Na manhã de segunda, no horário combinado, Elisa encontrou Dudu no estacionamento do prédio. Ele estava usando terno, mais uma visão de tirar o fôlego que passaria a fazer parte das fantasias de Elisa.
"Bom dia, Tia Elisa" Ele a cumprimentou, então abriu a porta do carro para ela entrar. O carro tinha o cheiro de perfume dele. Elisa ficou tão distraída com aquele cheiro, que nem percebeu que Dudu já havia dado a volta no carro e estava sentado lado dela. "Tia Elisa?" Ele precisou chamá-la para tirá-la do seu pequeno momento de transe. "Ah, sim querido?" Ela estava constrangida, aquela frase tinha saído um pouco estranha. "Eu não contei exatamente o que nós fazemos durante o jantar, por que não queria que minha soubesse" Ele começou a explicar. "Eu percebi que havia algo não contado, então não se preocupe." Ela respondeu "Bom, acho melhor te explicar antes, não quero fazer você perder seu tempo". Ele continuou, ela apenas acenou, permitindo que ele continuasse a explicação. "Você pode prometer guardar segredo? Eu realmente não gostaria que minha soubesse. Eu sei que é injusto eu pedir para você guardar um segredo que ainda nem sabe qual é". "Não se preocupe. Eu não iria ignorar sua privacidade, mesmo considerando minha amizade com a sua mãe. Mas que mistério todo é esse? O trabalho de vocês é ilegal?" Ela respondeu tão curiosa para saber logo o conteúdo do segredo, que nem parou para pensar nas consequências da promessa que acabava de fazer de mantê-lo. "Não, não é nada necessariamente ilegal.” Ele respondeu e então começou a explicar “Para começar os jogos VRMMO da atual geração acabaram se tornando uma válvula de escape, para muitas de pessoas ao redor do mundo. Você sabe, esse tipo de jogo permite que as pessoas façam no ambiente virtual, o que elas não poderiam fazer na vida real" Os jogos VR eram uma novidade, não existiam na sua juventude. Mas Elisa começou a entender as implicações do que ele estava tentando explicar, mas continuou apenas ouvindo a explicação. "Por exemplo, viajar para uma bela praia tropical, pode ser muito caro. Além de você precisar tirar vários dias de folga, o que para a maioria das pessoas, é impossível. Mas com os jogos VRMMO você pode relaxar em uma praia tropical todos os dias após a trabalho. Sem precisar gastar uma fortuna, ou tirar dias de folga não remunerada." Elisa começava entender qual poderia ser a natureza do trabalho que eles faziam, mas ainda não entendia, por que Dudu queria tanto manter segredo da própria mãe. "Só que para tornar a experiencia realmente imersiva, as pessoas não querem ficar interagindo com bonecos controlados por inteligencia artificial. Elas querem interagir com pessoas de verdade. Bom, isso acabou criando toda uma nova janela de oportunidades trabalho. Toda uma gama de serviços que podem ser ofertados nesse novo mundo virtual." "E vocês tem uma empresa especializada na prestação desses serviços" Elisa agora começava a entender melhor a natureza do trabalho que lhe foi proposto. "É, ela não estava mentindo dizendo que nós somos um tipo de empresa de serviços, mas também não contou toda a verdade". Ele continuou. A curiosidade de Elisa aumentou novamente, qual era exatamente a natureza desses serviços que a empresa de Beatriz prestava? "Bom, a verdade é que Beatriz é dona de um dos mais prestigiados bordeis, da maior cidade do VRMMO mais jogados no momento" Dudu largou essa bomba. “Deixa eu ver se entendi bem. Então quando Beatriz disse que eu era perfeita para o trabalho, ela estava dizendo como garota de programa? Em um bordel virtual”. Elisa perguntou e começou a gargalhar. Dudu olhava para ela com uma cara que era um misto de culpa e espanto. De todas as coisas que ela havia imaginado, a realidade acabou sendo ainda mais absurda. “Desculpa tia, Beatriz é meio maluca às vezes mas ela um boa pessoa. Ela com certeza não tinha a intensão de te ofender. Como ela mencionou o fato de você ter recebido treinamento militar, pode ser que ela não estava necessariamente te oferecendo uma vaga para fazer programa. Mas sinceramente eu não tenho certeza”. Dudu falou, preocupado que Elisa poderia ter ficado brava. “Você não tem do que se preocupar, eu não estou ofendida”. Ele ficava ainda mais encantador quando estava constrangido. “Então Beatriz é dona de um bordel e você trabalha para ela como cafetão”. Ela falou tentando provocá-lo mais ainda. “Não…eu estou mais para segurança”. Ele falou agora ficando vermelho de vergonha. “Então, nós não vamos?” Elisa perguntou. “Espera, você esta realmente considerando aceitar a proposta?” Ele peguntou. “Por que não?” Ela perguntou, para provocá-lo ainda mais. “Claro que não, eu não tenho nem idade para de repente virar ‘acompanhante virtual’. Não tenho nada contra quem trabalha com isso, mas não é para mim”. Ela completou. “Então por que ir na entrevista?” Ele perguntou. Elisa estava entendiada obvio. E aquela tinha sido a coisa mais interessante que havia acontecido na vida dela em anos. Ela não admitiria isso para Dudu é claro. “Eu acho que Beatriz me convidou, sabendo que você me avisaria eu não ira aceitar. Então acho que a real intenção dela era fazer amizade, não me contratar”. Ela