Ela fugia da dor. Ele vivia sua despedida de solteiro. Um acidente. Uma noite. E um amor que mudará tudo. Celina acreditava viver um casamento perfeito… até ser traída da forma mais cruel. Com o marido sempre dormindo fora e cada vez mais distante, sua alegria foi se apagando junto com a mulher que ela costumava ser. Em um último esforço para salvar a relação, decide fazer uma surpresa. Mas é ela quem recebe o golpe final. Após flagrar o marido nos braços da secretária, ela sai sem rumo pelas ruas, afoga-se na bebida e, sob o tempo chuvoso, atropela um morador de rua. Com medo de escândalos, decide levá-lo a um hotel para prestar socorro sem imaginar que aquele homem sujo e misterioso, despertaria nela desejos incontroláveis. E assim, vivem uma noite de puro prazer. O que seria apenas uma noite intensa, se transforma em um turbilhão de reviravoltas. Expulsa de casa e agredida pelo marido, Celina precisa reconstruir sua vida. Mas o destino a surpreende mais uma vez: na entrevista para um novo emprego, ela reencontra o homem do hotel. Agora, limpo, elegante… e seu novo chefe. Thor Miller. Um homem arrogante, frio e que a todo momento finge que nunca à viu. E como se não bastasse, ele está noivo. E Celina, grávida. Entre amor e ódio, verdades perigosas, cicatrizes do passado e segredos que ameaçam o futuro, os dois precisarão encarar uma conexão que começou por acaso e que tem o poder de mudar tudo.
Leer másO silêncio cortante da manhã foi o primeiro golpe que atingiu Celina ao despertar. Não era apenas a ausência de som — era a ausência dele. De novo. O lençol de cetim, frio e intacto ao seu lado, gritava uma verdade que ela já não conseguia mais ignorar: César não havia voltado para casa. E aquilo se repetia há meses.
Com os olhos ainda grudados pela noite mal dormida, ela permaneceu imóvel, encarando o teto branco do quarto gigantesco que mais parecia um palco abandonado. A mansão, imponente por fora, era agora uma prisão dourada por dentro. O luxo dos móveis, as obras de arte nas paredes, os arranjos de flores perfeitamente trocados pelas mãos das funcionárias... tudo era supérfluo diante do vazio que consumia seu peito. Ela se sentou devagar, com um nó apertando a garganta. Os pés descalços tocaram o chão gelado. O eco dos seus próprios passos, enquanto caminhava até o closet, parecia zombar da solidão que a rodeava. Parou diante do enorme espelho e se encarou. O reflexo a fez prender a respiração. “Será que estou feia?” — pensou, apertando os próprios braços como se buscasse abrigo em si mesma. “Será que estou envelhecendo? Será que ele encontrou alguém melhor? Mais bonita? Mais interessante?” Seus olhos vasculhavam o próprio corpo com uma crueldade silenciosa. As olheiras denunciavam noites maldormidas. A pele estava opaca, sem o brilho que costumava exibir. Os lábios, secos, já não sorriam como antes. O brilho nos olhos... havia sumido. Mas o pior não era o que via. Era o que sentia. “Será que deixei de ser suficiente?” Ela respirou fundo, os olhos marejando. A voz interna sussurrava todas as suas inseguranças — a rejeição, a solidão, o medo de estar sendo esquecida, descartada. Aquela mulher no espelho não era a Celina que César conheceu. Mas estava ali. Ferida, sim. Mas ainda de pé. Ela levou a mão aos cabelos soltos e, naquele momento, uma fagulha reacendeu. Não era raiva. Era dor transformando-se em impulso. — Eu não vou me destruir por isso… — murmurou, com a voz embargada. — Eu vou me lembrar de quem eu sou. Determinada, começou a escolher roupas. Roupas que há tempos não usava. Vestidos que acentuavam suas curvas, sapatos que a faziam caminhar como quem sabe onde pisa. Revirou as gavetas até encontrar uma lingerie preta de renda fina, ainda com etiqueta. Presente de uma época em que ela ainda acreditava que eles se amariam para sempre. Separou tudo com cuidado. Depois, ligou para o Spa que costumava frequentar antes da vida começar a desmoronar. Horas depois, Celina estava mergulhada em um processo de renascimento. As mãos delicadas da esteticista faziam massagens em seus ombros tensos, enquanto uma playlist suave preenchia o ambiente. Fez as unhas, depilou-se, cuidou da pele, do cabelo. A maquiagem realçou seus olhos verdes e suavizou seus traços marcados pelo cansaço. Quando se olhou no espelho do salão, no fim da tarde, mal se reconheceu. A mulher que a encarava estava deslumbrante. Forte. Pronta. Ao volante, o céu nublado acompanhava sua trajetória até o prédio espelhado da Brown Advocacia. Cada quilômetro percorrido era um confronto com seus próprios sentimentos. No coração, um turbilhão: medo, esperança, dor, desejo, dúvida. Ela não sabia o que encontraria ali. Só sabia que precisava tentar. Precisava olhar nos olhos dele. Precisava se lembrar