01 SINOPSE: Aylin Escalante só queria passar despercebida. Sobreviver. Manter sua liberdade longe dos documentos que nunca teve e do medo constante de ser descoberta. Mas o destino — e uma escultura quebrada — a colocaram diante de Roman Adler, o homem mais temido da cidade. Um mafioso frio e letal, conhecido como El Diablo, cujo olhar é capaz de revelar seus segredos antes mesmo de você abrir a boca. Agora, presa a uma dívida impossível, Aylin é obrigada a trabalhar como babá de Sasha, a filha adolescente e rebelde de Roman. O que ela nunca imaginou era que, em meio ao caos, encontraria um lar... e algo pior: uma atração proibida pelo homem que poderia arruinar sua vida com apenas um desejo. Enquanto segredos do passado ameaçam voltar para reclamar o que acreditam ser seu, Aylin terá que escolher entre fugir ou enfrentar o fogo. Porque na casa do Diabo... não há escapatória.
Ler maisCapítulo 1 — A escultura
Narrador:
O estrondo cortou o ar. Um golpe seco. Um choque brutal. Um som de quebra que atravessou a opulência da galeria como um tiro no escuro. Por um segundo, o tempo parou. O murmúrio das conversas se apagou.
A música deixou de existir. Tudo ficou suspenso no vazio.
Aylin piscou, com a respiração presa na garganta.
Os olhos ardiam. O coração batia com tanta força que ela sentia nos ouvidos. As pupilas se baixaram. E lá estava. O desastre.
Os fragmentos de cristal brilhavam cruelmente no mármore branco, espalhados como os restos de um crime imperdoável.
Ela havia quebrado algo. Algo importante. Algo que, com certeza, não poderia pagar.
O eco do impacto ainda vibrava em seus ossos. Os cochichos não demoraram a começar. Um murmúrio baixo, sibilante, crescendo como uma onda de veneno.
— Meu Deus... o que foi isso?
— Ela enlouqueceu?
— Ela sabe quanto isso custou?
Aylin sentiu o sangue fugir do rosto.
Seus dedos se contraíram ao lado do corpo, mas ela não conseguia se mover.
O pânico subiu pelas suas costas como um chicote gelado. Sua respiração era rápida, irregular. Seu cérebro gritava para que ela fugisse. Mas suas pernas estavam enraizadas no chão.
Uma estátua entre os restos de outra. Os olhares estavam fixos nela.
Pesados. Julgadores. Carregados de superioridade disfarçada de espanto.
— Quem a deixou entrar aqui?
— Deviam chamar a segurança.
— Ela vai ficar em pé por muito tempo?
O ar ficou sufocante. A pressão no peito era insuportável.
Um passo. Alguém se moveu. E então o mundo mudou.
O ar ficou mais denso, frio, cortante.
Aylin sentiu antes de ver.
Não era um barulho. Não era uma palavra. Era uma presença, uma sombra que devorava tudo.
Seu estômago se contraiu. Um arrepio subiu pela sua espinha.
E lentamente, com o terror escorrendo pela pele, ela virou a cabeça.
E lá estava ele. Roman Adler. O dono do lugar. O dono de tudo. Alto. Imponente. Vestido de preto com uma elegância que não precisava de esforço. Não era apenas um CEO. Não era apenas um homem de negócios. Era um predador em seu próprio terreno de caça.
Seus olhos eram escuros, não vazios, mas escuros como a tempestade que precede o desastre.
Suas feições eram esculpidas, afiadas, marcadas por uma severidade natural. Ele não precisava falar para intimidar. Um abismo impenetrável que não deixava ver nada, exceto uma paciência inquietante. Não havia raiva em sua expressão. Não havia fúria contida. Havia algo pior. Havia uma análise. Roman Adler estava olhando para ela. Medindo-a. Como se ela fosse um inseto preso em um frasco.
Aylin sentiu o medo subir pelas suas costas como uma garra invisível.
A sala parecia menor com ele lá dentro. Não porque ele estivesse perto.
Mas porque a sua presença ocupava tudo. O ar ficou pesado.
O murmúrio das pessoas transformou-se num eco distante.
Nada existia naquele momento. Apenas ele.
E o seu olhar sobre ela.
Então ele falou. E sua voz foi a pior parte.
— O que você fez?
O som baixo e profundo rasgou o ar como uma faca deslizando lentamente sobre a pele. Não foi um grito. Ele não precisava. Todas as pessoas na sala prenderam a respiração.
Aylin sentiu o peso da pergunta esmagando-a. Seus lábios se abriram, mas ela não conseguiu encontrar a voz. O pânico a agarrou pelo pescoço.
