Mundo de ficçãoIniciar sessãoLucero Balestra é CEO de uma das maiores empresas do país. Sério, metódico, viciado em café amargo e dono de um escritório monocromático que parece mais um velório corporativo do que um lugar de trabalho. Cinza. Preto. Frio. Exatamente como ele. Até que surge Nicola. Com um currículo recheado de cursos, uma risada escandalosa e uma coleção de vasos com nomes próprios, Nicola é um furacão rosa-choque que entra para ser sua nova assistente pessoal. Ela tem um talento especial: transformar qualquer lugar (e pessoa) em algo mais... florido. Literalmente. Logo na primeira semana, Nicola coloca uma samambaia no banheiro executivo, troca o protetor de tela do chefe por gifs de gatinhos sorrindo e declara guerra ao tédio com frases motivacionais espalhadas em post-its coloridos. Lucero, por sua vez, tenta resistir. Mas como resistir a uma mulher que serve salada de frutas com suco de uva e diz que um CEO precisa de vitaminas para tomar decisões melhores? Entre cafés, bandejas e alfinetadas bem-humoradas, os dois vão descobrindo que o caos pode ser encantador. E que às vezes o amor não entra pela porta... Ele invade com uma muda de lavanda e um sorriso que derruba qualquer armadura. Prepare-se para rir, suspirar e se apaixonar por esse romance repleto de cenas hilárias, atritos deliciosos e um CEO que, mesmo relutante, vai perceber que no fundo... a vida com 50 tons de rosa pode ser muito mais gostosa.
Ler maisNicola
A porta se abriu com um leve clique e, antes mesmo de ver o dono da sala, meus olhos foram puxados para o ambiente como se tivesse sido engolida por um filme em preto e branco. — Uau, madrinha… — sussurrei, girando o rosto devagar — aqui é tudo preto e cinza. Parece um orfanato de luxo administrado por vampiros. Ela me lançou um olhar de advertência, mas não conseguiu esconder o sorrisinho orgulhoso. — Nicola... contenha essa língua afiada, pelo menos até ser contratada. Pensei em responder com um comentário espirituoso, mas o som dos sapatos ecoando no piso de mármore me cortou a fala. Ele estava ali. Sentado. Um homem de aparência dura, feições de pedra polida e um olhar… um olhar azul. Azul? Meus olhos arregalaram-se discretamente. — Madrinha… — cochichei perto do ombro dela — você me disse que ele tinha olhos escuros. Ele tem olhos azuis. Do tipo que congelam palavras na garganta. Ela não respondeu. Apenas me deu um leve empurrão para frente, como quem oferece um cordeiro em sacrifício. Eu dei dois passos e sorri com confiança. Ou pelo menos tentei. — Doutor Balestra… — disse ela. — Essa é minha afilhada, Nicola Rosenthal Dall. Graduada com excelência, fluente em seis idiomas, formada em administração internacional, com especializações em comércio exterior, gestão empresarial e línguas orientais. Ele levantou os olhos do papel. Leu o currículo por alguns segundos. Não disse nada. Eu mantive o sorriso. — Está bem. Vamos testar essa sua proficiência — ele murmurou, com a voz grave, puxando um sotaque carregado. — Deutsch. Warum willst du für mein Unternehmen arbeiten? Ah… alemão. Claro. Olhei nos olhos dele, mantive a compostura. — Weil ich die beste Investition für Ihre Firma bin. Und weil ich rosa mag. — Respondi com tranquilidade, piscando um olho. A sobrancelha dele arqueou. Não sei se pela resposta ousada ou pelo "rosa" ter sido pronunciado com tamanha firmeza. — English now — ele disparou. — What is leadership to you? — Leading without stepping on people. And preferably… not decorating your office like a morgue. O canto da boca dele se contraiu. Mas resistiu ao sorriso. Eu vi. — 日本語を話せますか? — perguntou em japonês, me pegando de surpresa. — はい。