A dor vinha em ondas curtas e intensas, como se meu corpo inteiro soubesse que era hora, ainda que fosse cedo demais. A adrenalina ainda corria em minhas veias desde o que havia acontecido com a Mel. A cena — o rosto dela, o sangue, o som do tiro que eu mesma disparei — ainda estava presa na minha mente. Mas não havia tempo para pensar naquilo agora. Minha bolsa havia estourado, e o bebê… nosso bebê… queria nascer.
Dante dirigia feito um louco pelas ruas escuras, com uma das mãos agarrada à minha. Ele não falava muito, mas os olhos denunciavam tudo: medo, tensão, amor. Ele já tinha chamado o médico, já tinha acionado a segurança, já tinha feito tudo. E agora só podia me levar até o hospital. Eu gemia baixinho, tentando controlar a dor.
— Só mais um pouco, meu amor — ele disse, com a voz embargada. — Fica comigo, tá? Já estamos chegando.
Respirei fundo, tentando segurar as lágrimas. O medo me atingiu como um raio. E se o bebê não estivesse bem? E se tudo aquilo tivesse causado algo irr