Florian Seven não espera ter uma vida comum, com esposa e filhos. Essa possibilidade o apavora. Não por fazer parte de uma família de mafiosos, mas por ter momentos em que não controla o próprio corpo. Desde muito cedo ele foi vigiado e passou anos de sua vida em uma clínica. Até Branca aparecer. Filha do chefe do Morro da Morte, Branca é uma garota doce e gentil, maltratada por uma madrasta invejosa e isolada de ter uma vida normal. Constantemente vigiada. Até aquele momento onde sua vida mudou, até o momento em que “sequestrou” um Seven. Seu pai está morto. Sua madrasta quer matá-la e Branca ainda precisa lidar com uma gravidez e o pai do seu filho que muda de personalidade drasticamente. E nem todas gostam dela. Um deles a considera ameaça e quer se livrar da garota. Diante de tudo isso, Florian e Branca terão que lidar com as personalidades e com as tentativas de assassinato, só assim alcançarão o desejado felizes para sempre.
Ler maisO amor é uma flor branca
Capaz de cativar o coração mais dividido
Unindo pedaços de uma única alma perdida.
AMAYMON SEVEN
Eu acho que vou enlouquecer. Não importa que não seja o nosso primeiro filho, nunca conseguirei me acostumar com seus gritos de dor. Precisa ser tão doloroso? Porra! Ela está dando a vida a alguém. Um pouco de privilégios cairia bem.
O amor da minha vida aperta minha mão com força enquanto empurra nosso menino para nascer. Está demorando demais, mais que os outros.
Quando penso em gritar com o médico ou o ameaçar com uma arma, ouço o som que acalma as batidas do meu coração. O choro do nosso menino.
Olho para a mulher que é a minha vida e ela está sorrindo como se todos os gritos e maldições que saíram de sua boca nunca tivesse existido.
O médico o coloca sobre seus braços, todo sujo mesmo. Não sei a mágica que acontece, mas ele para de chorar, como se reconhecesse a mãe.
— Florian! Seja bem-vindo! — Leah diz sorrindo.
— Ele é tão lindo!
Sim, estou chorando. Chorei no primeiro e no segundo e no terceiro, claro que choraria com esse.
— Amor, chega. Esse é o último — falo decidido e noto o médico disfarçando uma risadinha.
Ele fez o parto de todos os nossos filhos. E em todos eles eu disse que seria o último.
Leah, a luz da minha vida, me olha e balança a cabeça negativamente.
— Mais um. Você sabe que eu quero cinco, meu número da sorte.
— Como se número da sorte fosse base para número de filhos, mulher maluca.
— Quem sabe não é a última? Eu queria tanto uma menininha no meio dos meus garotinhos. — Ela alisa a cabecinha do nosso filho antes que o médico pegue e diga que vai fazer os procedimentos.
Nem me pergunte que procedimento. O máximo que faço nessa sala é torcer e me emocionar.
— E se não for menina? Quantos mais vamos ter antes de parar com essa tortura?
Juro que amo nossos filhos, mas parto não é normal. É muita tortura. E quatro está de bom tamanho. Mal damos conta deles. Cada dia mais sapecas.
— Só mais um e paramos, mesmo que seja menino — ela insiste.
— É uma promessa — digo a olhando sério. — E a senhora vai cumprir nem que eu tenha que batizar suas refeições com anticoncepcionais.
Leah ri. E não é a única. Logo sou expulso da sala para que ela seja cuidada.
Trato de ficar na sala de espera, onde ligo para as babás e conto aos meus meninos que o irmão nasceu. Eles estavam loucos para conhecer o irmãozinho.
Alguns anos depois...
Leah cumpriu sua promessa, só tivemos mais um filho. E eu daria tudo para que tivéssemos mais cinco filhos, se isso significasse tê-la comigo. Ela se foi no parto do Raoul. Estou sozinho para cuidar dos nossos cinco garotos. Pois é, não teve uma menina no final.
