Na escuridão do passado, ele perdeu tudo. Na intensidade de uma única noite, ele encontrou a chance de destruir... ou se perder novamente. Pedro Ferraz um predador silencioso é um homem frio, arrogante e implacável, com um único objetivo em sua mente destruir o causador da morte de seu pai, Israel Ravena ex-sócio do pai de Pedro e causador de todo seu infortúnio, levando toda a família a miséria, causando a morte do pai de Pedro e deixando sua mãe em estado de loucura. Isabella é linda, forte, meiga, com uma doçura inexplicável no olhar, mas carrega consigo os fantasmas de um passado terrível que desconhece por completo. Quando os caminhos de Isabella e Pedro se cruzam em uma noite envolta em mistério e atração avassaladora, ela não imagina que será a presa de um jogo sombrio de um homem que deseja sua destruição... e seu corpo.
Ler maisO inferno do passado
Eu aprendi cedo nesta vida miserável que o mundo não é justo, não existe essa mentira que a verdade sempre vence, no meu coração a única coisa que vence é o ódio fervente que corre em minhas veias em forma de sangue, e sobre o amor, ah o amor, isso só existe em livros de ficção cientifica ou em contos religiosos, o amor e apenas uma ilusão e nunca poderá salvar ninguém.
Na escuridão do passado, eu perdi tudo, na intensidade de uma única noite encontrei a chance de destruir... ou me perder de novo.
Meu nome é Pedro Ferraz.
Palavras amargas? Mas minha vida desde os 14 anos de idade tem sido assim, quando conversei com meu pai pela última vez, numa sexta-feira, o dia estava lindo, sol parecia que mim chamava para brincar de bola com os outros meninos da rua, porém meu pai com o semblante sério mim chamou friamente para conversar.
E suas palavras foram: — Pedro preste bastante atenção em cada palavra, pois você não as escutará novamente de minha boca.
— Você será responsável por cuidar de sua mãe, e reerguer o nome da empresa que hoje foi jogado na lama, minha reputação e todo nosso patrimônio, jure-me filho que tudo que mim prometer hoje você irá cumprir nem que para isso você tenha que descer ao mais profundo abismo.
Eu sem saber o que estava por vim fiz a promessa.
Logo, mas à tarde escutei o grito estridente de minha mãe, corro para ver o que estava a acontecer, encontro meu pai morto na banheira de uma forma deplorável, pegou a chapinha de cabelo da minha mãe cortou o fio, desencapou o bastante para morrer eletrocutado na banheira que fazia amor com minha durante toda sua vida.
Lembro-me de ver suas mãos retorcidas, segurando a borda da banheira, seus olhos abertos, uma espécie de espuma branca misturada com saliva e sangue saindo pelo canto de sua boca, a língua toda cortada pelos dentes fora da boca, é isso que ao dormir toda noite ocupa minha mente.
Imagine vê seu pai, seu herói, para mim o homem mais íntegro que já conheci, engolido pela ruína, humilhado pela queda, consumido pela traição.
E o nome por trás disso tudo? Israel Ravena.
Ex-sócio. Ex-amigo. Ex-homem de palavra. Filho da puta que destruiu a minha família com um sorriso no rosto e um contrato nas mãos.******
No dia seguinte, veio o velório.
Salão modesto, flores murchas, olhares constrangidos. Minha mãe sentada em silêncio absoluto, os olhos secos demais. Como se até as lágrimas tivessem medo de cair.Entre os rostos apagados, surgiu ela.
Lurdes, a única irmã do meu pai.O rosto dela era pálido, como se tivesse sido moldado por décadas de raiva e sofrimento acumulada. Os olhos eram duros, sem brilho. Ela nunca gostou do meu pai. Nunca escondeu isso. Sempre dizia que ele teve as oportunidades que ela nunca teve. Que a vida deu tudo para ele e nada para ela.
Casada com um homem fracassado, um bêbado violento que batia nela constantemente.
