Anyelle
Meu sangue ferveu na hora, comecei a chorar desesperada. Desgraçado maldito! Fiquei no chão chorando, até que a porta se abre, e uma Bruna com sangue nos olhos aparece, mas ainda são dez da noite. — O que aconteceu? — Fui demitida — Nossa sinto muito, o que houve? — Eu tive uma leve discussão com um cliente. — Leve? — Ta, eu soquei a cara do imbecil, mas ele passou a mão em mim. — Que absurdo. — Minha única preocupação agora, é como vamos nos sustentar. — Eu vou embora — O que, nem pensar, pra onde você vai, eu sou responsável por você agora. — Eu não posso viver a suas custas Bru. Eu preciso me virar. — E pra onde a senhorita pensa em ir. Sua única família ta de baixo de sete palmos... Ah Any me desculpa, as vezes não controlo minha língua. — Tudo bem Bru, é a realidade. — Você não vai embora. — Mas eu só tenho 13 anos, ainda não posso trabalhar, como vou te ajudar. — Vamos dar um jeito, eu irei procurar outro emprego. A Bruna é uma pessoa maravilhosa, me reencontrou ontem depois de anos, e já me trata como uma irmã, ela nem parece ter seus 18 anos, é um doce de pessoa e tão madura. ... Semanas se passaram, e Bruna ainda não havia arrumado emprego, e o dinheiro que ela recebeu do antigo trabalho já estava acabando. — Any, meus pais me ligaram, e eu falei toda situação que estávamos passando, e eles querem que a gente vá morar com eles. — Mas seus pais moram em Londres. — Sim e nós iremos. — Nós? — Claro, sou sua irmã, e não te deixarei. Meus olhos lacrimejam. — Eu juro que um dia irei te recompensar por tudo que tem feito por mim. — Só em ver esse seu sorriso já estou recompensada. Dias Depois Como eu precisei fazer a solicitação da segunda via de meus documentos e passaporte, devido ao roubo, não pudemos ir atrás do visto. Porém acabei de recebe-los e já fomos na entrevista para tirar o visto. Já havia feito viagens internacionais com meus pais. Mesmo meu pai sendo procurado pela polícia, sempre viajamos em jatinhos particulares, e a polícia nunca o pegou. Mas fomos surpreendidas com a necessidade da autorização dos pais para viagem. Sou menor de idade, e não pensamos que precisaria de permissão assinada, mesmo viajando com uma pessoa maior de idade. — Que droga Bruna, porque não avisaram antes, só fizemos gastar dinheiro com o pedido de entrada dos vistos. — Não podemos sair do país sem autorização dos seus pais. — Meus pais morreram, eles tem que entender. — Se souberem te levam para um orfanato Any, eu não tenho nenhum parentesco com você para ser responsável. — Oque faremos? Ficamos ali sem saber oque fazer, já sinto lágrimas nos olhos. Percebo um velho me olhando e já sinto medo de ser um homem do Ph. — Bruna, aquele cara não tira os olhos de mim. — Pedófilo, esse cara tem a idade do meu avô. Vou armar barraco. — Não Bru, e se ele for homem do Ph. Temos que sair daqui. Antes de conseguir sair, o homem se aproxima e já me preparo para correr. - Anyelle ? — Não, você me confundiu. - Eu sou Celso Lopez, o advogado do Alexandre. — eu lembro desse nome, Celso Lopez, meu pai já falou dele. — Eu te procurei tanto depois que soube da morte de seus pais. — O que você quer com ela? — Bruna pergunta com desconfiança. — Eu fui muito fiel ao seu pai, e ele me deixou uma missão. — Missão? — pergunto sem entender, meu pai nunca comentou nada sobre. — Sim, venham comigo. — Só avisando que eu tenho um spray de pimenta e sei usá-lo. — Bruna fala me defendendo. Fomos com ele até uma sala. — Você tem os olhos da sua mãe.— ele diz e me sinto triste, nunca vou me conformar com essa perda. — Deixa de falar nos olhos dela e vamos focar no assunto que nos trouxe aqui. Ele me entrega uns papéis e eu leio, mas entendo nada. — O que é isso? — O testamento do seu pai. Ele deixa tudo pra você e sua mãe, mas como sua mãe também faleceu, tudo vai pra você, todos os bens dele, como a casa na praia e a fazenda, além de uma boa quantia em dinheiro, mas que você só pode retirar quando fizer 18 anos. Porém receberá todo mês uma pensão para se sustentar. — Eu tô rica? — Diria milionária, seu pai tinha muito dinheiro. — Olha só minha florzinha, que notícia boa. — E como eu faço para receber esse dinheiro? — Como eu disse, você só pode retirar o dinheiro quando tiver 18 anos, mas a pensão você receberá todo mês. Como seus pais tinham medo que acontecesse algo a eles, me foi dado a missão de redigir uma documentação que a torna emancipada. — Nossa isso é ótimo, facilitará minha vida. — Podemos resolver tudo hoje mesmo. — Claro, quanto antes melhor. Passamos praticamente a tarde toda assinando papelada, recebi na hora um cartão, onde será debitado a pensão que receberei todo mês. E o número da conta onde se encontra meus milhões. Meu Deus, eu tô rica. — Ainda vai querer ir para Londres, você esta rica agora. — Bruna diz animada. — Nós estamos ricas amiga, e sim irei. Quanto mais longe eu ficar, melhor. — Seu cartão é internacional, então não terá problemas em usá-lo em outro país. Mas peço que assim que fizer 18 anos, abra uma conta no país que mora e transfira uma parte de seu dinheiro, para não está precisando voltar ao Brasil para ir a banco. — Entendido e as propriedades? — Tudo está em seu nome, você decide oque fazer com elas. Apenas as casas do morro que não será possível reverter a situação, você não pode nem pensar em voltar lá. — Mas as casas do morro continuam sendo minhas? — Sim, você é a única herdeira, mas agora ele foi tomado, e se eu fosse você nem chegaria mais perto de lá, você viu oque aconteceu com meu amigo e sua mãe. Você está milionária Anyelle, nem vai sentir falta das casas daquele lugar. Engano seu, foi o lugar onde me criei e vivi com meus pais, Claro que sentirei falta e vou querer de volta. — Tudo bem, ficarei longe. — Com essa emancipação não teremos problemas em viajar para fora do país, não iremos mais precisar de autorização? — Não, é como se ela fosse maior de idade e totalmente independente. — Celso pode nos ajudar a tirar o visto, acho que você como advogado pode acelerar as coisas. — Sim, como trabalho aqui, farei o possível para adiantar as coisas, não se preocupem, logo estará com seu visto em mãos. Agradeço ao Celso e saio feliz de lá, tenho todas as documentações dos meus bens guardadas em um cofre. Agora é seguir minha vida. Claro que não saiu de graça esse trabalho, Celso recebeu uma fortuna do meu pai e também tive que pagar a ele uma grande quantia, mas valeu a pena, ele foi realmente bem fiel ao meu pai, pois se fosse outro, eu tinha levado um golpe e nunca iria saber da minha fortuna. Agora é uma nova vida em Londres, mas nunca esquecerei oque passei aqui, um dia eu voltarei e me vingarei.