Mundo ficciónIniciar sesiónO amor de Isabela Moreau Genevesse e Arthur Vasconcellos nasceu de um pacto, não de um conto de fadas. O casamento, selado por conveniência e política entre as famílias mais poderosas do país A, jamais deveria ultrapassar o contrato — até que o improvável aconteceu: ele se apaixonou pela mulher que o obrigou a casar. Mas no mundo dos Vasconcellos, Monteiro e Vassiliev, o amor é a primeira vítima do poder. Após o divórcio, Isabela tenta reconstruir a própria vida entre os ecos do passado e as cicatrizes de segredos genéticos que envolvem seu nome e o sobrenome apagado de sua família biológica, Genevesse. É então que o inesperado surge: Ethan, o irmão biológico que acreditavam estar morto — e Cael, o fantasma do sangue Genevesse, um homem dado como morto desde a infância. Entre eles, o mesmo DNA, o mesmo legado, o mesmo abismo. Enquanto Isabela se aproxima da verdade sobre sua origem, Arthur mergulha em um colapso silencioso — dividido entre a culpa, o amor e a conspiração que o usou como peão. E no coração da trama, Ana Rossi Villeneuve, a amiga e pesquisadora fiel, descobre em seu retorno ao país natal que carrega nas veias o mesmo código que Isabela — o mesmo selo que une todas as famílias sob a sombra do Projeto Genevesse. Com a súbita desaparição de Luana Monteiro, as peças começam a se mover. O passado desperta, o sangue cobra, e o destino das três linhagens se entrelaçam novamente em uma guerra onde o inimigo real pode estar no espelho. Entre o amor e o dever, entre o divórcio e a herança, Isabela precisará decidir até onde vai o sacrifício de uma herdeira — e o que resta de um humano quando o sangue dita o destino.
Leer másisabela POV
Nunca imaginei que uma simples noite pudesse mudar tudo.
Passei três anos cuidando de Arthur, sendo sua parceira, conselheira, e muitas vezes, a única pessoa que parecia realmente se importar com ele. Cada vitória dele, eu celebrava como se fosse minha; cada derrota, eu sentia em meu próprio peito. Eu acreditava que éramos um time, que o amor que eu oferecia seria suficiente para mantê-lo ao meu lado. Mas hoje, enquanto atravessava o grande salão do hotel cinco estrelas, rodeada por lustres de cristal e paredes decoradas com obras de arte moderna, a verdade caiu sobre mim como um raio, quebrando minha ilusão. Foi ali parada, em meio ao salão que vi Arthur. Ele estava sorrindo, conversando e rindo, ao lado de ninguém menos que Luana, minha suposta irmã.
Uma visão tão clara, que sempre desejei do homem que amo, o sorriso enquanto conversava comigo que nunca tive, estampado sobre as luzes brilhantes do Hotel Vermont, algo que nunca tive chances de ter, apesar de sonhar, estava ali a poucos passos de mim, mas para outra mulher.
Meu coração congelou, e senti como se cada passo que eu desse estivesse me afundando mais no chão, e como se estivesse despertando uma nova versão, onde só havia frieza e descaso com tudo, me sentia inalcançável da mulher apaixonada que um dia fui. Os olhares curiosos das pessoas ao redor não me importavam. Não eram eles que estavam me traindo, mas sim Arthur, e aquele sorriso cúmplice dirigido à outra mulher que me cortava profundamente. Lembrei-me de todas as vezes que havia passado noites em claro preparando seus projetos, das manhãs em que deixei minha própria vida de lado para apoiá-lo. Tudo parecia em vão. A dor era intensa, mas junto dela surgiu uma faísca de fúria que eu não sentia há muito tempo. Não podia mais me permitir ser enganada, não podia mais ser aquela que espera e perdoa, mesmo quando não há razão para tanto sofrimento.
Sem aguentar mais ver a cena, me viro e peço meu casaco ao atendente do saguão, pego minhas chaves e começo a dirigir como antigamente. Quando ainda era uma piloto de corridas clandestinas, participava mais para extravasar minhas dores, raiva e frustrações. Nunca pensei em me tornar profissional e deixar o anonimato, mas hoje talvez eu possa pensar sobre ao chegar em casa.
Durante o caminho de volta para meu apartamento no condomínio Salgarana I à parte do centro da cidade A, não pude deixar de observar a grandiosidade do lugar. Arranha-céus de vidro refletiam a luz da tarde, carros de luxo desfilavam pelas ruas largas e modernas, enquanto eu me sentia cada vez mais pequena. No espelho retrovisor do carro, minha imagem parecia diferente: olhos cheios de dor, lábios tensos, mas também uma determinação que eu não reconhecia totalmente. Eu não seria mais a garota que se despedaçava por amor. Aquela experiência me mostrou que eu precisava me reconstruir, que precisava colocar meus próprios desejos acima das ilusões de um relacionamento falido.
