Mundo de ficçãoIniciar sessão(Autora Brasileira) Alicia acreditava ter encontrado o amor perfeito, até ser destruída por ele. Após anos de um casamento abusivo, cercado de humilhações e críticas sobre o seu corpo, ela foi traída e abandonada com o filho pequeno nos braços. Sozinha e sem autoestima, decide que é hora de recomeçar — e provar, acima de tudo, para si mesma, que ainda é capaz de ser feliz. Determinada a mudar de vida, Alicia entra em uma academia sem imaginar que seu maior desafio não seria perder peso, mas lidar com Jackson — o irresistível dono do local. Um personal trainer intenso e dono de um charme impossível de ignorar, ele parece saber exatamente como provocá-la e despertar nela sensações que ela acreditava ter esquecido. Mas enquanto Jackson desperta a mulher que Alicia manteve adormecida por anos, o passado volta a assombrá-la. Seu ex-marido está disposto a destruir o pouco de paz que ela conquistou, e agora ela precisará decidir se vai continuar fugindo ou finalmente lutar pelo que deseja. Uma história cheia de desejo, autoconhecimento e superação, que mostra que o amor-próprio é o primeiro passo para viver uma paixão de verdade.
Ler maisMe levantei em mais uma segunda-feira e jurei para mim mesma, diante do espelho, que dessa vez iria engatar na dieta. Desde que o meu ex-marido me largou sozinha com o nosso filho para ir viver com a amante, minha autoestima estava reduzida a nada.
Dediquei-me por quase 10 anos ao nosso casamento e à nossa família; por exigência dele, larguei a faculdade, o emprego e todos os planos que um dia havia feito para o futuro, sufocando todos os meus sonhos.
Acabei me descuidando. Vivia sempre frustrada, sem motivação para encarar diariamente a mesma rotina enfastiante e, depois que o nosso filho nasceu, ganhei alguns quilinhos a mais. Desde então, meu ex-marido passou a me humilhar, me chamava de gorda, desleixada, dentre outros xingamentos diários, e dizia ter vergonha de ser visto comigo.
Já se passou mais de um ano e nunca mais tive coragem de me relacionar com alguém. Passei a acreditar fielmente nas coisas ruins que o Robert me dizia, mas estava decidida a virar a página e mudar isso.
Eu havia conseguido um emprego e estava decidida a voltar a me amar. Então olhei para o meu reflexo ali e enxerguei uma mulher cansada, meus cabelos castanhos estavam presos em um coque desgrenhado, e as olheiras fundas revelavam as minhas noites mal dormidas. Analisei o meu corpo rechonchudo, cheio de celulites e estrias que contavam a minha história, além de inúmeras dobrinhas. Capturei uma delas entre o polegar e o indicador, torcendo o nariz.
— Vou me tornar uma nova mulher e provar para o Robert que posso ser tão bonita e sexy quanto a sua amante interesseira.
Preparei-me para ir ao trabalho, uma loja sofisticada de moda feminina e jóias. Coloquei o meu uniforme, que consistia em uma saia midi justa e um blazer social, e calcei um micro salto para diminuir as dores que as horas em pé me causavam. Mas, antes de ir, precisava deixar o meu filho na escola.
O David já conhecia a nossa rotina e, antes mesmo que eu chegasse até o seu quarto para chamá-lo, abriu a porta bruscamente e correu, saltando em meus braços.
— Estou pronto, mamãe! — falou com o sorriso meigo e inocente de sempre.
Sem dúvidas, meu filho era a única coisa boa que o Robert me deu.
— Você já é mesmo um rapazinho! — Falei, organizando os fios salientes de seu cabelo. — Vamos tomar café bem rapidinho, pois a mamãe não pode se atrasar.
Seguimos até a cozinha e preparei um leite com cereal para o David, enquanto pensava no que comeria para começar bem a dieta, sabendo que a força de vontade era a minha pior inimiga. Preparei ovos mexidos e café, utilizando o adoçante ao invés do açúcar.
"Assim está ótimo para começar", pensei, sentando-me ao lado de David.
— Está de dieta de novo, mamãe? — ele perguntou, provavelmente ao perceber que eu não estava comendo os pães, fatias de bolo ou, quem sabe, as inúmeras bolachas doces que eu estava acostumada.
— Sim, mas dessa vez é para valer.
— Sei... Igual das outras dez vezes, isso porque só sei contar até dez.
