Ela? A mulher que não fica. Só manda embora. Ele? O homem que nunca ficou. Só desaparece. Os dois no mesmo prédio. No mesmo elevador. 👉 E no mesmo jogo… onde quem pisca primeiro, perde. Uma aposta simples (na teoria): 👉 Ela jura que vai fazer ele correr como todos os outros. 👉 Ele garante que dessa vez… não larga nem se ela implorar. Só que tem um problema: 👉 Quando dois mestres do deboche, da sedução e do jogo se enfrentam… alguém vai cair. E spoiler: não vai ser bonito. Mas vai ser gostoso.
Ler maisVinte e nove anos. Brasileira de alma firme. Nova-iorquina por escolha. Uma mulher que aprendeu a viver só… sem nunca estar sozinha.
O céu de Nova York ainda era azul escuro quando Clara abriu os olhos. Não precisou do alarme. Ela nunca precisava. Tinha aquele tipo de sono leve de quem sabe que o mundo gira mesmo quando se fecha os olhos. E o dela, girava rápido demais pra adormecer por completo. Ficou alguns segundos deitada, encarando o teto, ouvindo os ruídos abafados da cidade despertando devagar. Respirou fundo. Sentou na cama. Pés no chão. Silêncio. Nenhuma pressa. Mas também nenhum atraso. Havia algo de quase sagrado na forma como ela começava seus dias. Não era só rotina. Era um ritual de reencontro com ela mesma. Na cozinha, o café já estava passado. Forte, encorpado, como gostava. Levou a caneca até a janela. E, mesmo com o vidro fechado, sentiu o ar de Manhattan pulsando lá fora. Frio, concreto e infinito. Ali, entre os prédios que pareciam tocar o céu, Clara sentia-se, ao mesmo tempo, minúscula e invencível. Era cedo. Mas pra ela, cedo era o momento mais seguro. Enquanto o resto do mundo ainda se escondia debaixo dos lençóis, ela vestia coragem. Legging. Tênis. Cabelo preso num coque leve. Uma blusa fina e o fone no ouvido. Na rua, caminhava em passos firmes. Mas dentro, havia calma. Aquela calma de quem aprendeu a se bastar. De quem foi forçada a crescer antes da hora… E mesmo assim, se recusou a endurecer por dentro. Clara não era de muitas palavras pela manhã. Preferia ouvir. A música. A cidade. O som da própria respiração durante a corrida. Porque era nesses pequenos detalhes que ela encontrava a força que o mundo sempre tentou arrancar dela. Piscina. Esteira. Academia. Cada movimento era mais do que físico — era emocional. Era a forma que ela tinha de lembrar a si mesma que nada nela foi dado. Tudo foi construído. E ela tinha orgulho disso. Da mulher que havia se tornado. Da vida que reconstruiu do zero, quando tudo parecia perdido. Foi aos doze anos que Nova York virou casa. Ou, pelo menos, virou cenário. O lar mesmo ela construiu com o tempo. Tijolo por tijolo. Com a ajuda de três mulheres que hoje eram mais irmãs do que amigas. Rebeca. Lívia. Nanda. A família que a vida não lhe deu — mas que o coração escolheu. Juntas, elas formavam algo raro. Firme. Bonito. Um refúgio no meio do caos. Um lembrete diário de que não importa o que aconteça… ninguém precisa enfrentar o mundo sozinha. O relógio marcava 7h22 quando Clara entrou no elevador da Hudson Tower. Tinha um café em mãos, um sorriso nos lábios, e aquela energia silenciosa que só os muito determinados carregam. Enquanto o elevador subia, o coração batia calmo. Mas, por dentro, algo dizia que aquele dia traria mais do que e-mails, reuniões ou metas. Ela não sabia ainda. Mas o destino, esse roteirista teimoso, já estava preparando uma reviravolta. -E pela primeira vez… talvez Clara não estivesse no comando.O relógio na parede da sala de Dante marcava 15h12.Na tela, quatro rostos em janelas de videoconferência despejavam termos técnicos, gráficos e metas como se estivessem defendendo suas vidas.Dante, sentado com as costas retas na poltrona de couro, ouvia — ou melhor, fingia ouvir — enquanto a caneta tamborilava lenta na pasta à sua frente.Entre um slide e outro, o olhar dele desviava para o canto inferior do monitor.O nome dela. Clara Valentina.Chat interno da Agency49.DANTE: Ajustamos o finalmente hoje? Preciso de você aqui.Nada.Cinco minutos depois, tentou de novo:DANTE: Não me deixa sozinho com esses advogados. Você sabe que eu mordo.Silêncio.Às 15h21, ele digitou apenas:DANTE: Minha sala. Agora.A resposta veio cinco minutos depois:CLARA: Presa em reunião. Sem chance.Ele fechou o notebook sem nem esperar o encerramento da call.O som das vozes cortou no meio
