— Isso é bonito, Laura — ela disse, com a voz suave.
— E é libertador — completei, sorrindo, acariciando a barriga. — Eu achei o meu lugar. Finalmente. E é aqui. Com ele. Com meu filho. Com vocês por perto.
Natasha segurou minha mão. E ali, por um instante, o mundo pareceu certo. Mas é claro que nada é perfeito. Às vezes… a dor volta. Como um eco.
— Você já pensou… no que aconteceu com o seu pai? — ela perguntou baixinho, quase como se não quisesse estragar o momento. Olhei pra frente. Para o nada. Um ponto distante que só eu enxergava.
— Alexey disse que entregou ele às autoridades no Brasil. E que… depois disso, as pessoas fizeram justiça com as próprias mãos.
Meus olhos marejaram, mas eu não chorei.
— Ele morreu lá. No Brasil. Como um homem comum. Sozinho. — Pauso, engolindo as lágrimas teimosa. — Ele merecia isso. Mas, ainda assim… é estranho. Ele era meu pai.
Natasha não disse nada. Apenas apertou minha mão com mais força.
— Minha mãe acha que eu morri — acrescentei. —