Liz não tem uma vida fácil, mãe solteira faz o que estiver a seu alcance para dá o melhor para sua filha, o que ela não esperava é que seria capaz de aceitar um contrato limitado para salvar a sua pequena. Será que vai dá certo?
Ler mais— Tia... a febre não passa por nada... — minha voz saiu fraca, derrotada. Apoiei o queixo na mão e encarei Cassandra, que retribuiu meu olhar com pesar. Voltei os olhos para Alice, tão pequena naquela cama tão grande, suando em febre.
— Eu já não sei mais o que fazer... — murmurei, a garganta apertada. — Esse remédio não faz efeito, tia.
Ela suspirou, pesarosa, e acariciou meu ombro num gesto de consolo. Levantei do sofá onde havia passado a noite inteira, sem pregar os olhos, a noite inteira passou diante dos meus olhos como um borrão. Quando me virei, vi sua expressão preocupada e cansada.
— Eu estou com medo, tia... esse médico não me diz o que ela tem de verdade. Eu não posso continuar assim. — Minha voz embargou, mas me mantive firme.
— Liz... você sabe que se eu pudesse ajudar com dinheiro, ajudaria. Mas se não fosse por você, eu estaria na rua.
Segurei a mão dela com carinho, apertando com gratidão.
— Eu sei, tia. Não estou cobrando, é só... um desabafo. Pior é que não posso nem faltar ao trabalho. Estou há só dois meses lá, ainda em experiência. E a dona Ivone parece sentir prazer em me humilhar. Faz de tudo pra me fazer tropeçar.
— Você é forte, minha filha. — ela disse, embora seu olhar dissesse que temia tanto quanto eu. — Vá, eu fico com ela, você nem dormiu, minha querida, não pode perder este emprego, já não tem formação na área... — Minha tia me alertava, empurrando para fora do quarto.
— Sei que não tenho formação na área... mas só queria uma chance. É desesperador não ter a quem recorrer.
— Mamãe... — uma voz frágil me chamou. — Mamãe...
Virei-me num susto. Alice estava acordada, os olhos negros opacos, sem brilho.
— Alice! — corri até ela, sentando na beira da cama. — Meu amor, como você está? Está melhor?
Ela assentiu com a cabeça, devagar. Sorri, mesmo sentindo a testa dela ainda quente ao beijá-la.
— Não vai trabalhar hoje, mamãe?
Balancei a cabeça em silêncio, lutando contra a culpa.
— A mamãe tem que ir, meu amor... lembra da promessa? Quando assinarem minha carteira, eu te levo naquele parque. — Ela sorriu fraco. — Para isso, a mamãe precisa ir, não pode faltar...
Suspirei, me levantando. Ainda precisava me arrumar, enfrentar o ônibus. Beijei a testa dela e saí do quarto, o coração ficando para trás.
Depois de me vestir, entrei mais uma vez no quarto, dei um beijo rápido nela e em minha tia. O batom vinho deixou marca nas testas das duas. Sorri triste.
— Prometo trazer um doce quando voltar, querida. — Passei pela porta tentando não desabar. Meus olhos ardiam, mas também por causa da maquiagem. Ser recepcionista da Luxos era uma oportunidade. Após o período de experiência, o salário seria suficiente para equilibrar minhas contas — e talvez respirar.
Chegar ao ponto de ônibus foi um desafio. Já pensei mil vezes em ir de sandália e trocar de salto no ônibus, mas sempre está lotado. Entrei no coletivo, segurei firme na barra e deixei o vai e vem me levar. Era um dos piores horários.
Faltando dez minutos, cheguei à empresa. A porta de vidro se abriu automaticamente.
— Que Deus me livre e guarde de todo o mal — murmurei ao passar pela porta, fazendo o sinal de cruz.
Amanda me avaliou de cima a baixo.
— Deveria pedir um carro junto, porque essa roupa tá toda amassada, amiga. — Disse zombando.
Olhei para mim, tentando alisar a blusa de seda com as mãos.
— Se fosse só a roupa... — ela comentou. — E a Alice? — Perguntou arrumando a recepção, alguns papéis por ali.
— Nada bem. A febre foi e voltou a noite inteira. Nem deitei. E você? Saiu com o Rodolfo? — Praticamente me apoiei a bancada.
Ela sorriu como quem sabe que teve uma noite inesquecível.
Dei com uma mão. — Não precisa nem responder, pelo visto teve baladinha, motel e muito romance. — Mordeu o lábio inferior fazendo que sim, com as duas mãos dando legal. — Nossa, que animação! — Apenas sorriu vindo em minha direção.
Suspirei. Não tinha energia nem para invejar. Amanda veio em minha direção tentando ajeitar o que deveria ser uma maquiagem.
— Vem, deixa que eu te ajudo com isso. — Tentava melhorar minha aparência quando ouvi uma voz masculina grave: — Bom dia!