もちろんです。敬意を持って話しましょう。— respondi, firme, inclinando levemente a cabeça como mandava o costume. Aí ele mandou em russo: — Почему ты хочешь работать именно здесь? — Потому что серые люди нуждаются в розовом вдохновении. — sorri largamente. A tradução? “Porque pessoas cinzas precisam de uma inspiração rosa.” Ele abaixou o papel. Me encarou por três longos segundos. E então falou baixo, quase para ele mesmo: — Ela vai destruir meu escritório… Sorri, inclinando o corpo para frente com elegância, e coloquei o currículo — agora assinado, carimbado, com cheirinho de flor — sobre a mesa de vidro que parecia nunca ter sido usada de verdade. — Se quiser, posso dar umas aulas de japonês para o senhor também. Mas tem uma condição: o senhor precisa sorrir. Pelo menos uma vez por semana. Está nos meus termos de contrato. Ele inspirou fundo. Olhou para o meu batom rosa chiclete, para o meu pingente em forma de botão de rosa, o anel combinando, os brincos em formato de botão de flor… e os sapatos. — A senhorita veio vestida de uma paleta Pantone inteira? Dei uma risadinha. — Não. Vim vestida de mim mesma. Se eu fosse um tom cinza, talvez eu nem estivesse viva. Ou notada. Mas o senhor notou, não foi? Ele não respondeu. Mas folheou o currículo novamente. O silêncio se estendeu por mais alguns segundos, apenas o suficiente para que eu me perguntasse se exagerei no batom rosa choque. Até que ele disse: — Você começa segunda-feira. Sete horas. Pontual. Eu dei dois passos para trás, ergui uma sobrancelha e brinquei: — Certo. Mas eu posso trazer flores? Esse escritório está pedindo socorro. — Não, senhor, eu não vou destruir nada — respondi com um sorriso doce. — Eu só vou trazer um pouco mais de cor. Porque desde a fachada do prédio até a sala da recepção, tudo é preto e cinza. O piso é de mármore escuro, as paredes são cinza, sua mesa é preta... não tem uma planta sequer pra alegrar. É tudo tão sombrio, que quando eu entrei aqui, achei que tinha entrado direto no castelo do Drácula. A madrinha deu uma tossidinha de alerta. — Nicola… — Ops, desculpa, madrinha. Mas é sério, é tudo muito escuro. Até o senhor se veste de preto e cinza. A única coisa que quebra essa paleta fúnebre é sua camisa branca. Ele me encarou com aquele olhar azul gelado, e soltou: — Você é cor-de-rosa demais. — Ah, eu sou mesmo, senhor Lucero. Desde os meus cinco anos de idade, não é, madrinha? — É… desde os cinco — murmurou ela, visivelmente envergonhada com a sinceridade da afilhada. — É que meus olhos são verdes, então o verde já fica nos meus olhos. E o senhor, a única parte colorida que tem são os olhos — indiquei com o dedo, sem cerimônia. — Azuis assim, deviam estar cercados de cor e não mergulhados num mar de cinza. Ele olhou pra madrinha e disparou: — Mamãe… de onde a senhora tirou essa hippie? — Eu não sou hippie, não, senhor. Eu já falei que sou assim desde os cinco anos. O seu escritório me lembra o orfanato. Lá era tudo cinza e preto. E no dia que a madrinha me deu um pijaminha cinza com botõezinhos cor-de-rosa, eu decidi que a minha vida nunca mais seria sem cor. Eu prometi pra mim mesma que viveria num jardim. E desde então, eu sou assim. Colorida. Alegre. Espalhafatosa talvez… mas nunca cinzenta. — Desculpe se estou sendo inconveniente — acrescentei, mais calma. — A madrinha vive dizendo pra eu controlar minha língua, mas ela é mais rápida que o meu pensamento. Ele respirou fundo. E soltou: — Você pode começar a treinar hoje mesmo. Meus olhos brilharam. — Madrinha! Então eu fico hoje no