O vento de outono soprava folhas douradas pelo chão de pedra da pequena casa em Sintra. Pedro estava sentado no velho banco de madeira que Lúcio construíra com as próprias mãos. Miguel corria pelo jardim com os cachos castanhos bagunçados, vestindo uma capa de super-herói e rindo alto, como se nada no mundo pudesse feri-lo.
— Pai! — gritou, com um graveto na mão como se fosse uma espada. — Você é o vilão agora!
Pedro sorriu. Levantou-se devagar, fingindo um tropeço exagerado.
— Ah não! O pequeno cavaleiro voltou para me derrotar?
Miguel veio correndo e pulou nos braços dele, ambos rolando na grama enquanto gargalhavam.
Isabella apareceu na varanda, grávida de oito meses, com um vestido leve e os cabelos presos em um coque frouxo. Trazia dois copos de suco e um brilho sereno nos olhos.
— Vocês dois vão sujar todas as roupas... de novo.
Pedro a olhou como se fosse a primeira vez. Três anos se passaram desde aquele casamento, e ela continuava linda do mesmo jeito — só que agora, carregav