Sofia Romano e Leonardo Moretti se casaram por ordem da máfia, um pacto forjado no poder e na conveniência. Mas sob o verniz de um casamento forçado, escondem-se segredos mortais e desejos inconfessáveis. Conforme são arrastados para os jogos cruéis de La Regina Nera e do “Cerchio Nero”, eles se veem cercados por traições, mistérios e revelações capazes de destruir tudo o que conhecem. Unidos por um fio tênue de confiança e atração, Sofia e Leonardo precisarão decidir se seu vínculo será sua ruína ou a chave para desmantelar um império criminoso.
Leer másHerdeira do Submundo
Prólogo
O Barril de Pólvora
Sou feito de controle.
Cada decisão, cada movimento, é cuidadosamente calculado.
O poder não permite deslizes, e fraqueza é um veneno que consome lentamente.
Sei disso porque o controle é minha essência, e viver sem ele é como sufocar.
Mas então ela chegou.
Com sua força indomável, seu olhar desafiador, seu silêncio carregado de significados.
Ela me fez querer mais.
Não apenas tê-la, mas possuí-la de todas as formas.
E por um instante, apenas um instante, pensei que poderia ser diferente.
Que poderia conquistá-la com toques suaves, palavras doces, mentiras sutis que escondem o que realmente sou.
Como fui ingênuo.
A escuridão em mim não pode ser apagada.
Ela é parte de quem sou, o que sempre fui. Tentando mudar por ela, tornei-me um estranho para mim mesmo.
Mas agora... agora, tudo está claro.
Eu a quero de um jeito que ela talvez nunca aceite.
Quero dobrar sua vontade até que não haja mais resistência.
Quero ouvir sua respiração presa entre o medo e o desejo, sentir o momento exato em que ela percebe que não há como escapar.
Há uma guerra dentro de mim.
Ela me desafia, me testa.
Mas não entende o que significa jogar comigo. Não percebe que estou no controle desde o início.
Outra mulher me lembrou disso.
Reacendeu o fogo que eu tentava apagar.
Ela trouxe à tona quem realmente sou, o que realmente desejo.
E agora, tudo que restou é decidir como equilibrar o que quero e o que ela, a outra, acredita que pode me dar.
Estou em ebulição.
Um barril de pólvora prestes a explodir.
O desejo e o controle misturados de forma tão perigosa que mal consigo respirar.
Não importa o que ela pense.
No final, tudo será como eu quero.
Porque, no meu mundo, ninguém foge do meu domínio.
Ela será minha.
E quando for, não restará dúvida alguma sobre quem está no comando.
Capítulo 1: "O Testamento do Medo"
(Sofia Narrando)
“O poder não vem sem sacrifícios, Sofia. Ele cobra um preço de sangue.”
A voz do meu pai ecoava na minha mente, mesmo agora, enquanto eu observava seu corpo inerte no caixão de mogno escuro.
Ele parecia tão sereno… Uma serenidade que nunca vi em vida. Era irônico que ele só encontrasse paz agora, quando tudo o que me deixou foi uma herança manchada de sangue e responsabilidade.
O salão do velório estava repleto de homens de terno escuro e expressões duras. Eles se moviam de maneira calculada, com passos pesados e olhares afiados que pareciam prontos para capturar qualquer sinal de fraqueza em mim.
Eu sabia o que todos estavam pensando.
“Será que a “princesinha” está pronta para a coroa? Será que ela suportará o peso do império Romano?”
Inspirei profundamente, mantendo o olhar firme e o rosto inexpressivo. O luto era um luxo que eu não podia me permitir. Aqueles homens não estavam aqui para prestar suas condolências, estavam para medir minha força, testar se eu era digna de comandar a família Romano.
O respeito deles não seria dado de graça, e eu sabia disso melhor do que ninguém.
Minha mãe, vestida em um luto profundo, olhava o corpo do marido com uma expressão de desgosto misturada a um certo alívio.
Ela nunca gostou do peso da máfia, das reuniões secretas, das traições, mas aceitou tudo por lealdade. Ela era fria e distante.
Mas ela sabia que eu tinha deveres importantes pela família
Ela era uma mulher forte e dura que sabia que o que tinha que ser feito era para o bem da família.
Assim que o padre terminou a cerimônia, senti uma mão pousar em meu ombro. Olhei para cima e encarei os olhos frios e calculistas de Vincenzo, o braço direito do meu pai, que agora me servia de conselheiro, por pura conveniência, claro.
Vincenzo estava sempre presente, na sombra do poder. Era o tipo de homem que conhecia cada segredo e não hesitava em lembrar a todos de que também tinha poder.
— Sofia, precisamos conversar sobre os termos do testamento — murmurou ele com a voz baixa, enquanto nossos “convidados” começavam a dispersar.
