Sinopse: Valéria, uma jovem doce de 18 anos, vê sua vida virar de cabeça para baixo após perder sua mãe, Laura, em um trágico acidente de carro. Abalada e vulnerável, ela é forçada a deixar tudo para trás e ir morar com o pai, Otaviano, um CEO frio, calculista e autoritário, conhecido como "mão de ferro". Sem qualquer laço afetivo com ele, Valéria se vê sozinha no mundo, mergulhada na dor do luto e na ausência de acolhimento. Ao chegar à nova casa, ela conhece Matheus, seu meio-irmão de 28 anos. Um homem arrogante, provocador e misteriosamente possessivo. Desde o primeiro momento, ele torna sua vida um verdadeiro inferno, implicando com cada atitude da garota. Mas por trás das provocações, existe algo mais? Um sentimento proibido pode nascer em meio ao caos? Será que Valéria conseguirá sobreviver ao luto, à rejeição... e ao amor inesperado?
Ler mais--- Valéria Narrando Fiquei um instante rígida, os braços cruzados sobre o corpo, tentando não transparecer nada, mas logo percebi que não havia como negar o que via: Matheus me observava com uma intensidade que queimava a pele. Era um olhar que misturava ciúmes, possessividade e algo que eu ainda não conseguia definir. Respirei fundo e relaxei, permitindo-me sentir a adrenalina subir sem me preocupar com Eduardo ao meu lado. Ele, por sua vez, parou de falar. Seus olhos seguiram os meus, curiosos, e então, silenciosos, perceberam que aquele momento não era para ser interrompido. — Então… é aqui que nos despedimos? — perguntei, tentando quebrar o gelo. — Sim. Por enquanto. — respondeu Eduardo, com uma nota de hesitação. Trocamos um breve sorriso forçado e nos despedimos com um aceno. Senti uma pontada estranha de liberdade quando me afastei, caminhando devagar até Matheus, que permanecia ao lado do carro, sério, quase imóvel. Ele abriu a porta com firmeza antes mesmo que
Matheus Narrando A cada quilômetro percorrido, o motor do carro rugia como o reflexo da minha fúria. Meus punhos estavam fechados com tanta força no volante que os nós dos dedos ficaram brancos. Acelerei mais do que devia, como se a velocidade fosse capaz de dissolver a raiva que me corroía desde o café da manhã. A imagem de Valéria dizendo que iria esperar por Eduardo na porta de casa ainda martelava dentro de mim, como se fosse uma punhalada lenta e certeira. O ar dentro do carro estava pesado, quente, sufocante. Eu sentia o suor escorrer pela nuca, mas não era calor, era a pressão que crescia no meu peito, quase insuportável. Engatei a marcha com brutalidade, avancei os sinais amarelos, e só parei de apertar os dentes quando avistei o prédio da empresa. Estacionei bruscamente, respirei fundo e desci. O semblante dos funcionários na entrada mudou assim que me viram. Era automático: sorrisos, cumprimentos formais, vozes afinadas de respeito. — Bom dia, presidente. — um dele
Valéria Narrando. O tempo parecia correr em círculos dentro da casa. O café da manhã ainda pesava no meu estômago, não pela comida, mas pelo clima. Bastou eu mencionar que esperaria Eduardo para que Matheus fechasse a cara, e o silêncio denso voltou a cair sobre todos nós. Ele saiu quase bufando, e eu fiquei ali, ajeitando meu vestido, tentando manter a calma por fora, mesmo com o coração inquieto. Mas Eduardo não demorou. Alguns minutos depois, ouvi seus passos firmes e aquele jeito tranquilo de entrar sem fazer alarde. Sorri automaticamente quando ele apareceu. Era como se sua presença tivesse a capacidade de aliviar um pouco a atmosfera pesada que sempre pairava naquela casa. — Pronta? — perguntou, com aquele tom simples, quase habitual. — Pronta. — respondi, ajeitando a bolsa no ombro. — Vamos? Saímos juntos, e no caminho até o carro, senti que precisava abrir a boca, antes que o silêncio me engolisse. — Eduardo… — comecei, a voz hesitante. — Preciso te contar o que acontece
--- Matheus Narrando A primeira coisa que senti ao despertar foi o calor do corpo dela colado ao meu. Valéria. O cheiro suave do seu cabelo, ainda com um leve perfume de sabonete da noite passada, invadiu meus sentidos antes mesmo de eu abrir os olhos. Por um instante, fiquei apenas ali, imóvel, ouvindo sua respiração tranquila. A raiva, a frustração, a sensação de sufocamento que me consumia ontem pareciam ter diminuído. Não sumiram, não se apagaram, mas estavam… abafadas. Como se a simples presença dela tivesse se tornado uma muralha entre mim e o caos. Abri os olhos devagar. O quarto estava mergulhado numa penumbra suave, cortada apenas por feixes tímidos de luz que escapavam pelas frestas da cortina. Olhei para ela. Valéria dormia de lado, os lábios entreabertos, o braço solto sobre meu peito, como se, mesmo em sonhos, quisesse me manter perto. Um sorriso involuntário se formou nos meus lábios. Um sorriso que ontem eu achava impossível de existir. Passei os dedos devag
--- Valéria Narrando O silêncio que se instalou depois do rompante de Matheus foi tão ensurdecedor quanto o barulho da cadeira batendo contra o chão. Todos na sala se entreolharam, surpresos, como se não acreditassem no que tinham acabado de presenciar. Eu mesma senti o coração disparar. A expressão de Otaviano era de puro choque, Pamela parecia engasgada com a própria arrogância, e Clarissa mantinha aquele ar de quem não sabe se levanta ou se finge de morta. Mas eu não hesitei. Assim que Matheus saiu, me levantei e fui atrás dele. Não havia nada que pudesse me segurar ali. Encontrei-o no estacionamento, curvado sobre o volante, respirando fundo, como se o ar fosse pouco para tanta raiva. Meu peito se apertou. Eu não sabia o que tinha acontecido lá dentro, mas sabia reconhecer um homem no limite. Abri a porta do passageiro e entrei sem pedir licença. Não falei nada no primeiro instante. Apenas estendi a mão, toquei sua cabeça e deslizei os dedos pelos cabelos, tentando arr
Matheus Narrando Senti a raiva subir como lava quente. Minha mão apertou os punhos debaixo da mesa com tanta força que os nós dos dedos ficaram brancos. Cada músculo do meu corpo parecia gritar para sair dali e acabar com aquela imposição absurda. Pamela estava ali, sorrindo com aquele ar de superioridade, e eu sabia que ela ouviu cada palavra que soltei entre dentes, quase sem fôlego: — Vai sonhando… eu nunca vou me casar com você. Eu não aceito esse casamento arranjado que vocês estão tentando me impor. Ela congelou por um instante, e pude ver a incredulidade passando pelo rosto. Era como se tivesse me subestimado, como se achasse que eu era apenas mais um peão nesse jogo doentio. Mas eu não era. Eu nunca seria. Sem esperar qualquer resposta, me levantei em um rompante. A cadeira bateu contra a madeira do chão com um estrondo seco, e a conversa na sala inteira parou por um instante. Não me importava. Não me importava com Otaviano, nem com Pamela, nem com os olhares surpreso
Último capítulo