Estou tentando muito ser o melhor pai para todos eles, para todas as personalidades dos meus filhos impulsivos e curiosos. São tão diferentes. Adam é mais fechado e passa mais tempo lendo que socializando. Felipe se acha o rei do baile — como se tivesse sequer idade — e Henry só quer saber de jogar videogame. Raoul é o meu bebê. E Florian... eu nem sei o que dizer. Ele muda drasticamente de humor de repente. Tem dias que acorda tão diferente. Tão pequenino que me preocupa tais mudanças. Às vezes chego a pensar que meu filho está possuído. Ele está feliz e do nada fica irado e começa a quebrar as coisas, bater nas pessoas... outras vezes fica em um cantinho e chora por motivo como uma folha que cai de uma árvore, e tem as vezes em que fica agitadíssimo dançando e pulando pela casa como uma bailarina. Eu não o entendo. Sei que todo mundo tem mudanças de humor, mas com ele é drástico demais, intenso demais.
Recentemente ele melhorou isso, não muda mais com frequência, mas não baixei a guarda. Já conversei com uma terapeuta infantil e temos marcado uma sessão. Quero saber se tem algo de errado com meu filho ou se sou apenas um pai paranoico.
Hoje é o dia do aniversário de morte da mãe dos meus filhos e amor da minha vida. É o dia em que meu coração mais dói e nem quero sair da cama. Mas não posso me dar ao luxo de desabar. Tenho que cuidar dos cinco presentes que ela me deixou. O que me resta é sair "catando" os nossos meninos para que se aprontem e se comportem nesse momento em família.
“Leah, como sinto sua falta!”
Suspiro e levanto.
BRANCATanta coisa aconteceu nos últimos cinco anos. E eu estou aqui, novamente no quarto onde Florian me trouxe pela primeira vez, onde sua personalidade insana tentou me matar. Poderíamos ter nos mudado, ter nossa própria casa, mas é impossível sair daqui. É onde estão meus amigos, minha família. Nossos filhos estão crescendo juntos e unidos.Ninguém nunca mais nos importunou. Pelo menos não por minha causa. Os Seven tem seus inimigos. Isso nunca vai mudar. É o lado ruim de se ter muito poder.Cristal se foi. Eu preferia que ela estivesse presa, mas não me sinto mal por ela ter morrido. Duvido que mudaria após ser presa. Ela foi parar nos casos de desaparecidos, assim como o homem que tentou me matar sob sua ordem.Hoje convivo com os Seven e ouço muito sobre as coisas que fazem. É meio assustador. Não me envolvo em nada. Posso ter tido um pai criminoso e ser casada com um mafioso que agora passa muito tempo cuidando de assuntos ilícitos com seu pai e seus irmãos, mas não tenho estô
Vejo o momento em que Adam segura a mão de uma mulher mascarada que carrega uma faca e estava pronta para acertar minha Branca.Me aproximo e abraço minha grávida por trás.Cristal esperneia enquanto Adam a afasta de nossas mulheres.— É culpa dela. — Ela grita raivosa para Branca. — Você, sua maldita, acabou com a minha vida, com a minha beleza.Sua máscara cai e mostra hematomas de dias atrás.A visão parece afetar Branca, deixá-la com pena. Mas Maria entra na frente.— Mentira. Não acredita nela, amiga. João me disse que ela saiu do morro porque quis, achou que aceitando ficar com o dono do outro teria poder. Ela fez a escolha dela quando todo Rio de Janeiro sabe como aquele porco trata suas mulheres.A outra tenta arranhar os braços de Adam, cobertos pela camisa.— Mentira. Eu vou matar você. Vou arrancar seu rosto, sua intrometida.Ele arrasta a mulher para o escritório, enquanto meu pai pede desculpas aos convidados e pede que se divirtam e esqueçam o episódio. Depois ele vai at
