Elisa não parou de pensar em Dudu aquela semana. Havia todo um ar de romance proibido que, por algum motivo que ela não conseguia entender, era extremamente sedutor.
Era como se ela tivesse voltado a ser uma jovem adolescente apaixonada, com os hormônios à flor da pele. Fantasiando um romance com seu crush, se "tocando" várias vezes ao dia.
Talvez fosse uma vontade reprimida de voltar ao passado e recuperar os dezoito anos que ela perdeu em um casamento infeliz. Ou talvez fosse só uma crise de abstinência sexual que estava mexendo com seu julgamento.
O fato é que Dudu havia se tornado o remédio para o tédio que ela sentia.
Quando a sexta-feira do jantar na casa de Márcia chegou, ela estava nervosa. Parecia uma garota que estava saindo para seu primeiro date.
Um banho demorado, hidratação no cabelo, esfoliação na pele, depilação nas pernas. Ela se arrumou como se estivesse se preparando para um encontro, um encontro que ela esperava que terminasse com um final feliz.
Claro, ainda era um jantar em família. Os filhos dela estariam presentes. Ela não poderia vestir uma roupa provocante, fazer uma maquiagem matadora e passar a noite provocando, seduzindo Dudu. Por mais que ela fantasiasse fazê-lo.
Ela ainda precisava manter a aparência de uma boa mãe divorciada. Mas existia a possibilidade de eles se esbarrarem. Se acontecesse, ela queria que ele sentisse o toque macio da sua pele, por isso usou seu melhor creme hidratante.
Quando se cumprimentassem com um abraço, ela queria que ele sentisse o cheiro do seu perfume. Se, por acaso do destino, suas pernas se tocassem debaixo da mesa, ela queria estar depilada. Por isso o banho foi muito mais demorado que o de costume.
Por sorte, seus filhos não perceberam nada — ou pelo menos não deixaram ela saber que haviam percebido. Ela estava tão ansiosa, e apressou tanto os filhos, que chegaram cedo, pelo menos quinze minutos antes da hora marcada.
“Bem-vindos. Há quanto tempo nós não nos víamos”. Márcia os recebeu de forma calorosa.
Ela continuava a mesma pessoa maravilhosa de sempre. Uma amiga com quem Elisa sempre podia contar. Naquele momento, ela sentiu um pouco de culpa por ter passado a semana inteira fantasiando com o filho da amiga. Culpa que, ao mesmo tempo, era excitante, por alguma razão.
Dudu não estava lá, o que deixou Elisa um pouco decepcionada.
“Somos só nós hoje?” ela perguntou, querendo saber sobre Dudu, mas tentando disfarçar.
“Não, o João foi ao supermercado comprar algumas bebidas, mas já deve estar chegando. Dudu vem direto do trabalho, também já deve estar chegando.”
João era o marido de Márcia e pai de Dudu, mas Elisa não se importava com ele naquele momento. O importante era que Dudu realmente iria participar do jantar. Ela estava mesmo se comportando como uma garotinha apaixonada.
“Você e o Dudu fariam um par tão perfeito!” Elisa tomou um susto com o que Márcia disse. Mas então percebeu que sua amiga estava falando de Clara.
“Um pouco de romance faria bem pra você, Clara” ela falou, um pouco culpada por usar a própria filha para esconder seu verdadeiro interesse.
“Mãe!” Clara repreendeu, mas Elisa percebeu que a filha, na verdade, gostava da ideia. Estariam mãe e filha vivendo uma paixonite pelo mesmo homem? Mais uma vez, a mesma sensação de culpa e excitação.
“Dudu se tornou um rapaz muito bonito” Elisa continuou provocando Clara.
“Eu sei” a resposta da filha pegou Elisa de surpresa.
“É? Vocês já se viram depois que nos mudamos de volta pra cá?”
“Não, mas existe uma coisa chamada I*******m, né mãe?”
A conversa entre mãe e filha foi interrompida quando a porta se abriu. Era Dudu chegando em casa.
“Ah. Boa noite, pessoal. Vocês já estão aqui.”
Logo atrás de Dudu entrou uma jovem, linda. Provavelmente da mesma idade, uma namorada? Elisa já estava com ciúmes. Mais uma vez, sentimentos contraditórios. Ao mesmo tempo que se sentia ridícula por estar agindo feito uma menina inexperiente, ela se sentia viva, por se permitir sentir, mesmo que apenas fantasiando.
“Essa é Beatriz, minha patroa. Quando eu disse que não podia ir pro happy hour da firma porque tinha um jantar de família, ela ficou me enchendo o saco pra trazê-la. Espero que você não se importe, mãe.”
Dudu começou a cumprimentar um por um os presentes na sala. O coração de Elisa disparava conforme se aproximava a vez dela.
Quando finalmente chegou sua vez, pôde sentir o cheiro dele, o toque das peles quando ele a cumprimentou com um beijo no rosto, sua mão tocando delicadamente o braço dela durante o abraço.
Por um segundo, ela ficou em transe, imaginando como aquele simples cumprimento inocente se tornaria combustível para sessões e mais sessões de autossatisfação.
“Beatriz é sempre bem-vinda, meu bem” a fala de Márcia trouxe Elisa de volta do transe.
Ninguém havia percebido, certo? Quando viu a expressão maliciosa no rosto de Beatriz, ela não tinha tanta certeza. Seu instinto lhe dizia que a garota sabia exatamente o que estava acontecendo na sua cabeça.
“Vocês estão namorando?” Elisa perguntou para Dudu e Beatriz.
