Mundo ficciónIniciar sesiónEmily sempre foi a filha única dos Parker, mas cresceu entre as paredes da casa dos Jones — um lar que, desde cedo, se tornou sua segunda família. Ali, dividia a vida com Adrian, o garoto inquieto que transformava qualquer dia comum em caos, e Jace, o irmão mais velho, marcado por silêncio, tatuagens e uma proteção quase instintiva. Aos quatorze anos, a tragédia a alcança. A morte repentina de seus pais a deixa sozinha no mundo, e é Richard Jones — melhor amigo de seu pai — quem a acolhe como filha. Ele cuida dela, da herança deixada pelos Parker, e tenta manter vivos os planos que muitos imaginavam para o futuro: Emily e Adrian, unidos não por obrigação, mas pelo carinho que sempre existiu entre eles. Mas o Adrian que ela encontra na adolescência está longe do menino que conhecia. Impulsivo, festeiro, sempre fugindo de si mesmo, ele se torna seu primeiro namorado… e sua primeira ferida. Entre promessas vazias e desencontros, a relação se desfaz até que Adrian é enviado para longe, na esperança de reencontrar algum rumo. E é na ausência dele que Emily vê o que sempre esteve ali, oculto no escuro: Jace. O irmão responsável, reservado, carregando sombras que nunca revela. O homem que sempre a protegeu — e que agora desperta nela um desejo tão proibido quanto inevitável. Amar Jace significa atravessar uma linha que ninguém jamais imaginou que ela cruzaria, uma que ameaça o equilíbrio da família que a salvou. Dividida entre o caminho que todos acreditaram que ela um dia seguiria e o sentimento obscuro que cresce dentro dela, Emily precisa decidir qual verdade está disposta a encarar… e qual coração vai acabar machucando — inclusive o seu. ---
Leer másCapítulo 1
Emily Parker encarava o próprio reflexo como se ele pertencesse a outra pessoa. Dezoito anos. A maquiagem estava impecável, o vestido prateado abraçava seu corpo com uma elegância que ela não reconhecia como sua. Parecia alguém pronta para uma celebração, para brindes, para sorrisos. Mas, por dentro, tudo o que Emily sentia era um cansaço profundo — daqueles que não vêm do corpo, mas da alma. Ela não queria fazer dezoito anos. Não queria festa. Não queria ser lembrada de que o tempo seguia em frente… quando os pais dela não tiveram essa chance. Respirou fundo, apoiando as mãos na borda da pia. O espelho devolveu um olhar verde carregado de memórias que nunca a deixavam em paz. Dois anos. Dois anos desde a noite em que sua vida se partiu ao meio. A tempestade ainda existia dentro dela. Sempre existiria. A lembrança vinha sem aviso: o vento uivando do lado de fora, os trovões cortando o céu, o cheiro de terra molhada entrando pelas frestas da janela. O beijo rápido que recebeu da mãe. O sorriso tranquilo do pai, prometendo que voltariam logo. Promessas quebradas pelo som estridente de um telefone tocando no meio da madrugada. Eles nunca voltaram. Emily fechou os olhos por um instante, sentindo o aperto familiar no peito. Aprendeu a viver com aquela dor — não porque ela tivesse diminuído, mas porque gritar todos os dias simplesmente não era mais uma opção. Foi Richard Jones quem atendeu o telefone naquela noite. Melhor amigo de seu pai. Sócio. Irmão de alma. Quando tudo desmoronou, foi ele quem a segurou quando suas pernas falharam. Foi ele quem cumpriu a última promessa feita a Heitor Parker: cuidar de Emily como se fosse sua própria filha. Desde então, a mansão dos Jones havia se tornado seu lar. Um lar estranho, grande demais, cheio de silêncios, regras não ditas… e dois irmãos que mudaram sua vida de maneiras muito diferentes. Emily abriu os olhos novamente e ajeitou o coque frouxo, deixando algumas mechas castanhas escaparem de propósito. Passou os dedos pelo batom vermelho, como se aquilo pudesse lhe dar coragem. — É só uma noite — murmurou para si mesma. — Só uma festa. Helena e Richard insistiram. Disseram que era importante, que dezoito anos só acontece uma vez. Emily não teve forças para discutir. Apenas concordou, como fazia com quase tudo desde o acidente. Endireitou a postura e saiu do quarto. O salão principal da mansão Jones estava irreconhecível. Luzes pendiam do teto como estrelas artificiais, flores decoraram cada canto, a música preenchia o ambiente com