Você se apaixonou por um cafajeste? Quando Violleta completou a maioridade, ela saiu do orfanato. Embora ela tenha vivido lá por 18 anos, acuada e fragilizada com os pensamentos de que foi abandonada por sua própria família, Violleta deixa todos no esquecimento, com sua forte iniciativa de seguir em frente, rumo por sua liberdade, independência e o desconhecido. Após conquistar um emprego, Violleta vai receber uma vida cheia de felicidade. No entanto, ela só encontra um mafioso cruel, sem escrúpulo, temido por todos ao seu redor. Incrivelmente este mafioso é um CEO de negócios, dono das maiores empresas do país: Ettore Ferrari...
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Estou dando uma última olhada pela janela do meu quarto. Posso avistar algumas adolescentes a conversar no banco do pátio. Diversas vezes me sentei no mesmo, somente para ter meu momento de silêncio com um bom livro nas mãos. Por ter um jeito mais reservado, sempre encontrei dificuldade em me socializar com as pessoas. Tinha medo de dizer ou fazer algo que pudesse me levar às broncas, brigas ou castigos aqui dentro do orfanato.
Sim. Vivi meus dezoito anos nesse local com paredes escuras, guardada a sete chaves. Nunca pude ir para o lado de fora desses muros e tampouco houve alguma oportunidade para tal ato, como uma curiosidade ou até escapatória. A vigilância sempre foi meticulosa pelas funcionárias e superiores, todas do sexo feminino. De modo algum estive perto de uma presença masculina, sequer imagino a textura da pele ou a fragrância de um perfume diferenciado. Mas idealizo, como todas nós no orfanato, encontrar uma pessoa especial, um amor verdadeiro para a vida inteira que me apresente um mundo novo fora desses muros.
Solto um suspiro ao mirar pela vidraça sentindo o vento frio percorrer meu rosto, me arrepiando. Observo um pássaro distante; alegro-me, pois em minutos estarei livre como ele. A diferença entre nós é que o animalzinho não tem ansiedade ou expectativas de vida, já eu, estou totalmente nervosa pelo que me aguarda além desse casarão velho.
Independentemente do que vier, estou feliz. Esperança é tudo que me alimenta para essa nova etapa de minha existência.
Afasto-me do batente, pegando meu último pertence em cima da cama e guardando em minha pequena maleta com pouquíssimas roupas. Não podia deixar para trás minha única lembrança, a de que um dia tive uma família, que um dia pertenci a algum lugar, que talvez tenha sido querida, ou mesmo indesejada. Nunca saberei ao certo.
Soube pela minha tutora do orfanato, que o homem que me entregou neste local se parecia muito comigo, ao menos lembrava-a como estou atualmente. Talvez fosse um parente — um pai, tio ou irmão mais velho —, o único resquício que tenho é essa manta cor-de-rosa com as letras “II” na extremidade. Podem ser as iniciais de dois nomes, um sobrenome, talvez! Eu sabia que meu sobrenome não era meu realmente, o orfanato dava aos bebês um único nome na falta de documentação, logo, assim como dezenas de crianças naquele lugar, eu era Violleta “Santi”. Um membro de uma família invisível formada por crianças que nunca tiveram direito a um nome, a uma herança de sangue.
Pergunto-me o que levou a essa pessoa a me abandonar em definitivo? Por que não me quiserem? Por que não me cuidaram como uma família normalmente faria?
Sempre senti falta de carinho, atenção e amor. Cresci como uma jovem insegura, carente e medrosa. Talvez pelos traumas que carrego pelo esquecimento de uma família que nunca me buscou ou quis saber de mim.
Porém a partir de hoje tudo isso vai mudar! Viverei uma vida de que fui privada, totalmente liberta, sem limites para meus sonhos com uma nova casa. Fecho o zíper da mala, dando uma última olhada no quarto que foi meu confinamento determinada a não pensar mais nele um dia sequer dali para frente.
— Arrumou tudo, querida? — Viro-me olhando para a senhora Dolores, que parecia ser a única que sentia uma simpatia por mim nesse asilo de crianças e jovens moças.
— Sim. Estou pronta. — Suspiro apreensiva.
Observo-a se aproximar com sua roupa desgastada e cabelo oleoso por trabalhar a anos na cozinha. Ela estende a mão me entregando uma bolsinha. Pego-a abrindo, ficando boquiaberta com o que vejo dentro.
— Meu Deus. Não posso aceitar. — Fecho e lhe entrego, mas sou interrompida no percurso.
— Por favor, Violleta. Aceite minhas economias, você está indo para um mundo novo e precisará estar preparada. — Sem perceber deixo lágrimas caírem. Ela sempre demonstrou ser muito carinhosa comigo, sempre fui sua protegida quando outras jovens vinham me bater ou caçoar. — Eu tenho uma casa e um emprego, e a vida lá fora não é nada fácil. Não é muito, mas te ajudará a se manter, até arrumar um trabalho na área qual fez seu curso de secretariado no ano passado.