— Eu... foi um acidente...
Roman baixou o olhar lentamente.
Os restos da escultura quebrada ainda estavam lá, brilhando como uma humilhação espalhada pelo chão.
Quando ele voltou a olhar para cima, sua expressão não havia mudado. Mas algo no ar ficou mais pesado.
— Um acidente? — Cada sílaba caiu com um peso impossível.
Aylin sentiu os olhares em sua nuca, queimando sua pele.
— Eu não vi... não foi intencional...
Roman inclinou a cabeça, observando-a com uma calma inquietante.
— Isso não muda o resultado.
O murmúrio entre os convidados era um sussurro venenoso.
Ela engoliu em seco. Cada batida do seu coração doía.
— Eu pagarei.
O silêncio que caiu sobre a galeria foi brutal. Roman soltou uma risada baixa, seca, sem humor.
— É mesmo? — Aylin sentiu a vertigem apertar seu peito. Ele a olhou como se estivesse esperando algo. Algo que ela não podia lhe dar. — Quanto você tem na sua conta bancária? — O calor subiu às suas bochechas, mas não de raiva. De vergonha. Ela não precisava responder. Ambos sabiam a resposta. Roman sorriu de forma letal. — Exato. — Aylin sentiu as pernas falharem. Isso não estava acontecendo, isso não podia estar acontecendo com ela. Os olhares estavam cravados em sua pele, cada um mais cruel que o anterior. Então Roman falou novamente. E cada músculo de seu corpo congelou. — Vou processar você.
A vertigem a atingiu com uma força assustadora. Sua respiração ficou irregular.
— Não posso me dar ao luxo de um processo...
Roman inclinou levemente a cabeça. Sua expressão não mudou.
—Eu imagino.
Os olhares continuavam lá, devorando-a, julgando-a. O ar era sufocante.
—Por favor...
Sua própria voz soou quebrada. Roman a observou com a paciência de alguém que já sabe o final do jogo.
—Por favor, o quê?
Aylin sentiu um arrepio subir pelas costas. Não conseguia respirar, não conseguia pensar, não conseguia escapar.
— Haveria outra maneira de resolver isso? — sua voz escapou timidamente
Roman soltou um suspiro quase preguiçoso.
— Sim?
O tom de zombaria mal apareceu em sua voz, mas ela o sentiu em cada célula do corpo.
— Você poderia...?
Roman deixou o silêncio se estender entre eles, deixando seu desespero ficar mais visível.
Então, ele se moveu. Antes que ela pudesse reagir, sua mão fechou-se em torno do pulso dela.
O contato foi um choque elétrico. Firme. Inevitável. Aylin sentiu o calor da pele dele contra a sua. Ela ofegou.
— Venha comigo.
Não foi um pedido. Foi uma ordem. Seu aperto era absoluto. Indiscutível.
— Solte-me...
Roman a ignorou.
Sem esforço, ele a puxou.
Aylin tropeçou em seus próprios passos, sentindo a pressão de sua mão controlando cada movimento.
Os olhares a seguiram enquanto ele a arrastava com ele. Pura humilhação.
Roman caminhou com segurança implacável, sem pressa, mas sem lhe dar opção de resistência. O ar ao seu redor ficou ainda mais opressivo.
Ninguém se atreveu a detê-los. Ninguém ousou se interpor em seu caminho. Roman Adler não pedia permissão. Roman Adler não explicava suas decisões. Roman Adler apenas tomava o que queria.
Empurrou uma porta lateral com facilidade. E, sem soltá-la, empurrou-a para dentro. A porta fechou-se atrás deles. O som foi um golpe surdo que marcou a sua sentença. Silêncio absoluto. Ar quente. E ela, presa com ele.
A sala era pequena. A luz fraca projetava sombras longas nas paredes. Uma secretária de mogno. Um sofá de couro. Muito pouco ar.
Aylin girou sobre os calcanhares, sentindo a pele arder onde ele a havia tocado.
Muito perto. Seu peito subia e descia com a respiração ofegante.
— O que você pensa que está fazendo?
Roman não respondeu. Não imediatamente. Apenas olhou para ela. Com paciência cruel.
— Evitando um escândalo maior.
— Maior do que me arrastar até aqui como se eu fosse um saco de batatas?
Roman esboçou um meio sorriso.
— Não, mas menor do que chamar a segurança e ver você sair algemada. — O choque da realidade a deixou sem ar. Aylin apertou os lábios, engolindo o tremor na garganta. — Vou processá-lo.
Seu tom era sereno. Frio. Ela não estava ameaçando. Estava anunciando um fato.
O pânico voltou a tomar conta do seu peito.
— Você não pode fazer isso, eu não tenho dinheiro...