uma energia que Emily não sentia há muito tempo. Pessoas riam, conversavam, brindavam. Era bonito. Demais. Ela parou na entrada, o coração batendo mais rápido, como se estivesse prestes a invadir um espaço que não lhe pertencia. — Gostou da surpresa, Emy? A voz animada soou atrás dela, arrancando-a dos próprios pensamentos. Emily virou-se lentamente, encontrando Adrian encostado na parede, sorrindo como se aquela noite fosse a melhor ideia que já tivera. Ele usava um terno preto que o deixava ainda mais charmoso — e perigoso. O sorriso fácil, os olhos azuis brilhando de diversão. — Você só pode estar brincando comigo — ela disse, estreitando os olhos. Adrian riu e lhe ofereceu o braço. — Admite, ficou incrível. A mãe quase surtou, organizando tudo isso. E, olha… — ele se inclinou um pouco, baixando a voz — tem bebida, música e pessoas interessantes. Vai sobreviver. Emily revirou os olhos, mas acabou sorrindo. Adrian sempre fora assim: leve, impulsivo, vivendo como se o amanhã fosse um detalhe sem importância. De certa forma, aquele jeito havia sido um dos poucos alívios que ela encontrou nos últimos dois anos. Eles avançaram pelo salão. Helena foi a primeira a alcançá-la, os olhos marejados de emoção. — Você está linda — disse, segurando o rosto de Emily com carinho. — Fiz tudo pensando em você. — Obrigada… de verdade — respondeu Emily, abraçando-a com cuidado. Richard surgiu logo depois, observando a cena com um sorriso orgulhoso. — Sua tia exagerou um pouco, eu sei — comentou. — Só um pouquinho — Emily respondeu, arrancando uma risada dele. — Ela te ama. Nós dois amamos. Emily assentiu. Sabia disso. E talvez fosse exatamente por isso que aquela noite doía tanto. Adrian não lhe deu tempo para pensar. — Vamos dançar antes que eu fique entediado — disse, puxando-a pela mão. E ela foi. Dançou. Riu. Fingiu normalidade. Por algumas horas, conseguiu esquecer o peso que carregava no peito. Comeu, conversou, deixou-se levar pela música. Quando pararam para respirar, Adrian foi rapidamente cercado por amigos e desconhecidos animados. Emily aproveitou para se afastar, indo até a mesa de doces. Pegou um, distraída, e então sentiu algo estranho. Um vazio. Seu olhar percorreu o salão instintivamente, passando pelos convidados, pelas luzes, pelas sombras. Ela procurava alguém. Jace. Mas ele não estava ali. O coração de Emily apertou, e ela não soube dizer por quê. Talvez fosse só uma ausência comum. Ou talvez fosse o começo de algo que ela ainda não estava pronta para enfrentar. ---Capítulo 42 Na mansão dos Jones, Helena preparava tudo para a ceia de Natal. Movia-se pela casa com uma animação difícil de disfarçar, organizando cada detalhe com cuidado. Estava feliz. Adrian estava voltando, e só isso já fazia o coração dela bater diferente. Aproveitando a carona de Richard, decidiu passar antes no escritório de Jace. Não o via com frequência. Ele estava sempre ocupado, sempre envolvido em trabalho. Quando aparecia, as visitas eram rápidas demais, quase apressadas, como se estivesse sempre com um pé fora da porta. Helena sabia que, se ligasse, ele provavelmente não atenderia. E, se atendesse, encontraria alguma desculpa para não aparecer. Principalmente agora, com a volta de Adrian. A relação entre os dois nunca foi simples, e o tempo não parecia ter feito muito para curar o que havia ficado mal resolvido entre eles. Helena e Richard entraram no escritório de Jace. Assim que desceram do elevador, a secretária, Lara, levantou-se imediatamente. — Vou avisar o d
capítulo 41 Emily caminhava sem pressa pelo centro da cidade, decidida a aproveitar o domingo — algo que não fazia há muito tempo. O céu estava claro, as ruas cheias de uma vida que ela sentia ter esquecido como acompanhar. Havia dias em que fingia estar bem. Outros… nem tanto. Foi quando passou em frente a um salão. Diminuiu o passo, observou o reflexo no vidro e, sem pensar demais, entrou. Por que não? Queria algo que a tornasse irreconhecível. Algo diferente. Talvez alguém diferente. As atendentes a receberam com entusiasmo, cheias de ideias, falando ao mesmo tempo. Emily apenas concordava com a cabeça, distante, enquanto seus pensamentos se perdiam em lugares que ela tentava evitar. Sentia falta do conforto do abraço de Richard e Helena. Da presença firme, do amor silencioso. Sentia até falta de Adrian, com seu jeito moleque, sempre tentando disfarçar sentimentos com ironia. Mas a ausência de Jace… essa doía de um jeito cruel. Era como uma ferida aberta que se recusa
