Mundo ficciónIniciar sesiónAnna cresceu longe da Toscana e dos segredos que cercam seu sangue, até ser acolhida pela enigmática e poderosa família Montanari — onde o poder é herdado com sangue, e o amor, cobrado com lealdade. Na mansão dos irmãos Montanari, o desejo e a desconfiança andam lado a lado. Entre olhares proibidos, alianças perigosas e um passado enterrado sob mármore e silêncios, Anna descobre que seu nome carrega uma história que muitos morreram para esconder. Ela não queria o trono. Mas é forçada a lutar para proteger sua familia — enquanto um inimigo exilado se fortalece nas sombras, esperando o momento certo para destruir tudo que ela ama. Em um mundo onde amor e morte são faces da mesma moeda, Anna terá que decidir que tipo de matriarca será: a que sangra, ou a que faz sangrar Herdeira da Máfia - Amada pelos irmãos Montanari, é um romance mafioso, sensual, emocional e brutal, onde o poder e o amor não se implora, mas se toma.
Leer másO avião aterrissou suavemente em solo italiano, mas dentro de mim a turbulência ainda era intensa.
Anna segurava firme sua bolsa no colo, os dedos trêmulos denunciando a tensão que ela tentava esconder. Seus olhos azuis varriam a imensidão do aeroporto de Toscana com desconfiança e receio. Nada ali parecia familiar, exceto a dor que ela carregava.
Perder os pais em um acidente brutal havia deixado marcas irreversíveis. Não só cicatrizes invisíveis, mas uma nova vida que ela não havia escolhido. Agora, estava ali, em um país desconhecido, cercada por pessoas que não faziam ideia de quem ela era ou do que sentia.
A única ponte com essa nova realidade era Elena, uma mulher que conhecera ainda pequena e que agora a esperava do outro lado da porta de desembarque. Com cabelos loiros perfeitamente alinhados e óculos escuros caros, ela parecia saída de um editorial de moda, elegante, um pouco fria mas conhecida.
-Bem-vinda a Toscana Anna -disse Elena, estendendo uma mão enluvada.
Anna apenas assentiu em agradecimento, preferindo o silêncio às palavras que poderiam falhar. Elas entraram em um carro preto, de janelas escuras, e seguiram pelas ruas movimentadas da cidade até um bairro mais afastado e elegante. No caminho, Elena falava pouco, mas o bastante para Anna entender que não estava sendo adotada por uma família comum.
-Anna, a família Montanari é muito respeitada aqui, influente, poderosa. Você terá tudo o que precisar – afirmou Elena, como se explicasse a um hóspede as regras da casa.
Anna franziu o cenho, o sobrenome soava pesado. Havia algo naquele nome que fazia sua pele arrepiar, mas ela engoliu a inquietação.
Quando o carro parou em frente à mansão, Anna sentiu o ar faltar. O portão de ferro trabalhado se abriu lentamente, revelando uma propriedade luxuosa cercada por jardins impecáveis. A arquitetura antiga misturada com detalhes modernos dava ao lugar um ar quase cinematográfico.
Dois homens saíram da entrada principal. Um deles, de terno cinza escuro e olhar calculista, aparentava estar na casa dos sessenta. O outro, o outro fez o mundo de Anna girar.
Alto, moreno, olhos verdes que contrastavam com a pele dourada, barba levemente por fazer e uma expressão enigmática. Trajava um paletó negro e tinha um ar insolente nos lábios. Ele não sorriu, apenas a observou como quem analisa uma peça rara em um leilão.
- Anna, este é Vittorio Montanari e seu filho Enzo – disse Elena, apontando para os homens.
Anna sentiu um arrepio, os olhos de Enzo a atravessavam. Havia algo perigoso ali, algo que despertava nela não só o medo, mas algo ainda mais perturbador, uma curiosidade e até um desejo que não deveria estar presente.
- Seja bem-vinda à nossa casa Anna, agora você faz parte da família Montanari – disse Vittorio com um aceno formal.
Mas Anna sabia. Família era uma palavra forte demais para definir aquele momento. Ela não era sangue deles, era uma estrangeira, uma peça encaixada à força em um tabuleiro que ela ainda não entendia.
E mesmo assim... algo dentro dela sussurrava que aquele lugar seria o palco onde sua verdadeira história começaria.
