Cassandra é uma hacker brilhante que vive às margens da lei, roubando dos mais ricos para ajudar os menos favorecidos enquanto mantém uma vida confortável. Sempre um passo à frente das autoridades, ela vive mudando de identidade e de país. Mas tudo muda quando conhece Cristian, um homem encantador em um bar, e se permite, pela primeira vez, pensar no amor. O que Cassandra não sabe é que Cristian é um policial, e o destino o coloca em uma posição que pode destruir tudo. Quando ela descobre sua verdadeira identidade, Cassandra faz o que sabe fazer de melhor: foge. Mas Cristian é designado para investigar o caso da hacker misteriosa, e, ao descobrir quem ela é, percebe que a missão se tornou pessoal. Agora, ele precisa decidir entre capturá-la ou protegê-la, enquanto Cassandra luta para permanecer livre e, quem sabe, amar novamente.
Ler maisCapítulo 1 - Cassandra Moretti
O sol mal se ergue no horizonte, e eu já estou acordada. Às vezes, penso que o dia nunca vai começar realmente. Eu fui obrigada a aprender a acordar sozinha, a fazer as coisas por mim mesma. Não que alguém tenha me ensinado, mas, após tantas tentativas de achar um lugar para chamar de lar, acabei por descobrir que a única pessoa em quem posso confiar sou eu mesma. Fui uma órfã comum, se é que isso existe. Meus primeiros anos foram no orfanato, onde, em vez de brinquedos, eu aprendi a me proteger. Fui colocada em várias casas adotivas, cada uma pior que a outra. Eles me queriam boa, educada, quieta. Mas eu não era isso. Eu tinha um fogo dentro de mim, algo que nunca deixei apagar. Então, fugi. Fugi das regras, fugi das famílias, e, quando eles desistiram de me colocar em outra casa aos 15 anos, eu já sabia o que fazer: sobreviver. Aos 18, finalmente me vi livre, com um punhado de dólares e o notebook que sempre guardei. Estudei programação, hackeamento, e tudo o que precisava para não apenas sobreviver, mas para mudar minha vida. Não queria ser mais uma garota perdida, sem rumo. Agora, eu era uma hacker. E tinha um plano. Eu sou Cassandra Moretti, 1,60m de altura, ruiva, com mais segredos do que coragem para compartilhá-los. O orfanato ficou para trás, os pais adotivos se tornaram apenas sombras na minha memória. Agora, sou eu quem controla minha vida, e ninguém vai me dizer o contrário. A primeira coisa que fiz quando ganhei minha liberdade foi encontrar os ricos que achavam que poderiam controlar o mundo. Eles tinham mais do que precisavam, e eu tinha algo que eles não podiam comprar: a habilidade de tirar deles o que sobrava. Não foi difícil encontrar brechas, falhas de segurança, e o resto foi fácil. Em pouco tempo, estava roubando milhões, e ninguém sequer sabia meu nome verdadeiro. Mas ninguém me disse que, ao mexer com o sistema, você acaba chamando a atenção. E foi exatamente isso que aconteceu. Eu respiro fundo, sentindo a brisa fresca de Paris. O aroma de croissant e café fresco invade minhas narinas, enquanto sigo para o pequeno café ao lado de uma empresa multinacional que, aparentemente, tem os negócios bem alinhados e as contas bem recheadas, do jeito que eu gosto. Não sou de perder tempo, e hoje não será diferente. As ruas estão agitadas, como sempre são na bela Paris. A cidade nunca dorme, e eu, como boa fugitiva, aprendi a me adaptar. Meus passos ecoam em ruas pavimentadas, mas ninguém me nota. Sou invisível, uma sombra entre a multidão, e é assim que eu gosto de ser. Chego ao café, uma pequena joia rara, no meio da cidade. A porta range quando a abro, e o ambiente aconchegante logo me envolve. Meus olhos vão direto para uma mesa no canto, onde me sento de costas para a parede, como sempre faço. Preciso de uma visão clara da entrada. O barista, um homem de meia-idade, me cumprimenta com um aceno, reconhecendo-me como uma cliente regular, mas sem nunca saber meu nome verdadeiro. Sorrio e aceno, sem perder o foco. O notebook já está em minhas mãos, claro que não é mais aquele