falou, tentando esconder o máximo como toda aquela estória de bordel virtual havia atiçado sua curiosidade. “Ah… certo… claro! Então acho que nós podemos ir”. Dudu respondeu um pouco desajeitado.No caminho para o escritório eles continuaram conversando. Elisa evitou perguntar mais sobre o trabalho dele, por que ele parecia muito constrangido. Mas, aproveitou para fazer mais perguntas pessoais. Sem querer, ela estava se comportando como se aquele fosse um primeiro encontro.A viagem de carro não durou mais do que dez minutos, o escritório ficava perto do prédio deles. Provavelmente poderiam ter ido caminhando. O escritório em si não tinha nada de estranho, tirando a sala onde ficavam as máquinas de realidade virtual é claro. Mas mesmo esse tipo de máquina vinha se tornando cada vez mais comuns em empresas, afinal elas tinham aplicações diversas.A sala de Beatriz era uma sala de canto, com uma vista privilegiada da cidade. Uma prova de como o negócio deles era bem sucedido. Quando Elisa chegou com Dudu, Beatriz abriu um sorriso largo e veio recebê-los.“Ola, você veio mesmo! Dudu pode ir fazer suas coisas, que agora eu tomo conto dela”. Beatriz falou e então mostrou o caminha
Seu casamento de dezoito anos havia terminado. O termino em si era um alivio. A anos eles apenas arrastavam a relação. A obrigação era a única coisa que os mantinha juntos. A sensação de ter desperdiçado dezoito anos da sua vida, o sentimento de vazio de ter que recomeçar do zero, esse era o problema, isso era o que pesava para Elisa. Nem tudo na relação havia sido ruim, eles tiveram seus momentos. Seus filhos eram fruto daquela relação. Mas a sensação de que ela havia desperdiçado os melhores anos da sua vida era insuperável. Sua vida havia mudado de ponta a cabeça. Eles eram uma família de classe média. Moravam em uma bela casa de condomínio longe do centro da cidade. Uma vida tranquila e pacata. Mas estavam longe de ser ricos. Para seguirem suas vidas separados, tiveram que vender a casa. Por sorte ainda tinham o pequeno apartamento no centro, primeiro lugar onde moraram. E ela pode mudar para lá com as crianças. Mudar para um lugar que as crianças já conheciam com certeza fac
“Dudu, é você. Nossa, você cresceu né menino? Esta diferente.” Ela respondeu tentando esconder o constrangimento.Quando o reconheceu e ao mesmo tempo lembrou do que havia passado pela sua mente a apenas uns segundos atrás, queria encontrar um buraco e enfiar a cabeça ali para nunca mais tirar.“Bom, já fazem oito anos né tia? Mas você não mudou nada. Continua exatamente como eu lembrava.” Dudu respondeu e logo depois deu um gole em sua garrafa de água, o que fez alguns dos músculos do seu corpo se contrariem. A imagem do pestinha que ela costumava tomar conta se sobrepondo com aquele homem feito na sua frente era realmente algo que a deixava desconcertada.“Como vai sua mãe? Desde que nos mudamos eu só falei com ela por mensagem” Elisa perguntou, em uma tentativa desesperada de continuar a conversa para ela não ter tempo de pensar nas coisas que eram difíceis de não pensar naquele momento.“Ela está bem. Esta feliz que vocês que vocês voltaram. Acho que ela sentia falta da sua famíl
Elisa não parou de pensar em Dudu aquela semana. Havia todo um ar de romance proibido que, por algum motivo que ela não conseguia entender, era extremamente sedutor.Era como se ela tivesse voltado a ser uma jovem adolescente apaixonada, com os hormônios à flor da pele. Fantasiando um romance com seu crush, se "tocando" várias vezes ao dia.Talvez fosse uma vontade reprimida de voltar ao passado e recuperar os dezoito anos que ela perdeu em um casamento infeliz. Ou talvez fosse só uma crise de abstinência sexual que estava mexendo com seu julgamento.O fato é que Dudu havia se tornado o remédio para o tédio que ela sentia.Quando a sexta-feira do jantar na casa de Márcia chegou, ela estava nervosa. Parecia uma garota que estava saindo para seu primeiro date.Um banho demorado, hidratação no cabelo, esfoliação na pele, depilação nas pernas. Ela se arrumou como se estivesse se preparando para um encontro, um encontro que ela esperava que terminasse com um final feliz.Claro, ainda era u
O jantar seguiu, e a forma como Beatriz parecia estar mais interessada em Elisa do que em qualquer outro assunto que surgia na conversa apenas confirmou a impressão inicial: a garota estava flertando. Ela também tinha certeza de que Beatriz havia percebido seu interesse por Dudu. As várias insinuações que ela fez, apesar de sutis, deixavam isso claro.Dudu, por algum motivo, parecia incomodado com alguma coisa, como se estivesse constrangido. O que o fez mostrar um lado tímido. Várias vezes Elisa o pegou olhando para ela, mas ele desviava o olhar, meio sem jeito, sempre que percebia que ela estava retribuindo. Será que seus interesses eram mútuos?Conforme a noite se desenrolava, cada vez mais ela tinha certeza que sim. Toda aquela tensão sexual, entre ela e Dudu, ela e Beatriz, era, de alguma forma, extremamente excitante para Elisa. Tudo aquilo era totalmente inapropriado. Todos os alertas da razão tocavam enlouquecidamente, tentando avisá-la de que estava entrando em terreno peri