Olhei para baixo, disfarçando os fios de lã branca da minha saia.
— Bom dia, senhor Tyler. Como es... — Amanda travou. O presidente da empresa estava ali. Seu olhar percorreu nossos rostos, depois minha roupa, até que seus olhos verdes pararam na minha saia, e como quem engolia um bolo forçadamente, subiu os olhos.
— Meu Deus! — exclamei, percebendo que a fenda aberta revelava demais. — Me desculpe, senhor Tyler tivemos... — Tentei explicar.
Mas ele já seguia para o elevador. Amanda riu.
— Liz, sua safadinha, deixou o Tyler paralisado! — Disse a minha frente, enquanto eu ajustava a saia.
— Amanda acha mesmo que eu lá tenho cabeça para pensar em homem depois de tudo que acabei de te dizer? — Negou rindo.
— Eu sei. Só queria te fazer rir um pouco. Tua cara tá de quem não dorme há dez noites. Toma um café, porque o inferno só está começando, e o presidente não tá com um bom humor hoje. Alías, ele nunca está não é?
Suspirei. E, claro, ela chegou, fiquei pedindo internamente que a nossa superior simplesmente passasse direto.
— Senhora Ivone, tudo bem?
A mulher de cabelo chanel castanhos, analisou a recepção com um olhar cortante por trás dos óculos vinho. Amanda sorriu. Eu só consegui balbuciar: — Bom dia... — As minhas carnes tremia e uma sudorese ameaçava escorrer pela testa, ainda mais quando os seus olhos se voltaram para mim.
— Você conhece as normas da empresa, novata?
Assenti.
— Perdeu a noite na balada? Tua cara está horrível! — Comentou, infeliz, com desprezo evidente.
— Não, senhora — tentei me explicar, mas Amanda tomou a frente.
— Fica quieta, Liz — Amanda sussurrou. — Hoje não é dia.
— Espero que sua aparência melhore até o fim do dia. Os convidados da Luxos não são obrigados a ver algo tão... desengonçado na recepção. — A senhora Ivone saiu, espalhando arrogância até na forma de passar a mão na bancada, como se limpasse a presença da nossa pobreza.
— Que alívio! — suspirei, sentando. — Achei que ia me demitir.
— Se prepara, Liz. Isso foi só o começo. Vou pegar café, você quer?
— Água, preciso de água. Café só me deixa mais nervosa.
— Você ainda pergunta por que tô pessimista? Não viu os sites de fofoca?
— Amanda... — Sussurei que tempo eu teria para fofocas?
— O nosso chefe, o bonitão que acabou de passar aqui, tá no centro de uma bomba. Foi visto saindo de uma cobertura pouco depois da senhorita Olga Sutam chegar. As famílias se odeiam, e isso às vésperas do casamento dela! Recaída?
— Talvez estavam visitando pessoas diferentes? — arrisquei.
Amanda bufou.
— Você sabe o que é uma cobertura, Liz?
— O topo de um prédio?
— Sim, mas essa é dos Luccas! E ela foi o primeiro amor dele! Coincidência? Não acho.
Ri com ela, mas parei ao ver uma mulher loira, alta, em um vestido rosa elegante, entrando com uma bolsa de grife e óculos escuros.
— Vem visitante... — avisei, mudando a postura. Amanda se apressou para o lado oposto. A Ruiva passou com o andar de quem pisa onde quiser.
Meu dia estava só começando — e prometia muito.
Olhar para Liz todas as manhãs indo e vindo dando vida ao sonho dos meus pais, não era apenas um amor fugaz em que tinha que acabar na cama, eu lhe quero para a vida inteira, após o meu pedido surpresa os dias foram passando, eu não tinha vergonha alguma de dizer a todos que sim, era ela, apenas ela a garota que me enche os olhos e aquece a alma. Aos poucos o prédio Luxus fora ficando pronto. Alice foi precisando da minha ajuda com as lições de casa, trabalhos em maquetes, construções de florestas e eu como um pai aprendiz de uma garota fui aprendendo, fui rejeitando as ajudas da mãe que entende do assunto, do avô, a intenção não era ser boa, era ter tempo com a garota mais doce e encantadora que eu conheço, a minha filha Alice com apenas seis anos. Os dias foram passando entre noites intensas sem dormir ou dias sem acordar pela correria que se tornou para a inauguração da Luxús, a casa de Liz mal poderiam dizer onde começava a residência e terminava a empresa, ela realmente tornou-s
Talvez o amor seja tão vagaroso, como os passos pra a construção de um castelo. Olhei algumas vezes pra o anel em meu dedo, e pra Lucas a meu lado, depois do pedido de casamento, as pessoas vieram nos parabenizar, mas a nossa tarde de praia virou um verdadeiro inferno, flashs e mais flashs pra fotos, a nossa privacidade foi minada, perguntas invasivas, ao questionar se Lucas matou Olga pra poder ficar comigo, era pra mim o fim de tudo.Nossos filhos foram fotografados, e como meio de proteção só cabia a nós fugir, sairmos correndo da praia, minha tia e senhor Aloisio cuidaram do que pdoeria enquanto eu, Lucas e as crianças fugimos separados, ele levou consigo Alice e Atos, enquanto eu, Otávio, para evitar que me cercassem com os meus dois filhos. Cheguei em casa após fugir da perseguição de carros que veem a vida pessoal de terceiros como meio de ganhar a vida, o pão, mas por vezes passam dos limites com perguntas e invasões, o que mais me irrita é haver pessoas que desejam esta aten