Roman inclinou a cabeça.
— Isso é mais do que óbvio.
Aylin sentiu um arrepio percorrer suas costas. Cada palavra dele soava irrevogável. Cada segundo naquela sala tornava o ar mais denso.
—Por favor... —Sua própria voz era um sussurro abafado.
Roman a observou com a paciência de um caçador.
—Por favor, o quê?
Aylin sentiu os lábios tremerem.
—Tem que haver outra maneira...
Roman soltou um suspiro quase preguiçoso.
— Sim, você acha que há? — O tom de zombaria mal apareceu em sua voz, mas ela o sentiu em cada célula do seu corpo. Roman deixou o silêncio se estender entre eles, deixando seu desespero ficar mais visível. — O que você estava fazendo aqui?
Aylin piscou. A pergunta a pegou desprevenida.
— Desculpe?
— Este não é o seu ambiente. Você não parece alguém que pertence a este lugar.
Aylin sentiu um arrepio.
— Foi um erro...
Roman ergueu uma sobrancelha com uma zombaria sutil.
— Um erro?
— Eu me enganei de endereço. Eu tinha uma entrevista de emprego e confundi o endereço.
O silêncio entre eles foi cortante. Por alguma razão, suas palavras pareciam diverti-lo. Um sorriso passou por seu rosto.
—Curioso.
Aylin sentiu seu coração bater forte.
—O quê...?
Roman se inclinou levemente. O suficiente para que seu hálito tocasse sua bochecha.
—No final, talvez haja uma maneira de me pagar —os olhos de Aylin se arregalaram e ele riu, sabendo que ela estava pensando o pior—. Eu poderia lhe oferecer um emprego.
O mundo pareceu balançar sob seus pés.
—Um... o quê?
Roman a observou. Sua calma era perigosa.
—Preciso de alguém para cuidar da minha filha.
O ar ficou mais denso. Aylin sentiu sua pele arrepiar.
—Sua filha...?
Roman assentiu lentamente.
—Ela tem treze anos.
Aylin sentiu-se tonta.
—Não sei nada sobre adolescentes.
Roman não piscou.
—Você aprenderá.
Aylin engoliu saliva com dificuldade.
A armadilha se fechou em sua mente.
— Não vou aceitar...
— Se não aceitar, vou garantir que você não consiga trabalho em lugar nenhum. — Aylin sentiu seu mundo desabar. Roman inclinou a cabeça. Paciência de caçador. — Decida.
Ela fechou os olhos. Exalou.
— Está bem.
Roman sorriu como um predador que acabara de fechar a armadilha.
—Bem-vinda à sua nova vida.
E Aylin soube que acabara de cometer o pior erro da sua vida.
Capítulo 142 — A nova realidadeNarrador:O carro a esperava do lado de fora do terminal, exatamente onde Roman havia dito. Preto, impecável, sem ostentação, mas claramente dele. Quando Aylin atravessou as portas de saída com a mala em uma mão e o cachecol ainda enrolado no pescoço, o motorista já estava descendo para abrir a porta traseira.— Senhora Adler — cumprimentou ele respeitosamente.Ela acenou com a cabeça. Não corrigiu o sobrenome.A viagem foi longa, mas silenciosa. Ela não precisava conversar. Olhava pela janela, reconhecendo aos poucos a paisagem que a viu crescer. Tudo parecia igual e diferente ao mesmo tempo. E no peito... uma pressão constante. Não era medo. Era a certeza de que estava voltando a um lugar que conhecia, mas não mais como a Aylin que havia partido.Quando o carro entrou na cidade, ela sentiu. As ruas estavam melhoradas. As fachadas bem cuidadas. Algumas lojas novas. Outras, com placas renovadas, luzes diferentes, como se toda a cidade tivesse sido levant
Capítulo 141 — SashaNarrador:Roman não se mexeu. Nem quando ela passou pelo controle de segurança, nem quando o último olhar se tornou impossível, nem mesmo quando o relógio pareceu lembrá-lo de que o mundo continuava.Ele ficou ali, com a imagem dela ainda pairando no ar, como se esperasse um milagre.Como se Aylin fosse voltar, correr em sua direção, dizer que não podia fazer isso, que não queria.Mas ela não fez isso. Ela não podia e ele sabia disso.Ele respirou fundo uma vez... outra vez... e outra. Como se o ar fosse substituí-la. Como se encher os pulmões pudesse acalmar a dor que ele não sabia por onde começar a sair.Depois de alguns minutos, ele abaixou a cabeça. Não para se esconder. Mas porque o peso do silêncio caiu sobre ele.Ele girou nos calcanhares. Lentamente. Cada passo doía em seus ossos.Ele caminhou em direção ao carro sem olhar para ninguém. As pessoas iam e vinham ao seu redor, com malas, com pressa, com vidas que seguiam seu curso. E ele... carregava o fim do