treinamento. Amanhã mesmo já vou trazer umas plantas para colocar na recepção, e umas suculentas para alegrar a mesa do meu novo chefe. Porque, sinceramente, esse escritório é triste demais. — Nicola! — ralhou minha madrinha, mais uma vez. — Desculpa, madrinha. Mas é sério, parece cenário de filme de suspense. Um pouco de verde, um toque de cor… vai mudar tudo. O preto e o cinza podem continuar. Eles até combinam com rosa, sabia? — Você vai ser assim todos os dias? — ele murmurou, como se não acreditasse no que estava contratando. — Talvez. Mas quando eu estiver na recepção ou em reunião, pode deixar, eu sei me portar. Sei o meu lugar. Eu fui informal aqui porque a madrinha disse que eu fazia parte da família. Mas no ambiente de trabalho, serei profissional. — Você só passou nessa entrevista porque minha mãe te trouxe — ele disse, direto. — E porque seu currículo é bom. Porque, se fosse pelo RH, você não passaria nessa entrevista de jeito nenhum. — Tudo bem, senhor Lucero. Eu agradeço pela sinceridade. E pela oportunidade. Eu vou provar que o senhor não vai se arrepender. Antes de sair daqui, eu passo no RH para assinar os documentos. Mas não vou começar na segunda-feira. Eu vou começar hoje mesmo. — Muito bem — ele respondeu, cruzando os braços. — Então, com licença — sorri. — Vou me sentar com a sua secretária. A partir de agora, senhor Lucero, o senhor vai ver como é ter uma assistente que acredita que o mundo pode ser um jardim. Obrigada!QUANDO O AMOR SE TORNA FAMÍLIACinco anos haviam se passado desde o dia em que Nicola foi levada às pressas para o hospital. As gêmeas, Francesca e Antonella, agora com cinco anos, corriam pela casa com a leveza de quem nascera duas vezes: uma vez no ventre e outra no coração da família que as acolheu. Giuliano, com seus três anos redondos, era a mistura perfeita de doçura e bravura — um pequeno príncipe de olhos brilhantes que adorava aviões, ferramentas do pai e o colo da mãe.A casa parecia ainda maior agora, preenchida por vozes infantis e pelo som suave da vida. Nicola, com o ventre já bem arredondado, caminhava devagar pela sala enquanto preparava o lanche das crianças. Esperava um casal: um menino e uma menina. O presente que Deus lhes enviara para completar a família.As gêmeas surgiram correndo pelo corredor, risonhas, vestidas de rosa e branco.— Mamãe Nicola! — gritou Francesca. — Hoje nós vamos dormir com a mamãe Chiara!— E
— Meu filho, meu Deus, Nicola, meu amor,nós fizemos juntos esse milagre… — a realização do amor que se transformou em vida os envolveu, preenchendo o espaço acima deles com a mais pura alegria e gratidão.—O bebê foi delicadamente colocado sobre o peito dela, e naquele momento, tudo ao redor pareceu desaparecer. —O calor do pequeno corpo contra seu coração fez com que Nicola chorasse - lágrimas que eram uma mistura de felicidade, alívio e amor incondicional. —Luchero, em um ato de profunda gratidão, beijou sua testa repetidas vezes, como se estivesse agradecendo não apenas pela vida dela, mas pela segunda chance que lhes foi dada, pelo milagre que se desdobrava diante deles. —Ele sentia uma onda de sentimentos avassaladores; a alegria de ser pai pela primeira vez se misturava com a dor dos desafios que haviam enfrentado.—A enfermeira, com um sorriso caloroso no rosto, quebrou aquele momento emocionado com a sua pergunta:— Já
