A Vida de Anyelle muda drasticamente, quando o morro onde mora é invadido e seus pais são mortos a sangue frio. Com a ajuda de seu padrinho ela foge do morro, mesmo passando por situações difíceis e se escondendo de um possível assassino, ela encontra uma pessoa que a ajudará a se reerguer e seguir sua vida longe do Brasil. Anos depois se torna uma mulher forte, determinada e sem medo do perigo. Estudou para ser a melhor policial e conseguiu seu objetivo. Agora ela está de volta ao morro e veio em busca de sua Doce vingança. Ela vai descobrir que nem tudo é oque parece e que sua vingança pode não ter sentindo nenhum. Ela ficará Entre a Lei e o Crime e sua decisão pode afetar não só a ela, como todos envolvidos.
Leer másAnyelle
10 anos Antes — Estão invadindo o morro, filha vai para o quarto blindado, e só abra a porta quando eu, ou seu padrinho aparecer. — E a mamãe? — Já mandei uns vapores procurarem ela, fica calma minha princesa, o papai vai voltar. Ele sai e eu me tranco no quarto blindado, começo a chorar desesperada. Já aconteceu várias invasões, e meu pai sempre vence. Mas dessa vez eu me sinto angustiada. Escuto tiros cada vez mais altos, e me encolhi com medo. Alguém b**e na porta e eu me assusto. — Filha abre, é a mamãe. Abro a porta e abraço a mamãe, ela estava junto com um vapor. - Entra patroa, e já sabe, não abram a porta para ninguém. Fico abraçada a minha mãe, e choramos juntas. — Filha me escuta, não saia daqui por nada. — Onde vai mamãe? — Vou atrás do seu pai, sinto que ele precisa de mim. — Não vai mamãe, tem muito tiro. — A mamãe sabe se defender amor, fica aqui, eu já volto, e vou trazer seu pai junto. — Não mamãe . — Filha, você já tem 13 anos, é uma mocinha, entenda meu amor, a mamãe precisa ajudar nosso morro, eu ficarei bem, não é a primeira vez que a mamãe vai a guerra, eu te amo Any, tranque a porta. Ela sai e eu tranco a porta chorando muito, aquela angustia não sai de mim. Passou horas e os tiros diminuíram. Batem na porta e eu sorrio, ouvindo a voz do dindo. — Any abre a porta rápido. — Dindo — Any me escuta, você precisa fugir, o morro foi tomado. — Cadê o papai e a mamãe? — O PH matou os dois. Meu mundo caiu, desmoronou, se destruiu. — Any olha pra mim, o Ph matou o Terror, e depois matou sua mãe, para ela não assumir o morro, e agora ele esta atrás de você, e quer te matar, pois você é a herdeira do morro. Any precisamos fugir, vou te manter segura princesa. Eu paralisei, não conseguia falar nada, só queria meus pais aqui. — Princesa não temos tempo de levar nada, peguei um dinheiro do cofre do seu pai, guarda isso com você, temos que ir Any. Descemos correndo, encontramos alguns vapores do tal Ph no caminho, e meu dindo matou todos. Ficamos um tempo escondidos em um beco. Até meu dindo ser rendido por um cara. — Any corre... fuja! Saí correndo, e ouço um disparo, olho para trás, e vejo o meu dindo morto, com um tiro na cabeça. Corri o mais rápido que pude, fui me escondendo entre os becos, até conseguir sair do morro. Eu já estava bem longe do morro, mas continuei correndo, quando eu já não aguentava mais, parei um pouco. Fiquei caminhando sozinha, naquela madrugada fria, correndo o risco de ser assaltada, estuprada ou até morta. Eu não sabia o que fazer, não tinha pra onde ir. Perdi meus pais e meu dindo, minha única família, estou sozinha nesse mundo. Senti que estava sendo seguida, olho várias vezes para trás, um homem aponta uma arma pra mim. E já penso que é do bando do PH. - Anda, passa a mochila e não faça escândalo ou eu atiro. Entreguei minha mochila a ele, com medo, mas um pouco aliviada por não ser um cara do PH. Melhor assaltada do que morta. Já estava caminhando por horas, não sabia que horas eram, a noite estava fria e minha barriga estava roncando. Vi que eu tinha alguns trocados no bolso do meu shorts, lembro que foi o troco do picolé que comprei antes de tudo acontecer. Logo a frente vi uma lanchonete e entrei para ver oque eu conseguia comprar com 4,25. A garçonete vem até mim e a reconheço, era a Bruna, filha da antiga dona da lanchonete lá do morro. Eu lembro que adorava os salgados de lá. — Anyelle, quanto tempo. — Oi Bruna, faz muito tempo mesmo. Como está a dona Carla e o senhor