“O quê? Não, ela é só minha chefe e amiga mesmo.” Dudu respondeu.
“O Dudu é um pedaço de mau caminho, mas meu lance é outro” Beatriz acrescentou.
A forma como ela olhou para Elisa ao dizer aquilo mandou calafrios pela espinha da mulher. A garota estava flertando com ela?
O jantar seguiu, e a forma como Beatriz parecia estar mais interessada em Elisa do que em qualquer outro assunto que surgia na conversa apenas confirmou a impressão inicial: a garota estava flertando. Ela também tinha certeza de que Beatriz havia percebido seu interesse por Dudu. As várias insinuações que ela fez, apesar de sutis, deixavam isso claro.Dudu, por algum motivo, parecia incomodado com alguma coisa, como se estivesse constrangido. O que o fez mostrar um lado tímido. Várias vezes Elisa o pegou olhando para ela, mas ele desviava o olhar, meio sem jeito, sempre que percebia que ela estava retribuindo. Será que seus interesses eram mútuos?Conforme a noite se desenrolava, cada vez mais ela tinha certeza que sim. Toda aquela tensão sexual, entre ela e Dudu, ela e Beatriz, era, de alguma forma, extremamente excitante para Elisa. Tudo aquilo era totalmente inapropriado. Todos os alertas da razão tocavam enlouquecidamente, tentando avisá-la de que estava entrando em terreno peri
Na manhã de segunda, no horário combinado, Elisa encontrou Dudu no estacionamento do prédio. Ele estava usando terno, mais uma visão de tirar o fôlego que passaria a fazer parte das fantasias de Elisa."Bom dia, Tia Elisa" Ele a cumprimentou, então abriu a porta do carro para ela entrar.O carro tinha o cheiro de perfume dele. Elisa ficou tão distraída com aquele cheiro, que nem percebeu que Dudu já havia dado a volta no carro e estava sentado lado dela."Tia Elisa?" Ele precisou chamá-la para tirá-la do seu pequeno momento de transe."Ah, sim querido?" Ela estava constrangida, aquela frase tinha saído um pouco estranha."Eu não contei exatamente o que nós fazemos durante o jantar, por que não queria que minha soubesse" Ele começou a explicar."Eu percebi que havia algo não contado, então não se preocupe." Ela respondeu"Bom, acho melhor te explicar antes, não quero fazer você perder seu tempo". Ele continuou, ela apenas acenou, permitindo que ele continuasse a explicação."Você pode
No caminho para o escritório eles continuaram conversando. Elisa evitou perguntar mais sobre o trabalho dele, por que ele parecia muito constrangido. Mas, aproveitou para fazer mais perguntas pessoais. Sem querer, ela estava se comportando como se aquele fosse um primeiro encontro.A viagem de carro não durou mais do que dez minutos, o escritório ficava perto do prédio deles. Provavelmente poderiam ter ido caminhando. O escritório em si não tinha nada de estranho, tirando a sala onde ficavam as máquinas de realidade virtual é claro. Mas mesmo esse tipo de máquina vinha se tornando cada vez mais comuns em empresas, afinal elas tinham aplicações diversas.A sala de Beatriz era uma sala de canto, com uma vista privilegiada da cidade. Uma prova de como o negócio deles era bem sucedido. Quando Elisa chegou com Dudu, Beatriz abriu um sorriso largo e veio recebê-los.“Ola, você veio mesmo! Dudu pode ir fazer suas coisas, que agora eu tomo conto dela”. Beatriz falou e então mostrou o caminha
Seu casamento de dezoito anos havia terminado. O termino em si era um alivio. A anos eles apenas arrastavam a relação. A obrigação era a única coisa que os mantinha juntos. A sensação de ter desperdiçado dezoito anos da sua vida, o sentimento de vazio de ter que recomeçar do zero, esse era o problema, isso era o que pesava para Elisa. Nem tudo na relação havia sido ruim, eles tiveram seus momentos. Seus filhos eram fruto daquela relação. Mas a sensação de que ela havia desperdiçado os melhores anos da sua vida era insuperável. Sua vida havia mudado de ponta a cabeça. Eles eram uma família de classe média. Moravam em uma bela casa de condomínio longe do centro da cidade. Uma vida tranquila e pacata. Mas estavam longe de ser ricos. Para seguirem suas vidas separados, tiveram que vender a casa. Por sorte ainda tinham o pequeno apartamento no centro, primeiro lugar onde moraram. E ela pode mudar para lá com as crianças. Mudar para um lugar que as crianças já conheciam com certeza fac
“Dudu, é você. Nossa, você cresceu né menino? Esta diferente.” Ela respondeu tentando esconder o constrangimento.Quando o reconheceu e ao mesmo tempo lembrou do que havia passado pela sua mente a apenas uns segundos atrás, queria encontrar um buraco e enfiar a cabeça ali para nunca mais tirar.“Bom, já fazem oito anos né tia? Mas você não mudou nada. Continua exatamente como eu lembrava.” Dudu respondeu e logo depois deu um gole em sua garrafa de água, o que fez alguns dos músculos do seu corpo se contrariem. A imagem do pestinha que ela costumava tomar conta se sobrepondo com aquele homem feito na sua frente era realmente algo que a deixava desconcertada.“Como vai sua mãe? Desde que nos mudamos eu só falei com ela por mensagem” Elisa perguntou, em uma tentativa desesperada de continuar a conversa para ela não ter tempo de pensar nas coisas que eram difíceis de não pensar naquele momento.“Ela está bem. Esta feliz que vocês que vocês voltaram. Acho que ela sentia falta da sua famíl