Valeria Narrando
A declaração que trocamos horas antes ainda ecoava na alma, um doce e quente eco que transformara tudo. Quando finalmente nos entregamos, foi uma entrega completa, visceral, boa e viva. Cada toque, cada suspiro, cada gemido era a tradução física de tudo que havíamos guardado por tanto tempo. Não havia mais segredos, nem medos, apenas a verdade crua do que sentíamos um pelo outro. O mundo lá fora deixou de existir, e o único universo que importava era aquele que criávamos entrelaçados, suados e ofegantes.
Caímos na cama exaustos, os membros pesados e o coração leve, e dormimos como há muito tempo não fazíamos. Um sono profundo e reparador, sem pesadelos, apenas a paz de estar onde se pertencia.
Ao acordar, ainda envolta na penumbra do amanhecer, me vi abraçada ao amor da minha vida. O rosto de Matheus estava sereno, relaxado em um sono profundo. Era um quadro de perfeita felicidade. Mas, então, veio aquela sensação insidiosa, um frio na espinha que não me largava.