A casa estava tão silenciosa naquela noite que até o ar parecia temer fazer barulho. Depois de horas caminhando pelos corredores, verificando janelas, fechaduras e sombras mais de uma vez, senti necessidade de ver Vitória — e de ver os dois homens que dividiam com ela o coração e destino. Quando me aproximei do quarto, parei antes de tocar na porta. Ela estava entreaberta. E o que vi ali dentro… me fez prender a respiração. Vitória dormia profundamente, com o ursinho de Dante preso contra o peito. Mas não era ela que capturava a cena. Eram eles. Enzo sentado de um lado da cama. Dante do outro. Os dois quietos. Os dois olhando para ela. Os dois… iguais e diferentes demais. Irmãos. Metade luz, metade sombra. Metade f
((Dante)) Eu sempre preferi o silêncio. Não o silêncio que sufoca — o silêncio que permite pensar, observar, medir o terreno. O silêncio que antecede a ação. Naquela noite, porém, o silêncio era outro. Era pesado. Denso. Elástico. Como se a própria casa segurasse o ar, esperando o que ainda não tinha nome. Vitória dormia no meio da cama, abraçada ao ursinho que dei a ela no aniversário. A luz fraca do abajur deixava o rosto dela iluminado, macio… inocente. E era essa inocência que me apertava o peito de um jeito que nenhuma batalha jamais conseguiu. Eu estava sentado ao lado dela quando Enzo entrou devagar, sem fazer barulho. Ele não disse nada. Só sentou do outro lado, como fazia quando éramos meninos — um de cada lado, guardando aquilo que era precioso.
A casa estava inquieta. Não era imaginação — havia algo no ar, uma vibração silenciosa que percorria os corredores como se cada parede estivesse absorvendo a tensão de quem vivia ali. O clima não era de medo. Era de prontidão.Eu desci as escadas devagar, ouvindo vozes abafadas vindo da ala leste. Segui o som até a sala onde Enzo reunira Viktor, Matteo, Giovanni e mais dois homens novos que haviam chegado naquela semana. Mapa aberto na mesa, pontos marcados em vermelho e azul, rotas, horários, mudanças de vigilância.Era oficial.A guerra não estava chegando.A guerra estava sendo preparada. .— Falta pouco — ouvi Enzo dizer, firme. — Lorenzo está se movimentando. A
O dia seguinte amanheceu cinza, mas não era o tipo de cinza que anuncia chuva. Era o cinza que anuncia espera.A mansão parecia sustentar o ar nos pulmões, como se também segurasse a respiração até que algo, enfim, acontecesse. E talvez fosse exatamente isso que nos restava: aguardar a primeira ruptura do mundo que estávamos tentando manter de pé. .Eu estava na sala de música quando ouvi passos familiares pelo corredor. Dante entrou devagar, como se temesse interromper algo importante. Meu olhar subiu para ele, e no instante em que nossos olhos se encontraram, eu soube que ele carregava mais uma noite sem dormir.— Ela acordou? — ele perguntou, a voz baixa, cuidadosa.— Ainda não — respondi, indicando a porta entreaberta do quarto infantil.A luz fazia desenhos no chão — desenhos que Vitória adorava pisar quando vinha correndo me mostrar alguma coisa. Mas hoje a casa parecia conter o passo dela. Talvez fosse impressão minha. Talvez não.Dante se aproximou, deixando o casaco sobre uma
A noite caiu cedo naquela quinta-feira, como se o céu também estivesse cansado demais para nos dar mais luz. A mansão respirava numa cadência lenta, carregada de um silêncio que não era paz — era aviso. Eu podia senti-lo nas paredes, no ar, na madeira que estalava feito ossos antigos. O perigo não precisava bater à porta para ser percebido; ele caminhava entre nós como um perfume velho, familiar e evitado.Vitória atravessava o corredor correndo, os cabelos balançando soltos, e eu precisei segurar a borda da mesa para não pedir que ela diminuísse o passo. Ela tinha sete, quase oito anos, e a inocência nos olhos dela era a última fronteira que eu ainda precisava defender. Quando se jogou nos braços de Dante, na curva do corredor, o coração que eu tentava manter firme se apertou como se lembrasse de algo esquecido.— Papai Dante! — ela chamou, com aquela alegria inteira que só as crianças têm.Dante a pegou no ar com facilidade, o sorriso surgindo antes mesmo dos braços se abrirem. A fo
Narrado por Lorenzo MontanariO silêncio era o melhor professor da vingança. Foi nele que eu me reconstruí. Em terras distantes, em nomes falsos e identidades esquecidas, eu renasci. Quando Anna me exilou, fria e implacável, ela acreditava que estava matando um perigo. Na verdade, deu origem a outro.Não morri no exílio. Renasci. Aprendi.Aprendi a observar, a calar, a esperar. E quando Marco Rossi me estendeu a mão, entendi o verdadeiro valor de uma aliança que nasce do desprezo mútuo pelos Montanari. Ele odiava Anna e ela mal sabia da existência dele. Mas ele conhecia minha dor. Afinal, também fora deixado de lado por Teresa, a mãe dela. Um erro de juventude que os Rossi jamais perdoaram.Marco era meticuloso, cruel, paciente. Um homem disposto a ver sua linhagem sangrar, desde que o sangue fosse usado para lavar a honra de sua família. E foi com ele que co
Último capítulo