Quando cheguei ao apartamento, respirei fundo e observei cada detalhe de meu lar temporário: móveis minimalistas, obras de arte contemporânea, tecnologia de ponta que eu jamais pensei em ter. Tudo aquilo era luxuoso demais, o que fazia eu me sentir vazia. Arthur havia levado mais do que a minha confiança; havia levado a sensação de que eu poderia confiar em alguém ou mesmo de que era digna de amor. Fechei a porta e sentei-me na poltrona de couro italiano, sentindo o peso de três anos de dedicação que agora se mostravam inúteis. A realidade era dura, mas a liberdade recém-descoberta tinha um gosto agridoce que eu ainda precisava aprender a apreciar.
No silêncio do apartamento, comecei a planejar meus próximos passos. Precisava me reconectar comigo mesma, redescobrir quem eu era fora do casamento, fora da sombra de Arthur. Cada detalhe da minha vida seria reavaliado: meus negócios, minhas amizades, minha própria autoestima e principalmente meus antigos hobbies e novas ambições.
Arthur podia pensar que eu voltaria, que choraria sozinha e imploraria por ele, mas eu não faria isso. Não mais. Dessa vez, não vou causar escândalo, vou limpar minhas coisas desse lugar e solicitar o divorcio o quanto antes.
A dor era minha velha professora, e a cada lágrima derramada me lembrava e ensinava algo sobre força, resiliência e amor-próprio. Eu começava a compreender que o poder não estava em manter alguém por perto, mas em conquistar minha própria liberdade.
No dia seguinte, enquanto caminhava pelas ruas modernas do centro, observei os cafés luxuosos, os carros esportivos estacionados nas calçadas, e senti que o mundo era vasto demais para que eu me perdesse em um único amor de infância, agora perdido. Decidi que investigaria minha verdadeira história, minha família, minhas origens. Talvez houvesse algo mais esperando por mim além do sofrimento que Arthur me causou. Uma pontada de esperança surgiu, tímida, mas real. Eu estava pronta para lutar, para descobrir as verdades uma vez escondidas de mim por Luana e seus pais, minha família adotiva, e acima de tudo, para me tornar a mulher que nunca permitirá que ninguém definisse o destino novamente.
Inesperadamente, ao final do dia, recebi uma mensagem que perturbou meu coração, agitou minha alma e fez com que minha decisão fosse feita sem olhar para trás. Era de alguém que eu nunca esperaria: Erick. Meu coração disparou e, por um instante, pensei que talvez algumas conexões ainda pudessem ser salvas. Mas o que ele sabia? O que queria? A tensão subiu como um nó em meu estômago. Mal sabia eu que aquela simples mensagem seria o início de uma sequência de descobertas, traições e alianças que mudariam minha vida para sempre. E, assim, enquanto a noite caía sobre a cidade, percebi que nada mais seria como antes. A história que eu conhecia estava prestes a ruir.
A chuva começou de madrugada. Grossas gotas batiam contra o vidro panorâmico do edifício Genevesse, escorrendo em linhas tortas, como se a cidade chorasse em silêncio.Do alto, o trânsito parecia uma serpente de luzes vermelhas; cada farol refletia a mesma cor do sangue que corria invisível nas veias das seis famílias.Isabela estava de pé diante da janela, o casaco negro cobrindo o corpo magro. Os cabelos, agora soltos, caíam sobre os ombros, molhando o tecido.O reflexo no vidro mostrava um rosto sereno — mas os olhos, de um verde profundo, denunciavam a tempestade que girava dentro.Nicole entrou sem anunciar. — A mensagem é legítima. Veio do terminal pessoal de Arthur.Isabela respondeu sem se mover: — Então ele ainda tem coragem.— Ou desespero.— É a mesma coisa, às vezes.Nicole caminhou até ela, olhando a cidade abaixo. — Você realmente vai?— Fui eu quem marcou o encontro, lembra? — Isabela virou-se, um meio sorriso. — Só estou devolvendo a iniciativa.— E se for uma armadilh
POV — Isabela, Nicole, Dimitri, Ana, Erick, DamianO mar ainda rugia quando o helicóptero rompeu as nuvens baixas.Do alto, a antiga base Monteiro não passava agora de um turbilhão de espuma e destroços. As ondas engoliam o concreto como um animal faminto. Um lampejo azul ainda piscava sob as águas — o último suspiro da energia do núcleo.Ninguém falava.Isabela mantinha os olhos fixos na janela, o rosto iluminado pelas luzes intermitentes do painel. A moeda — agora presa entre os dedos — refletia o mesmo tom azulado que morria no mar.“Cael.”O nome queimava, sem som.Nicole, sentada à frente, conferia a leitura dos monitores. — Nenhum sinal térmico vindo da base.Dimitri cruzou os braços. — Então ele se foi.Isabela respondeu, fria: — Cael nunca simplesmente vai. Ele recua.O helicóptero sacudiu quando o vento soprou com força. Ana segurou o encosto do banco à frente, a voz trêmula, mas firme: — O campo eletromagnético persiste. Mesmo com o colapso, há emissão de dados.Erick, ao la
