Mundo ficciónIniciar sesiónSophia Hale nunca quis ser a heroína. Ambiciosa, afiada e implacável, construiu a sua reputação como a “vilã” da Verity Agency — uma mulher que transforma escândalos em oportunidades e rivais em lembranças. Quando a sua melhor amiga é assediada pelo diretor da escola onde trabalha, Sophia decide intervir. O plano era simples: humilhar o homem, arruinar-lhe a vida e limpar o nome de Lily. Mas um erro muda tudo. O homem amarrado à cama de um hotel barato não é o alvo. É Jace Rowan — um estranho perigoso, ferido e armado. Um homem que não devia estar ali, mas que parece tão letal quanto irresistível. Entre ameaças, sarcasmo e uma tensão impossível de ignorar, Sophia percebe que o seu erro pode ter-lhe custado mais do que imaginava. Jace sabe que foi traído, drogado e quase morto. Acordar amarrado, com uma mulher mascarada sobre ele, é apenas o início. Ela é um problema — mas um problema intrigante. E ele não é o tipo de homem que deixa dívidas por saldar. Quando Sophia desaparece depois de o libertar, promete a si mesma que foi o fim da história. Mas o telemóvel vibra com uma mensagem que congela o sangue e acende algo mais: “Vou encontrar-te.” Entre o jogo de poder e desejo, dois predadores cruzam-se — um movido por vingança, o outro por curiosidade perigosa. E, no fim, talvez nenhum deles sobreviva ao que desperta quando o inimigo se torna tentação.
Leer más*Sophia Hale POV*
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“Foste tu?!”
Ela veio na minha direção, voz fraca, mas dominada pela raiva. Sorri friamente. Ergueu a mão, pronta para bater-me.
“Não. Te. Atrevas.” disse devagar, e o movimento dela congelou a meio. Os olhos, vermelhos de tanto chorar, cerraram-se em mim. Quis rir. Patética. Como ousava erguer a mão contra mim?
As vozes no escritório começaram a murmurar. Já sabia os comentários que viriam. Não me importei. Nunca me importei. Sempre fui melhor a fazer inimigos que amigos.
“Foste tu!” repetiu, a voz trémula. “Fui despedida por tua causa.” — gritou, a voz a tremer entre raiva e lágrimas. Revirei os olhos e inclinei ligeiramente a cabeça, estudando-a.
“O facto de teres tempo livre agora não significa que eu também o tenha...” Vi o choque dela e do resto da sala. Ela abriu e fechou a boca, muda. “…para ti e as tuas crises.” Dei-lhe um sorriso leve.
“Estou ocupada.” continuei, apontando em volta. “Estamos todos. Ao contrário de ti, temos trabalho a fazer.”
Ela aproximou-se outra vez, feroz. Eu não me mexi. Pronta para o confronto, sem me deixar intimidar minimamente. Não recorro à violência. Mas sei-me defender.
“Desgraçada.” cuspiu ela. “Sua vadia cruel.”
Encolhi os ombros.
“Já me chamaram pior.” Um sorriso gelado surgiu novamente nos meus lábios. “Já terminaste? Ou preciso chamar o segurança para te ajudar a arrumar as tuas coisas?”
Francesca olhou-me outra vez. Vi a raiva nela; por um momento pensei mesmo que se ia atirar a mim fisicamente, mas não recuou. Como a covarde que é. Arrumou as suas coisas e saiu.
Assim que a vi a sair pelo canto do olho, um copo de café estilo Starbucks apareceu na minha mesa. Jackie.
“Está envenenado?” Perguntei. Era para ser uma piada (ou talvez não) mas não me ri. Ela também pareceu surpreendida com a pergunta.
“Não. Não. Claro que não.” Assenti. Sabia por que é que ela estava a fazer aquilo. Mas não era obrigada a gostar, certo? Afinal eu não pedi nada. E não quero favores. Ninguém faz nada gratuitamente.
Ela deixou o copo e voltou para a mesa dela. Considerei atirá-lo para o lixo. Mas acabei por o aceitar.
Olhei para a sala do diretor. Sei que ele me vai chamar em breve por causa da Francesca. Estou preparada para o enfrentar também. Lá por eu estar aqui há uns meses não significa que vá deixar que me passem por cima. Francesca era a nossa chefe de equipa, e sim, foi despedida. Não considero que tenha sido apenas por minha causa, embora tenha tido uma participação ativa.
Não vou dar desculpas. Não tenho remorsos. Aliás, não podia estar mais satisfeita com o desfecho. Olhei para o relógio: era quase a hora de saída. Talvez o diretor esteja demasiado ocupado para me chamar a atenção pelo que aconteceu.
Se estão à espera de uma princesinha frágil, esqueçam. Não sou eu e não o vou ser.
Esperem pela história de Lily Evans. Eu sou Sophia Hale, sou a vilã desta história e não tenho o menor problema com isso. Sou a rainha má em vez da boazinha que é enganada e passada para trás. Prefiro ser eu a derrubar quem se atravessa no meu caminho. Infelizmente para eles, percebem tarde demais o erro que cometeram.
