Acordei com o sol batendo no rosto e a mente em torvelinho.
Ainda estava no quarto dele, na boate Verona. Enrolada nos lençóis de linho macio, com o cheiro dele impregnado em mim. No corpo. No travesseiro. No fundo da minha garganta.
Dante não estava ali.
Levantei, vesti minha roupa da noite anterior e caminhei devagar até a porta. Precisava sair antes que a loucura me engolisse por completo.
Mas o destino, mais uma vez, tinha outros planos.
No corredor, passei por uma porta entreaberta e, por curiosidade — ou burrice —, olhei pra dentro.
E o que vi ali mudou tudo.
Era uma sala pequena. Discreta. Um escritório secundário, talvez. Mas o que me arrepiou foi o conteúdo da mesa: pastas pretas, fotos impressas, documentos com carimbos oficiais, anotações em códigos e… meu nome.
Meu nome.
Tremendo, me aproximei. A pasta estava aberta. No canto superior, lia-se claramente: Helena Damasceno – Observação e Perfil.
Minha garganta secou.
Ali dentro, havia registros meus da faculdade, fotos minha