Alberto? — Morando em Londres, papai recebeu uma proposta de emprego e desde então vivem lá. — Que legal, fico feliz por eles. — Então me conta, fugiu de casa, porque tá sozinha a essa hora na rua? Eu conto tudo a Bruna, e ela me ouve atenta. — Meus Deus, sangue de Jesus tem poder, como você sofreu menina. Você precisa sair das ruas, é perigoso demais, você deu sorte por ter sido apenas roubada. Me espera aí, logo estou saindo do trabalho e te levo para minha casa. Fui com a Bruna, como a conhecia, fiquei um pouco tranquila. Pelo menos por essa noite não iria dormir nas ruas. — Só tem um quarto, podemos dormir na mesma cama, se você não se incomodar. — Claro que não me incomodo, você já ta fazendo muito por mim. Eu penso em tudo que passei hoje, queria que fosse um pesadelo e quando eu acordasse meus pais estivessem aqui, mas sei que não será assim, eu nunca irei vê-los novamente. Eu juro que vingarei a morte dos meus pais, e do meu dindo, e o pior que nem sei se vó Olivia e o Gabriel estão vivos. Biel é filho do dindo e vó Olivia mãe, a considero como vó. Ph eu te odeio com todas as minhas forças, e te farei pagar por todo mal que me causou. ... Depois de vários pesadelos eu me acordo, tive uma péssima noite. Vejo que a Bruna ainda dorme, coitada, passou a noite cuidando de mim. Levantei, fiz minha higiene com uma escova que ela me deu ontem. Fui até a cozinha e preparei alguma coisa para eu e Bruna, posso está sendo incoveniente em mexer nas coisas dela, será que ela vai se incomodar. — Bom dia florzinha, acordou cedo. — Bom dia Bru, eu fiz o café, desculpa mexer nas suas coisas. — Que isso, eu disse para ficar a vontade. — Vem, vamos tomar café. — Então como você ta se sentindo hoje? — Melhor, mas ainda dói. — E vai doer ainda por muito tempo, você é tão jovem, não merecia tá passando por isso. — Oque vou fazer da minha vida, não tenho parentes. — Você pode ficar comigo. — Mas não tenho como pagar e nem posso trabalhar. — Não se preocupe com isso, vamos nos virar. Bruna foi trabalhar e fiquei sozinha em casa, a noite chegou e já fiz o jantar, eram nove horas, e a Bru só chega de madrugada. Fiquei assistindo o jornal, vi uma reportagem que me deixou em pânico. "O morro Senegal foi tomado essa noite, o antigo dono, Alexandre Soares, vulgo Terror, foi morto junto com sua esposa Priscila, o novo dono é o jovem Phellipe, vulgo PH de 18 anos. Nosso helicóptero está sobrevoando o morro, e da para ver nitidamente vários corpos no chão."Liz O sol banhou o Morro Senegal em um brilho dourado, mas aquele não era um dia comum. Era o dia do meu casamento com Brandon. E desta vez, não era apenas um pacto de amor e poder entre nós dois, era uma celebração que selava a nova era do morro sob os olhos de todos, incluindo minha família, que já haviam retornado das férias. A pequena igreja da comunidade, um refúgio de fé e tradição no coração do morro, estava abarrotada. Seus bancos de madeira simples mal comportavam a multidão que ansiava por testemunhar. O cheiro de flores frescas e incenso se misturava ao perfume familiar da pólvora e do suor que permeava cada viela. Era o nosso santuário, e ali, diante de Deus e dos nossos, iríamos nos unir. Eu caminhava pelo corredor, o vestido branco, era uma visão que parava o tempo. Longe de ser um traje de noiva tradicional e volumoso, ele era a personificação da minha força e elegância. Confeccionado em um crepe de seda pesada e fluida, com um brilho sutil que capturava a luz, ele
Liz Os dias que se seguiram transformaram o Morro Senegal num palco para a minha vontade. A cada nascer do sol, as punições impostas aos traidores se desenrolavm, cravando minha autoridade na mente e no corpo de cada morador. O Coveiro, sujo e exausto, era a prova viva de que a arrogância se pagava com a miséria. A Velha Coruja, com sua faixa, tornou-se a voz que proclamava minhas vitórias. E Beto Sem-Braço, com seu corpo moído pelo trabalho forçado, era um monumento a insubordinação. O Morro Senegal respirava um ar de respeito. Os boatos cessaram, os murmúrios se transformaram em ordens obedecidas. A paz, a minha paz, havia sido imposta. E com ela, a prosperidade começava a florescer sob o meu pulso firme. As "bocas" funcionavam sem problemas, o dinheiro fluía, e até as famílias mais afastadas sentiam a diferença de ter uma Patroa atenta. Uma noite, a brisa trazia o cheiro de maconha das bocas de fumo e o som abafado de um samba distante. Eu estava na varanda da minha casa, obser