Como Francesca acabou de aprender. Como Francesca disse, sou uma vadia cruel.
E não esperem encontrar uma infância horrível, nem um acontecimento trágico que venha “justificar” o meu comportamento. Não vão encontrar nada disso. Vão odiar-me do princípio ao fim. Ou então… talvez também sejam as vilãs das vossas histórias (ou queriam ser, mas não têm coragem) — e, nesse caso, vamos divertir-nos bastante juntas.
Estou na Verity Agency há pouco mais de dois meses. Tempo suficiente para perceber como as coisas funcionam por aqui. E acho que acabei de me integrar com mérito. Aposto que um lado de Francesca concorda (ou talvez não).
Verity é uma das agências mais influentes do mundo do entretenimento. Não perdi tempo a fazer amigos, mas o meu trabalho fala por si. Modéstia à parte, sou excelente no que faço. A Verity tem uma reputação impecável: vende autenticidade enquanto constrói mentiras elegantes. E eu encaixo-me perfeitamente nisso.
Ainda não tinha feito inimigos. Até agora. Certamente, Francesca vai amaldiçoar-me durante muito tempo. Sorri enquanto trabalhava na campanha de uma marca de luxo.
Entrei como gestora de contas júnior e integro uma equipa que coordena consultoria de imagem, campanhas de reputação e gestão de crises mediáticas. Os nossos clientes vão desde autores, atores e cantores até hotéis e marcas que não podem arriscar um escândalo.
Agora estamos sem chefe de equipa, graças a mim. Sorri. Espero que o próximo dure mais tempo. Olhei em volta para os outros membros da equipa que já cá estão há mais tempo do que eu: Jackie, Bryan e Magda. Qual deles será nomeado chefe de equipa? Bom, ao menos serão melhores do que a Francesca. Acho que já perceberam o que acontece a quem se atravessa no meu caminho como ela se atreveu a fazer.
Podia ser eu a assumir o lugar dela. Olha que ideia perfeita. Mas percebo que priorizem quem cá está há mais tempo nesta equipa, ou que tragam alguém mais qualificado de outra.
Ótimo. Hoje não vou ter mais chatices, já é quase hora de saída e ainda não fui chamada pela direção. E não, não trabalho fora do horário. As crises dos famosos que esperem pelas horas de expediente, ou que o diretor as resolva. A não ser que paguem extra. Aí sim, podemos negociar.
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"Chegaste cedo." Sorri. Encontrei-a na cozinha, o cabelo loiro apanhado num rabo-de-cavalo, uma camisola castanha confortável e um sorriso que parecia iluminar o corredor, mesmo quando eu não queria ser iluminada. Ela virou-se quando me ouviu, os olhos azul-claros sempre alegres. Irritantes. Lily Evans, a princesa perfeita da história. Claro que tinha de viver com a rainha má.
Se apenas eu vivesse ali, o apartamento provavelmente seria imaculado, quase estéril e frio. Em vez disso, era quente, cheio de vida e com livros espalhados por todo o lado. Não se preocupem, não sou uma vadia cruel com ela, não a mantenho presa aqui. Veio por livre vontade. Aliás, não me consigo ver livre dela desde a faculdade.
"Francesca foi despedida." Atirei, aproximando-me para ver o que ela cozinhava. Lily parou a meio de lavar a alface para a salada que estava a preparar.
"Imagino que tiveste dedo nisso", disse-me.
"Conheces-me tão bem." Sorri, e ela revirou-me os olhos. Comecei a ajudá-la colocando a toalha e os pratos na mesa para jantarmos.
"O que fizeste?" perguntou.
"Nada de especial.” Sorri. Estava satisfeita com ter sido tão bem-sucedida, para dizer a verdade duvidei que fosse sair tão bem. “Deixei-a apenas roubar-me mais uma apresentação."
"Contaste ao diretor? E acreditaram em ti?" Perguntou, limpando as mãos num pano e começando a colocar a comida na mesa.
"Tão inocente, Lily.” Respondi-lhe e vi a vontade infantil dela de me deitar a língua para fora. “A apresentação não era minha. Apenas a fiz acreditar que sim."
"Então..."
"Era uma apresentação antiga do próprio diretor que ela quis fazer passar como dela."
"Oh, céus, Sophia."
"Deu-me um bocadinho de trabalho, mas..."
"Sophia... podias ter sido tu a acabar despedida?" perguntou ela, preocupada.
Encolhi os ombros. Não me podiam despedir assim tão facilmente. E, se fosse despedida, não ia sem fazer barulho.
"Posso sempre ir trabalhar para a tua escola como empregada de limpeza", atirei-lhe, com um meio sorriso provocador. Não ia ser despedida, mas, se fosse, era um bom investimento do meu tempo. Seria... satisfatório.
