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ELE OLHA. E ELA NÃO DESVIA.

O elevador do 49º andar se abre no térreo com um tilintar leve.

A recepção da Hudson Tower tá movimentada, como sempre. Gente apressada, cheiro de café, passos estalando no piso de mármore.

E então…

Ela surge.

Clara Valentina.

Dante tá no canto do saguão, ao lado de Lorenzo e Gael.

O assunto era qualquer um… até ela entrar.

A conversa morre. O tempo para. O ar muda.

Ela atravessa o saguão como quem não pertence àquele mundo.

Ou melhor — como se o mundo pertencesse a ela.

Terno preto, impecável.

Blazer jogado nos ombros como uma capa invisível de autoridade.

Top colado no corpo, calça de alfaiataria desenhando cada curva como escultura viva.

Cabelo castanho claro solto, balançando nos ombros.

Perfume amadeirado que chega antes dela.

Olhar reto, firme. De quem não precisa pedir licença. Nunca precisou.

Dante a vê antes das amigas.

Mas quando elas surgem atrás — o grupo inteiro se torna uma cena. Um quadro.

- Rebeca, de vermelho, óculos escuros, ar de quem mata com ironia.

- Nanda, pasta nos braços, ar de julgamento e argumentos legais.

- Lívia, doce, fofa… e naquele momento, cochichando algo que faz as outras três rirem.

Dante nota.

E elas notam ele.

Só que Clara… não ri.

Ela vê.

Ele vê.

- Os olhos se cruzam.

Verde-avelã nos olhos escuros.

Cinco segundos de tensão elétrica.

Clara não desvia.

Dante também não.

A tensão paira entre eles, como um fio esticado, prestes a romper.

As amigas cochicham. Dante vê.

Lívia sussurra algo no ouvido de Nanda. Rebeca arqueia a sobrancelha. Clara… dá um leve sorriso.

Mas não é de interesse.

Nem de simpatia.

- É deboche. Aviso. Provocação silenciosa.

Lorenzo, com um sorriso já meio rindo, meio sabendo:

— “Elas tão falando de você. E pela cara da morena… ela tá te medindo com régua de exército.”

Dante aperta o maxilar, ainda olhando. Baixo, sem desviar:

— “Quem é essa mulher?”

Ele nunca viu o quarteto andando por ali. E ele vê tudo.

Não por acaso…

- Ele é o dono daquele prédio inteiro.

A Hudson Tower.

- Um arranha-céu de luxo no coração de Manhattan.

- Escritórios caríssimos, marcas exclusivas, agências de elite.

E no topo?

Ele. Dante Navarro. CEO. Fundador da Navarro Capital, uma gestora privada de investimentos com tentáculos em startups, tecnologia, mercado imobiliário e… segredos.

Rico, brilhante, calculista.

Aluga alguns andares da torre, mas o último? É dele. Só dele.

Um escritório com vista de 360 graus. Uma cobertura que vê a cidade inteira — e que ninguém entra sem permissão.

Dante não costuma se interessar por ninguém que passe pelos corredores.

Mas hoje… algo mudou.

Ela não o viu. Não de verdade.

Mas ele viu. E viu demais.

- A forma como ela anda.

- A forma como ela ignora o mundo.

- A forma como ela olha pra frente… como se tivesse acabado de vencer uma guerra.

Lorenzo ergue uma sobrancelha. Sorri. Já sacou tudo.

— “Tá ferrado, irmão.”

Dante vira devagar.

— “Conhece?”

Lorenzo dá um gole no café, encosta no balcão e responde:

— “Não ela… mas a do vestido florido. A Lívia. Já saiu com um amigo meu da faculdade. Uma fofa. Um desastre com homem. O tipo que acredita até em signo de ex.”

Gael entra na conversa, cruzando os braços:

— “E a chefe do bonde? Já vi ela descer do 49º. Acho que é dona daquela agência de marketing internacional… Varella, Vali… Valentina?”

Dante não responde.

Olhos fixos. Mandíbula cerrada. Sorriso de canto.

“Bonita demais pra ser boazinha.”

“Forte demais pra cair fácil.”

“E perigosa demais… pra ser ignorada.”

Lorenzo percebe o olhar, cutuca:

— “Ué… já achou tua escolhida, campeão? Vai ser essa?”

Dante gira o Rolex no pulso, respira fundo, sorri de canto:

— “Talvez. Bonita ela é. Mas tem cara de jogadora…”

Gael entra, rindo:

— “Perfeita, então. Aposta é essa: dois meses, só ela, sem sumir, sem fugir.”

Lorenzo completa:

— “Mas cuidado… se ela for o tipo que j**a igual você…”

Pausa.

Lorenzo sorri, devagar.

— “Vai te quebrar no meio.”

Dante encara a porta giratória que acabou de se fechar atrás de Clara.

Sorrisinho torto. Um só pensamento:

“Ser quebrado… seria novidade.”

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