Mar de Amor Perdido

Mar de Amor PerdidoPT

Romance
Última atualização: 2025-08-13
Romênia  Atualizado agora
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Índice

Kael acabou de assumir um cargo importante na empresa da família e quer dar o seu melhor, para ganhar pontos, com o pai. Ele é herdeiro de uma rede de hotéis e pousadas, Kael precisa analisar e conhecer o comércio local, de uma ilha paradisíaca. O plano é comprar terrenos e iniciar uma construção milionária. Assim que ele chega a ilha, conhece Cássia, uma moça muito humilde e batalhadora, que o confunde com um surfista e o trata de igual para igual, sem imaginar que ele é muito rico e que está lá, para comprar o bairro todo dela. Kael esconde a verdade e aproveita a viagem, se divertindo com ela a enganando. Até que Cássia descobre que está saindo com um milionário.

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Capítulo 1

Capítulo 1

Kael, aos 25 anos, sempre viveu à sombra do pai. Herdeiro de uma grande rede de hotéis, sua vida se resumia a viagens, festas e um namoro de cinco anos que, recentemente, chegou ao fim. O término, doloroso, o deixou com uma certeza: nenhuma mulher o levaria a sério novamente. Cansado de ter o coração partido, ele decidiu focar unicamente em sua carreira e se tornou um verdadeiro cafajeste, não levando mais os sentimentos de ninguém em consideração.

Agora, para provar seu valor ao pai, Kael assume um cargo importante na empresa. Seu plano: viajar para uma ilha paradisíaca e comprar terrenos para dar início a um empreendimento milionário. Partindo de São Paulo no fim da tarde, ele viajou de carro com seu motorista particular e se hospedou em uma pousada à beira-mar. Mal teve tempo de apreciar a vista, pois, assim que chegou, uma tempestade violenta desabou sobre a ilha, rugindo durante toda a noite.

A chuva incessante e o som dos raios pareciam refletir o turbilhão de emoções de Kael. Ele estava determinado a ser um novo homem, focado em seus objetivos e blindado contra qualquer distração romântica. 

Ao amanhecer, a chuva havia diminuído para uma garoa fina e o vento se acalmou. A ilha, no entanto, parecia ter sido virada de cabeça para baixo. Árvores caídas, destroços espalhados e a paisagem antes paradisíaca agora marcada pela força da natureza. Kalel, com a frustração borbulhando, decidiu que não podia ficar parado esperando. Precisava de respostas sobre pendências, precisava de uma maneira de sair dali. Sua única opção era explorar a ilha a pé. Com o terno impecável e os sapatos sociais totalmente inadequados para a lama e os escombros, Kalel iniciou sua caminhada pela pequena cidade costeira.

Enquanto caminhava, a realidade da situação o forçou a uma decisão inusitada. Sujo de lama e com a roupa amarrotada, ele entrou na única lojinha aberta, uma que vendia suvenires e roupas de praia. Com um suspiro de resignação, ou talvez um lampejo de ironia em seus olhos amargos e arrogantes, Kalel comprou o que precisava para se adaptar.

Ele emergiu da loja irreconhecível. Vestia uma bermuda florida com padrões tropicais extravagantes, uma camiseta amarela berrante com a frase "Eu Amo Surfar" estampada em letras azuis-claras, um boné igualmente exótico e óculos de sol espelhados que escondiam seu olhar crítico. Nos pés, chinelos de borracha baratos, substituíam seus sapatos de couro lustroso.

A cena era quase cômica. Há pelo menos seis anos, desde os tempos de faculdade, Kalel não se vestia com tamanha informalidade, muito menos com algo tão… descompromissado barato. A roupa não se encaixava nele, parecia um disfarce, mas era o único jeito de continuar sua busca por uma saída daquele paraíso (agora nem tanto) isolado. Cada peça de roupa era um lembrete do quão fora de seu elemento ele estava, um desconforto que, de alguma forma, parecia intensificar sua determinação.

Ele retornou a pousada para guardar suas coisas, tirou informações e foi andar.

Kalel, com sua nova e estranha vibe de turista, prosseguiu seu caminho pela ilha castigada. A praia, antes um cartão-postal, agora exibia a fúria da tempestade: coqueiros inclinados, areia espalhada em montes irregulares, e detritos arrastados pela maré. Avistou um quiosque de praia, ou o que restava dele, e sentiu uma pontada de sede. Decidiu arriscar.

Aproximou-se, notando o estrago. O telhado de palha estava parcialmente desabado, expondo o interior do pequeno estabelecimento, que parecia ter sido atingido por uma bomba de lama e folhas. Uma mulher loira, de cabelo liso e longo, olhos verdes, magra e suja de terra, com tatuagem no braço e uma expressão de cansaço e frustração, lutava para mover uma tábua pesada.

— Com licença, moça. Você poderia me vender uma água de coco, por favor? — Kalel perguntou, com sua voz habitualmente grave e imponente, que, naquele contexto, soou quase inoportuna.

A mulher parou bruscamente o que estava fazendo, ergueu a cabeça e fixou nele um par de olhos irritados. Ela o avaliou de cima a baixo, da bermuda florida aos chinelos, com um ar que beirava o desprezo.

— Água de coco? Sério, moço? — Ela retrucou, com a voz embargada pela raiva contida e pelo cansaço.

— Você não está vendo o estrago? O telhado caiu! Tá tudo sujo, cheio de lama, e você vem me pedir água de coco como se eu fosse um robô? Uma máquina de vendas?

Kalel, acostumado a ser prontamente atendido, sentiu um lampejo de irritação.

— Eu só perguntei se estava atendendo. Não há necessidade de ser rude. — Ele tentou manter a compostura, mas sua voz denotava um tom de comando.

A mulher largou um martelo com um baque seco, foi batendo as mãos na bermuda suja.

— Rude? Rude é você, que chega aqui depois de uma tempestade dessas, com essa roupa de quem acabou de sair de um comercial de cerveja, e não percebe a situação! Não estou atendendo! Não estou limpando porque eu quero, estou limpando porque se eu não fizer, perco o pouco que tenho! O freezer tá cheio e já era. Tô cheia de coisas pra fazer.

Kalel ficou em silêncio por um instante, processando a explosão. Nunca ninguém havia falado com ele daquela forma, especialmente uma funcionária de um estabelecimento qualquer. Ele, o magnata, o homem que movia montanhas, estava sendo tratado com desprezo por uma vendedora de água de coco.

— Olha, eu… — Kalel começou, um pouco sem saber o que dizer.

— Não tem olha, eu! — Ela o interrompeu, apontando para o interior do quiosque com um gesto amplo e irritado.

— Vê isso aqui? Isso era o meu sustento! E agora? Agora é entulho! Então, por favor, vá procurar sua água de coco em outro lugar, porque aqui, o máximo que você vai encontrar é sujeira e uma mulher que está prestes a explodir!

Cássia se virou, retomando a luta com a tábua, com os ombros tensos e a frustração intensa no ar. Kael, pela primeira vez em muito tempo, sentiu-se completamente desarmado. A sede ainda estava lá, mas a vergonha inesperada e a crueza da realidade o atingiram com força. Ele deu um passo para trás, a bermuda florida e a camiseta chamativa, parecendo ainda mais ridículas em contraste com a cena de devastação e a indignação genuína daquela mulher tão linda. Sem mais uma palavra, ele se virou e se afastou do quiosque, deixando a mulher para trás em sua batalha contra os estragos da tempestade.

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