⚠️AVISOS⚠️
Está obra é narrada em universo próprio, com inspirações em épocas reais, como itens, instrumentos, móveis, arquiteturas, vestimentas e etc. As espécies aqui, como a dos vampiros, não seguem totalmente a base padrão do que vemos em outros livros, séries e filmes. É importante que na dúvida de algo, veja o glossário que tem explicações importantes e será atualizado sempre que surgir algo novo nos capítulos lançados! ❗GATILHOS ❗ Está obra possui gatilhos os quais deixarei abaixo, e caso se sinta desconfortável com algum deles, pule as cenas ou o capítulo. São eles: 💫Violência física e psicológica 💫Transtorno emocional 💫Tentativa de estupro e abuso sexual ( será sinalizado no início do capítulo) 💫Invasão a domicílio 💫Perseguição 💫Trauma 💫Traição 💫Conteúdo sexual explícito e não explícito. ( estes serão sinalizados no início do capítulo, mas até os capítulos atuais lançados, não tem) O Eco dos Antigos Muito antes das sombras caminharem entre as ruas modernas, antes das catedrais serem erguidas sobre os ossos dos esquecidos, os primeiros vampiros surgiram — frutos de um ritual ancestral forjado pelo amor de uma mulher e a ambição de um homem. Daquela união, surgiu o primeiro ser imortal, mas com a imortalidade veio também uma dualidade, os dons e a sede por sangue. E com ele, cinco grandes casas vampíricas regidas por companheiros que ele se negava a abandonar. Por eras, essas famílias caminharam entre os humanos, ocultas, mas não inimigas. Pactos foram selados em silêncio. A escuridão reinava com equilíbrio. Mas o mundo não permaneceu intocado. De tentativas imperfeitas de replicar a transformação, algo novo emergiu — mais feroz, mais instintivo. Os últimos a surgir foram aqueles que carregavam em seu sangue uma maldição nascida da falha, da raiva e da ruptura, lobisomens, assim chamavam. Seres que odiavam a imortalidade por princípio e viam nos vampiros uma afronta à ordem natural, ignorando suas próprias origens, vindas de um erro. Ainda assim, o equilíbrio foi possível. Humanos, vampiros e essas novas criaturas aceitaram um pacto de sobrevivência mútua, graças aos seus líderes. Cada linha seria respeitada. Cada território, preservado. Por um tempo, funcionou. Até que não mais. Um desequilíbrio. Uma afronta. Algo que rompeu o pacto selado entre as espécies e mergulhou o mundo de todos numa guerra brutal — sem declarações, sem honra, apenas morte. As florestas queimaram. Os rios ficaram vermelhos. E os humanos, frágeis e no meio do caminho, foram arrastados para um conflito que jamais lhes pertenceu. Como força mais fraca, uniram-se aos vampiros sob códigos antigos de união de suas espécies. Já a outra raça, não se importava com tais atos, era pura violência e selvageria. As cidades e vilarejos humanos se tornaram rotas de fuga ou campos de extermínio. Os vampiros não atacavam os humanos, sua luta era contra a outra espécie, mas essa questão não provocou menos destruição, pois a fúria dos lobisomens era cega e sem direção. Em um vilarejo ainda afastado do clímax da guerra, campos de treino eram erguidos e homens eram treinados para as batalhas. Pois se negavam a ficar parados enquanto a guerra crescia e se expandia pelos territórios. Foi neste cenário que dois irmãos de uma casa nobre dos humanos, foram separados. Hérus, o primogênito da Casa Zarturii, fora chamado para as frentes da guerra quando seu irmão mais novo, Lian, tinha apenas quatorze anos. Aos dezesseis, Lian já órfão dos pais, recebeu a notícia do desaparecimento de Hérus, dias depois sendo dado como morto. Mas ele sobrevivera. Transformado nas entranhas da escuridão, Hérus renasceu como um vampiro forte, liderando as linhas de resistência dos vampiros contra a raça selvagem dos lobisomens. Anos depois, Lian, agora com vinte e três anos, solitário e obstinado, entrou para os campos de treinamento com um sentimento de esperança. Um homem comum, embora de sangue nobre, criado com honra por seus falecidos pais, fora treinado como guerreiro. Ele jamais soube da verdade sobre o irmão. Hérus se escondeu dele — por culpa, por