O pestinha disparou, e não pude deixar de rir, enquanto o agarrava fazendo cócegas.
— Você vai ver só quando a sua mãe estiver bem bonitona e magra!
— Você já é linda, mamãe, muito mais linda do que a namorada chata do papai.
Abri um sorriso sem jeito e mudei de assunto. Afinal, mesmo tendo plena convicção de que não sentia absolutamente nada pelo pai dele, me lembrar que fui trocada por uma moça mais jovem e de corpo escultural ainda doía.
— Vamos, mocinho, chega de conversa fiada, pois já deu a nossa hora.
Após o café da manhã, como era habitual, partimos. Deixei o David na escola e segui direto para a loja. Minha mãe ficava responsável por buscá-lo ao meio-dia, e ele ficava na casa dela, sob os seus cuidados, até que eu retornasse do trabalho, já ao anoitecer.
"Se eu conseguir bater a meta desse mês, talvez sobre algum dinheiro para comprar o presente que prometi para o David." Eu pensava, lembrando que faltava um mês para o aniversário dele e meu ex-marido não me ajudava financeiramente com nenhuma despesa.
Por mais que eu tentasse, não conseguia deixar de amargurar o meu relacionamento com o pai do meu filho. Afinal, ele vivia uma vida de luxo e exuberância com a outra, enquanto eu estava sempre apertada e trabalhava o dia todo para pagar as contas de casa e garantir sozinha o sustento do David.
— Bom dia, amiga linda! Olha o que eu trouxe pra você! — Samanta, uma amiga do trabalho, chegou me entregando uma vasilha repleta de doces de festa e um pedaço de bolo de chocolate.
— Voltei com a bolsa cheia da festa do meu sobrinho. Sabe como é, né? E como sei que você gosta, resolvi dividir a culpa.
— Só você mesma! — Sorri, já salivando. — Eu amo mesmo… Mas estou de dieta. Inclusive, a senhorita ia me acompanhar nessa... ou já esqueceu?
— Claro que não esqueci, mas festa de criança não é algo que se desperdiça.
— Concordo, mas vou tentar me manter firme pelo menos dessa vez. Porém, o David com certeza vai amar. Obrigada.
Samanta deu uma risada cética.
— No nosso horário de almoço podemos passar naquela academia que tem aqui no prédio para fazer a nossa matrícula — ela sugeriu.
— Academia? Eu? — falei, já apavorada com a ideia.
— Sim, além de te ajudar a ficar saradinha, lá não falta homem, um mais delicioso do que o outro… Tenho certeza que você vai encontrar um que te faça tirar o traste do seu ex-marido da cabeça de uma vez por todas.
— Eu não quero encontrar nada, não preciso de homem nenhum.
— Você não precisa de um homem, bebê, mas nada te impede de curtir a vida. Do jeito que as coisas vão, acho que aí embaixo já tem até teia de aranha…
Soltei uma gargalhada. Samanta era uma das pessoas mais desbocadas e bem-humoradas que já conheci; tinha uma energia contagiante, além de uma beleza negra sem igual.
— Samanta! Pior que é verdade… — O brilho sumiu da minha face, tão rápido quanto as lembranças voltavam à minha mente. — Meu ex-marido já não me tocava há muito tempo, meu corpo não o agradava mais. Se nem o homem que me jurou amor eterno um dia pôde me aceitar, que outro homem iria sequer olhar para mim?
— Qualquer um que seja homem de verdade e goste de uma mulher de verdade.
Abri um sorriso acanhado, mesmo sem acreditar, e acabei concordando em conhecer a tal academia. Quando chegou o horário de almoço, desci com a Samanta para um restaurante do próprio prédio e almoçamos rapidamente.
Apostei em uma refeição com peito de frango grelhado e salada, suspirando ao sentir o cheiro da lasanha. "Isso vai ser mais difícil do que eu pensei…", resmunguei enquanto via Samanta devorando suas batatas fritas.
Após comer sem o menor apreço, seguimos para a tal academia. Sua fachada era toda em vidro Blindex escuro, mas ainda era possível enxergar as pessoas utilizando os aparelhos lá dentro.
— Preparada para entrar no paraíso?
