As portas do elevador se fecharam num ritmo quase preguiçoso, como se quisessem dar tempo para que toda a energia acumulada no hall se infiltrasse lá dentro.
O reflexo de Clara na parede espelhada mostrava um rosto calmo, mas os ombros ainda guardavam o calor da mão de Dante.
Calça de alfaiataria cinza-grafite, cintura alta, marcando a silhueta com precisão de quem não se veste — se arma.
A blusa de seda branca, levemente frouxa, caía sobre o corpo como se tivesse sido feita pra insinuar, não cobrir.
O salto fino, Preto, fazia o corpo balançar num compasso estudado.
Ícaro estava ao lado, encostado na lateral do elevador como quem tinha todo o tempo do mundo.
Mas o sorriso dele… era o de quem estava se divertindo.
— Ícaro: “Então… foi só impressão minha ou o moço do hall tava prestes a te marcar com ferro quente?”
Clara não desviou o olhar do painel, vendo os números subirem.
— Clara: “É só o jeito dele.”
— Ícaro: