Durante séculos, Lian vagou pela escuridão da existência vampírica sem remorso — um predador implacável, moldado pela guerra, pela sede e pelo silêncio. Mas tudo começa a ruir quando ele invade o apartamento de Lisanne, uma jovem marcada por um trauma que não consegue lembrar, com sombras em sua mente e um passado esquecido pelo tempo. Ao provar do sangue dela, algo muda. Uma força adormecida desperta dentro dele — algo antigo, visceral... e perigoso. Agora, Lian se vê dividido entre um desejo incontrolável e sentimentos que julgava mortos há séculos. Porque entre o instinto de destruir e o impulso de proteger, há um limite tênue... e ele está prestes a cruzá-lo.
Leer más⚠️AVISOS⚠️
Está obra é narrada em universo próprio, com inspirações em épocas reais, como itens, instrumentos, móveis, arquiteturas, vestimentas e etc. As espécies aqui, como a dos vampiros, não seguem totalmente a base padrão do que vemos em outros livros, séries e filmes. É importante que na dúvida de algo, veja o glossário que tem explicações importantes e será atualizado sempre que surgir algo novo nos capítulos lançados! ❗GATILHOS ❗ Está obra possui gatilhos os quais deixarei abaixo, e caso se sinta desconfortável com algum deles, pule as cenas ou o capítulo. São eles: 💫Violência física e psicológica 💫Transtorno emocional 💫Tentativa de estupro e abuso sexual ( será sinalizado no início do capítulo) 💫Invasão a domicílio 💫Perseguição 💫Trauma 💫Traição 💫Conteúdo sexual explícito e não explícito. ( estes serão sinalizados no início do capítulo, mas até os capítulos atuais lançados, não tem) O Eco dos Antigos Muito antes das sombras caminharem entre as ruas modernas, antes das catedrais serem erguidas sobre os ossos dos esquecidos, os primeiros vampiros surgiram — frutos de um ritual ancestral forjado pelo amor de uma mulher e a ambição de um homem. Daquela união, surgiu o primeiro ser imortal, mas com a imortalidade veio também uma dualidade, os dons e a sede por sangue. E com ele, cinco grandes casas vampíricas regidas por companheiros que ele se negava a abandonar. Por eras, essas famílias caminharam entre os humanos, ocultas, mas não inimigas. Pactos foram selados em silêncio. A escuridão reinava com equilíbrio. Mas o mundo não permaneceu intocado. De tentativas imperfeitas de replicar a transformação, algo novo emergiu — mais feroz, mais instintivo. Os últimos a surgir foram aqueles que carregavam em seu sangue uma maldição nascida da falha, da raiva e da ruptura, lobisomens, assim chamavam. Seres que odiavam a imortalidade por princípio e viam nos vampiros uma afronta à ordem natural, ignorando suas próprias origens, vindas de um erro. Ainda assim, o equilíbrio foi possível. Humanos, vampiros e essas novas criaturas aceitaram um pacto de sobrevivência mútua, graças aos seus líderes. Cada linha seria respeitada. Cada território, preservado. Por um tempo, funcionou. Até que não mais. Um desequilíbrio. Uma afronta. Algo que rompeu o pacto selado entre as espécies e mergulhou o mundo de todos numa guerra brutal — sem declarações, sem honra, apenas morte. As florestas queimaram. Os rios ficaram vermelhos. E os humanos, frágeis e no meio do caminho, foram arrastados para um conflito que jamais lhes pertenceu. Como força mais fraca, uniram-se aos vampiros sob códigos antigos de união de suas espécies. Já a outra raça, não se importava com tais atos, era pura violência e selvageria. As cidades e vilarejos humanos se tornaram rotas de fuga ou campos de extermínio. Os vampiros não atacavam os humanos, sua luta era contra a outra espécie, mas essa questão não provocou menos destruição, pois a fúria dos lobisomens era cega e sem direção. Em um vilarejo ainda afastado do clímax da