"Bem-vindos ao coração da Base Monteiro." — disse Isabela quase que num sussuro.O ar ficou mais frio à medida que desciam. O som dos passos ecoava como um metrônomo entre as paredes translúcidas. As luzes que se acendiam sob os pés projetavam reflexos nas faces — traços de inquietação, determinação e medo.O túnel desembocava em uma câmara circular, iluminada por um anel de lâmpadas brancas embutidas no teto. O chão era metálico, polido, e no centro havia uma estrutura que lembrava um coração mecânico — cabos saíam de todos os lados, pulsando em intervalos ritmados, alimentando os servidores ao redor.Ana foi a primeira a quebrar o silêncio:— Isso… não é uma simples base. É um organismo.Dimitri passou os dedos por um dos cabos. — Está vivo.— De certa forma, está — respondeu Isabela. — Cael criou um sistema autossustentável. Alimenta-se da própria energia neural gerada pelos antigos projetos.Nicole observava tudo em silêncio, olhos azuis frios, avaliando os painéis.— As famílias
POV – Isabela, Nicole, Dimitri, Ana, Erick, DamianO vento vinha do leste, denso e salgado, arrastando partículas de areia que riscavam o casco dos dois helicópteros como agulhas.O céu era uma tela de chumbo; relâmpagos distantes iluminavam o mar que dormia em convulsão.Lá embaixo, entre falésias e musgo, a estrutura da antiga base Monteiro surgia — uma cicatriz de concreto esquecida pelo tempo, envolta por névoa e cabos corroídos.Dentro da primeira aeronave, Isabela observava o painel luminoso diante de si.Os olhos verde-esmeralda refletiam as linhas de código do radar.Respiração controlada. Mãos imóveis sobre o colo.“É aqui”, pensou. “O ponto onde tudo começou. E onde tudo precisa acabar.”Ana ajustava o fone de comunicação. — Interferência magnética alta. O campo de radiação ainda está ativo.Damian, o chefe de segurança, olhou para Isabela. — Quer abortar o pouso?Ela respondeu sem erguer a voz: — Se Cael quisesse nos matar, já teria feito isso. Ele quer ser visto. Pouse.No
P.O.V. Dimitri VassilievO ruído constante das hélices era como um mantra metálico cortando o céu noturno.Do alto, o País A parecia uma ferida de luzes — cidades pulsando como circuitos expostos, rios refletindo o brilho pálido da lua.Dimitri manteve os olhos fixos no horizonte, as mãos firmes sobre o coldre do uniforme tático negro.Nicole estava ao lado dele, o semblante impassível, os cabelos presos em um coque militar que não cedia nem ao vento que escapava pelas frestas do helicóptero.— A frequência de comunicação entre Isabela e o grupo dela está estável? — perguntou ele, rompendo o silêncio.— Estável, mas... — Nicole olhou o tablet holográfico sobre o colo — há interferências eletromagnéticas vindo do norte. Possivelmente de Marais. A antiga base Monteiro.Dimitri assentiu devagar. — Então Cael quer ser encontrado.— Ou quer que pensemos isso — respondeu ela, sem erguer o olhar.O silêncio voltou a se estender entre os dois, pesado e tenso. Apenas o som grave das pás cortan
POV Isabela“Contagem regressiva.”As luzes da sala de comando responderam à sua voz, mudando de um tom branco gélido para o âmbar operacional. Servidores começaram a girar, drones de varredura se desprenderam dos trilhos no teto, e uma névoa fina de ar ionizado flutuou sobre as mesas de vidro.O som que preencheu a base era como o de um coração mecânico despertando.Isabela manteve-se de pé no centro da sala — o casaco negro ajustado ao corpo, os cabelos presos em um coque firme, o rosto sem emoção. Sob as luzes do painel, seus olhos verde-esmeralda refletiam códigos binários dançando no ar. Ela parecia menos humana, mais um componente do próprio sistema que comandava.Nicole se aproximou, os saltos militares ecoando sobre o piso metálico. — Os protocolos de isolamento estão ativos. Canal alfa, pronto para transmissão. — Bom — respondeu Isabela, sem virar o rosto. — Comecemos a decodificação.Ana, em sua estação, conectou o pen drive prateado. Linhas de dados começaram a desfila





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