Nonato Ribeiro, conhecido como Zé Ribeiro. Meu tio de nome, não de afeto.
Ela apareceu no velório vestida de preto, mas sem luto no rosto. Apenas rancor.
Sentou-se no fundo, os braços cruzados e semblante, mas frio que meu pai.— Morreu como viveu: fugindo — murmurou, sem se importar se eu ouvia.
— Tua mãe agora tá aí, toda lesada, essa rapariga se achava melhor que todo mundo, tinha a porra de um rei na barriga e tu... tu vais ver o que é carregar uma cruz sozinho pivete desgraçado.Senti a raiva subir. Mas não respondi.
Porque naquele momento, eu soube que ela estava certa sobre uma coisa:eu estava sozinho.Ali… naquele instante... eu comecei a sentir o peso de tudo.
Ali, começou o meu sofrimento.
Ali, eu deixei de ser filho.
E comecei a virar uma sombra, um vulto de puro ódio e dor.E então, ele apareceu.
Israel Ravena.De terno e óculos escuros — mesmo em ambiente fechado.
Um teatro. Uma afronta. A hipocrisia vestida de luto.Eu estava parado perto do caixão, tentando respirar, tentando entender o que ainda restava de mim. Quando vi aquele rosto entrar por aquelas portas, meu sangue ferveu.
O salão ficou pequeno. O ar rarefeito. Minha visão, turva, todo o meu corpo reagiu.
— O que esse desgraçado está fazendo aqui? — sussurrei, sentindo minhas mãos se fecharem em punhos.
— Pedro... — alguém tentou me segurar...
Israel caminhou até o corpo do meu pai com a calma de quem vem pagar uma dívida de favor, não de culpa. Fez o sinal da cruz, baixou a cabeça.
Falso. Cínico. — Você não tem o direito de estar aqui! — gritei.Os olhares se voltaram todos para mim. Minha mãe começou a tremer no banco, os olhos vagando, fora da realidade.
— Eu lamento sua dor, Pedro — disse Israel, com a voz baixa, ensaiada. — Seu pai era um grande homem.
— E você o matou! — avancei, mas fui contido por pessoas que nem conheço. — Você acabou com ele, com a empresa, com tudo!
— Saia daqui! — alguém gritou do fundo. — Vai embora, seu canalha! — outra voz, revoltada.O salão virou um caos. Gritos, empurra-empurra, minha mãe começou a chorar, perdida, sem entender onde estava.
Israel recuou. Frio. Intacto. Saiu com a mesma tranquilidade com que entrou. Sem remorso. Sem alma.Naquele momento, eu não chorei. Chorar seria aceitar a dor. Eu escolhi o ódio.
Hoje, o sobrenome Ferraz não vale nada. Minha mãe mal reconhece o próprio reflexo no espelho. E eu? Eu só existo por uma razão: vingança.
