Quando Lisanne deixou a biblioteca, o silêncio se instalou como um manto espesso. Hérus não se moveu de imediato. Apenas encarou a porta fechada, como se as últimas palavras dela ainda vibrassem no ar.
Lentamente, fechou o livro e o deixou sobre a escrivaninha, os dedos percorrendo a lombada num gesto distraído, enquanto a mente pesava mais do que as mãos.
Lian sempre fora reservado. Quieto. Um predador paciente, mais inclinado a observar do que a intervir. Mas desde a volta do litoral havia algo… deslocado. A voz carregava um peso novo, e os gestos vinham com firmeza calculada. Antes, com Lisanne, ele se aproximava aos poucos — um jogo de olhares, quase inocente. Agora, havia menos descoberta e mais controle.
Talvez fosse apenas amadurecimento. Ou talvez fosse outra coisa. Hérus sabia, pelos séculos que trazia nas costas, que mudanças assim nunca vinham sem motivo.
Subindo para os aposentos, encontrou Day sentada na poltrona junto à janela, banhada pelo entardecer. A luz dour