LARA GASPAR Lara Gaspar é uma jovem de dezenove anos, dona de si. Independente, não colocava o amor como prioridade — Era cheia de vida. Tinha um carisma natural, mas também um certo desleixo — e por isso evitava receber amigos em seu apartamento. Um apartamento novo. Gostava do lugar. Os vizinhos não incomodavam, ninguém batia à sua porta. Era o silêncio que ela precisava. Até aquele dia. Entrou no elevador distraída, esperando apenas chegar ao seu andar. Mas, assim que as portas se abriram, lá estava ele. Matias. Seu novo vizinho. Ela parou. E encarou. A beleza daquele homem a atingiu de imediato. Havia algo de raro em seus traços — o tipo de beleza que não pede licença para impressionar. Cabelos longos e ondulados desciam até o peitoral, a barba era grande, mas bem aparada. Os olhos, de um azul glacial, pareciam capazes de atravessar a alma. Mas não foi nada disso que mais chamou sua atenção. Foram as mãos. Suas mãos estavam sujas de sangue. Apesar do terno impecável e do sobretudo preto que lhe dava um ar elegante e imponente, o tom escuro e seco nas mãos destoava de tudo. Vermelho Assustador. Lara prendeu o ar. Passou por ele com cuidado, evitando até que seus ombros se encostassem. Só queria se trancar em casa, fechar a porta e esquecer aquela imagem. Algo dentro dela se agitou. Medo? Talvez. Mas havia também outra coisa. Algo mais fundo. Um desejo inexplicável. Um encantamento absurdo por aquele olhar frio e o rosto sereno. Ao destrancar a porta do seu apartamento, virou-se uma última vez. O elevador ainda estava aberto. E ele ainda estava lá, fitando-a. Seus olhos se mantiveram nos dela até que as portas se fecharam. Seu coração disparou. Era medo. Era excitação. Era o começo de algo.
Leer másNARRAÇÃO DE LARA GASPAR...Eu posso dizer com toda a certeza: comecei a viver depois dos vinte anos de idade. Tive tantas experiências maravilhosas...É sério! Já experimentaram sorvete de pistache? Eu jurava que era bom… não gostei. Mas, segundo Matias, devemos apreciar lentamente, como um vinho. O problema é que até o vinho não me desce bem — só bebo pra ficar um pouco tonta e rir à toa.Nesses meses de lua de mel, aprendi algumas coisas… Matias mostrou que, após uma garrafa de vinho, a gente fica mais safado, mais selvagem. Também tive uma experiência catastrófica com sexo* anal. Ele pediu, né? Eu tentei relaxar, seguir tudo o que ele aconselhou. Mas na hora da penetração, quase fugi engatinhando. Foi, literalmente, a pior experiência da lua de mel.Mas calma, não estou aqui pra falar só do lado negativo!Agora eu sou praticamente profissional do sexo*, e só aprendi a fazer sexo* anal depois da quarta tentativa.Pra quem ainda não conseguiu, aqui vai um segredo: quando houver a pen
NARRAÇÃO DE PETRINA...Acordar nos braços de Miguel ainda parece um sonho. Um daqueles que vivi incontáveis vezes em minha imaginação — mas, na realidade, cada despertar ao lado dele traz uma sensação nova, diferente.Quando eu não estava com ele, quando ainda vivia sob os domínios de Emma, sequer podia mencionar seu nome. Era um pecado. Um tabu. Ela tratava o nome dele como se fosse o maior erro da minha vida. Só ela ousava pronunciá-lo — sempre com nojo, com um ódio profundo. O que ela nunca soube, é que isso me alimentava. Cada vez que eu ouvia o nome dele, mesmo que em tom de rancor, algo em mim renascia. Era como voltar ao passado — aos nossos dias. Às nossas noites.Eu sonhava com ele. Com seus olhos. Com sua boca. Com a nossa primeira vez. Uma noite, sonhei que fazíamos amor sob um céu tomado por fogos de artifício, como naquela lembrança mágica que ainda me embriaga. Estava há tantos anos sem sentir o toque de um homem... Acordei suada, trêmula, as pernas bambas, o corpo latej