Samanta ria da minha expressão aterrorizada. Fui literalmente arrastada por ela até a recepção e, logo de cara, me senti deslocada ao ver mulheres de corpos que pareciam ter sido esculpidos circulando. Apesar de também haver mulheres com corpos normais, algumas até mais cheinhas do que eu, preferi focar no que acreditava ser superior a mim, apenas para não perder o hábito de me condenar.
— Olá, queridas, como posso ajudá-las? — Uma recepcionista se aproximou com um sorriso simpático, antes que eu conseguisse tomar qualquer atitude e fugir dali.
— Gostaríamos de saber mais sobre os planos de musculação. — Samanta tomou a frente, enquanto eu permanecia absolutamente envergonhada.
A recepcionista começou a explicar como tudo funcionava. Num primeiro momento, até pareceu interessante, mas quando ela falou os valores, eu quase caí para trás.
— Eu não tenho condições de arcar com isso, amiga. — Praticamente berrei, me encolhendo em seguida ao ver algumas pessoas me encarando.
— Nem mesmo o anual? Sai bem mais em conta… — Samanta insistiu.
— Não tenho certeza, e se eu desistir? — Falei, já ciente de que não passaria mais de uma semana naquele lugar, talvez nem dois dias.
— Pode dar um mês de aula experimental para as moças, Rebeca.
Uma voz grossa e imponente falou atrás de nós. Virei-me para ver de onde vinha e entrei em choque com a beleza dele.
— É sobre isso que te falei… — Samanta me acertou o cotovelo, sussurrando em meu ouvido.
Permaneci paralisada diante do homem alto e musculoso parado à minha frente. Ele aparentava ter por volta dos 30 e poucos anos, sua pele morena possuía um bronzeado natural, e cada contorno de sua musculatura saliente ficava perfeitamente à mostra em sua camiseta colada.
— Esse é o Jackson, meninas, o dono da academia — a recepcionista falou, me tirando do transe momentâneo.
— Jack, estas são Samanta e Alicia, vieram conhecer o nosso espaço.
O tal Jackson me fitou com um sorriso presunçoso; eu poderia jurar que notou a forma como o engoli com os olhos sem perceber. Em seguida, cumprimentou Samanta formalmente, estendendo a mão para mim logo depois.
— Prazer, Alicia. Eu serei o seu personal trainer, e você tem um mês para escolher entre desistir ou ficar.
3 meses depois do nosso casamento, dei à luz a Mary, e ver a emoção do Jack ao segurar a filha nos braços pela primeira vez não tinha preço. Nossa pequena tinha os traços do pai, a pele bronzeada e cabelos negros, porém os olhos, esses eram verdes como os meus e do irmão. Ao me olhar no espelho 6 meses depois, certa manhã, analisando meus seios assimétricos devido à amamentação, as olheiras fundas, devido às noites mal dormidas, e os cabelos desarrumados, presos num coque, além das gordurinhas a mais que a gravidez me proporcionou, sorri quando Jack entrou no banheiro com Mary nos braços. — Veja o que temos aqui, minha princesa, se não é a mamãe mais linda e maravilhosa desse mundo! — Falou, beijando-me na testa, e cochichou: — E a mais gostosa.Então percebi que o que tornava um casamento feliz não era o dinheiro, as aparências, ou somente os bons momentos, e sim quem está ao nosso lado e a forma como esse alguém encara cada momento da vida conosco. Afinal, a vida é feita de fases,
Alguns dias se passaram e, certa tarde, Jack chegou em casa após dizer que havia ido trabalhar, extremamente agitado. — Neném, tenho uma surpresa para você… — O quê? — Perguntei curiosa. — Venham comigo… Você e o Bruce também, filhão. — Falou, chamando o David. Todos seguimos e, em determinado momento, ele vendou os nossos olhos. — Vou ajudar vocês a descerem, não olhem agora! Ele pegou David no colo e me apoiou, nos conduzindo a pé, até que parou. — Podem tirar a venda. Quando removi a venda, vi que estávamos dentro de uma linda casa. — Oh, minha nossa! — Uaaau! — E então, o que acharam? Era uma verdadeira mansão. Estávamos parados em um enorme quintal que possuía um belíssimo jardim, mais à frente era possível ver uma piscina e a área de churrasqueira. Bruce farejava o local correndo de um lado para o outro, já deixando seu território marcado com litros de xixi, antes de se atirar na enorme piscina. — Acho que ele aprovou! — Jack dizia rindo. — Isso tudo é... — Gagueje
