Me tornei a companheira do alfa inimigoPT

Tessa

Tudo começou com sonhos.

Talvez a palavra correta seja pesadelos.

Havia um homem bonito, porém fora de si, ele parecia realmente louco, gritava o nome de alguém e corria no meio da floresta até chegar a um penhasco, do qual ele foi empurrado e eu acordei com o coração acelerado.

Sentei em minha cama e escondi o rosto em entre as mãos enquanto tentava estabilizar minha respiração. Não é a primeira e nem será a última vez que eu tenho esse tipo de pesadelo, geralmente eu tento não pensar ou me importar com isso, não é um assunto meu e eu nem sei quem são as pessoas que aparecem nesses pesadelos, assim como o homem que eu vi agora. Infelizmente, acho que não vai ser possível esquecer dessa vez, já que eu sei o lugar exato onde isso vai acontecer e quando será.

É um penhasco não muito longe da minha casa, ainda na propriedade da minha família e eu não quero um corpo nas minhas terras, isso vai gerar um grande problema e eu estou evitando qualquer complicação nos últimos tempos. Acontecerá em dois dias, na primeira lua azul do ano, vai chover nessa noite e esse homem será a vítima de alguém e eu desconfio fortemente que isso é um plano do clã Winter, eles tem sido desagradáveis há anos e isso está me deixando seriamente aborrecida, se eu descobrir que aqueles bastardos estão tramando algo que me envolva, eu vou fazer de suas vidas um verdadeiro inferno.

Pobre homem, não sei o que fez, mas parecia louco de desespero, como se estivesse alucinando, preso em seu maior pesadelo enquanto gritava o nome de alguém desesperadamente, não sei de quem se tratava, mas senti na pele a dor que ele estava sentindo, o que é desagradável e me faz sentir uma empatia desnecessária.

Tenho sonhos premonitórios com pessoas aleatórias desde que eu consigo me lembrar, não há nada de agradável neles, nunca. Sempre envolvendo tragédias e mortes, isso tudo enquanto as emoções de desconhecidos se embaralhavam nas minhas e me obrigam a sentir o que eles sentem. Eu odeio isso, mas minha mãe sempre dizia que era um dom que eu deveria manter em segredo e que seria usado na hora certa, não sei o que suas palavras significam, no entanto, mantive em segredo como ela pediu, minha mãe já está morta, ela era a única que sabia e pediu em seu leito de morte que eu nunca falasse isso para outras pessoas, respeitei seu desejo até agora.

Desci as escadas e fui até a cozinha em busca de um copo de leite quente, isso sempre me ajuda a me acalmar. O vento rugia lá fora, um prenúncio da chuva que não demora a chegar. Abri um pouco a janela para sentir o vento gelado e quando aspirei, senti um cheiro diferente no ar, um que eu reconheço em qualquer lugar.

Há um invasor em minha propriedade.

Parece que tem um rato se esgueirando por onde não devia.

Subi as escadas rapidamente e mudei de roupa, desci novamente e apanhando minha espingarda, me dirigi para onde o cheiro estava mais forte. Como era de se esperar, o bastardo estava no penhasco dos meus sonhos, provavelmente fazendo reconhecimento ou algo assim.

— Acho bom que você tenha uma boa explicação para estar nas minhas terras a essa hora da noite, Bill.— Aponto a espingarda em sua direção.

Bill salta no instante em que me vê. Ele é forte, mas não o suficiente para aguentar um tiro desse calibre e ficar bem.

— Que diabos você faz aqui?— Questiona.

— Isso é o que eu deveria perguntar.— Cantarolei.

— Como soube que eu estava aqui?— Bill pergunta tentando desviar minha atenção.

— Isso não importa. Caia fora das minhas terras, se voltar aqui outra vez, seja você ou qualquer pessoa do seu clã, vou acabar com todos vocês, sabe que eu amo o som dos gritos de cada um de vocês.— Minhas palavras fazem Bill rosnar. — Você é só uma bruxa maldita, vai pagar por suas ameaças.

— E vocês são bastardos sem vergonha. Vá embora, antes que eu arranque sua pele e jogue sua carcaça imunda na porta do seu alfa.— Meus olhos brilham com a ameaça e ele percebe que estou muito séria, Bill sabe que não pode me vencer, ninguém naquele lugar pode e esse é o motivo pelo qual ainda consigo viver em paz.

Acompanho com o olhar enquanto ele sai correndo e me aproximo da beira do penhasco e fico pensando no que devo fazer para salvar o homem que vi nos meus sonhos. Se ele é tão odiado a ponto de ser morto desse jeito, isso quer dizer que ele é um inimigo dessas pessoas e meu potencial aliado.

Eu tenho muito a ganhar se eu salvar esse cara.

Afinal, faz muito tempo que eu quero me vingar do clã Winter.

Nosso ódio começou há muitos anos, antes que eu tivesse nascido. Antes de se estabelecerem nas florestas de Montana, eles eram nômades a procura de um lugar para se estabelecer, disseram que foram expulsos de suas terras, por seu próprio alfa, injustiçados eles pediram ao meu bisavô um lugar para ficar até que o inverno passasse, eles se estabeleceram na mansão do meu bisavô e conforme os dias passaram, uma amizade nasceu e meu ingênuo e bondoso bisavô transferiu a propriedade de algumas terras para eles, onde construíram suas casas. Não demorou muito até a amizade se transformar em ódio quando uma doença misteriosa começou a se espalhar entre as pessoas, no fim, eles romperam relações e acusaram minha família de espalhar a doença, disseram que somos pessoas amaldiçoadas e disseminaram ódio contra meu bisavô e toda a minha família que só acolheu eles e cuidou de cada um.

Foi uma grande decepção, logo em seguida meu bisavô ficou doente e faleceu. Desde então, minha família tem vivido com ódio dessas pessoas que se aproveitaram da bondade do meu bisavô, espalharam mentiras e causaram sua morte, porque eu sei que a culpa é deles.

Não sei quem é esse cara, mas eu vou salvar a vida dele de algum jeito e vou usar seu ódio para acabar com o clã Winter, ou eu não me chamo Tessa Hawthorne.