LizO cheiro de suor e pólvora ainda estava impregnado nas minhas narinas quando estacionei a moto na boca do morro. A adrenalina da caçada a Marcus começava a se dissipar, dando lugar a uma satisfação fria. A lição havia sido dada, e o recado claro: o Morro Senegal tinha uma nova patroa, mesmo que temporária, e ela não tremia nas bases. Ph, meu pai, sabia que podia contar comigo para manter a ordem enquanto ele aproveitava suas merecidas férias.Brandon se aproximou, limpando o sangue seco de Marcus da sua mão com um lenço. Seus olhos encontraram os meus, e um aceno de cabeça mudo trocamos. Aquele era o nosso idioma, o entendimento sem palavras que só existia entre quem compartilhava o mesmo tipo de fardo.— O Chris tá lá dentro com uns vapores, patroa. Parece que tem uns recados chegando — ele disse, sua voz rouca, como sempre.Meus passos ecoaram no corredor estreito da boca. Lá dentro, a fumaça de cigarro e o cheiro doce de maconha disputavam espaço no ar abafado. Chris estava sen
Liz — Ele pagou? — Minha voz soou impaciente no celular. Já passava das quatro da tarde, e Marcus ainda não havia dado as caras. — Não, patroa, ele sumiu. O vapor que estava na cola dele disse que ele despistou. Um arrepio frio percorreu minha espinha, mas não de medo, e sim de uma raiva crescente. Sumiu? Comigo, ninguém sumia. — Ele não sabe com quem está mexendo. Reúna os vapores. Quero todos na boca em cinco minutos. — Sim, patroa. Olhei para Brandon, que estava ao meu lado, sua expressão séria refletindo a minha. — Ele vai se arrepender de ter nascido. — Sussurrei, mais para mim mesma do que para ele. Brandon apenas acenou, seus olhos fixos em mim, entendendo a fúria que eu sentia. Não era só sobre o dinheiro, era sobre autoridade. Era sobre mostrar quem mandava agora no Morro Senegal. Chegamos a boca e os vapores já estavam reunidos. A tensão era palpável no ar. Todos sabiam que Marcus havia cruzado uma linha. — Escutem bem. — Minha voz cortou o silêncio. — Marcus sumiu
Um Ano Depois Liz Um ano desde que a minha vida virou de cabeça para baixo e se reajustou em um novo eixo. Um ano desde que a verdade sobre minha origem veio a tona e eu abracei o que sempre esteve em meu sangue. Agora, aqui estamos, uma família unida e feliz. Meu sangue, meu povo. — Cadê os meninos? Vamos chegar atrasados. — A voz da minha mãe ecoou pela casa, carregada de uma urgência divertida. — Ryan está descendo com eles. — meu pai avisa, segurando as últimas malas para colocar no carro. Os gêmeos estavam descendo as escadas com a ajuda de Ryan, eles ainda estavam aprendendo a andar, e era a coisa mais fofa do mundo. Um calor reconfortante invadiu meu peito ao vê-los, uma sensação que só eles conseguiam provocar. — Não aguento essas fofuras, venham dar um beijo na melhor irmã do mundo. — Meus pequenos cambalearam em minha direção, com uma energia contagiante. Eu os peguei nos braços, dando beijos que os fizeram gargalhar até ficarem sem ar. Era o som mais doce do mundo.
PH Acordei em um quarto estranho, cercado por aparelhos apitando ritmicamente. As lembranças da noite anterior invadiram minha mente como uma avalanche, e uma onda de preocupação me atingiu. A última imagem nítida era Any, pálida, com sangue escorrendo. Virei a cabeça com dificuldade e vi Ryan dormindo pesadamente em uma cadeira ao lado da cama. — Ryan! — minha voz saiu rouca, um fio de som. Ele sobressaltou, os olhos arregalados antes de se suavizarem em um sorriso aliviado. — Pai! Que bom que acordou! — Como está a Any? Ela estava sangrando.— a urgência na minha voz era inegável. — Está tudo bem agora, pai. Os gêmeos nasceram e estão ótimos. — Nasceram? — a pergunta escapou, carregada de incredulidade. — Sim, e a mãe está revoltada. Nasceram mais dois filhos loiros de olhos azuis. — Ryan riu. Um sorriso fraco brotou em meus lábios. Any sempre ficava possessa com a genética teimosa que insistia em gerar filhos com minha aparência. Ryan, Liz, Isaac e agora os gêmeos. O cabe
Último capítulo