NARRAÇÃO DE LARQ GASPAR...Acordei cedo. Bem cedo. Só para admirar a luz suave da manhã refletindo na minha aliança. A pedra era linda — tão brilhante, exuberante — que me faltou o ar. Mas o que de fato me fez errar as batidas do coração foi a visão de Matias, nu, estendido sobre a cama. Totalmente nu. Meus olhos deslizaram por cada centímetro do seu corpo, fixando-se, por fim, nas nádegas firmes. Mordi os lábios. A intimidade ainda dolorida me fazia recordar, com calor, tudo o que ele foi capaz de fazer comigo na noite passada. A cama molhada falava por si só...Levantei na ponta dos pés e vesti a blusa dele, tentando não fazer barulho. Eu amava aquele apartamento. Tinha algo que me remetia ao antigo lugar onde o conheci — um sopro de nostalgia com cheiro de café fresco.Fui até a cozinha. Fiz questão de preparar um café da manhã maravilhoso. Ah, eu preciso contar! A experiência de estar com ele na cama, agora com os cabelos cortados e a barba feita, foi completamente diferente. Melh
NARRAÇÃO DE MIGUEL BAZZO...Fechei a porta atrás de mim, sentindo o silêncio se adensar ao redor como uma névoa espessa.Emma estava sentada no canto, os pulsos amarrados, os tornozelos marcados pelas tentativas frustradas de fuga. O ar cheirava a ferro, suor e medo. Mas o que me atingia com mais força era o olhar. Ainda havia fogo ali — um último fiapo miserável de soberba. Tão típico dela.Aproximei-me devagar, saboreando cada passo, como um predador que já não tem pressa.— Sozinha, enfim. Sem plateia. — arrastei uma cadeira para o centro do cômodo e me sentei diante dela. — Agora podemos conversar… com calma.Ela não respondeu. Apenas me encarava — olhos fundos, exaustos, mas ainda perigosos. Como um animal ferido que não aprendeu a morrer.— Sabe o que é curioso, Emma? — falei baixo, quase confidencial. — Eu deveria estar com raiva. Gritar, cuspir na sua cara, quebrar cada osso do seu corpo. Mas não. Estou... calmo. Em paz, até.Inclinei o tronco, apoiando os cotovelos nos joelho
NARRAÇÃO DE MIGUEL BAZZO...A luz da manhã filtrava-se pelas frestas da cortina, dourando o quarto com uma claridade suave, quase sagrada. O lençol estava morno sobre minha pele, o cheiro dela ainda impregnado nos travesseiros, em mim, em tudo. Abri os olhos devagar, com o corpo leve, embora exausto — uma exaustão boa. Daquelas que só vêm depois de noites intensas, feitas de amor, suor e redenção.Petrina dormia ao meu lado, nua, com a perna entrelaçada à minha. O lençol cobria parcialmente seu corpo; a curva do quadril exposta, os cabelos soltos sobre o travesseiro. Linda. Intocável, e ao mesmo tempo, tão minha.A noite anterior havia sido mais que entrega. Foi reconexão. Depois do que aconteceu no carro, chegamos ao quarto e fizemos de novo — com mais fúria, mais ternura, mais fome. Como se nossa pele precisasse confirmar que ainda éramos nós. E fomos. Muitas vezes. A madrugada inteira.Toquei com delicadeza a linha da sua cintura, sentindo a pele arrepiar sob meus dedos. Ela suspir
NARRAÇÃO DE MIGUEL BAZZO...Luna desapareceu na noite como um sopro amargo, e a paz começou, lentamente, a se reorganizar dentro de mim — lenta, mas firme. Voltei meus olhos para Petrina. Ela ainda segurava os papéis da separação em uma das mãos, mas o olhar… o olhar era todo meu.— Não se sinta insegura — disse, antecipando o que vi cintilar por um segundo em seus olhos.Petrina soltou o ar com força. Irritada. Furiosa.— Eu ainda estou tentando entender se ouvi isso mesmo! Ela quer que você assuma um filho que não é seu?!Sorri, me aproximando devagar, como quem acalma uma fera — a minha fera, linda e indomável.— Isso não vai acontecer. Só quero vocês. E, sinceramente… gostei da sua resposta, Petrina. Foi firme. Foi o basta que a gente precisava. Chega de mentira.Enquanto eu falava, ela pareceu se acalmar. Os ombros relaxaram, e os olhos, antes faiscantes, se suavizaram com meu toque.— Não quero mais ver essa mulher — resmungou.— Eu vou garantir que ela fique longe. Agora, mudan
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