simples que iniciei agora um mais moderno e completo, e o primeiro passo do plano começa agora. A empresa multimilionária logo à minha esquerda será a fonte de uma quantia generosa. Como sempre, farei o levantamento de dinheiro, transferindo-o para diversas contas fantasmas. Depois, o trabalho se intensifica. O sistema bancário é uma selva, mas eu sou a maior predadora dele. Roubo dinheiro de gigantes e redistribuo entre orfanatos, para aqueles que como eu, jamais conheceram o que é ter uma família. Abro meu laptop, conecto-me a uma rede segura, e os dedos começam a dançar ardilosamente sobre as teclas. Minha mente está em completa sintonia com o código. Em minutos, estarei dentro do sistema da empresa, retirando um montante considerável. O processo é rápido, silencioso, e não deixa rastros. E quando enfim eu terminar, o dinheiro estará a caminho dos orfanatos de toda a França. Crianças como eu fui, merecem uma chance. Elas não devem ser deixadas para trás, assim como eu fui. Não importa o que eu tenha que fazer, ou quem eu tenho que roubar – minha missão sempre foi a mesma: equilibrar o jogo. A tela do meu computador brilha enquanto os números começam a aparecer. Minha mente se concentra, mas uma sensação estranha percorre minha espinha. Como se estivesse sendo observada. Não… não pode ser. Olho rapidamente para os lados. Nada de diferente. Uma mulher passa apressada com uma bolsa na mão, um homem alto entra e se senta em uma mesa próxima. Ninguém me nota. Eu sou boa nisso. Sou Ghostred, e não deixo vestígios. Mas algo na calma do café, na rotina que parecia normal, me diz que o que eu fiz até aqui pode ter sido a coisa mais arriscada que já fiz. Por um momento, o café ao meu redor parecia mais apertado, mais sufocante. Eu estava jogando um jogo muito maior agora, e a realidade de minha própria liberdade começa a me invadir.Capítulo 81Um Ano DepoisO vento frio de Nova York cortava meu rosto enquanto caminhava pelas ruas da cidade. O som do caos urbano me envolvia, mas, de alguma forma, meu coração estava em paz. O último ano foi de transformações profundas para todos nós.Cristian finalmente seguiu seu sonho de escrever. Ele pediu a exoneração do FBI e, com isso, também deixamos para trás muito de nós, de certa forma. Mas, ao mesmo tempo, nos aproximamos de um jeito novo e inesperado. Seus livros de suspense começaram a fazer sucesso, e ele não poderia estar mais feliz. Eu sempre soube que ele tinha uma mente brilhante, mas ver o homem que amava florescer da maneira que ele estava, me encheu ainda mais de orgulho. Ele se entregava à escrita com a mesma intensidade com que um dia se dedicou a desvendar mistérios e, de alguma forma, aquilo o libertava de tudo que ele foi e não queria mais ser...Eu, por outro lado, continuei com meus projetos. Não havia mais a mesma incerteza que antes. Eu poderia coloca
Capítulo 80Cassandra Acordei naquela manhã fria com uma sensação pesada no peito. Era o dia em que Dona Carola seria cremada, e eu sentia como se uma parte de mim fosse junto com ela, dona Carola me acolheu em um dos momentos que me vi mais perdida, e com suas palavras sempre certas me guiou... O jardim de Keukenhof na Holanda, o seu lugar favorito, agora receberia suas cinzas. Estava ali, diante da terra que ela tanto amava, sentindo o vento suave que, de alguma forma, trazia um pouco da sua presença. Enquanto as cinzas eram espalhadas por Damon, fechei os olhos por um momento, permitindo que as lágrimas caíssem sem me preocupar que alguém as visse. Mas, ao mesmo tempo, sentia uma calma imensa, como se Dona Carola finalmente estivesse em paz, com o filho que ela pode recuperar, e naquele lugar que ela tanto amava.A cerimônia foi simples. Apenas os amigos mais próximos e a família estavam ali. Fiquei observando enquanto suas cinzas se misturavam ao solo, as flores, com a esperança