Capítulo 40 Um ano podia mudar muitas coisas. Mas não tudo. Jace observava a cidade pela janela do escritório enquanto a chuva fina escorria pelo vidro. O relógio marcava quase nove da noite, e ele ainda estava ali — como em quase todas as noites daquele último ano. Trabalhar se tornara seu refúgio. Seu castigo voluntário. A casa estava vazia demais desde que Emily partiu. Por isso, ele passava o mínimo de tempo possível nela. Preferia o silêncio impessoal do escritório, os papéis, os números, as decisões difíceis. Nada ali o lembrava dela. Ou quase nada. O nome “Emily” ainda aparecia em documentos, relatórios antigos, contratos que ele não teve coragem de alterar. O escritório, oficialmente, continuava sendo deles. E ele fazia questão disso. — Senhor Jones — chamou a secretária, surgindo à porta. — O conselho confirmou a abertura do restaurante para o próximo trimestre. Jace assentiu. — Quero tudo impecável — disse, a voz firme. — Esse projeto precisa dar ce
Capítulo 39 Emily fechou o zíper da mala com dificuldade. As mãos tremiam. O quarto estava quase vazio, mas ainda carregava tudo o que ela não conseguia levar consigo. Caminhou devagar, passando a mão pela cama, pelo armário, pela escrivaninha onde tantas noites estudou — e tantas outras chorou em silêncio. Ali ela tinha crescido. Ali tinha se apaixonado. O nó em sua garganta apertou quando seus olhos pousaram na porta do quarto de Jace, logo à frente. Por um segundo, quase abriu. Quase desistiu de tudo. Mas não podia. Colocou as mãos no rosto, respirou fundo, secando as lágrimas com raiva de si mesma. Ir embora estava doendo mais do que qualquer coisa que já tivesse vivido… mas ficar poderia destruir Jace. Ela puxou a mala pelo corredor. A casa estava estranhamente silenciosa. Nenhum sinal dele. Na sala, parou por um instante. A lembrança dos dois jogados no sofá, dividindo risadas e silêncios confortáveis, veio como um golpe. Na cozinha, os beijos roubados, o
Capítulo 38 Emily, em pouco tempo, sentia que tinha perdido tudo novamente. Até quando teria que aprender a lidar com a perda? Ver Jace saindo daquela forma, tratando-a com tanta frieza, fez algo dentro dela se partir de vez. Ali, Emily percebeu que o tinha perdido. Não temporariamente... De vez. Mas, mesmo assim, precisava protegê-lo da tia. Mesmo que isso significasse sofrer sozinha. Ela lavou o rosto, respirou fundo, pegou a bolsa e foi para o escritório. Assim que chegou, Lisa praticamente correu até ela. — Garota, tá tudo bem? Você nunca se atrasa! Emily forçou um meio sorriso. — Não quero falar sobre isso… mas tô bem. Lisa a encarou por alguns segundos, depois abriu os braços. — Tudo bem. Mas eu tô aqui, se precisar. O abraço foi rápido, mas sincero. Lisa voltou ao trabalho, e Emily tentou fazer o mesmo. Já passava das duas da tarde quando Lara entrou na sala. — Karen — chamou —, O Senhor Jace quer falar com você na sala dele. Karen se levantou im
Capítulo 37 Emily saiu do escritório mais cedo do que o normal. O corredor parecia longo demais, silencioso demais. Cada passo em direção à casa de Jace era um peso no peito. Quando entrou no quarto, a realidade a atingiu de uma vez: a mala aberta sobre a cama. Era ali que tudo terminava. Emily começou a dobrar as roupas com mãos trêmulas. Uma camiseta dele escorregou de seus dedos e caiu no chão. Foi o suficiente para fazê-la desabar. As lágrimas vieram sem controle. Ela se sentou na beira da cama, cobrindo o rosto com as mãos, tentando conter os soluços. — Eu não quero ir… — murmurou para si mesma, a voz falha. — Mas eu preciso. Precisava salvar ele. Mesmo que isso a destruísse. A porta do quarto se abriu de repente. Jace parou ao vê-la, chorando, com a mala aberta. O coração dele despencou. — Emily… — ele atravessou o quarto em passos largos e se ajoelhou diante dela. — Por favor, me escuta. Não é o que você está pensando. Ela ergueu o rosto molhado de lágrimas, evitan





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