O DIA EM QUE O AMOR NASCEU DE NOVO—Uma casa repousava num silêncio morno quando a madrugada se estendeu por inteiro, como um manto suave cobrindo o mundo. —As luzes da cozinha ainda estavam acesas — um hábito de Nicola, que sempre fazia questão de deixá-las assim. —Aquela pequena arte de iluminá-las era um gesto de amor, uma promessa silenciosa para que, se uma das gêmeas se levantasse no meio da noite, o caminho ficasse iluminado e seguro, como um farol em meio à escuridão. —O relógio marcava pouco depois das três da manhã, um momento em que o mundo exterior parecia congelado, e apenas o som suave do vento poderia ser ouvido através das janelas semiabertas.—Foi então que uma dor profunda, firme e distinta fez seu corpo estremecer. —Não era uma dor de susto, nem uma dor comum que perturbava o sono. —Era um chamado poderoso, um sinal inequívoco de que sua vida estava prestes a mudar de forma irreversível. — Ela levou a mão ao ventre, tocan
– O PRESENTE QUE A VIDA DEVOLVEUUm ano havia se passado desde aquela manhã que mudou tudo. — As marcas do acidente tinham desaparecido; apenas uma cicatriz suave na lateral da testa de Nicola permanecera como lembrança — não de dor, mas de renascimento. — Aquela cicatriz, embora discreta, era como um símbolo de sua resistência, uma prova de que mesmo nas horas mais sombrias, a vida encontrava um jeito de florescer novamente. — Era uma herança de seus dias de luta, uma evidência tangível de que havia superado não apenas a tragédia, mas também as limitações que um dia pensou serem intransponíveis.— As gêmeas, agora com um ano e meio, balbuciavam palavras com a inocência característica da infância, correndo pela casa como pequenas tempestades de alegria, deixando um rastro de risadas e brinquedos espalhados por onde passavam. — Elas eram o coração pulsante do lar, em constante movimento, trazendo luz e sorrisos a cada canto da co
A sala de audiências estava envolta em um silêncio palpável e tenso, iluminada por feixes de luz que penetravam as janelas altas, criando um ambiente quase etéreo. O clima era pesado, mesmo na ausência de gritos ou tumultos — era o tipo de silêncio que prenuncia transformações profundas e irreversíveis. Luchero, o acusado, entrou primeiro, um homem de estatura robusta, sua expressão carregava uma mistura de desgosto e impaciência. Ao seu lado, Giancarlo, seu advogado, caminhava com a confiança de alguém que já havia enfrentado inúmeras batalhas jurídicas, mas cujo olhar refletia a gravidade da situação. Estendendo-se pelo recinto, os pais de Nicola e seu irmão já aguardavam, suas feições expressando uma combinação de apreensão e opressão emocional, cada um preso em seus próprios pensamentos sobre o que aquela audiência poderia significar para suas vidas. Nicola, por sua vez, caminhava lentamente em direção ao centro da sala, apoiada no braço f
MANHÃ QUE SELA O COMEÇO. O sol deitou um clarão suave sobre o quarto, ainda envolto pelo aroma de lírios e pelas velas apagadas da noite anterior. Nicola despertou lentamente, sentindo primeiro o calor do beijo em sua testa e, em seguida, o roçar carinhoso dos dedos de Luchero na linha do seu maxilar. Ela abriu os olhos devagar, encontrando o olhar sereno de Luchero, completamente entregue, como se estivesse diante de algo sagrado. — Bom dia, minha esposa — murmurou ele, a voz rouca da madrugada. — Como se sente? Nicola sorriu, tímida, mas com aquela doçura única que apenas ela possuía. — Como se o mundo inteiro tivesse ficado mais leve… e mais bonito. Luchero deslizou a mão pela bochecha dela, acariciando com reverência. — Você sabe… — disse com delicadeza. — Eu jamais vou esquecer esta noite. A forma como você se entregou… a confiança… Ele pousou a testa na dela. — Você é a minha primeira e única virgem, Nicola. E eu juro, por tudo
Último capítulo