Acordei apenas pela manhã. Foi quando me dei conta de que estava no hospital e viva, e chorei aliviada ao ver o Jack ao meu lado, debruçado sobre a minha barriga. — Amor... Jack… — O sacudi. Jack abriu os olhos, ainda sonolento, e se levantou rapidamente, me abraçando. — Como você está, meu amor? Eu estava tão preocupado! — Jack, o David! O Robert pegou o David? — Não, ele está bem, está na casa da sua mãe, fique tranquila. — E o nosso bebê? Jack derramou uma lágrima e acariciou o meu rosto. — Falaram que fariam o ultrassom agora pela manhã, mas eu tenho certeza que vai estar tudo bem. — Que mal eu fiz para ele, por que ele me odeia tanto? Jack abaixou a cabeça e desviou o olhar, como se buscasse palavras. — Acabou, meu amor, o Robert não vai mais te perturbar... — Ele foi preso? O que houve depois? Só lembro que ele me amarrou e começou a atear fogo em nossas roupas, e depois disse que ia pegar o David e fugir… Quando eu consegui me soltar, a casa estava inteira em chamas
~~ Jackson ~~Poucos minutos depois que a Alicia saiu, recebi um telefonema da mãe dela que me deixou intrigado. — Oi, querido, como você está? A Alicia está por aí? Liguei no celular dela, mas não me atende. — Oi, dona Neuza, a Alicia já saiu para encontrar com a senhora. Neuza se calou por um momento. — Ah, sim, não sabia que ela viria aqui. — Vocês não combinaram de ir ao banco? — Ao banco? — Sim, a Alicia saiu daqui dizendo que ia ao banco com a senhora. Mais uma vez ela se calou. Então ficou muito bem claro que a Alicia estava mentindo e que a mãe dela não fazia a menor ideia disso, porém nenhum de nós conseguia entender o porquê. Assim que desligamos a ligação, tentei falar com a Alicia, sem sucesso. Ela não atendia e tampouco respondia às minhas mensagens. Por fim, quando já havia desistido, bastante chateado, recebi uma mensagem de Samanta.[Samanta: Jack, não sei se eu deveria estar te contando isso, mas o Robert pegou o David na escola de novo e pediu pra Alicia ir
Robert me olhava de forma diabólica, então me dei conta que não estava para brincadeira.— Se acalme, por favor. Do que você está falando? Vamos conversar! — Supliquei, já apavorada, temendo que ele me fizesse algum mal. — Não se faça de desentendida, sua vagabunda! — Ele berrou, batendo a mão no criado-mudo. — Quer que eu refresque a sua memória? Vamos lá… No dia em que nós brigamos, você meteu a pata na merda do meu celular, que sumiu logo em seguida! — Eu já disse que não vi, eu não peguei esse celular! — Olha na minha cara e diz que você não viu, Alicia! — Ele me puxou pelos cabelos, colando a face na minha. — Me solta, você está me machucando! Me solta! Robert me arremessou novamente, dessa vez no chão. Caí, levando a mão à barriga, preocupada com o meu bebê. — Se não foi você, foi aquele desgraçado! Vocês armaram para mim, me denunciaram! Acabaram com a minha vida! Robert estava transtornado. Logo percebi que David não estava e nunca esteve ali. Ele o usou de isca para me
Tudo ia incrivelmente bem, até que certa manhã, uma ligação inesperada de Maciel me surpreendeu. — Alicia, a audiência foi cancelada. — Cancelada? Por quê? — Longa história. Vocês podem vir aqui em casa para a gente conversar? — Claro! Sendo assim, mais tarde Jack e eu seguimos para a casa de Maciel, sendo recepcionados pela Emilly. — Oi, Alicia… Só com intimação para o Jack trazer você aqui, não é? — É verdade…— Posso saber o que você quer com a minha noiva? — Jack murmurou. — Falar mal de você! O que mais seria? Entrem, o Maciel está esperando… Assim que entramos, os filhos de Maciel e Emilly se aproximaram empolgados por verem Jack, o que não me surpreendeu. — Tio Jack! — Ambos gritaram simultaneamente. — As crianças são loucas nele, acho que se identificam com este crianção… — Emilly provocou. — Concordo! — Falei, dando uma risadinha. — Não tenho culpa se a sua alma é de 80 anos! — Jack retrucou, virando-se para mim na sequência. — A sua não, meu amor, só a dela. En










Último capítulo