Mundo ficciónIniciar sesiónClara, uma jovem independente, leva uma vida simples, dividindo despesas com uma amiga e sem grandes expectativas em relação ao amor. Tudo muda após um encontro inesperado com um cliente misterioso na loja onde trabalha. O que começa como uma atração improvável transforma-se em um relacionamento intenso e arrebatador. Mas o destino reserva uma reviravolta: Clara engravida. A notícia a abala profundamente — não apenas pela surpresa, mas pelo medo de que aquele amor, tão recente e avassalador, não seja tão sólido quanto parece. Do outro lado, ele — o homem misterioso — é um magnata poderoso, acostumado a controlar tudo e todos. Frio, determinado e dono de um império, ele sempre acreditou que o amor era apenas uma fraqueza. Até conhecer Clara. Ela desperta nele algo novo: desejo genuíno, fascínio… e uma necessidade quase obsessiva de tê-la por completo.
Leer más~Na voz de Lorenzo~
Nova York fervia. O trânsito rugia lá fora, e as vitrines da Quinta Avenida brilhavam sob o sol como joias em exposição. Eu observava a fachada da Maison Bianchi — imponente, com o nome em letras douradas refletindo o movimento apressado da cidade. Entrei sem me anunciar, sem seguranças, sem motorista. Às vezes gosto de sentir o sabor do anonimato. O som dos meus passos ecoou pelo piso de mármore. Aquele cheiro familiar me envolveu — couro novo, perfume francês, tecidos caros. Eu o reconheceria entre mil, porque aquele aroma era meu. O império que construí tinha cheiro de poder. Mas, para eles, eu era apenas mais um cliente. O gerente me viu primeiro. Matteo. O homem empalideceu no instante em que me reconheceu e veio correndo, o corpo rígido de nervosismo. — Senhor Lorenzo… — murmurou, quase se curvando. Levantei uma das mãos, interrompendo-o. — Não, Matteo. Finja que não me conhece. Nenhum funcionário precisa saber quem eu sou. — Sim, senhor, claro… Segui caminhando, ignorando os olhares curiosos das vendedoras. Deixei que me olhassem, deixei que criassem histórias. Sempre fiz isso — é útil ser um mistério. E então, no reflexo de uma vitrine, eu a vi. Clara. Ela ajustava a posição de um manequim vestindo um trench coat bege, o cabelo preso de forma simples, sem pretensão. Havia algo de calmo e firme nela — uma elegância natural, sem esforço. Enquanto as outras atendentes trocavam sorrisos nervosos ao me ver, Clara parecia alheia a tudo. Trabalhava em silêncio, concentrada, como se aquele pequeno universo fosse todo o seu mundo. Aproximei-me. — Com licença — disse. Ela se virou. Os olhos dela encontraram os meus — castanhos, diretos, calmos. Nenhum tremor. Nenhum interesse disfarçado. — Boa tarde, senhor. Posso ajudá-lo? — perguntou com um tom suave, profissional. — Pode. — deixei a voz sair lenta, observando a reação dela. — Quero algo… especial. Ela avaliou meu terno, o relógio, o corte do cabelo — mas não com o olhar de quem julga. Era como se estivesse apenas coletando informações para cumprir seu trabalho. — O senhor procura algo para uma ocasião específica? — Um jantar. Importante. Ela assentiu, pensativa. — Prefere algo clássico ou ousado? — Surpreenda-me. Clara arqueou uma sobrancelha, discreta, e virou-se em direção a uma arara próxima. O movimento era contido, elegante. Escolheu dois ternos, ambos de uma coleção recém-lançada de uma marca italiana que eu mesmo representava. Ironia. — Este — disse, mostrando o primeiro — é tradicional, mas o tecido tem um brilho sutil. Ideal para um jantar formal. — E o outro? — Um corte mais ajustado, moderno. Poucos homens têm confiança suficiente para usá-lo. Sorri de canto. — Está dizendo que talvez eu não tenha? Ela sustentou o olhar. — Não, senhor. Só quis dizer que a maioria prefere não arriscar. O tom era neutro, mas havia algo ali — um toque de ironia discreta, quase provocante. — E qual dos dois você escolheria para mim? — perguntei. — Depende. Quer ser notado, ou lembrado? — respondeu, sem hesitar. Ri baixo. Clara não sabia com quem falava, e talvez fosse justamente isso que me fascinava. — Escolha você. Ela optou pelo