Capítulo 140 — O cachecol azulNarrador:O carro parou em frente à casa com um leve barulho na cascalho. Aylin saiu primeiro. Ela estava com os ombros tensos, as mãos entrelaçadas e o estômago revirado. Respirou fundo antes de abrir a porta traseira. Assim que o fez, Eros, seu irmão, saiu primeiro, dando uma rápida olhada na frente da casa, avaliando o local como se procurasse pontos-chave que só ele entendia. Ele não disse nada, mas seus olhos percorreram tudo com atenção. Em seguida, sua avó desceu, com movimentos lentos, sem ajuda, com a mesma atitude que sempre tivera: olhar primeiro, opinar depois.Aylin abraçou os dois. Ela envolveu o pescoço do irmão com força; ele não resistiu, mas também não retribuiu o gesto com efusividade. Ele apenas ficou ali, como se a segurasse sem palavras. Beijou a mulher na bochecha, mais suave, mais consciente. Sentiu nela uma firmeza que não se desgastou com os anos.— Vocês estão aqui — sussurrou ela, afastando-se um pouco para olhá-los nos olhos —
Capítulo 139 — Cada minuto teria um peso diferenteNarrador:Gabriel Ordoñez entrou no escritório sem precisar ser anunciado. Roman já o esperava. Estava de pé junto à janela, com os braços cruzados e o olhar fixo no jardim, embora não estivesse vendo nada.— Bom dia, Roman, trago novidades do tribunal— E então? — perguntou sem se virar.Gabriel fechou a porta com cuidado, sem se sentar ainda.—Sinto muito, mas o que já imaginávamos se confirmou.Roman virou-se lentamente para ele.—A deportação?—Sim —respondeu o advogado —É inevitável.O silêncio ficou mais denso na sala.—O tribunal já notificou a Imigração. O cartório anulou o casamento. Legalmente, Aylin não tem mais nenhum vínculo que justifique sua residência e, com isso, sua permanência neste país.Roman não se abalou. Apenas assentiu, como quem esperava um golpe que de qualquer forma doeria.—Quanto tempo temos?—Não sei exatamente. Pode ser questão de dias. Mas a roda já começou a girar. Não há volta atrás.Roman caminhou at
Capítulo 138 — Não espere por mimNarrador:Roman sabia que não podia mais ficar calado. Que continuar protegendo-a com silêncios só piorava as coisas. Aylin não era uma criança nem uma espectadora. Era sua esposa. E o que estava em jogo não era apenas sua liberdade, mas também a dela.Ele esperou até que a noite caísse.A casa estava tranquila. Sasha tinha ido dormir cedo e Amalia não tinha subido da cozinha. Quando Aylin entrou no quarto, fechou a porta suavemente. Roman estava sentado, olhando para a janela, mas sem ver nada. O gesto rígido, o copo de uísque intacto sobre a mesa e aquele ar ausente confirmaram o que ela já vinha sentindo há dias.Ela se aproximou sem falar. Sentou-se ao lado dele, cruzando uma perna sob o corpo.—Posso saber o que está acontecendo?Roman virou um pouco a cabeça. Não parecia surpreso, apenas cansado.—Sim —respondeu em voz baixa— Já é hora de você saber tudo. —Ela não disse nada, apenas esperou. —É sabido que Miranda apareceu.Mas ela não veio para t
Capítulo 137 — Calar é trairNarrador:Gabriel Ordoñez chegou à galeria pouco antes do meio-dia. Não precisou se anunciar. Roman já o esperava em seu escritório, sentado com as costas retas e o olhar fixo na janela. Não estava observando nada. Apenas respirava fundo, como quem se prepara para um golpe que já sabe que está por vir.Assim que Gabriel fechou a porta atrás de si, Roman falou.— Diga-me que não é o que estou a pensar, Gabriel.O advogado deixou a pasta sobre uma cadeira vazia e sentou-se à sua frente, sem pressa.— Lamento, Roman, desta vez não posso satisfazer-lhe o pedido, finalmente foi formalizado.O silêncio que se seguiu foi denso. Roman baixou o olhar por um instante, apenas para levantá-lo novamente com o cenho franzido.—Quando foi formalizado?—Foi há duas horas. A notificação chegou ao tribunal e já foi registrada no sistema. Esta é a intimação oficial —ele tirou uma folha dobrada da pasta e a estendeu sobre a mesa—. Em 30 dias, você terá que comparecer para pres
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