— Tem certeza de que não te fará falta? — Estou constrangida com seu ato de bondade. Não quero atrapalhar ou prejudicar ninguém.
Ela segura minhas mãos que ficam unidas com as suas.
— Tenho. Economize o máximo que puder e busque algum imóvel no centro, onde se têm as melhores chances para um bom emprego. — Aceno com a cabeça. — Tome cuidado com homens aproveitadores, você é muito inocente ainda, Violleta. E sua beleza sem cautela pode acabar sendo sua ruína, querida.
— Um dia, eu vou te recompensar por isso. Eu prometo — digo, mesmo sem saber o que o futuro me reserva.
— Viva bem, Violleta — diz a mulher com comoção em seus olhos cansados. — E nunca mais pense neste lugar.
Escuto atentamente seus conselhos e me despeço com um abraço e beijo terno em seu rosto rechonchudo, sem antes, receber também um lanche para a viagem. Não tenho palavras para expressar toda a minha gratidão. Eu certamente não pensaria mais naquele orfanato, não o visitaria nem passaria perto dele, mas nunca esqueceria aquela senhora e minha dívida para com ela.
Consegui chegar ao centro da cidade com sorte e um pouco de ajuda. Pensei que me perderia no percurso, porém foi bem mais fácil que previ. Bastou somente uma orientação da senhora que estava comigo no ponto de ônibus para descer em uma das ruas mais movimentadas. Confesso me senti um peixe fora d’água com esse tumultuado fluxo de pessoas, maioria vestidas de social, bem apresentadas. Sinto-me envergonhada com meu simples vestido floral soltinho até os joelhos e as sapatilhas desgastadas.
De esquina observo uma banca de jornal e me aproximo para pedir mais informações.
— Boa tarde! O senhor poderia me ajudar? — Encaro um homem acima do peso, nos seus quase quarenta anos, bebendo seu refrigerante diet, em cima de um banquinho que quase nem cabe seu traseiro.
— O que quer, garota?
— Estou meio desorientada. Poderia me indicar um local barato pela região para que possa me acomodar? Um hotel, uma pensão, talvez.
— Isso depende. Vai comprar algo na minha banca?
Nossa! Essa é minha primeira experiência na rua de que realmente ninguém faz algo de graça para outra pessoa, tudo em base de troca de favores, nada diferente do que via no orfanato. Por um instante quis que a cidade fosse composta apenas por senhorinhas solícitas como a que encontrei no ônibus, mas como preciso dessa informação, separo alguns trocados para comprar algo de sua banca, bem empoeirada por sinal.
Olho à minha volta e vejo alguns jornais.
— Vou querer um periódico de empregos.
O homem bufa percebendo que não conseguirá uma boa venda comigo. Após me entregar o jornal e eu pagar por ele, aguardo pacientemente sua resposta sobre minha pergunta. Levo um susto quando sinto seu toque inesperado em minha mão, pegando-a e acariciando de um jeito nojento. Senti repulsa na hora. Encaro seus olhos para suas explicações.
— O que uma moça tão bonita faz sozinha numa cidade grande? Se quiser posso te levar para minha casa, bem na minha cama. O que acha?
— Quero que responda minha pergunta — digo enfática.
ViolletaTRÊS ANOS DEPOISParece que foi ontem que tudo começou, a primeira vez que vi Ettore naquela sala todo senhor de si e confiante de que iria me levar para sua casa e me obrigaria a casar com ele. Hoje está acontecendo a mesma coisa, com a diferença de que vou me casar por amor, pela a paixão que sinto por ele e por tudo que ele me deu, mesmo sem saber. Através dele, reencontrei meu pai e hoje posso dizer que tenho uma família, e o mais importante, tenho meu filho, o maior presente que eu poderia ganhar. Hoje, mais do que nunca, estou feliz por finalmente me sentir realizada, Ettore mudou bastante, é bem verdade que ele continua bruto e um escroto com a maioria das pessoas ao seu redor, mas comigo ele se mostra cada vez mais apaixonado, é um homem completamente diferente do que era no passado. Muitos vão me dizer que sou louca por permanecer ao lado de um homem que me fez sofrer tanto, mas não mandamos no coração. Até tentei lutar contra tudo isso, mas foi em vão, valeu a pena