primeiro, o mais clássico. Conduziu-me até o provador, sem pressa, sem aquele ar servil que costumo ver em quem tenta impressionar. Eu a segui, curioso. Enquanto eu vestia o terno, ouvi o barulho da cidade lá fora — buzinas, passos apressados, o caos organizado de Manhattan. Quando saí do provador, ela me esperava, braços cruzados, olhar analítico. — E então? — Perfeito — respondi. Ela se aproximou, ajustando a lapela com cuidado. O toque foi breve, quase nada, mas me causou uma reação estranha. Clara era… calma demais. Quase imune. — O senhor tem uma presença forte — disse, de repente. — É um elogio? — Uma constatação. Sorri. — E você, Clara? Sempre tão calma com todos os clientes? — Tento ser. As pessoas esperam paciência de quem trabalha aqui. Ela se afastou, pegou uma sacola e embalou o terno com gestos meticulosos. Nenhuma tentativa de prolongar a conversa, nenhum olhar a mais. Só profissionalismo. — Aqui está, senhor. — estendeu a sacola. — Foi um prazer atendê-lo. — O prazer foi meu. — deixei o olhar demorar um segundo a mais sobre ela. — Tenho certeza de que voltarei. Clara apenas sorriu de leve. — Estaremos à disposição. Mas o modo como ela disse aquilo soava como uma despedida, não um convite. Saí da loja e senti o vento frio da Quinta Avenida bater contra o rosto. A cidade seguia viva, impaciente, e mesmo assim tudo me pareceu mais lento. Matteo veio logo atrás, apressado. — Senhor Lorenzo, devo avisar a equipe sobre sua visita? — Não — respondi sem olhar para ele. — Ninguém precisa saber quem eu sou. — Entendido. — Quero que continuem acreditando que sou apenas mais um cliente. Ele franziu o cenho, confuso. — E a senhorita Clara? — Principalmente ela. Matteo engoliu em seco. — O senhor pretende voltar? — Muitas vezes. — dei um meio sorriso. — E quando eu voltar, quero que ela me atenda. Sempre. Enquanto caminhava pela calçada, entre os reflexos de vidro e o ruído da cidade, percebi que algo raro havia acontecido. Eu, Lorenzo Bianchi — dono de marcas, de contratos, de vontades —, encontrara alguém que não se curvava diante do meu nome, nem do meu olhar. Clara. A mulher atrás da vitrine da Maison Bianchi, em Nova York.Os dias seguiam na mesma correria de sempre, mas Clara nunca saía do meu pensamento. Às vezes não conseguíamos nos ver, mas nossas conversas por mensagem mantinham tudo vivo. Havia algo em cada palavra dela que me trazia paz — e, ao mesmo tempo, me deixava ansioso por vê-la.Um dia, ela me contou, empolgada, que o pai havia feito a cirurgia. O alívio em sua voz era nítido, quase palpável. Clara me agradeceu tantas vezes que eu cheguei a ficar sem graça. Aquele simples “obrigada” dela valia mais do que qualquer coisa que o dinheiro pudesse comprar.Em um de nossos encontros, comentou com um certo constrangimento sobre os cochichos na loja. As colegas a rotulavam de “namoradinha do dono”, “a queridinha do patrão”. Para ela, aquilo era desconfortável — e eu entendi. Clara não era mulher de depender de ninguém.Conversei com Matteo, que faria uma reunião com as funcionárias e deixaria tudo claro. Eu não queria precisar ir até lá, porque se fosse... não seria só conversa. Haveria demissões
O primeiro raio de sol atravessou as cortinas, dourando o quarto em silêncio. Levantei-me devagar, sem fazer barulho. Clara dormia profundamente, os cabelos ruivos espalhados pelo travesseiro — um desarranjo bonito, cheio de encanto. Fiquei um instante apenas observando-a antes de pegar o celular e ir até a sacada, para não acordá-la. Liguei para Alerrandro. — Bom dia, patrão — respondeu com a voz ainda sonolenta. — Bom dia, Alerrandro. Preciso de um favor — falei em tom baixo. — Claro, diga. — Quero que vá até uma das lojas e monte um guarda-roupa completo para uma mulher: vestidos, bolsas, sapatos… tudo que uma mulher de bom gosto precisa. Passei as medidas aproximadas de Clara — tamanho P — e olhei discretamente para o par de sapatos jogado perto da cama para confirmar o número. — Em qual endereço mando entregar? — ele perguntou. — No meu. E quero tudo aqui o mais rápido possível. — Até as dez estará no quarto, senhor. — Estarei aguardando — finalizei, encerrando a ligaçã
