Capítulo 4

Não consegui ficar parada depois daquilo.

As palavras dele ficaram martelando na minha cabeça o resto do dia. “Isso é um convite.” E por mais que eu tentasse fingir que não, que era só charme, só provocação, alguma coisa dentro de mim já tinha decidido.

Antes que o sol terminasse de se pôr, eu estava em frente à boate Verona de novo.

Dessa vez, sem maquiagem borrada, sem o vestido colado. Eu estava sóbria — e talvez pela primeira vez, indo até Dante por vontade própria. Não era o uísque falando. Era eu.

A fila na porta era longa, como sempre. Mas bastou o segurança me ver para que ele tirasse a corrente e deixasse que eu passasse. Senti os olhares, os cochichos. E ignorei todos.

Lá dentro, a Verona parecia ainda mais surreal do que da primeira vez. Luzes vermelhas e douradas desenhavam o ambiente como se fosse um teatro do pecado. Móveis caros, gente bonita demais, champanhe borbulhando em taças de cristal e cigarros finos dançando entre dedos pintados de vermelho sangue.

Léo me viu primeiro. Estava na lateral do bar, com o mesmo sorriso de sempre — aquele entre o cafajeste e o carinhoso. Ele veio até mim.

— Achei que você tinha desistido da gente — disse, com um copo de whisky na mão.

— Eu… precisava pensar — respondi, tentando manter o tom neutro.

Ele se aproximou um pouco, o olhar mais sério dessa vez.

— Ele mexeu com você, né?

— Léo…

— Vem comigo — interrompeu, oferecendo o braço. — Você merece um pouco de diversão. Pelo menos enquanto ainda tem escolha.

Aquilo me soou estranho. Mas aceitei.

Ele me guiou até a área VIP da boate. Lá, o luxo dobrava. Tapetes persas, poltronas aveludadas, cortinas pesadas, tudo envolto numa penumbra sensual. E foi ali, exatamente ali, que eu vi.

Dante.

Sentado no centro do ambiente, como um rei em seu trono particular. Terno impecável, copo de uísque em uma mão… e na outra, a cintura de uma mulher que ocupava o colo dele com intimidade demais.

Ela era linda, claro. Morena, corpo esculpido, vestida como quem sabia exatamente o tipo de atenção que queria — e estava conseguindo. Ria de algo que ele disse, uma unha afiada passeando pelo colarinho da camisa dele.

Meu estômago se revirou.

— Ele sempre faz isso — Léo murmurou ao meu lado. — Provoca. Testa. Mede reações.

— Você acha que isso é sobre mim?

— Acho que você é diferente das outras, Helena. E é por isso que ele tá tentando te tirar do eixo. Porque, por mais que ele tenha fama de intocável, você mexeu com ele.

Meu olhar continuava preso naquela cena. Dante não olhava pra mim. Não precisava. Era como se soubesse que eu estava ali.

E mesmo assim… aquela mulher estava no colo dele. Aquilo queimou.

— Desculpa — falei, virando as costas.

Léo tentou me segurar, mas eu fui mais rápida. Me afastei da área VIP com passos firmes, tentando controlar a explosão dentro do peito. Eu não tinha direito de sentir nada, eu sabia. Não havia nada entre nós. Só olhares. Só promessas não cumpridas.

Mas o que eu senti… foi ciúmes.

E raiva.

E desejo.

Saí da pista de dança e fui até o corredor que levava aos banheiros. Queria ar, distância, qualquer coisa que me ajudasse a esquecer aquele olhar que não me pertencia. Me apoiei na parede fria de mármore, respirei fundo.

— Ficar com ciúmes não combina com você — a voz veio de trás.

Fechei os olhos antes de virar.

Ele.

Dante.

Sozinho.

Sem a mulher.

Sem ninguém.

Me encarando como se nada tivesse acontecido.

— Você gosta de provocar? — perguntei, amarga.

— Gosto de testar limites — respondeu, se aproximando devagar. — E você acabou de me mostrar os seus.

— Você é um filho da puta — murmurei, e ele sorriu como se eu tivesse dito algo carinhoso.

— E você é mais perigosa do que qualquer arma que eu já usei.

Ele parou a centímetros de mim. Meu corpo inteiro vibrou.

— Eu não sou uma das suas garotas da Verona, Dante.

— Eu sei. Por isso você tá me deixando maluco.

Ele ergueu a mão e tocou meu rosto com os dedos quentes.

— Você quer fugir de mim, Helena. Mas sempre volta. Sabe por quê?

— Por quê? — sussurrei, odiando o quanto minha voz estava fraca.

— Porque a gente ainda nem começou. E você já sabe que não vai conseguir parar.

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