do que um dia foram. Precisava, ao menos uma vez, lutar por si mesma — não como a esposa que foi deixada de lado, mas como a mulher que ainda merecia amor. Quando estacionou diante do prédio, já estava anoitecendo, o céu estava carregado de nuvens escuras. O expediente estava prestes a terminar. E Celina estava pronta para a verdade. Ela dirigir-se até o elevador e seguiu até a sala da presidência. Celina abriu a porta do escritório e seu mundo desmoronou. César, seu marido, estava entrelaçado no corpo de outra mulher. Nicole estava jogada sobre a mesa, os cabelos loiros desarrumados, os lábios entreabertos em puro prazer. As pernas estavam enroscadas na cintura de César, as mãos cravadas em suas costas. Ela foi a primeira notar sua presença. Um sorriso de satisfação surgiu em seu rosto. Seus olhos brilhavam com malícia, como se já esperasse aquele momento, como se quisesse que Celina a visse ali, tomando o que era dela. Foi só então que César percebeu sua esposa parada à porta. Ele se virou lentamente, sem pressa, sem susto. O olhar que lançou para Celina não demonstrava culpa. Não demonstrava arrependimento. Apenas frieza. Como se nada tivesse acontecido. Como se ela não significasse nada. César apenas a encarou, sem emoção e continuo o ato com a secretária friamente. Celina deu um passo para trás, sentindo que não suportaria mais um segundo ali, virou-se e saiu aos prantos, transtornada. Ela entrou no carro e, sem pensar, parou no primeiro bar que viu e bebeu. Saindo de lá, ligou o motor e acelerou. Saiu sem rumo pelas ruas de São Paulo. A chuva caía fina, misturando-se às lágrimas que escorriam pelo rosto de Celina. Dirigia sem rumo, ofegante, a mente entorpecida pela dor de ter flagrado a traição. O mundo parecia girar em câmera lenta, até que tudo acelerou num segundo. Ela atravessou um sinal vermelho sem notar. Um vulto surgiu. Um corpo. Um impacto. — Meu Deus! — gritou, pisando no freio com força. O carro parou com um tranco seco. Celina correu para a frente, o coração na boca. O homem estava caído, gemendo baixo. Era um morador de rua, mas não como ela imaginava. Tinha o corpo forte, os ombros largos e definidos mesmo sob a camisa molhada. O rosto, apesar da sujeira, era bonito. Revelava traços firmes e olhos intensos. — Você está bem? Eu... eu não te vi! Quer ir ao hospital? — perguntou, agachando-se ao lado dele. — Tô bem... acho. Só doeu a perna. Mas tô vivo — disse, tentando se levantar. Celina hesitou. O sobrenome Brown pesava em sua mente. O medo de alguém reconhece-la, de tudo virar manchete no dia seguinte, apertava seu peito. Um escândalo arruinaria ainda mais o que restava de sua vida. — Olha... posso te ajudar. Não quer ir pra um hospital, mas... Posso te levar num hotel. Um lugar quente pra descansar, tomar um banho, se cuidar. — Por quê você faria isso? — Porque eu... preciso fazer alguma coisa. Ele a olhou, desconfiado, mas depois assentiu. Ela o ajudou entrar no carro. O silêncio era tenso. Quando chegaram ao hotel, ele era simples e discreto. Celina subiu com ele até o quarto. — Vai, toma um banho. Eu espero aqui — disse, sentando-se na beirada da cama. Ele a encarou por um segundo, depois entrou no banheiro. Enquanto ouvia o som da água caindo, Celina respirou fundo. O cheiro do quarto era limpo, diferente do caos que carregava por dentro. Quando ele saiu do banho, com os cabelos molhados, toalha enrolada na cintura, Celina o olhou em silêncio. Bonito. Tão real. Mais real do que tudo o que tinha deixado para trás naquela noite.Thor e Arthur chegaram na mansão depois de quase duas horas de missão. Thor carregava orgulhosamente as sacolas com as coxinhas ainda quentinhas, o açaí bem gelado, guaraná brasileiro e um generoso estoque de paçoca. Arthur vinha logo atrás, equilibrando as caixas como se carregasse ouro. Ao entrarem na casa, foram recebidos por Zoe e Celina que praticamente saltou do sofá. — Finalmente! — Celina exclamou com um sorriso enorme, pegando logo a sacola das coxinhas. — Vocês salvaram uma grávida faminta! — Uma grávida e uma gulosa — Arthur sussurrou para Thor, recebendo um olhar atravessado de Zoe. — Eu ouvi, hein? — Zoe apontou o dedo, fingindo seriedade. — Cuidado, Arthur, posso ser pequena, mas sou rápida! Celina já estava sentada, devorando a primeira coxinha com uma felicidade tão pura que arrancou risos de todos. — Isso aqui… — ela disse, fechando os olhos em puro deleite — parece que foi feito no céu. E esse guaraná… Nossa, vocês não existem! — Você merece, meu amor — Thor di