A urgência em sua voz mostrava que ele não perderia tempo para deixar claro o que eu devia fazer. Eu podia ver a expectativa dele de que eu acatasse cada ordem.
Sem responder, indiquei que ele me seguisse até o escritório que agora era meu, embora o peso do lugar ainda parecesse pertencer a ele. Os móveis de couro, as paredes de madeira escura, o cheiro do tabaco do meu pai, que ainda persistia, tudo ali exalava sua presença.
Assim que fechei a porta, fui até a cadeira de couro atrás da mesa, sentando-me com o máximo de rigidez. Vincenzo ajeitou os óculos e abriu uma pasta de couro desgastada, tirando dela um papel que parecia pesar uma tonelada.
— Seu pai sabia que sua morte traria certos… desafios — ele começou, medindo as palavras com cuidado. — Ele fez arranjos para garantir a proteção da família e do império.
Cruzei os braços, arqueando uma sobrancelha, sentindo a familiaridade desconfortável de quando meu pai me usava como peça em seus jogos.
— Vincenzo, não quero rodeios. Qual é o “arranjo” que meu pai fez?
Ele suspirou, parecendo um pouco desconfortável pela primeira vez em anos.
Era raro ver Vincenzo hesitar.
“Isso não deve ser bom.”
— Seu pai… firmou um acordo de paz com a família Moretti. Um casamento entre você e Leonardo Moretti para unir as famílias.
As palavras dele foram como um soco no estômago.
Leonardo Moretti.
O nome por si só exalava perigo.
Ele era famoso por sua brutalidade, e rumores sobre seus métodos e segredos escusos circulavam como lendas urbanas.
Esse homem… meu marido?
— Você está me dizendo que meu pai me prometeu como um bem de barganha? — falei, com a voz fria e controlada, mas sentindo o sangue ferver por dentro.
Como ele pôde…
— Foi a única forma de manter a segurança de todos. Seu pai sabia que, sem um vínculo sólido entre as famílias, a guerra seria inevitável — disse ele, a voz tão prática que me deu náuseas. Vincenzo não via o casamento como algo emocional, para ele, era uma transação como qualquer outra.
Fechei os olhos, respirando fundo, tentando digerir aquilo.
Minha vida, minha liberdade… tudo agora estava à mercê de um casamento com um homem que eu sabia ser implacável.
"Você tem medo, Sofia?", a voz do meu pai retornou como um sussurro.
Eu podia ouvir a resposta clara em minha mente. Não, eu não tinha medo. Não depois de tudo que passei para chegar até aqui. Mas a ideia de ser “entregue” a Leonardo Moretti…
Vincenzo me observava, esperando uma reação, uma fraqueza. Quando abri os olhos, fiz questão de encará-lo de forma dura.
— Se é isso que precisa ser feito, então eu farei. — minha voz saiu firme, fria. — Mas não espere que eu seja uma esposa submissa, Vincenzo. Esse casamento pode unir as famílias, mas eu não me ajoelharei para ninguém.
Ele me olhou por um momento, algo que quase parecia… respeito em seu olhar.
— Esperava essa resposta de você, Sofia. Esse é o espírito da família Romano. — Ele se levantou, satisfeito. — Você conhece Leonardo esta noite. Um jantar privado foi arranjado.
— Esta noite? — Um frio percorreu minha espinha, mas mantive o rosto impassível.
Não podia mostrar fraqueza agora. O peso da noite se tornava mais real.
Conhecê-lo.
Olhar para os olhos do homem que controlará minha vida.
Quando Vincenzo saiu, permiti-me fechar os olhos por um instante. Esse casamento não seria uma união, mas uma guerra silenciosa, e eu precisaria estar preparada para enfrentar o homem que, em breve, estaria não só ao meu lado, mas também contra mim.
“Ninguém tira o controle da minha vida. Nem mesmo Leonardo Moretti."
Eu repetia essa frase em minha mente como um mantra, uma promessa silenciosa. Essa era minha herança, meu legado. E eu iria provar que estava pronta.
