Capítulo 3

O tempo passou como uma névoa espessa e pesada. Os dias se arrastaram entre a faculdade, os compromissos e a rotina que, de alguma forma, me afastava de tudo o que eu queria evitar. Ou talvez, mais precisamente, de tudo o que eu queria entender. E Dante… ele não saía da minha cabeça.

Às vezes, parecia que ele me perseguia. Eu o via em todos os cantos, no modo como o vento fazia a capa do meu casaco se mover, no brilho metálico dos carros estacionados na rua, no toque sutil de alguém passando por mim, quase tocando. Ele me rondava, mas de uma forma silenciosa, quase imperceptível. E isso me deixou obcecada.

Tentei seguir com minha vida. Dei a desculpa de estar ocupada para evitar sair e encontrar Léo, que, por mais simpático, não conseguia apagar a marca de Dante. Nem que eu tentasse — e tentei.

Mas o universo parecia ter seus próprios planos.

Foi numa terça-feira que, ao sair da faculdade, o vi novamente. No mesmo lugar, com a mesma postura. A presença dele era ainda mais imponente, mais intensa. Estava parado em frente ao café da esquina, com um telefone preso à orelha e uma expressão séria, tão distante das imagens que eu tinha do Dante na boate. Ele parecia… outra pessoa. Mas era impossível negar que a mesma força estava ali, implícita, como um magnetismo silencioso.

Eu hesitei. Respirei fundo, fazendo o possível para ignorá-lo e seguir meu caminho. Mas quando passei por ele, senti o olhar dele me atravessar como um raio.

— Helena — ele chamou, e foi como se o mundo parasse.

Não virei imediatamente, mesmo que tudo dentro de mim quisesse fazer isso. Demorei, mas finalmente olhei para ele. O tom dele era suave, mas havia algo ali que me encheu de um arrepio.

— Não tem jeito de escapar de mim, não é? — ele perguntou, com a mesma tranquilidade de sempre, como se fosse uma constatação, não uma pergunta.

Eu tentei sorrir, mas foi mais uma careta disfarçada.

— Eu já escapei o suficiente — respondi, tentando soar indiferente.

Ele deu um passo na minha direção. Era sutil, mas eu sabia que ele estava se aproximando. Como sempre fazia.

— Você pode tentar, mas o destino… — ele sorriu, como se estivesse se divertindo com a situação. — Ele tem o seu próprio plano para você. E eu sou parte desse plano.

Eu me senti vulnerável por um momento. Como se ele soubesse exatamente o que estava acontecendo dentro de mim, como se tivesse lido minha alma. A tensão no ar era palpável.

— Dante, eu não te devo nada — minha voz saiu mais firme do que eu pretendia, mas não podia mostrar que ele estava me afetando tanto.

Ele não se afastou. Só me observou por um momento, estudando cada detalhe meu. E, de repente, tudo ficou mais próximo, mais… urgente. A química, a tensão, a sensação de que algo estava prestes a acontecer.

— Você não me deve nada, Helena — ele disse. — Mas eu estou começando a achar que você precisa de algo que só eu posso te dar.

Aquelas palavras ecoaram dentro de mim, como um desafio. Eu deveria resistir. A voz da razão me dizia para seguir em frente e nunca olhar para trás. Mas o desejo, o caos e a luxúria que ele despertava em mim me faziam questionar tudo.

Eu tinha que sair dali. Não podia ceder.

Mas, mesmo assim, quando comecei a dar os primeiros passos para me afastar, ele falou novamente.

— Eu só não quero que você se arrependa, Helena. Do que pode ser… seu.

Ele me disse essas palavras de um jeito tão simples, tão natural, que fiquei sem saber o que responder. A única coisa que senti foi uma onda de calor e, de repente, uma força invisível me puxando para ele. Como se eu estivesse sendo atraída por algo muito maior que eu mesma. E o pior… era que eu estava começando a querer isso. Começando a querer ele.

Virei e o encarei mais uma vez, tentando manter a compostura.

— Isso é mais uma ameaça, Dante? — perguntei, com um sorriso que tentava disfarçar o quanto eu estava internamente agitada.

Ele se aproximou mais, o tom de voz baixo, quase sussurrando, mas com uma intensidade que me fez prender a respiração.

— Não, Helena. Isso é um convite.

E, com um último olhar carregado de promessas não ditas, ele se virou e foi embora, deixando-me ali, com o coração acelerado e a mente girando em espiral. Eu sabia que ele voltaria. Sabia que isso ainda não tinha terminado. E, contra toda a minha vontade, sabia que, no fundo, eu não queria que acabasse.

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