guerra, campos de treino eram erguidos e homens eram treinados para as batalhas. Pois se negavam a ficar parados enquanto a guerra crescia e se expandia pelos territórios. Foi neste cenário que dois irmãos de uma casa nobre dos humanos, foram separados. Hérus, o primogênito da Casa Zarturii, fora chamado para as frentes da guerra quando seu irmão mais novo, Lian, tinha apenas quatorze anos. Aos dezesseis, Lian já órfão dos pais, recebeu a notícia do desaparecimento de Hérus, dias depois sendo dado como morto. Mas ele sobrevivera. Transformado nas entranhas da escuridão, Hérus renasceu como um vampiro forte, liderando as linhas de resistência dos vampiros contra a raça selvagem dos lobisomens. Anos depois, Lian, agora com vinte e três anos, solitário e obstinado, entrou para os campos de treinamento com um sentimento de esperança. Um homem comum, embora de sangue nobre, criado com honra por seus falecidos pais, fora treinado como guerreiro. Ele jamais soube da verdade sobre o irmão. Hérus se escondeu dele — por culpa, por medo... ou por amor. Talvez um pouco de cada. Mas o destino é uma força teimosa. Na véspera da última investida, o vilarejo de Lian foi atacado. Não havia glória, apenas destruição. Fúria. Dentes e garras rasgando vidas em segundos. E no meio da carnificina, Lian lutou com a bravura de quem não teme a morte. Sua lâmina cortou, feriu e defendeu até o último segundo. Mas o corpo tem limites, e o dele chegou ao fim. Ele caiu entre os destroços, o sangue escorreu como rios lentos por entre pedras e cinzas. O céu parecia pesar sobre seus ombros. Os sons se distorciam. A vida escapava — e Lian, enfim, aceitou a morte. Até que ele apareceu. Hérus emergiu da escuridão, envolto em um manto mais negro que a própria noite. A aparência que um dia fora humana permaneceu, mas sua alma não era mais a mesma. Seus olhos não carregavam séculos — mas carregavam algo ainda mais doloroso: memórias demais para um homem que ainda parecia ter apenas trinta e três anos. Hérus estava diferente. Intocável. Como se o tempo tivesse se curvado para deixá-lo entre mundos. E ainda assim, ao ver o irmão morrendo, algo em Hérus quebrou. — Você devia estar morto. — murmurou Lian, com um meio sorriso, o gosto do próprio sangue nos lábios. Hérus se ajoelhou ao seu lado. Não respondeu. Tirou do manto uma lâmina curva, forjada com osso lunar e prata ancestral. Cortou o próprio pulso com ela, deixando o sangue espesso escorrer lentamente, não sobre a boca do irmão, mas sobre seu peito aberto e ferido. Com os dedos, desenhou runas proibidas sobre a carne. Símbolos esquecidos, até mesmo por alguns dos anciãos. Mas fortemente ensinado a Hérus. — O que está fazendo...? — Lian tentou protestar, mas sua voz era um sussurro moribundo. Hérus respondeu em uma língua diferente e antiga demais para se entender. Palavras que tremiam no ar, que faziam o céu nublar, que faziam os corvos calarem. O sangue não apenas cobriu. — ele penetrou. Ardente, antigo, voraz. E então... tudo queimou. A dor não era física. Era espiritual. Como se seu corpo lutasse para não abrir espaço àquilo que nascia dentro dele. As veias pulsaram. A pele endureceu. O coração... parou. Por sete segundos, houve silêncio absoluto. Então, um som. Um batimento. Baixo. Profundo. Denso como pedra em água escura. A transformação não veio com mordidas. Nem com promessas. Veio com peso. Com magia antiga. Com maldição. Lian acordou. Os olhos brilharam em rubro silencioso. A sede... foi a primeira coisa que sentiu. Mas Hérus, já havia planejado tudo, desde que vira seu irmão ser ferido ao longe, quando percebeu que a luta seria perdida. Em seguida, o ódio se instaurou em Lian. Herus o salvou. E ao mesmo tempo, o