Capítulo 79CassandraQuinze dias haviam se passado desde que despertei, Cristian me contou tudo que tinha feito por mim... Quinze dias de reflexão silenciosa, de noites de Insônia, e decisões que se acumulavam, esperando para ser feitas. Eu estava vivendo com a dúvida constante sobre o que fazer da minha vida. O que era real? O que era apenas uma fuga? Era hora de olhar para frente, sem medo.Lucca já estava em casa, se recuperando bem, e o alívio de vê-lo forte e saudável me dava uma sensação de paz. Como mãe, meu primeiro impulso era proteger meus filhos. Cecília, com apenas 11 meses, era uma preocupação constante. Ela ainda dependia de mim para tudo, e o amor que eu sentia por ela me dava forças para seguir em frente, mesmo quando as dúvidas me consumiam.Ela estava ali, nos meus braços, pequenos risos escapando enquanto eu a embalava. Como ela se encaixava em tudo isso? Ela era a razão pela qual eu lutava. Eu queria que ela tivesse uma vida melhor, sem medos, sem fantasmas do pas
Capítulo 78CassandraO mundo estava embaçado, como se tudo estivesse distorcido entre os meus olhos. Eu sentia a presença de todos ao meu redor, mas a sensação de confusão ainda me consumia. Tentei focar em tudo que estava acontecendo, mas minha mente estava uma bagunça. As palavras de Cristian, a visão de Cecília ao meu lado, e o calor que emanava de Lucca... Tantas coisas que me deixavam sem saber o que pensar, o que fazer.Eu queria entender, queria voltar a sentir que estava no controle da minha vida. Mas como poderia quando tudo que eu conhecia havia sido jogado para o alto? As lembranças começaram a voltar em flashes rápidos, dolorosos, e ao mesmo tempo desconfortante.Eu não sabia o que fazer com aquele sentimento de desamparo que me consumia, mas sentia que tinha que ser forte, por eles. Cecília, Lucca, Cristian, Damon... Eles precisavam de mim, e isso foi o que me trouxe de volta. Um sorriso fraco se formou nos meus lábios enquanto eu olhava para Cecília, que ainda me aperta
Capítulo 77CristianEu ainda segurava a mão de Cassandra, sentindo o calor fraco de sua pele contra a minha. Não havia movimento, nenhum sinal de que ela estava voltando para mim. O silêncio do quarto era ensurdecedor, quebrado apenas pelo som constante das máquinas que a mantinham monitorada. Meu coração apertava a cada segundo, e a angústia me corroía por dentro. Não saber o que fazer me deixava à beira da loucura. Mas, então, uma ideia surgiu. Algo que eu deveria ter pensado antes.— Damon... — minha voz saiu rouca, quase um sussurro. Ele ergueu os olhos para mim, parecendo exausto, assim como eu. — Eu preciso que você traga Cecília para cá.Ele franziu a testa, como se não tivesse certeza de ter ouvido direito. O olhar dele alternava entre mim e Cassandra, claramente confuso.— O quê? Aqui? — perguntou, cruzando os braços. — Você acha que isso pode ajudar?Engoli em seco e apertei ainda mais a mão de Cassandra.— Sim. Sim, eu acho que pode, é um tiro no escuro, mas eu sinto que p
Capítulo 76CristianCinco dias. Já se passaram cinco dias. E eu estou aqui, sentado na beira da cama de Cassandra, observando cada respiração dela como se fosse a última. Cada leve movimento que ela fazia, cada suspiro profundo, eram como sinais de que ela estava lutando para voltar. Mas nada acontecia. O que antes parecia uma situação de transição, agora se tornava um pesadelo infernal.A máquina ao lado dela, que monitorava seu batimento cardíaco e a respiração, emitia um som regular e constante, mas para mim, esse som se tornava um eco distante. Eu só queria ouvir ela, ver seus olhos se abrindo. Eu só queria ver Cassandra acordando e me dizendo que tudo estava bem, que a dor e o medo que eu sentia iam desaparecer. Mas ela ainda estava ali, no silêncio profundo de um sono forçado, e eu sentia que meu próprio coração batia com menos força a cada hora que passava.Os médicos já haviam dito que ela estava estável. Mas o fato de não despertar estava se tornando um enigma que eles não
Último capítulo