“Dudu, é você. Nossa, você cresceu né menino? Esta diferente.” Ela respondeu tentando esconder o constrangimento.
Quando o reconheceu e ao mesmo tempo lembrou do que havia passado pela sua mente a apenas uns segundos atrás, queria encontrar um buraco e enfiar a cabeça ali para nunca mais tirar. “Bom, já fazem oito anos né tia? Mas você não mudou nada. Continua exatamente como eu lembrava.” Dudu respondeu e logo depois deu um gole em sua garrafa de água, o que fez alguns dos músculos do seu corpo se contrariem. A imagem do pestinha que ela costumava tomar conta se sobrepondo com aquele homem feito na sua frente era realmente algo que a deixava desconcertada. “Como vai sua mãe? Desde que nos mudamos eu só falei com ela por mensagem” Elisa perguntou, em uma tentativa desesperada de continuar a conversa para ela não ter tempo de pensar nas coisas que eram difíceis de não pensar naquele momento. “Ela está bem. Esta feliz que vocês que vocês voltaram. Acho que ela sentia falta da sua família.” Dudu respondeu. Ele era o filho mais novo de Márcia. Uma amiga, que foi muito importante para ela no incio do seu casamento. Mas com quem não tinha contato a alguns anos. “É eu não tenho sido uma boa amiga para sua mãe”. Elisa realmente se sentia culpada e triste por não ter dado atenção para aquela amizade por tantos anos. “Desculpa tia, eu não tava reclamando.” Dudu tentou consolala ao perceber que seu comentário a havia feito se sentir culpada. “Não se preocupe, eu entendi o que você quis dizer. Mas é a verdade eu tenho estado em falta com sua mãe. Sinto muita falta dos nossos jantares de sexta.” Elisa respondeu e fez uma resolução interna de retomar a amizade, agora que estavam morando no mesmo prédio de novo. “Com certeza ela vai amar ter sua companhia de volta”. Dudu comentou abrindo mais um daqueles sorrisos que desconcertavam Elisa. “Você ainda mora aqui, com sua mãe? Você deve ter o que uns vinte e cinco anos, ja?” Ela foi pega de surpresa pela própria pegunta, que tinha apenas saido. Ela estava mesmo tentando avaliar qual era a diferença de idade entre eles? “Não, eu ainda tenho vinte um tia. Eu moro aqui sim, mas comprei um apertamento junto com meu irmão. Aquele que Seu Antônio morava você lembra dele”. Ela sabe que ele havia dado uma resposta longa para a pegunta dela, mas não tinha prestado atenção, estava acopuda fazendo a conta: trinta e seis menos vinte e um, quinze anos. Não era tão grande assim a diferença de idades era? Para não dar na telha de que ela não tinha prestado atenção ela mudou de assunto. “A sim, claro. Mas, eu não tenho visto sua mãe. Nós já nos mudamos faz umas semanas” Ela comentou. “Ah, ela tá viajando, no interior na casa da vovó, volta na semana que vem.” Dudu respondeu, então perguntou sobre os filhos de Elisa, claro eles amigos de infância. “E os meninos, como estão? Eu jogo online com o Caio de vez enquanto. Mas a Clarinha eu só vejo as postagens dela no instagran”. A realização de que ela estava desejando um rapas que j**a videogame com seu filho era constrangedora. “A Clara só estuda pro vestibular. Vocês deveriam sair qual quer dia. Quem sabe assim ela não se anima a largar um pouco os livros.” Elisa ficou surpresa consigo mais uma vez, usando a própria filha para disfarssar o próprio interesse. “Ah, desculpa tia, a Clarinha é muito nova. Eu acho que nós estamos em momentos diferentes da nossa vida”. Eles tinham apenas quatro anos de diferença entre eles e ele a achava muito nova. Isso fazia ela oque, muito velha? “Bom, eu tenho que ir tia. Ainda trabalho hoje. Só tava esticando um pouco o corpo”. Ele falou depois de alguns instantes de um silencio constrangedor. “Claro, eu não quero tomar seu tempo. Mande um abraço para sua Mãe”. Ela respondeu “Claro pode deixar”. Ele se despediu e logo depois foi embora. Ela também não conseguia ficar ali na piscina, estava muito constrangida com a cena que acabara de acontecer. Voltou para casa logo depois. Apesar do constrangimento que seu reencontro com o Dudu lhe causou. Ela não conseguia parar de pensar nele. Aquele sorriso lindo lhe dizendo — “Tia Elisa” — não saia da sua mente. Ela realmente precisava encontrar algo para preencher os seus dias. Sua filha Clara vinha insistindo que ela deveria voltar a trabalhar. Voltar a ser uma mulher independente de fato, seja la o que isso significasse na cabeça dela. Pela primeira vez ela considerava a ideia dela. Mas não tinha ideia do que fazer. Ela ainda não sabia, mas a solução viria do lugar mais improvável. A solução em si seria a mais improvável possível. Mais tarde naquele dia ela recebeu uma mensagem da Márcia. O Dudu havia lhe contado que tinha a encontrado. Ela disse que estava com ciumes dele ter a visto primeiro. Então marcou um jatar para próxima sexta, igual elas faziam no passado. Naquele jantar surgiria a proposta de emprego que mudaria o rumo da sua vida.Elisa não parou de pensar em Dudu aquela semana. Havia