Vi o ar desconfortável dela e percebi que ainda não tinha feito nada. Tão previsível, a nossa princesa boazinha. Tão idiota.
Bom, não precisava de mudar de trabalho para fazer umas limpezas part-time na escola onde ela dava aulas.
Oh, um plano já se começava a formar na minha cabeça.
Algo muito vil.
E, se tudo corresse bem, alguém naquela escola ia aprender o que acontece quando se mexe com a princesa boazinha que a vilã decidiu proteger.
*Sophia Hale POV***“Tens exatamente três segundos para me dizer quem és, porque me prendeste… antes de eu decidir o que fazer contigo.”Olhei-o, preso na cama, com aquele ar perigoso a rodeá-lo. Algo no meu estômago se prendeu. Devia temê-lo, provavelmente. Sair dali sem olhar para trás. Mas, claramente, tenho um problema.Fechei lentamente a porta entreaberta, com uma calma que não sentia. Sem tirar os olhos dele. Se tivesse raios laser, tê-lo-ia fulminado com o olhar.“Isso é uma ameaça?” perguntei-lhe, dando alguns passos na direção dele, da cama. Pareceu-me uma ameaça. E bem, “Não lido bem quando me ameaçam. E nem estás em posição para isso.”“Irei estar em breve.” atirou-me arrogantemente, com um sorriso presunçoso, superior. Idiota.“Não se eu chamar aqueles teus amigos para terminarem o que começaram.” Vi no olhar escuro algo mudar — o cerrar do maxilar. Como se não acreditasse que eu tivesse coragem de lhe devolver a ameaça. Não desviava o olhar de mim. Puxou novamente as c
*Jace Rowan POV***“Volta a colocá-lo onde o encontraste.”A voz feminina cortou a névoa que me ocupava a cabeça. E depois, a dor — insistente, a pulsar em ondas, mal disfarçada pela dormência que ainda me entorpecia os músculos.“Mas… não é mais fácil apenas o deixar ficar e irmos embora?”Não estava sozinha, um homem estava com ela. Estavam a falar de mim? Não sabia onde estava, nem quem eram. Estaria em perigo? Provavelmente.Mantive os olhos fechados. Imóvel. Não que conseguisse abri-los — pesavam como chumbo. Cordas nos pulsos. Estava deitado. Provavelmente numa cama. Preso. Porquê? Decidi fingir que ainda estava apagado até descobrir mais.“Aquilo é sangue?” — a mesma voz feminina, agora mais próxima, num tom entre irritado e preocupado. “O que é que fizeste?”“Não fui eu!” — o homem respondeu, defensivo. Parecia ser ela quem mandava. Quem seria ela? Alguma mulher a querer vingar-se porque a magoei? Não me parecia plausível. Elas não se atreveriam.As memórias começavam a volt
*Sophia Hale POV***O plano não correu bem. É o que acontece quando confias uma parte do trabalho a um homem que tem mais músculos do que cérebro. Um mês a trabalhar neste plano para este idiota estragar tudo.Até uma criança teria conseguido fazê-lo — se não tivesse de carregar um homem com mais de cem quilos, e estou a ser simpática quanto ao peso da criatura.Olhei novamente para o homem amarrado naquela cama, num quarto de hotel merdoso, e suspirei, frustrada. O homem era um regalo para as vistas, não podia negar... mas era o homem errado.O homem certo era asqueroso. Não era completamente feio, mas as suas atitudes tornavam-mo asqueroso. Um daqueles que acham que são irresistíveis, que as mulheres caem todas aos seus pés — ou as rodeiam, saturam e chantageiam até cederem.“Homem errado.” Resmunguei para o homem à minha frente. “Mostrei-te uma foto. Disse-te que estaria de casaco vermelho.”“Ele estava na cadeira que tinha o casaco vermelho.”“Idiota.” Atirei, perdendo a paciênci
*Sophia Hale POV***“Foste tu?!”Ela veio na minha direção, voz fraca, mas dominada pela raiva. Sorri friamente. Ergueu a mão, pronta para bater-me.“Não. Te. Atrevas.” disse devagar, e o movimento dela congelou a meio. Os olhos, vermelhos de tanto chorar, cerraram-se em mim. Quis rir. Patética. Como ousava erguer a mão contra mim?As vozes no escritório começaram a murmurar. Já sabia os comentários que viriam. Não me importei. Nunca me importei. Sempre fui melhor a fazer inimigos que amigos.“Foste tu!” repetiu, a voz trémula. “Fui despedida por tua causa.” — gritou, a voz a tremer entre raiva e lágrimas. Revirei os olhos e inclinei ligeiramente a cabeça, estudando-a.“O facto de teres tempo livre agora não significa que eu também o tenha...” Vi o choque dela e do resto da sala. Ela abriu e fechou a boca, muda. “…para ti e as tuas crises.” Dei-lhe um sorriso leve.“Estou ocupada.” continuei, apontando em volta. “Estamos todos. Ao contrário de ti, temos trabalho a fazer.”Ela aproxim





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