matou. O tempo passou. Os inimigos, enfraquecidos, recuaram. As criaturas da floresta desapareceram. Os vampiros se esconderam em fortalezas esquecidas com os membros que restaram de suas famílias, um conselho foi criado com os vampiros anciões e os líderes de cada família sobrevivente, entre vampiros e humanos. Os humanos reconstruíram o que puderam, sobre dor e ossos — sabendo que o terror havia apenas adormecido, mas ainda respira sobre a terra. Um pacto fora formado, apenas por dois lados. Aquelas terras, onde havia ruínas e desolação, foram dadas a Hérus por seu mentor e criador, como recompensa por sua lealdade e bravura. Hérus, ao olhar o local, só via apenas uma catedral destruída em meio a toneladas de ruínas e mortos. Juntamente com um grupo sobrevivente de humanos e vampiros, Hérus ergueu a cidade fundando-a ao redor da catedral, reconstruindo-a com o tempo. Deixou-a para as famílias humanas viverem, e construiu sua mansão na colina acima da cidade. Porém, todos nela sabiam da verdade, do que aconteceu e quem era o líder daquelas terras, e o respeitavam. Mantendo assim o acordo, por anos, passando por gerações e gerações, por séculos. E Lian? Lian jamais perdoou. Nem a Hérus. Nem a si mesmo. Lian desaparecera por muitos anos, não aceitando sua realidade e nutrindo raiva pelo irmão. O equilíbrio se manteve por tempo demais. O que repousa no silêncio... Um dia desperta.A madrugada ainda pesava sobre o quarto, trazendo consigo o frio que a chama da lareira já não vencia. A cama guardava o cheiro do banho recente, o calor dos corpos e o silêncio de quem sabe que não terá muito tempo. Lisanne estava deitada contra o peito de Lian, a testa repousada na clavícula dele, respirando fundo como se quisesse prender em si o cheiro e o peso dele para sempre. — Preciso ir… antes que alguém acorde — sussurrou, embora a própria voz parecesse relutante. A mão dele deslizou até o meio das costas, firme, impedindo que ela se afastasse. — Não vai. Ainda não. — A voz era baixa, grave. — Fica mais um pouco. Ela sorriu pequeno, vencida pelo tom, e se aninhou outra vez. Talvez ainda houvesse alguns minutos antes que o mundo lá fora reclamasse a presença dos dois. …. Meia hora depois, o quarto ainda guardava a penumbra. Lian estava recostado à cabeceira, já vestido com uma camisa leve e a calça escura; Lisanne, ainda com o robe de tecido fino sobre a camisola, anin
⚠️ CAPÍTULO COM CONTEÚDO ADULTO EXPLÍCITO ⚠️ O tempo não parou. Pelo contrário, avançou com a precisão silenciosa dos ponteiros que ninguém vê, mas todos sentem. E, para Lisanne, cada volta parecia mais lenta. Um mês se passou desde o último contato mais próximo com Lian — aquele breve momento na cidadela, quando pode sentir brevemente a saudade dele. Os dias seguintes se diluíram entre a cozinha e o escritório, divididos entre as tarefas com Lara e as longas horas ao lado de Day — registrando, organizando documentos, ajudando no fluxo de pedidos e entregas para as casas sob proteção da mansão. Josy também não havia voltado devido ao seu primeiro sono da gestação, Jaden não quis arriscar uma viagem com ela naquele estado, então permaneceram no norte. Day era calma, observadora, e falava apenas o necessário — mas havia nela uma leveza que tornava o convívio fácil. Com Lara, a rotina se alternava entre risadas contidas e broncas carinhosas quando Lisanne insistia em mexer em recei
