Valéria Narrando
Terminado o jantar, saímos para o carro. O céu já escurecia, um vento leve batia no rosto. Por um instante, pensei que tudo poderia durar para sempre.
Mas quando abrimos a porta de casa, Pamela estava lá.
Parada na sala, o sorriso calculado, o olhar cheio de veneno.
— O que ela está fazendo aqui? — sussurrei, tensa.
Pamela avançou, tocando o peito de Matheus com intimidade falsa.
— Vim falar sobre o casamento — disse, provocativa.
A raiva subiu nele como uma chama.
— Nós não temos nada para falar sobre isso! — ele gritou, segurando o pescoço dela.
Fiquei por um tempo olhando tudo aquilo estática. O ar parecia mais denso, o tempo mais lento. Pamela estava com o rosto avermelhado, os olhos marejados e Matheus com as mãos ainda tremendo. A cena inteira parecia um quadro distorcido de uma vida que eu não reconhecia.
Meu coração disparou. Corri até ele, segurei seu braço.
— Matheus, solta ela!
Meu coração batia acelerado, o estômago embrulhado.