O vento de outono soprava folhas douradas pelo chão de pedra da pequena casa em Sintra. Pedro estava sentado no velho banco de madeira que Lúcio construíra com as próprias mãos. Miguel corria pelo jardim com os cachos castanhos bagunçados, vestindo uma capa de super-herói e rindo alto, como se nada no mundo pudesse feri-lo.— Pai! — gritou, com um graveto na mão como se fosse uma espada. — Você é o vilão agora!Pedro sorriu. Levantou-se devagar, fingindo um tropeço exagerado.— Ah não! O pequeno cavaleiro voltou para me derrotar?Miguel veio correndo e pulou nos braços dele, ambos rolando na grama enquanto gargalhavam.Isabella apareceu na varanda, grávida de oito meses, com um vestido leve e os cabelos presos em um coque frouxo. Trazia dois copos de suco e um brilho sereno nos olhos.— Vocês dois vão sujar todas as roupas... de novo.Pedro a olhou como se fosse a primeira vez. Três anos se passaram desde aquele casamento, e ela continuava linda do mesmo jeito — só que agora, carregav
O sol de fim de tarde tingia o céu de dourado quando Pedro ajeitou os punhos da camisa diante do espelho. O reflexo devolvia a imagem de um homem que já não carregava as sombras do passado — apenas cicatrizes, agora limpas, como tatuagens da alma. Ele respirou fundo, os dedos trêmulos sobre o colarinho branco. Do lado de fora, vozes riam, crianças corriam pelo gramado e a melodia suave de um quarteto de cordas preenchia o ar.— Está pronto? — perguntou Lúcio, entrando sem cerimônia.Pedro sorriu ao vê-lo de terno claro, o rosto calmo, mas com os olhos úmidos de emoção contida.— Pela primeira vez... sim. Estou.Lúcio se aproximou, ajustou a gravata dele com a intimidade de um irmão.— Nunca pensei que veria esse dia. Você... casando por amor.Pedro riu, baixinho.— Nem eu. Mas depois de tudo, acho que aprendi que o amor não é fraqueza. É coragem. E ela... Isabella... ela foi meu espelho limpo. Me mostrou o que eu podia ser, se deixasse a raiva morrer.Lúcio assentiu. Os dois trocaram
O céu de Lisboa estava coberto por nuvens brancas e lentas quando o carro parou em frente à antiga casa de Clara. O bairro era silencioso, elegante, com jardins bem cuidados e varandas que cheiravam a café fresco.Isabella segurava Miguel no colo, agora maior, os olhos castanhos atentos a tudo. Pedro ajeitou o blazer, respirou fundo e encarou a porta com um misto de receio e nostalgia. Ele não via Clara desde o nascimento de Miguel. A última vez que tinham trocado palavras, ainda havia dor entre eles. Palavras não ditas, feridas cruas.Isabella pareceu sentir isso.— Você quer que eu entre com você?Pedro hesitou. Depois assentiu.— Quero.
Barcelona os recebeu com céu claro e um vento leve que cheirava a mar e pedra antiga. Era primavera, e as ruas do Bairro Gótico pareciam suspensas no tempo.Pedro desceu do táxi com Miguel no colo, olhando para a fachada da velha casa que resistia ao tempo como ele resistira à dor. Isabella saiu atrás, os olhos absorvendo tudo — os paralelepípedos irregulares, as janelas arqueadas, a varanda com plantas secas e uma bandeira da Catalunha desbotada.— Aqui? — perguntou, em voz baixa.Pedro assentiu, com um sorriso nostálgico.— Aqui.Isabella segurou a alça da mochila com uma das mãos e tocou o braço de Pedro com a outra.
Um ano depois...Doze meses desde o dia em que o mundo parecia prestes a ruir — e, de algum modo, floresceu.O sol de outono entrava pela janela da sala com a mesma delicadeza com que Miguel respirava no berço, naquela primeira noite. Mas agora ele corria pela casa, rindo alto, com passinhos ainda incertos, os braços abertos como quem tentava abraçar o mundo inteiro.Isabella colocava balões azuis nas paredes enquanto cantarolava uma música antiga de ninar. Estava descalça, de vestido leve, o cabelo preso de qualquer jeito, as bochechas coradas. A felicidade não era exagerada — era natural. Ser mãe havia mudado a estrutura do seu rosto, da sua alma.— Você acha
As sirenes chegaram às 5h43 da manhã.A ambulância cortou a estrada ainda escura como uma navalha, e levou Ravena, desacordado, com o rosto coberto de sangue e as pernas esmagadas. Eu não fui com ele. Marcelo, sim — por obrigação legal, por protocolo. Mas eu? Eu só assisti de longe, parado ao lado da mata ainda úmida, com as mãos sujas de terra e uma dor tão antiga no peito que parecia ter nascido comigo.Quando retornei, Isabella ainda estava acordada. O sol despontava pelas janelas, e o rosto dela, banhado por aquela luz tímida, era o retrato do que sobrou: exaustão, medo, e uma ternura irreversível ao olhar Miguel dormindo.— Ele tá bem? — perguntei, a voz falha.
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