Três dias depois da chegada de Lian... A cidadela noroeste estava mergulhada num silêncio espesso quando Lian deixou o depósito principal. A noite trazia um vento cortante, carregado com o cheiro de fumaça das chaminés e o gosto metálico da umidade. As lanternas presas nos postes lançavam círculos de luz amarelada, deixando sombras largas entre um feixe e outro. Cada passo ecoava no calçamento, acompanhado pelo som distante de uma porta sendo fechada em alguma rua lateral. Havia passado o dia inteiro supervisionando o transporte de recursos, ajustando rotas de patrulha e resolvendo imprevistos. Agora, com os homens já dispersos, sentia o peso de um espaço que não tinha a respiração de Lisanne em algum cômodo próximo. Nem o cheiro sutil da mansão em Heradhor, nem o som leve de passos que ele já reconhecia no meio de dezenas. Aqui, havia apenas pedra, vento e a solidão funcional de um posto de guarda. Dobrou a esquina e a viu antes de ela falar. Encostada na parede de pedra, qu
A noite se espalhava pela mansão quando Lian e Nick atravessaram o corredor silencioso em direção à biblioteca. O som ritmado dos passos ecoava sob o teto alto, abafado pelo tapete central, mas ainda forte o bastante para ressoar nas paredes. O ar cheirava a cera de vela e madeira antiga, e a ala leste parecia mais fria que o restante da casa. Antes de chegarem à mesa central, Hérus já os aguardava à porta da sala menor ao fundo — um espaço reservado, onde só entravam assuntos que não podiam ser tratados diante de todos. Lian trocou um olhar rápido com Nick, um aceno quase imperceptível que dizia o que nenhum dos dois precisava falar: aquilo não era uma conversa comum. A sala tinha estantes baixas cheias de registros, mapas enrolados e um grande painel de madeira coberto por marcadores metálicos. O cheiro de tinta fresca e pergaminho misturava-se à fumaça de candelabro, projetando sombras longas sobre o mapa. Hérus ergueu o rosto assim que entraram. O olhar era o de quem avalia a
Quando Lisanne deixou a biblioteca, o silêncio se instalou como um manto espesso. Hérus não se moveu de imediato. Apenas encarou a porta fechada, como se as últimas palavras dela ainda vibrassem no ar. Lentamente, fechou o livro e o deixou sobre a escrivaninha, os dedos percorrendo a lombada num gesto distraído, enquanto a mente pesava mais do que as mãos. Lian sempre fora reservado. Quieto. Um predador paciente, mais inclinado a observar do que a intervir. Mas desde a volta do litoral havia algo… deslocado. A voz carregava um peso novo, e os gestos vinham com firmeza calculada. Antes, com Lisanne, ele se aproximava aos poucos — um jogo de olhares, quase inocente. Agora, havia menos descoberta e mais controle. Talvez fosse apenas amadurecimento. Ou talvez fosse outra coisa. Hérus sabia, pelos séculos que trazia nas costas, que mudanças assim nunca vinham sem motivo. Subindo para os aposentos, encontrou Day sentada na poltrona junto à janela, banhada pelo entardecer. A luz dour
A névoa da manhã ainda abraçava as janelas da mansão, como se o mundo lá fora quisesse permanecer adormecido por mais algumas horas. O silêncio do saguão foi cedendo aos poucos, preenchido pelos primeiros sons de movimento — passos medidos, portas rangendo, o estalar suave da madeira aquecida pela lareira que ainda ardia em brasa. Lian ajeitava as luvas diante do espelho lateral. O sobretudo escuro moldava-se ao corpo como uma segunda pele, sem adornos ou detalhes supérfluos. A postura ereta, contida, não era apenas disciplina… era um esforço consciente para conter tudo o que fervia por dentro. O rosto permanecia impassível, mas os olhos — fixos no reflexo — carregavam um brilho denso demais para se explicar como mera prontidão para uma missão. Nick surgiu pelo corredor com o casaco jogado nos ombros, uma maçã mordida na mão. Atravessou o salão com passos preguiçosos e um sorriso enviesado. — Quem diria… você madrugando para os deveres oficiais. Milagre ou possessão? — provocou, n
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