Sai da casa de Liz sem entender, eu queria entender o que ela queria, me queria ou não em sua vida? O que eu poderia fazer pra que ela entendesse que eu a amo, que eu a quero. Mas por dois dias nada, nenhuma pausa pra o café, tampouco nem mesmo uma conversa, ela nem mesmo me olhava, estava fugindo, apenas fugindo de mim, do nosso beijo. — Droga, é melhor eu ir. — Disse assim que todos estavam indo embora, ela fez questão de falar com um a um, e pedi a sua opinião quando mostrava algo no computador, estava me punindo, reclamei chateado. — O que houve Tio Lucas? — Não havia percebido que Alice tinha chegado, apenas neguei, neguei e voltei a olhar a sua mãe. — Ah a mamãe, ela é linda não é? Sorri fraco, deveria concordar. — Sim, muito, mas também muito dura com o seu tio. — Encolheu a boca, mas ao invés de falar ao algo riu, lhe passei o braço em volta dos ombros. — Você dá risada porque ainda é criança, não entende essas coisas ainda. E nem pense em entender, se eu sonhar que já pensa
Depois do beijo que correspondi, entrei em casa com vergonha, aquele era o tipo de mãe que os meus filhos tinham? Marcos tinha razão em me desprezar tanto e Lucas em me ver apenas com diversão, entrei no meu quarto com pressa, enquanto retirava a minha roupa, ouvir quando o carro saiu de casa. Dois dias passaram, e nestes dois dias, apenas fiz o possível para não ficar a sós com ele, por mais que tentasse, por mais que viesse até mim.Fugi, neguei, me ocupei até mesmo quando sentia que me olhava de longe. Dois dias passaram rápido, no meio do trabalho e as tarefas de mãe, percebi que talvez isto fosse a minha melhor ocupação na vida, talvez a minha vida se resumisse em apenas assistir o senhor Aloisio e a minha tia, se pegarem em amassos e beijos, ou ele com a senhora Ivone falando em problemas, até que entendi qual era o motivo de suas infidelidades, enquanto uma apenas lhe dava com os problemas, saúde, remedios e etc, a minha tia, dava-lhe uma especie de portal, para uma diversão,
Com a ajuda de Liz, matriculei Otávio na creche, para estudar junto com Atos, fiquei em sua casa por dois dias, quando o meu pai chegou, mudamos para a cobertura, ver que o meu velho abriu mão da sua casa, por minha causa, e das minhas péssimas escolhas era tormento sem fim. Convivendo os três na cobertura, eu, ele e Otávio, me recuperei com pressa, era preciso arregaçar as mangas para recomeçar, Liz não parava, vê-la tomar a frente de tudo como uma mulher de nível supremo, apenas me fazia sentir as nossas diferenças, mas apesar de tantos homens mostrasse interessado, ela parecia não querer ninguém entre aqueles empresários, sendo amigos ou não do seu pai.Ainda trabalhando na sua casa, era tarde, sentei pra fazer os calculos dos custos total de toda a montagem de equipamentos da empresa, pois apesar de todos me insentarem da culpa, ela ainda estava em meus ombros, por tudo que houve, não fiz escolhas, o certo era arregaçar as mangas e enfiar a mão no trabalho como os demais, entre c
A semana passou com pressa, o tempo corria diante dos meus olhos, ia ver Lucas no hospital duas vezes na semana, com pressa, foi numa quarta-feira pela manhã que se acopla com o engenheiro da obra, me ligaram. — Senhorita Albuquerque ou senhor Lucas estará chapado esta tarde, a senhorita que busca virá? — Fiquei parada de forma estática com o celular na orelha, ele de fato se tornou a minha responsabilidade.— Senhorit...— A voz da mulher veio mais uma vez, da última vez que Lucas recebeu alta, eu não dei resposta e de fato não fui, agora em meio a uma correria enorme, só cabia dizer sim.- Sim, eu irei busca-lo, obrigado por me avisar. — A mulher era gentil, presume que já teve que ter visto algumas vezes na recepção. Voltei a reunião, mas a minha cabeça estava nele, de certa forma acabei assumindo o papel de sua mulher sem ser de fato.Depois ver como o engenheiro organizou tudo, eu não entendi nada sobre construção, e principalmente sobre edificios, mas estava ali, fingindo entend,
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