Ettore Ferrari Estou terminando minhas coisas aqui na empresa quando o meu celular toca. Atendo, é o hacker que contratei para descobrir o paradeiro do irmão de Ivan.— Alguma novidade? — Senhor, as notícias não são boas, sua esposa acionou o colar de emergência para localização, estamos monitorando-a por aqui, e quando pararem saberemos para onde a levaram e o gravador nos mostrará o que acontecerá com ela.— Fique de olho para identificar o local para onde a estão levando, e quem está por trás disso. Quero ser informado, descubram a sua localização, em alguns minutos estarei aí! Saio às pressas da empresa, e no caminho ligo para Ivan e Pietro e os deixo a par do que está acontecendo. Peço a minha secretaria que mande todos os funcionários saírem do prédio, aos poucos, sem dar maiores explicações, e saio também. Meus seguranças já estavam me esperando do lado de fora, com a porta do carro aberta, eu entro e, em minutos estou a caminho da sede, quando chego, já está uma correria
Violleta Ferrari Desperto com uma dor de cabeça terrível, causando-me náuseas fazendo meu estômago se revirar. Tento me mexer, mas estou amarrada em uma cadeira. Meu coração palpita e o medo se faz presente. Faço uma prece rapidamente na esperança de que Ettore me ache a tempo.— O destino não podia ser mais filho da puta, não é mesmo minha cara? — Minha atenção é chamada para um outro homem diferente do que me sequestrou. Ele é mais velho, forte, mas que já carrega as marcas da velhice consigo. Seu sorriso zombeteiro se mantém aberto no seu rosto mostrando os dentes amarelados. Mediante as suas palavras fico confusa, pois nunca o vir. Mas, ele parece confiante do que diz. — Perdão, deixe-me se apresentar... — Ele ajeita a sua gravata e diz: — Viktor Petrov, sou seu tio, menina. — O que você quer comigo? Não vá me dizer que esse é o seu jeito carinhoso de tratar os seus familiares? — digo, com deboche sentindo as cordas machucarem meus pulsos enquanto tento me mover. — Não seja d
Violleta Ferrari Levanto da cama, e pelo jeito Ettore já saiu de casa para trabalhar, pois não o vejo em lugar nenhum. Tomo meu banho, coloco um vestido bem bonito e faço uma maquiagem básica, somente para disfarçar a cara de sono e as olheiras. Hoje vou até a empresa de Ettore, fazer uma surpresa e ver como estão as coisas por lá, não sou uma mulher ciumenta, mas é sempre bom deixar claro que a dona do coração dele, sou eu. Desde que nos casamos não estive mais lá e agora, estou curiosa, para saber como anda tudo. Tomo somente um café, já que acordei tarde hoje; dou um beijo em Dante e o levo, de volta para o quarto. — Boa tarde, senhora! — A babá me cumprimenta, sorridente. — Bom dia, e boa tarde, já está quase na hora do almoço mesmo! — As duas sorrimos.— Tudo bem? A senhora está com uma aparência muito boa! — Ela diz.— Sim, está tudo ótimo. Hoje, nem eu, nem meu marido, poderemos levar Dante até o jardim, mas quero que você o leve para tomar sol e respirar ar fresco. Sempre q
Violleta Ferrari Acordo sentindo beijos nas minhas costas e sorrio ao lembrar de tudo que fizemos ontem.— Bom dia, meu amor, vamos levantar? — Deixa eu dormir mais um pouquinho. — peço com a voz manhosa e recebo um tapa na bunda, que me faz sentar de uma vez.— Agora podemos tomar café da manhã, e aproveitar outras coisas além de dormir. — Ele fala, rindo.— Assim não vale, ainda estou cansada, e ontem gastamos muita energia.— Por isso mesmo, fiz um café da manhã repleto de coisas gostosas para repormos a energia que gastamos ontem a anoite.— Maravilhoso! Sorrio e me sento junto com ele, para comermos. Passamos a manhã inteira conversando, brincando, fazendo planos para o futuro, e claro, transando.Estreamos todos os cômodos possíveis, banheiro, área, sala, cozinha e sacada já estão marcados por nós, e os que faltaram, nós marcaremos com o tempo. Mais tarde fomos para casa, pois precisamos cuidar de várias coisas e estamos morrendo de saudades do nosso bebê. Chegamos e meu pai
Violleta Ferrari Meu coração dispara, e as lágrimas descem quando me deparo com a surpresa que ele fez. Tem fotos nossas, dentro de vários balões, que flutuam pelo quarto. São fotos de nós dois, quando éramos crianças, antes que eu fosse levada de meus pais. Fotos do nosso casamento, de eventos que comparecemos juntos, e com o Dante, brincando juntos. Todas nossas recordações boas estão no quarto. Pelo chão do quarto, seguindo até a cama, está coberto de pétalas de rosas, próximo da cama tem uma cesta, onde vejo os meus chocolates favoritos, as frutas de que mais gosto e um balde de gelo, com uma garrafa de vinho e duas taças. Ao fundo, uma música lenta e baixa, o quarto à meia luz. Tudo muito lindo e bem preparado. Não me lembro de já ter recebido, de alguém, algo tão lindo e especial. E mesmo que eu já tivesse recebido, ter sido feito por Ettore, torna esse sonho ainda melhor. Mas sei que isso não é um sonho, pelo contrário, estamos aqui, juntos, e esta é a mais linda realidade.
Último capítulo