Epílogo :Meses depois, um pequeno jornal local noticiou o fim de uma das maiores organizações criminosas da história. A manchete dizia: "O fim do ”Cerchio Nero” : uma nova era começa." Ninguém sabia dos sacrifícios que haviam sido feitos para chegar ali. Mas eu sabia. E mesmo que o peso das escolhas ainda estivesse comigo, sabia que havia feito o que precisava ser feito. A era de La Regina Nera e do ”Cerchio Nero” havia acabado. E a minha estava apenas começando. ❤️🔥❤️🔥🩵O sol da manhã filtrava-se pelas grandes janelas da casa, iluminando o salão amplo e decorado com tons suaves e elegantes. Era uma casa longe do caos das cidades, cercada por campos verdes e uma vista para o horizonte que parecia não ter fim. Aqui, finalmente encontrei algo que durante anos parecia inatingível, paz. Sentada em uma poltrona de couro macio, observava Leonardo no jardim, correndo atrás de Daniel,
Capítulo 103: “O Fim de Uma Era” (Sofia Narrando) A mansão estava em silêncio. O tipo de silêncio que antecede uma tempestade. Eu sabia que o fim estava próximo, e cada fibra do meu ser estava em alerta. Caminhei pelos corredores que já tinham sido o coração do “Cerchio Nero”, agora vazios, exceto por sombras de um império que estava prestes a ruir. Leonardo estava ao meu lado, com a expressão tensa. Ele era minha âncora, mas até ele sabia que esta batalha era minha. Não se tratava apenas de derrotar La Regina Nera ou acabar com a organização que ela construiu. Tratava-se de me libertar de uma história que eu nunca escolhi viver. Chegamos ao grande salão onde tudo começou. O brasão da serpente mordendo a própria cauda e a coroa estilizada ainda decorav
Capítulo 102: “A Escolha de Sofia”(Sofia Narrando) A última investida havia nos levado ao limite, mas sabíamos que o maior desafio ainda estava por vir. Leonardo estava ao meu lado, observando os poucos aliados que haviam sobrado, enquanto minha mente fervilhava com as palavras de La Regina Nera. "O Cerchio Nero é maior do que você, maior do que eu. Destrua-o e verá o caos que surgirá no vácuo de poder."Era como um eco persistente que eu não conseguia apagar. Tudo que minha mãe, ou a mulher que em toda a minha vida eu pensei ser minha mãe, havia feito era baseado nessa crença. Mas será que eu acreditava nisso também? Leonardo quebrou o silêncio com a voz firme, mas cansada: — Precisamos decidir o próximo passo. Não temos muito tempo antes que La Regina Nera recupere o controle completo da situação. Eu me sentei em uma das cadeiras, passando as mãos pelos cabelos enquanto tentava organizar meus pensam
Capítulo 101: “O Último Refúgio”(Leonardo Narrando) O ar na mansão parecia pesado, como se a própria atmosfera carregasse a história sombria que aquelas paredes escondiam. Os passos de Sofia ecoavam pelo salão, firmes, mas hesitantes, como se cada passo carregasse o peso das revelações que ela acabara de descobrir. Eu estava logo atrás dela, atento, com a arma preparada. No centro do salão, os dois brasões estavam esculpidos no mármore brilhante, o símbolo do “Cerchio Nero”, a serpente mordendo o próprio rabo, e a coroa estilizada, marca registrada de La Regina Nera. — Então é aqui que tudo termina — murmurei, observando cada canto em busca de sinais de perigo. Sofia não respondeu. Seus olhos estavam fixos nos símbolos, como se tentasse encontrar respostas para todas as perguntas que atormentavam sua mente. As luzes começaram a apagar uma a uma, até que apenas um foco iluminava o centro do salão. Um som de passos e
Capítulo 100: “A Batalha Silenciosa”(Leonardo Narrando) A guerra contra La Regina Nera atingia um ponto crítico. O ar parecia mais pesado a cada esconderijo invadido, a cada operação desmantelada. Os passos que dávamos eram decisivos, mas carregavam um risco crescente. Não havia mais espaço para erros, e a tensão entre Sofia e eu estava no limite. Estávamos na base temporária, examinando os documentos da pasta que peguei. As informações eram claras, havia uma reunião de alto escalão do “Cerchio Nero” marcada para dali a dois dias. O local seria uma mansão em Verona, conhecida por suas defesas impenetráveis. Sofia estava inclinada sobre a mesa, analisando as rotas de tráfico que identificamos. — Se atacarmos estas rotas agora, La Regina Nera ficará vulnerável na reunião. Eles estarão em desvantagem — disse ela, apontando para os mapas. Assenti, mas não pude deixar de notar as sombras em seu rosto. A r
Capítulo 99: “O Plano de Desmonte”(Leonardo Narrando) O corpo de Clara estava pendurado, um espetáculo grotesco para todos que a encontrassem. Seus olhos, outrora cheios de arrogância, agora estavam opacos, fixados em algum ponto distante. O símbolo gravado em sua pele era a assinatura fria e calculista de La Regina Nera. Olhei para Sofia, que estava ao meu lado, seus olhos fixos na cena. O silêncio entre nós era pesado, como se as palavras não fossem suficientes para explicar o que estava diante de nós. – Ela sabia demais – murmurei, quebrando o silêncio. Sofia desviou o olhar do corpo, cruzando os braços. – Claro que sabia. Clara sempre soube onde estava se metendo. As palavras de Sofia carregavam um rancor antigo. Clara não era apenas uma peça nesse jogo, ela tinha sido um lembrete constante de um passado que Sofia desejava esquecer. – Ela se uniu a La Regina Nera por vingança, So
Último capítulo