Valéria Narrando.
Cada minuto naquela mesa foi uma eternidade. Terminei o café rápido, levantei antes que o ar me sufocasse de vez.
— Preciso estudar — disse, mesmo sem saber se abriria algum livro.
— Tá bem, filha — respondeu Otaviano. — Se precisar de algo…
— Eu sei onde encontrar.
Pouco depois, Eduardo chegou. Como sempre, amigo fiel, paciente e disposto a me apoiar. Vi o carro parar em frente e respirei fundo. Ele acenou com aquele sorriso tranquilo que sempre me acalmava.
— Bom dia, Val! — disse, saindo do carro.
— Bom dia… — murmurei, subindo no banco ao lado dele.
No caminho, a conversa fluiu leve, mas minha mente insistia em voltar ao beijo com Matheus. Cada palavra de Eduardo parecia passar por um filtro distante, como se eu estivesse ouvindo de outro lugar.
— Você tá estranha hoje… — comentou, observando meu silêncio.
— Só cansada — respondi, baixando os olhos.
Ele não insistiu, apenas me lançou aquele olhar de cumplicidade, e eu agradeci mentalmente. A