Meses depois...FLORIAN— Achei que tivesse ido embora — falo para o reflexo no espelho. Ele sorri de lado.“Hoje é o dia. Eu não perderia isso por nada.”— Nem pense. Eu não vou deixar que lide com isso. É a minha noiva.“Podemos ir juntos. Da mesma forma que estamos conversando aqui.”— E eu teria que levar um espelho — debocho.“Não, imbecil. Eu vou estar na sua cabeça. Ou pode ser teimoso e eu tomo o seu lugar. Quer arriscar essa briga?”— Só fica na sua.O reflexo pisca.Desço para o escritório com o imbecil do Caçador tagarelando estratégias na minha cabeça. Quando entro vejo meu pai e meus irmãos, já armado e prontos. “Eu quero aquilo”.Olho para o taco de basebol que o Raoul segura.“Esmagaremos alguns crânios”.— Gosto da ideia — concordo. E me viro para o meu irmão. — Raoul, tem outro desse?Ele olha de mim para o taco e dá de ombros.— Pode ficar com esse. Combina mais com você, cabeludo. Você está parecendo o Caçador.— Nesse caso eu sou um. E vou caçar
Meses depois...Na mente de Florian— O que você faz aqui?Escuto a pergunta que não é direcionada a mim. O cara de terno que segura uma bíblia está olhando uma mulher negra de vestido cor de rosa elegante. Ela é tão linda que nem parece real.Ela só o olha com desprezo evidente.— Flor? — sondo.Ela abre o sorriso de dentes alvos e alinhados.— Em toda minha beleza.Sorrio. Então, esse era o meu rosto na vida em que fui a Flor. Facilmente me apaixonaria por essa mulher. Ela realmente é deslumbrante.— Estava tudo muito divertido, mas vim me despedir. Essa deusa aqui precisa de descanso.O tempo todo o outro nos olhava como se fossemos insetos.— Você é linda — declaro, ainda impactado por sua beleza. Acho que é um efeito permanente.— Eu sei. Agora me abrace e não me faça chorar.Quando a abraço ela se desfaz em luz. Confesso que esperava que ela fosse mais teimosa. Não imaginei que iria sem brigar.— Diga a rapariga que somos amigas.Foi a última coisa que ouvi. Sorri com suas últim
Na mente de FlorianDormi ao lado de Branca, pela primeira vez sem tê-la nos braços. Ela veio para a cama só quando pensou que eu já estava dormindo, e manteve uma distância.Assim que fechei os olhos me vi no mesmo lugar onde me despedi do Death. Ele não estava ali. No lugar dele, via um homem de moletom e outro com roupas esportivas e sorridente. Todos com meu corpo e rosto.Sid e SF.— Isso significa... — começo.— Viemos nos despedir. — Sid diz e balança a mão em um tchauzinho.— Entendemos que não é nossa vida. A nossa vez já passou. — SF completa.— Viver a vida de outro é trabalhoso e desnecessário. — Sid boceja. — Vamos acabar logo com isso.— Não tenho muito a dizer. Apenas que cuide da Branca. Não deixe a vida dela se tornar monótona. E nem a sua. Lembra que estou na sua alma também e preciso de ação.— Mas não exagera que eu também estou. E mereço descanso.Assinto para os dois.— Moderação. Entendo.— Boa sorte. Viva melhor do que vivemos. — SF diz.Eles estendem uma mão c
FLORIANOlho no espelho do banheiro, mas o rosto que reflete não é exatamente o meu. Esse olhar não é meu.“Quantas vezes vai permitir que ela se machuque, seu inútil?”Consigo ouvir os pensamentos e sei do que o meu reflexo fala.— Eu não permiti. Estava lá por ela.“Quem levou aquela bala foi o Death.”— Acha que faria um trabalho melhor?“Óbvio. Primeiro que eu não a deixaria ter duvidas sobre o que quero.”— Não estou deixando.“Ah é? Nem você acredita nisso.”— O que quer? Vai me assombrar nos espelhos agora?A imagem sorri.“Ela é minha. Aceite dividir ou quem será expulso desse corpo será você. Ela escolheu você. Então, faça por merecer.”— Está me ameaçando?“Sim. Estou.”— Escuta aqui, seu mer...Uma risada ecoa na minha mente e o reflexo no espelho agora mostra somente minha face irritada.Pego a escova de dentes e tento não pensar no vazio na minha memória.Quando termino, volto para o quarto onde Branca está despertando. Linda. Sua pele tem... marcas. Porra!Desvio o olhar
Último capítulo