As portas do elevador se fecharam num ritmo quase preguiçoso, como se quisessem dar tempo para que toda a energia acumulada no hall se infiltrasse lá dentro.O reflexo de Clara na parede espelhada mostrava um rosto calmo, mas os ombros ainda guardavam o calor da mão de Dante.Calça de alfaiataria cinza-grafite, cintura alta, marcando a silhueta com precisão de quem não se veste — se arma.A blusa de seda branca, levemente frouxa, caía sobre o corpo como se tivesse sido feita pra insinuar, não cobrir.O salto fino, Preto, fazia o corpo balançar num compasso estudado.Ícaro estava ao lado, encostado na lateral do elevador como quem tinha todo o tempo do mundo.Mas o sorriso dele… era o de quem estava se divertindo.— Ícaro: “Então… foi só impressão minha ou o moço do hall tava prestes a te marcar com ferro quente?”Clara não desviou o olhar do painel, vendo os números subirem.— Clara: “É só o jeito dele.”— Ícaro:
O hall do prédio estava com aquele silêncio elegante que só espaços de mármore e vidro têm. Dante já estava ali, de frente pra portaria, conversando com um dos seguranças, quando as portas automáticas se abriram.Clara entrou.E ao lado dela, Ícaro.Dante viu primeiro os saltos. Depois, as pernas. Depois… a cena completa.Ícaro com a mão no bolso, sorriso fácil; Clara com o blazer aberto, o corpo fluindo como se fosse sempre sexta-feira.O estômago dele não apertou. Dante Navarro não tinha dessas.Mas os olhos… ah, esses fixaram.Ele deu dois passos à frente, e foi o suficiente para que os amigos — Eduardo e Marcelo, sentados num dos sofás do hall — levantassem a cabeça.Eles já sentiram o clima.— Dante: “Clara.” — o cumprimento soou grave, lento, quase um brinde.— Clara: “Dante.” — ela manteve o sorriso polido, mas não se apressou.Ícaro soltou um “Navarro” como quem marca presença, recebendo de volta
O restaurante escolhido por Ícaro ficava numa esquina discreta, com fachada de vidro e cheiro de pão assando que escapava até a calçada.Era o tipo de lugar que não precisava de anúncio, porque quem ia ali… já sabia que valia a pena.Clara entrou primeiro, deixando o blazer no encosto da cadeira. Ícaro veio atrás, tirando os óculos escuros e fazendo sinal pro garçom que já o conhecia.— Ícaro: “Menu de sempre. E abre o vinho.”— Garçom: “Claro, senhor.”Quando ficaram a sós, ele soltou:— Ícaro: “Tô trabalhando numa publi nova. Quem chamou foi… um primo seu.”Clara parou no movimento de ajeitar o guardanapo no colo.— Clara: “Que primo?”— Ícaro: “O filho do… monstro.”Não precisava falar mais. Eles dois sabiam exatamente de quem ele estava falando.Clara respirou fundo, os ombros se erguendo devagar.— Clara: “Ícaro… cuidado.”Ele ergueu uma sobrancelha.— Ícaro: “Relaxa. É só publicidade, na
Dante Rafael Navarro não ligava para muita gente.Ele mandava mensagens, dava ordens, movia a agenda de qualquer um.Mas com Clara Valentina, o gesto foi automático.Pegou o celular, discou. Dois toques.Ela atendeu.— “Almoço comigo hoje.” — nem perguntou, afirmou.Do outro lado, veio o silêncio. Depois, a voz dela — suave, mas afiada como corte limpo de lâmina.— “Não posso. Ícaro vem me buscar.”Ele não precisou perguntar “quem é Ícaro”.Sabia muito bem.O estilista badalado, amigo pessoal de Clara, com aquele talento irritante para entrar em qualquer sala e sair mais querido que o dono da casa.Dante manteve a calma no tom, mas algo dentro dele reagiu.Ninguém dizia “não” pra ele.E ela não só disse como ainda jogou o nome de outro homem no meio.— “Repete.” — pediu, baixo.— “Já tenho compromisso.” — ela reforçou. — “Amanhã a gente vê.”Ele desligou antes que o silêncio
A manhã na Agency49 correu como um tiro de champanhe — rápida, barulhenta e com faíscas.Clara estava no modo CEO-afiada: derrubando prazos absurdos, refazendo ideias que pareciam prontas e fechando duas aprovações internacionais antes mesmo das 11h.A equipe já sabia: dia de Clara inspirada era dia de andar na linha… ou ser atropelado por ela.Às 11h57, enquanto revisava o último ponto de uma apresentação, o telefone interno piscou.— Recepção: “Clara, o senhor Navarro na linha.”Ela atendeu com aquele tom profissional que parecia neutro… mas não enganava ninguém.— Clara: “Senhor Navarro.”— Dante: “Almoço?” — a voz dele veio grave, direta, sem floreio.— Clara: “Almoço?” — ela repetiu, quase sorrindo. — “Você tá me convidando ou me intimando?”— Dante: “As duas coisas. Mesa reservada, vinho aberto… e você na minha frente. É a única parte que falta.”Ela fechou a pasta, recostou na cadeira e deixo
Último capítulo