Kael acabou de assumir um cargo importante na empresa da família e quer dar o seu melhor, para ganhar pontos, com o pai. Ele é herdeiro de uma rede de hotéis e pousadas, Kael precisa analisar e conhecer o comércio local, de uma ilha paradisíaca. O plano é comprar terrenos e iniciar uma construção milionária. Assim que ele chega a ilha, conhece Cássia, uma moça muito humilde e batalhadora, que o confunde com um surfista e o trata de igual para igual, sem imaginar que ele é muito rico e que está lá, para comprar o bairro todo dela. Kael esconde a verdade e aproveita a viagem, se divertindo com ela a enganando. Até que Cássia descobre que está saindo com um milionário.
Ler maisKael, aos 25 anos, sempre viveu à sombra do pai. Herdeiro de uma grande rede de hotéis, sua vida se resumia a viagens, festas e um namoro de cinco anos que, recentemente, chegou ao fim. O término, doloroso, o deixou com uma certeza: nenhuma mulher o levaria a sério novamente. Cansado de ter o coração partido, ele decidiu focar unicamente em sua carreira e se tornou um verdadeiro cafajeste, não levando mais os sentimentos de ninguém em consideração.
Agora, para provar seu valor ao pai, Kael assume um cargo importante na empresa. Seu plano: viajar para uma ilha paradisíaca e comprar terrenos para dar início a um empreendimento milionário. Partindo de São Paulo no fim da tarde, ele viajou de carro com seu motorista particular e se hospedou em uma pousada à beira-mar. Mal teve tempo de apreciar a vista, pois, assim que chegou, uma tempestade violenta desabou sobre a ilha, rugindo durante toda a noite. A chuva incessante e o som dos raios pareciam refletir o turbilhão de emoções de Kael. Ele estava determinado a ser um novo homem, focado em seus objetivos e blindado contra qualquer distração romântica.Ao amanhecer, a chuva havia diminuído para uma garoa fina e o vento se acalmou. A ilha, no entanto, parecia ter sido virada de cabeça para baixo. Árvores caídas, destroços espalhados e a paisagem antes paradisíaca agora marcada pela força da natureza. Kalel, com a frustração borbulhando, decidiu que não podia ficar parado esperando. Precisava de respostas sobre pendências, precisava de uma maneira de sair dali. Sua única opção era explorar a ilha a pé. Com o terno impecável e os sapatos sociais totalmente inadequados para a lama e os escombros, Kalel iniciou sua caminhada pela pequena cidade costeira.
Enquanto caminhava, a realidade da situação o forçou a uma decisão inusitada. Sujo de lama e com a roupa amarrotada, ele entrou na única lojinha aberta, uma que vendia suvenires e roupas de praia. Com um suspiro de resignação, ou talvez um lampejo de ironia em seus olhos amargos e arrogantes, Kalel comprou o que precisava para se adaptar.
Ele emergiu da loja irreconhecível. Vestia uma bermuda florida com padrões tropicais extravagantes, uma camiseta amarela berrante com a frase "Eu Amo Surfar" estampada em letras azuis-claras, um boné igualmente exótico e óculos de sol espelhados que escondiam seu olhar crítico. Nos pés, chinelos de borracha baratos, substituíam seus sapatos de couro lustroso.
A cena era quase cômica. Há pelo menos seis anos, desde os tempos de faculdade, Kalel não se vestia com tamanha informalidade, muito menos com algo tão… descompromissado barato. A roupa não se encaixava nele, parecia um disfarce, mas era o único jeito de continuar sua busca por uma saída daquele paraíso (agora nem tanto) isolado. Cada peça de roupa era um lembrete do quão fora de seu elemento ele estava, um desconforto que, de alguma forma, parecia intensificar sua determinação.
Ele retornou a pousada para guardar suas coisas, tirou informações e foi andar.
Kalel, com sua nova e estranha vibe de turista, prosseguiu seu caminho pela ilha castigada. A praia, antes um cartão-postal, agora exibia a fúria da tempestade: coqueiros inclinados, areia espalhada em montes irregulares, e detritos arrastados pela maré. Avistou um quiosque de praia, ou o que restava dele, e sentiu uma pontada de sede. Decidiu arriscar.
Aproximou-se, notando o estrago. O telhado de palha estava parcialmente desabado, expondo o interior do pequeno estabelecimento, que parecia ter sido atingido por uma bomba de lama e folhas. Uma mulher loira, de cabelo liso e longo, olhos verdes, magra e suja de terra, com tatuagem no braço e uma expressão de cansaço e frustração, lutava para mover uma tábua pesada.
