Cássia deu um passo à frente, com o corpo tenso, a respiração ofegante.
— Você acha que eu sou o quê? Uma qualquer para ser comprada? Você me viu trabalhando, eu ralei muito feito uma condenada o dia inteiro, limpando a sujeira dos outros, tentando salvar o que é meu! E você tem a audácia de me oferecer dinheiro como se eu fosse um objeto?
Kael, encharcado de cerveja e com a boca aberta em surpresa, percebeu o tamanho do seu erro. O álcool, o cansaço e a amargura haviam nublado seu julgamento, e ele havia levado sua frieza transacional para um território completamente errado.
— Não, não, Cássia! Me desculpe! — Ele tentou se explicar, secando o rosto.
— Foi um mal-entendido! Eu… eu não quis dizer isso! Foi uma brincadeira, uma piada de péssimo gosto, eu juro!
Mas Cássia não estava disposta a ouvir. A fúria em seus olhos não diminuía.
— Brincadeira? — Ela retrucou.
— De péssimo gosto! Você não me conhece! Não sabe nada da minha vida! E acha que pode chegar aqui e me ofender desse jeito?