todo um ar de romance proibido que, por algum motivo que ela não conseguia entender, era extremamente sedutor.Era como se ela tivesse voltado a ser uma jovem adolescente apaixonada, com os hormônios à flor da pele. Fantasiando um romance com seu crush, se "tocando" várias vezes ao dia.Talvez fosse uma vontade reprimida de voltar ao passado e recuperar os dezoito anos que ela perdeu em um casamento infeliz. Ou talvez fosse só uma crise de abstinência sexual que estava mexendo com seu julgamento.O fato é que Dudu havia se tornado o remédio para o tédio que ela sentia.Quando a sexta-feira do jantar na casa de Márcia chegou, ela estava nervosa. Parecia uma garota que estava saindo para seu primeiro date.Um banho demorado, hidratação no cabelo, esfoliação na pele, depilação nas pernas. Ela se arrumou como se estivesse se preparando para um encontro, um encontro que ela esperava que terminasse com um final feliz.Claro, ainda era u
O jantar seguiu, e a forma como Beatriz parecia estar mais interessada em Elisa do que em qualquer outro assunto que surgia na conversa apenas confirmou a impressão inicial: a garota estava flertando. Ela também tinha certeza de que Beatriz havia percebido seu interesse por Dudu. As várias insinuações que ela fez, apesar de sutis, deixavam isso claro.Dudu, por algum motivo, parecia incomodado com alguma coisa, como se estivesse constrangido. O que o fez mostrar um lado tímido. Várias vezes Elisa o pegou olhando para ela, mas ele desviava o olhar, meio sem jeito, sempre que percebia que ela estava retribuindo. Será que seus interesses eram mútuos?Conforme a noite se desenrolava, cada vez mais ela tinha certeza que sim. Toda aquela tensão sexual, entre ela e Dudu, ela e Beatriz, era, de alguma forma, extremamente excitante para Elisa. Tudo aquilo era totalmente inapropriado. Todos os alertas da razão tocavam enlouquecidamente, tentando avisá-la de que estava entrando em terreno peri
Na manhã de segunda, no horário combinado, Elisa encontrou Dudu no estacionamento do prédio. Ele estava usando terno, mais uma visão de tirar o fôlego que passaria a fazer parte das fantasias de Elisa."Bom dia, Tia Elisa" Ele a cumprimentou, então abriu a porta do carro para ela entrar.O carro tinha o cheiro de perfume dele. Elisa ficou tão distraída com aquele cheiro, que nem percebeu que Dudu já havia dado a volta no carro e estava sentado lado dela."Tia Elisa?" Ele precisou chamá-la para tirá-la do seu pequeno momento de transe."Ah, sim querido?" Ela estava constrangida, aquela frase tinha saído um pouco estranha."Eu não contei exatamente o que nós fazemos durante o jantar, por que não queria que minha soubesse" Ele começou a explicar."Eu percebi que havia algo não contado, então não se preocupe." Ela respondeu"Bom, acho melhor te explicar antes, não quero fazer você perder seu tempo". Ele continuou, ela apenas acenou, permitindo que ele continuasse a explicação."Você pode
No caminho para o escritório eles continuaram conversando. Elisa evitou perguntar mais sobre o trabalho dele, por que ele parecia muito constrangido. Mas, aproveitou para fazer mais perguntas pessoais. Sem querer, ela estava se comportando como se aquele fosse um primeiro encontro.A viagem de carro não durou mais do que dez minutos, o escritório ficava perto do prédio deles. Provavelmente poderiam ter ido caminhando. O escritório em si não tinha nada de estranho, tirando a sala onde ficavam as máquinas de realidade virtual é claro. Mas mesmo esse tipo de máquina vinha se tornando cada vez mais comuns em empresas, afinal elas tinham aplicações diversas.A sala de Beatriz era uma sala de canto, com uma vista privilegiada da cidade. Uma prova de como o negócio deles era bem sucedido. Quando Elisa chegou com Dudu, Beatriz abriu um sorriso largo e veio recebê-los.“Ola, você veio mesmo! Dudu pode ir fazer suas coisas, que agora eu tomo conto dela”. Beatriz falou e então mostrou o caminha
Seu casamento de dezoito anos havia terminado. O termino em si era um alivio. A anos eles apenas arrastavam a relação. A obrigação era a única coisa que os mantinha juntos. A sensação de ter desperdiçado dezoito anos da sua vida, o sentimento de vazio de ter que recomeçar do zero, esse era o problema, isso era o que pesava para Elisa. Nem tudo na relação havia sido ruim, eles tiveram seus momentos. Seus filhos eram fruto daquela relação. Mas a sensação de que ela havia desperdiçado os melhores anos da sua vida era insuperável. Sua vida havia mudado de ponta a cabeça. Eles eram uma família de classe média. Moravam em uma bela casa de condomínio longe do centro da cidade. Uma vida tranquila e pacata. Mas estavam longe de ser ricos. Para seguirem suas vidas separados, tiveram que vender a casa. Por sorte ainda tinham o pequeno apartamento no centro, primeiro lugar onde moraram. E ela pode mudar para lá com as crianças. Mudar para um lugar que as crianças já conheciam com certeza fac