— Com licença, moça. Você poderia me vender uma água de coco, por favor? — Kalel perguntou, com sua voz habitualmente grave e imponente, que, naquele contexto, soou quase inoportuna.
A mulher parou bruscamente o que estava fazendo, ergueu a cabeça e fixou nele um par de olhos irritados. Ela o avaliou de cima a baixo, da bermuda florida aos chinelos, com um ar que beirava o desprezo.
— Água de coco? Sério, moço? — Ela retrucou, com a voz embargada pela raiva contida e pelo cansaço.
— Você não está vendo o estrago? O telhado caiu! Tá tudo sujo, cheio de lama, e você vem me pedir água de coco como se eu fosse um robô? Uma máquina de vendas?
Kalel, acostumado a ser prontamente atendido, sentiu um lampejo de irritação.
— Eu só perguntei se estava atendendo. Não há necessidade de ser rude. — Ele tentou manter a compostura, mas sua voz denotava um tom de comando.
A mulher largou um martelo com um baque seco, foi batendo as mãos na bermuda suja.
— Rude? Rude é você, que chega aqui depois de uma tempestade dessas, com essa roupa de quem acabou de sair de um comercial de cerveja, e não percebe a situação! Não estou atendendo! Não estou limpando porque eu quero, estou limpando porque se eu não fizer, perco o pouco que tenho! O freezer tá cheio e já era. Tô cheia de coisas pra fazer.
Kalel ficou em silêncio por um instante, processando a explosão. Nunca ninguém havia falado com ele daquela forma, especialmente uma funcionária de um estabelecimento qualquer. Ele, o magnata, o homem que movia montanhas, estava sendo tratado com desprezo por uma vendedora de água de coco.
— Olha, eu… — Kalel começou, um pouco sem saber o que dizer.
— Não tem olha, eu! — Ela o interrompeu, apontando para o interior do quiosque com um gesto amplo e irritado.
— Vê isso aqui? Isso era o meu sustento! E agora? Agora é entulho! Então, por favor, vá procurar sua água de coco em outro lugar, porque aqui, o máximo que você vai encontrar é sujeira e uma mulher que está prestes a explodir!
Cássia se virou, retomando a luta com a tábua, com os ombros tensos e a frustração intensa no ar. Kael, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se completamente desarmado. A sede ainda estava lá, mas a vergonha inesperada e a crueza da realidade o atingiram com força. Ele deu um passo para trás, a bermuda florida e a camiseta chamativa, parecendo ainda mais ridículas em contraste com a cena de devastação e a indignação genuína daquela mulher tão linda. Sem mais uma palavra, ele se virou e se afastou do quiosque, deixando a mulher para trás em sua batalha contra os estragos da tempestade.
Natan, desiludido e cansado de esperar, não conseguia mais ter nada sério com ninguém. Desde que Laleska sumiu, a vida dele parecia ter perdido a cor. Cássia, em sua tentativa desesperada de encontrar uma resposta, questionou o irmão. — Desistiu dela?Ele respondeu, com a voz carregada de frustração. — Não importa. — Ela fez uma escolha. E quem gosta, não faz isso. Sumir assim sem dar notícias.Cássia ficou irritada, mas no fundo, uma parte de seu coração não queria acreditar que Natan tinha razão. Voltou para casa triste e pensou muito. Precisava fazer algo, uma última cartada. Então, sentou-se em frente ao computador e escreveu um e-mail para Laleska."Oii, eu tenho tentado, mas não consigo te entender. Claro, entendo suas razões e decisões. Mas ficar tanto tempo longe, isso não entendo. Eu passei esse tempo todo tentando me convencer de que você está viva e bem, mas também às vezes acho que, infelizmente, já partiu. Dói demais não ter respostas, andar pela rua com a esperança de
Ele a beijou pelo corpo todo, tirou a calcinha, voltou a beijar a cicatriz e subiu. Sem pressa, começou a mastu.rbá-la carinhosamente enquanto a beijava na boca. Algo em Laleska estava diferente, o olhar e as mãos, distantes, mas o desejo imenso, pelo menos para Natan, estava lá. Ele tirou o resto da roupa, pegou uma camisinha do motel e a colocou. Prestes a se unir a ela, perguntou, curioso:— Por que hoje? Você me ignorou por semanas.Laleska, séria, sorriu, acariciando o rosto, pescoço e braços dele.— Não sei, você foi a última coisa boa que aconteceu comigo, antes de tudo desandar. Essa noite é só nossa.Ele sorriu, chupou a boca dela e a invadiu lentamente. Laleska fechou os olhos, respirou fundo. Quase imóvel, apenas unido a ela, ele a beijou sutilmente e, acariciando seu rosto, disse:— Estou apaixonado. Você é muito linda e eu faria qualquer coisa por você. Te amo, minha gata.Ela sorriu espontaneamente, ofegante, empurrando seu corpo contra o dele, querendo senti-lo mais.—
