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Capítulo 2 – Helena

Acordei com a cabeça latejando e um gosto amargo na boca. Não sei se era o uísque ou o arrependimento. Talvez os dois.

O quarto do hotel era pequeno, mal iluminado e com cheiro de cigarro impregnado nas cortinas. Uma versão decadente da liberdade que eu tanto buscava. Me espreguicei na cama e tentei não pensar em Dante. Mas era inútil. A memória dele estava impressa em mim como uma tatuagem invisível — o olhar selvagem, a presença imponente, o jeito como parecia me despir com os olhos sem precisar tocar.

Aquele homem não era só atraente. Ele era… hipnótico.

Tentei lembrar dos detalhes. O terno escuro, perfeitamente alinhado ao corpo forte. A maneira como os outros na boate pareciam abrir caminho para ele. Ninguém se aproximava demais. Ninguém ousava questionar. E quando Léo murmurou o nome Dante com aquele respeito quase temeroso, algo em mim se acendeu.

Quem diabos era ele?

Me obriguei a sair da cama e encarar o dia. Uma garrafinha de água, duas aspirinas e um café preto depois, segui para a faculdade como quem caminha para o abate. Maquiagem borrada, olhos inchados e um humor de mil demônios me acompanhavam.

As aulas passaram como um borrão. Tudo parecia distante, como se meu corpo estivesse presente, mas minha mente ainda dançasse sob as luzes vermelhas da Verona. Eu devia estar focada nas provas, nas leituras, na minha vida que estava desmoronando. Mas Dante… ele invadia meus pensamentos com a força de um vendaval.

Tentei me convencer de que aquilo era só um delírio. Um momento de fraqueza. Só que nada nele parecia comum. Desde o modo como ele falava até a forma como os seguranças se moviam quando ele passava. Como se ele fosse mais que um cliente. Como se fosse o dono do lugar — ou pior, o tipo de homem que manda em quem é dono.

Máfia.

Essa palavra me atravessou como um sussurro. Ridículo, eu pensei. Mas ao mesmo tempo… fazia sentido.

No fim da tarde, peguei o metrô e fui para casa com os fones nos ouvidos, tentando me isolar do mundo. Mas assim que saí da estação, dei de cara com ele. Encostado num carro preto reluzente, vestido com outro terno impecável, os braços cruzados e um cigarro aceso entre os dedos.

Meus passos hesitaram. Meu coração também.

— Tá me seguindo agora? — perguntei, tentando soar sarcástica, mas minha voz falhou um pouco.

— Tava só passando. Ou talvez o destino me mandou — ele disse, sem tirar os olhos de mim. A voz rouca, baixa, cheia de promessas que eu fingia não entender.

Ele jogou o cigarro no chão, apagou com o sapato italiano e começou a caminhar ao meu lado como se aquele fosse o lugar dele — perto de mim.

— Por que você fugiu ontem? — ele perguntou, como quem pede uma explicação lógica para o inexplicável.

— Fugir? Eu fui embora. Você assusta, Dante.

— E você excita — ele rebateu com aquele meio sorriso que era um convite ao pecado. — Tem ideia do que aquele vestido fez comigo?

Eu travei. O pior é que eu tinha. Meu corpo inteiro sentiu o impacto daquele olhar dele.

— Eu não sou uma das suas fãs de terno. E não quero encrenca.

Ele parou de andar. Me puxou levemente pelo braço, sem força, mas com firmeza. Um gesto que fez meu coração bater mais rápido.

— Talvez você seja a minha encrenca preferida.

As palavras dele me atingiram com mais força do que deveriam. Eu deveria rir, debochar, virar as costas. Mas tudo em mim queria saber mais. Saber de onde ele vinha. Por que usava terno em uma boate onde todos vestiam couro e correntes. Por que os olhos dele carregavam sombras.

Ele me encarou por um segundo que pareceu uma eternidade. Como se visse além do que eu deixava mostrar. E isso me deu medo.

— Você não me conhece, Dante — eu disse, tentando soar firme.

— Ainda não. Mas vou.

E então ele entrou no carro. O motor rugiu, e ele partiu como se tivesse acabado de marcar território.

Fiquei parada ali, com o coração batendo no ritmo da máquina e a mente fervendo.

Quem era aquele homem?

E por que diabos eu queria tanto descobrir?

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