Capitulo - Tempos de felicidade.
O sol de fim de tarde tingia o céu de dourado quando Pedro ajeitou os punhos da camisa diante do espelho. O reflexo devolvia a imagem de um homem que já não carregava as sombras do passado — apenas cicatrizes, agora limpas, como tatuagens da alma. Ele respirou fundo, os dedos trêmulos sobre o colarinho branco. Do lado de fora, vozes riam, crianças corriam pelo gramado e a melodia suave de um quarteto de cordas preenchia o ar.
— Está pronto? — perguntou Lúcio, entrando sem cerimônia.
Pedro sorriu ao vê-lo de terno claro, o rosto calmo, mas com os olhos úmidos de emoção contida.
— Pela primeira vez... sim. Estou.
Lúcio se aproximou, ajustou a gravata dele com a intimidade de um irmão.
— Nunca pensei que veria esse dia. Você... casando por amor.
Pedro riu, baixinho.
— Nem eu. Mas depois de tudo, acho que aprendi que o amor não é fraqueza. É coragem. E ela... Isabella... ela foi meu espelho limpo. Me mostrou o que eu podia ser, se deixasse a raiva morrer.
Lúcio assentiu. Os dois trocaram