medo... ou por amor. Talvez um pouco de cada. Mas o destino é uma força teimosa. Na véspera da última investida, o vilarejo de Lian foi atacado. Não havia glória, apenas destruição. Fúria. Dentes e garras rasgando vidas em segundos. E no meio da carnificina, Lian lutou com a bravura de quem não teme a morte. Sua lâmina cortou, feriu e defendeu até o último segundo. Mas o corpo tem limites, e o dele chegou ao fim. Ele caiu entre os destroços, o sangue escorreu como rios lentos por entre pedras e cinzas. O céu parecia pesar sobre seus ombros. Os sons se distorciam. A vida escapava — e Lian, enfim, aceitou a morte. Até que ele apareceu. Hérus emergiu da escuridão, envolto em um manto mais negro que a própria noite. A aparência que um dia fora humana permaneceu, mas sua alma não era mais a mesma. Seus olhos não carregavam séculos — mas carregavam algo ainda mais doloroso: memórias demais para um homem que ainda parecia ter apenas trinta e três anos. Hérus estava diferente. Intocável. Como se o tempo tivesse se curvado para deixá-lo entre mundos. E ainda assim, ao ver o irmão morrendo, algo em Hérus quebrou. — Você devia estar morto. — murmurou Lian, com um meio sorriso, o gosto do próprio sangue nos lábios. Hérus se ajoelhou ao seu lado. Não respondeu. Tirou do manto uma lâmina curva, forjada com osso lunar e prata ancestral. Cortou o próprio pulso com ela, deixando o sangue espesso escorrer lentamente, não sobre a boca do irmão, mas sobre seu peito aberto e ferido. Com os dedos, desenhou runas proibidas sobre a carne. Símbolos esquecidos, até mesmo por alguns dos anciãos. Mas fortemente ensinado a Hérus. — O que está fazendo...? — Lian tentou protestar, mas sua voz era um sussurro moribundo. Hérus respondeu em uma língua diferente e antiga demais para se entender. Palavras que tremiam no ar, que faziam o céu nublar, que faziam os corvos calarem. O sangue não apenas cobriu. — ele penetrou. Ardente, antigo, voraz. E então... tudo queimou. A dor não era física. Era espiritual. Como se seu corpo lutasse para não abrir espaço àquilo que nascia dentro dele. As veias pulsaram. A pele endureceu. O coração... parou. Por sete segundos, houve silêncio absoluto. Então, um som. Um batimento. Baixo. Profundo. Denso como pedra em água escura. A transformação não veio com mordidas. Nem com promessas. Veio com peso. Com magia antiga. Com maldição. Lian acordou. Os olhos brilharam em rubro silencioso. A sede... foi a primeira coisa que sentiu. Mas Hérus, já havia planejado tudo, desde que vira seu irmão ser ferido ao longe, quando percebeu que a luta seria perdida. Em seguida, o ódio se instaurou em Lian. Herus o salvou. E ao mesmo tempo, o matou. O tempo passou. Os inimigos, enfraquecidos, recuaram. As criaturas da floresta desapareceram. Os vampiros se esconderam em fortalezas esquecidas com os membros que restaram de suas famílias, um conselho foi criado com os vampiros anciões e os líderes de cada família sobrevivente, entre vampiros e humanos. Os humanos reconstruíram o que puderam, sobre dor e ossos — sabendo que o terror havia apenas adormecido, mas ainda respira sobre a terra. Um pacto fora formado, apenas por dois lados. Aquelas terras, onde havia ruínas e desolação, foram dadas a Hérus por seu mentor e criador, como recompensa por sua lealdade e bravura. Hérus, ao olhar o local, só via apenas uma catedral destruída em meio a toneladas de ruínas e mortos. Juntamente com um grupo sobrevivente de humanos e vampiros, Hérus ergueu a cidade fundando-a ao redor da catedral, reconstruindo-a com o tempo. Deixou-a para as famílias humanas viverem, e construiu sua mansão na colina acima da cidade. Porém, todos nela sabiam da verdade, do que aconteceu e quem era o líder daquelas terras, e o respeitavam. Mantendo assim o acordo, por anos, passando por gerações e gerações, por séculos. E Lian? Lian jamais perdoou. Nem a Hérus. Nem a si mesmo. Lian desaparecera por muitos anos, não aceitando sua realidade e nutrindo raiva pelo irmão. O equilíbrio se manteve por tempo demais. O que repousa no silêncio... Um dia desperta.