Eles ficaram juntos na banheira por um longo tempo, apenas trocando carícias, palavras doces, olhares carregados de emoção e desejo contido. Era um amor maduro, inteiro, onde o respeito e a cumplicidade transbordavam.Thor não sentia pressa. Ele queria viver cada detalhe, saborear cada instante daquele reencontro. Não era apenas sobre sexo, era sobre pertencimento, sobre se encontrar de novo nos olhos dela.E mesmo com o corpo em chamas, ele soube esperar, soube amar com paciência, com a intensidade que Celina merecia.Quando saíram da banheira, ele a envolveu em uma toalha macia e a carregou de volta para a cama, como se fosse o maior tesouro de sua vida.Ali, no conforto do quarto, Thor e Celina continuaram trocando beijos, carícias e promessas de amor eterno. Era um momento de entrega, de união, de renovação.E para ambos, ficou claro que aquele amor era o tipo raro que atravessa qualquer obstáculo, qualquer tempo, qualquer distância.Já passava das seis da tarde quando Celina e Th
Ao sair da universidade, Thor seguiu diretamente para casa. O caminho até a mansão parecia mais longo do que de costume, como se a ansiedade para ver Celina fizesse o tempo desacelerar. Quando finalmente estacionou seu carro na imensa garagem, foi recebido pelo fiel mordomo, que o esperava com a serenidade de sempre.— Onde está Celina? — Thor perguntou, apressando o passo, como se seu corpo clamasse por ela.— Senhora Celina está dormindo, senhor Thor. — O mordomo respondeu com um leve sorriso.Thor franziu a testa, surpreso. Consultou o relógio: eram quase onze horas da manhã.— Ela ainda está dormindo a essa hora sem se alimentar?O mordomo, sempre atento, explicou:— Ela acordou cedo, tomou café da manhã e disse que iria descansar mais um pouco. Ela sabia que o senhor só chegaria à tarde.O coração de Thor se aqueceu com o cuidado de Celina em respeitar o horário que ele havia mencionado. Sem demorar, subiu as escadas e foi direto para o quarto. Ao empurrar a porta, foi brindado c
O céu de Nova York estava encoberto por nuvens pesadas quando Thor saiu do carro com passos firmes e decididos. O vento frio da manhã balançava a barra de seu sobretudo escuro enquanto ele atravessava o pátio de pedra de um imponente edifício. O som dos sapatos ecoava pelos corredores de mármore, pesados, firmes, como se cada passo carregasse o peso de uma decisão inadiável. Thor caminhava com determinação, ignorando os olhares curiosos das pessoas ao redor. Seus olhos, frios como o aço, estavam fixos em uma única direção, e nada parecia capaz de desviá-lo de seu propósito. Seu coração pulsava com um turbilhão de emoções que ele mantinha sob rígido controle. O local era elegante, com paredes adornadas por quadros de renomados escritores e uma atmosfera solene, mas o ambiente parecia pequeno diante da intensidade que Thor carregava dentro de si.Chegando diante de uma porta robusta, ele bateu apenas uma vez antes de girar a maçaneta e entrar sem esperar permissão. Seus olhos se encont
Era o terceiro dia desde que Thor havia viajado a trabalho, e Celina já sentia a falta intensa de sua presença. A mansão parecia espaçoso demais sem ele por perto, e os momentos de silêncio se tornavam ecoantes. Zoe continuava com Artur. Naquela manhã, os raios frios de sol atravessavam as janelas, aquecendo suavemente o ambiente enquanto ela ainda se ajeitava na cama. Com um suspiro, pegou o celular e abriu as mensagens, ansiosa para encontrar alguma novidade de Thor. Havia uma mensagem breve dele, enviada poucas horas antes: "Bom dia, amor. Estou com saudades. Hoje o dia será cheio, mas te ligo assim que puder. Amo você. Cuide bem dos nossos bebês."Celina sorriu, sentindo um calor confortante no peito. Logo depois, seus olhos foram atraídos para um e-mail inesperado. Emma Callahan. A reitora da universidade havia enviado um convite simpático para um café da tarde fora do ambiente acadêmico. Emma sugeria um encontro descontraído para trocar ideias sobre literatura e vida, sem forma
Um dia após a viagem de Thor, Celina e Zoe resolveram começar o dia de maneira leve. Foram ao Café Literário, um lugar acolhedor que Celina amou trabalhar. Era uma ótima oportunidade para apresentar sua amiga à encantadora Charlotte, dona do café e uma das pessoas queridas que Celina fizera questão de manter contato.Celina sabia que Arthur apareceria lá. Thor havia falado.Assim que chegaram ao café, Celina apresentou Zoe a Charlotte, que as recebeu com um sorriso caloroso e as conduziu a uma mesa aconchegante perto da janela. O aroma de café fresco se misturava ao leve perfume de livros antigos, criando uma atmosfera perfeita.— Que lugar gostoso, Celina! — disse Zoe, admirando o ambiente.— Amei trabalhar aqui. — respondeu Celina com um sorriso. — Eu precisava te trazer aqui.As duas começaram a conversar animadamente, rindo e compartilhando histórias. Zoe estava tão envolvida na conversa que não percebeu quando Arthur entrou, caminhando com passos leves e um sorriso travesso no ro
Último capítulo