Ele soltou uma risada breve e baixa, quase inaudível — mas havia algo nela que me fez franzir o cenho. Como se achar que meu pai poderia decidir minha vocação fosse, para ele, simplesmente patético. Ou talvez eu só estivesse interpretando demais. Mas o jeito como ele se ajeitou logo depois, como se vestisse novamente a máscara do bom padre, me deixou com a sensação de que aquela reação havia escapado sem querer.
— E agora? Ainda parece a única coisa certa? — perguntou, sem olhar para mim. — Quero dizer… é uma escolha grande demais para ser feita com base apenas na expectativa de outra pessoa. Mesmo que esse alguém seja seu pai.
Havia um toque de escárnio ali — sutil, mas afiado como uma faca de lâmina fina. Por um momento, fiquei em dúvida se ele realmente estava debochando ou se só parecia assim por causa do tom preciso, controlado, com que falava. Mas ele não explicou. Apenas esperou.
Virei o rosto para ele, surpreendida pela franqueza da pergunta. Ele mantinha os olhos firmes n