeitado no baile da escola. Dei um sorriso torto. “Que pena que não tenho o troféu para isso.” Ele puxou uma cadeira e se sentou ao meu lado, apoiando o braço na beirada
Último capítulo