Laleska foi para casa no fim de semana, esgotada por estar tão perto de Natan. Quando voltou para a casa de Cássia, ele já tinha viajado a trabalho. Laleska, como quem não queria nada, fez perguntas sobre ele para Cássia, que adorava falar do irmão. Ela disse que Natan estava estranho desde que voltou da ilha e que ela achava que o rolo com a Sheyla não tinha dado certo. Cássia contou que o irmão era emocionalmente fechado e cheio de traumas de um relacionamento longo, o que o havia transformado em um cafajeste.Natan, por sua vez, queria se manter presente na vida dela. Diariamente, ele começou a mandar a foto de um origami diferente, sem dizer nada. Laleska via as fotos, mas as ignorava e apagava apressadamente para que Cássia não visse.O trabalho estava indo muito bem. Laleska estava focada, dedicada, superando as expectativas de Cássia. Ao receber a primeira parte de seu salário, sua mãe quis saber quanto ela estava ganhando e fez a caçula, Lalinha, pedir dinheiro por chamada de
De repente, Cássia entrou na cozinha, sorridente.— Vem falar com as meninas. Sula, conta pro Natan o que você vai fazer hoje.Laleska olhou de imediato. Natan entrou logo atrás da irmã. O sorriso em seu rosto foi se desfazendo à medida que a reconhecia. Ele falou, desconcertado e surpreso olhando Laleska:— Oi, bom dia.As duas funcionárias responderam, mas Laleska se calou e voltou a fazer anotações, séria, sem querer acreditar no que estava acontecendo. Natan se aproximou, falando com a cozinheira, e Cássia, sem perceber o clima tenso, disse:— Natan, a Laleska é minha nova assessora particular, minha sombra. Você lembra dela? Do hotel? Ela era camareira.Ele se aproximou e forçou um sorriso.— Sim, já nos vimos algumas vezes. No trabalho. Seja bem-vinda, Laleska.Ela permaneceu séria e pálida, nitidamente desconfortável. Olhou para ele, fixamente nos olhos, e respondeu:— Obrigada!Então, desviou o olhar para Cássia, forçando um sorriso sutil.— Você vai ficar comigo agora? Se não
Cássia respondeu imediatamente, aliviada por saber onde Laleska estava."Eu vou te buscar. Me espere aí."E ela foi, sozinha, para buscar Laleska.Cássia chegou em cerca de quarenta minutos. Ao ver Laleska sentada sozinha, com dor, pálida e tomando friagem, sentiu uma pontada no peito. Tirou o próprio agasalho na mesma hora e colocou sobre os ombros de Laleska.— Você devia ter ligado assim que recebeu alta, menina. — disse Cássia, ajudando-a a levantar.Laleska, envergonhada, respondeu com a voz fraca.— Não queria ficar dando trabalho para ninguém.Cássia percebeu o quanto ela estava abatida.— Por que você não fica comigo? Na minha casa, você tem o quartinho das empregadas. Lá teria comida fácil, sempre alguém para te ajudar e te fazer companhia.Laleska recusou, agradecendo a oferta. Cássia, então, foi junto com ela para a casa de Laleska, entrou com ela e a ajudou com tudo. Deixou-a deitada e se ofereceu para ir comprar os remédios que ela precisava. Cássia buscou a medicação e v
Na segunda-feira, Laleska voltou mais pálida que o normal. A motorista a buscou, e assim que entraram, o clima da casa estava diferente. Laleska estava sentindo uma cólica forte, um mal-estar que a deixava mais calada que o normal. Cássia deu bom dia e correu para mandar os meninos para a escola.Laleska, com o rosto contraído de dor, disse:— Vou ao banheiro... estou com muita dor.Assim que ela se levantou da mesa, o mundo girou. Uma dor intensa a fez cambalear e ela desmaiou, caindo de forma brusca no chão da cozinha. Cássia e Sula levaram um susto e correram para ajudá-la.A dor que Laleska sentiu foi tão forte que a fez perder a consciência, mas felizmente ela estava no lugar certo, com pessoas que se importavam.Ela despertou confusa e com uma dor aguda. Sentou-se à mesa, com a mão na barriga, quase chorando, mas tentando se fazer de forte. Ela pediu desculpas pelo desmaio. Cássia sentou-se ao lado dela.— O que você está sentindo?— Cólica, eu não sei. — Laleska respondeu, com
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