Passaram-se dois dias desde o nosso jantar, e eu decidi convidar Clara para sair novamente. Mandei uma mensagem rápida e, para minha satisfação, ela aceitou. Fui buscá-la, e quando abriu a porta do carro, senti meu coração acelerar. Clara estava deslumbrante: um vestido preto justo que contornava suavemente suas curvas, decote discreto e elegante, combinado com saltos altos que alongavam ainda mais sua silhueta, e seus cabelos ruivos soltos, levemente ondulados, balançando ao vento. Cada movimento dela parecia um convite silencioso, e meu sangue queimava de desejo. Abri a porta do carro como de costume e a conduzi até um bom restaurante, discreto, com iluminação baixa e ambiente refinado. Sentamo-nos, e enquanto analisava o cardápio, meus ouvidos captaram vozes familiares atrás de nós. Quando olhei, notei Beatriz. Meu sangue ferveu. Não aceitaria um escândalo ali, e Beatriz não estragaria minha noite com Clara. Para evitar qualquer clima desconfortável, sugeri: — Que tal procurarm
Os dias foram se seguindo, mas a imagem de Clara ainda permanecia fresca em minha mente. No entanto, eu não iria atrás dela novamente. Tinha negócios para cuidar, compromissos para cumprir. Viajei à Inglaterra para supervisionar algumas coisas, e minha rotina não me deixava tempo para pensar em uma única coisa. Na correria, já havia se passado um mês quando recebi relatórios que me deixaram bastante desapontado. A loja de Nova York — aquela mesma em que Clara trabalhava — havia recebido algumas reclamações de clientes, conforme me informou Alessandro. Eu não resolveria aquilo por telefone. Iria até lá pessoalmente, conversar com Matteo e colocar tudo em ordem. Desde minha discussão com Clara, eu não havia voltado a vê-la. Não tínhamos nenhum contato, embora eu pensasse nela todos os dias. Primeiro, fui à França, a Paris, visitar minha pequena fazenda que minha avó comprou para mim quando ainda era menino. Aquele sempre fora meu lugar de paz no mundo. Os caseiros, Pierre e Hélène, c
A tarde se arrastava entre reuniões e telefonemas. Encontrei Alessandro para tratar de negócios — ele falava sobre números, contratos, novas parcerias, mas a minha mente vagava.Eu precisava esquecer Clara.E a melhor forma de enterrar lembranças era substituí-las.— Hoje à noite, vamos sair — disse Alessandro, percebendo meu humor sombrio. — Uma boate nova, exclusiva. Vai te fazer bem.Concordei. Talvez o álcool e a superficialidade me distraíssem.---A noite caiu sobre Nova York com o brilho frenético das luzes refletindo nos vidros dos arranha-céus.A boate era um espetáculo à parte — um ambiente de luxo e exclusividade, música eletrônica pulsando no ritmo exato da sedução.As paredes espelhadas multiplicavam o brilho das taças e o perfume das mulheres bem vestidas.Um lustre imenso dominava o centro, projetando reflexos dourados sobre o piso de mármore negro.Encontrei Alessandro na entrada, impecável em seu terno escuro.— Bem-vindo de volta à vida, Lorenzo — ele disse com um so
~Na voz de Lorenzo ~O dia amanheceu e eu fumava da sacada do hotel, o cigarro queimando entre os dedos enquanto uma raiva surda me consumia.Beatriz.Quem aquela mulher pensava que era para me expor daquela forma?Eu não tolerava escândalos — e muito menos ser pego de surpresa.Liguei para Matteo.— Bom dia, senhor — ele atendeu, cauteloso.— Bom dia, Matteo. Clara já sabe quem eu sou. Quando ela estiver na loja, me avise. Preciso conversar com ela — falei em tom firme, sem espaço para questionamentos.— Como o senhor preferir — respondeu, encerrando a ligação.Logo em seguida, Alessandro me ligou para tratar de negócios.— Resolva por mim, Alessandro. O que decidir, eu concordo — respondi impaciente.A verdade é que eu não conseguia pensar em outra coisa além de Clara.As horas se arrastaram até o telefone tocar novamente.— Senhor, Clara acabou de chegar — avisou Matteo.Peguei as chaves do carro e desci. Eu estava disposto a tudo.Eu sempre consegui o que q
Último capítulo