Seu casamento de dezoito anos havia terminado. O termino em si era um alivio. A anos eles apenas arrastavam a relação. A obrigação era a única coisa que os mantinha juntos.
A sensação de ter desperdiçado dezoito anos da sua vida, o sentimento de vazio de ter que recomeçar do zero, esse era o problema, isso era o que pesava para Elisa. Nem tudo na relação havia sido ruim, eles tiveram seus momentos. Seus filhos eram fruto daquela relação. Mas a sensação de que ela havia desperdiçado os melhores anos da sua vida era insuperável. Sua vida havia mudado de ponta a cabeça. Eles eram uma família de classe média. Moravam em uma bela casa de condomínio longe do centro da cidade. Uma vida tranquila e pacata. Mas estavam longe de ser ricos. Para seguirem suas vidas separados, tiveram que vender a casa. Por sorte ainda tinham o pequeno apartamento no centro, primeiro lugar onde moraram. E ela pode mudar para lá com as crianças. Mudar para um lugar que as crianças já conheciam com certeza facilitou o processo de transição. Mas ainda era um recomeço cheio de desafios. Sua vida parecia extremamente vazia. Ainda não havia encontrado um novo proposito, um objetivo pelo menos. Ela os chamava de crianças, mas a verdade é que seus filhos já eram adolescentes e muito mais independentes do que ela gostaria que fossem. Clara a filha mais velha tinha 17 anos e estava terminando o ensino médio. Em um ano ela iria pra faculdade, sonhava em estudar medicina. O Caio o mais novo tinha 15. Apesar de ele não ser tão focado e não ter objetivos tão concretos quanto a irmã ele praticamente também não ha dava mais trabalho. Depois de deixá-los na escola pela manhã, seus dias tem sido vazios. O apartamento apesar de confortável é pequeno. As crianças ajudam a manter tudo organizado, então a não sobrava muito para ela fazer. Nem mesmo retomar a carreira era possível. Ela havia servido a aeronáutica, havia sido uma das primeiras pilotos combatentes da história no seu pais a formar na acadêmia aérea. Mas nunca chegou a seguir com sua carreira militar. Deu baixa na aeronáutica para se casar e nunca mais teve outro trabalho na vida a não ser o de dona de casa. Naquela época já teve que se adaptar a uma mudança brusca de estilo de vida. Estava acostumada a ser independente, tinha trilhado seu caminho no serviço militar sem depender de ninguém, apenas do seu talento. Então ela se casou e passou a ser completamente dependente financeiramente do marido. Agora ela vivia uma situação parecida. No passado ela estava apaixonada, então todos os desafios de mudar de vida eram facilitados pela força que seu amor por seu marido lhe dava. Mas agora, por mais que ainda tenha o amor dos filhos, ela estava perdida, sem rumo, completamente entregue ao tédio de uma vida que parecia vazia. Em mais uma das muitas tardes tediosas, ela resolveu aproveitar a piscina do prédio. Tomar sol na piscina em um dia de semana. A alguns meses isso seria inimaginável. Sua antiga casa era gigante e manter aquela casa organizada era um desafio muito maior do que o atual apartamento. Além da casa gigante, diferente dos seus filhos, seu marido lhe dava trabalho, se ela não tomasse conta de cada detalhe da vida dele ele não conseguiria sair de casa de manhã. Ela às vezes se pegava imaginando como ele tem se saído. Pensar no inferno que provavelmente tem sido a vida dele, agora que Ela não estava la para agir como babá, era um pouco reconfortante para Elisa. Ela vestiu um biquíni, fez um vestido com uma canga, pegou protetor solar e creme de bronzear, um óculos escuro, um chapéu de praia e um livro e desceu para a piscina. Ela se sentia ridícula. Aquela sensação ruim de que todos vão te julgar a cada passo que você da na vida a companhava constantemente. Desceu pelo elevador de serviço rezando para não encontrar ninguém. Enquanto caminhava pela área social do prédio teve suas preces atendidas, ninguém apareceu no seu caminho. Mas então ela chegou à área da piscina e alguém já estava la. Alto, magro, pele morena, músculos bem definidos. Os cabelos encaracolados, não muito longos mas também não muito curtos. Vestia apenas uma calção de banho. Varias tatuagens no peitoral e nos ombros largos. Um novinho, que não devia ter muito mais que vinte e poucos anos. Quando ele a viu abriu um sorriso largo. Seu casamento não vinha muito bem a anos, mas havia uma coisa na qual seu marido era bom, na cama. Então durante todos anos de casamento teve uma vida sexual bastante ativa. E nesse momento estava passando, digamos, por uma certa crise de abstinência. Então quando ele abriu aquele sorriso, suas pernas chegaram a bambear. Ele estava flertando com ela? Ela deveria flertar de volta? Mas eles moravam no mesmo prédio as coisas poderiam ficar complicadas. Mas ela era uma mulher solteira agora, qual o problema? Sua mente trabalhava a milhão, ponderando cada detalhe mas seu devaneio foi logo interrompido. “Tia Elisa? Quanto tempo. Mamãe disse mesmo que vocês voltaram pro prédio.” O moreno novinho a cumprimentou. Tia Elisa? Eles se conheciam? Ela buscou na memoria e então finalmente o reconheceu.“Dudu, é você. Nossa, você cresceu né menino? Esta diferente.” Ela respondeu tentando esconder o constrangimento.Quando o reconheceu e ao mesmo tempo lembrou do que havia passado pela sua mente a apenas uns segundos atrás, queria encontrar um buraco e enfiar a cabeça ali para nunca mais tirar.“Bom, já fazem oito anos né tia? Mas você não mudou nada. Continua exatamente como eu lembrava.” Dudu respondeu e logo depois deu um gole em sua garrafa de água, o que fez alguns dos músculos do seu corpo se contrariem. A imagem do pestinha que ela costumava tomar conta se sobrepondo com aquele homem feito na sua frente era realmente algo que a deixava desconcertada.“Como vai sua mãe? Desde que nos mudamos eu só falei com ela por mensagem” Elisa perguntou, em uma tentativa desesperada de continuar a conversa para ela não ter tempo de pensar nas coisas que eram difíceis de não pensar naquele momento.“Ela está bem. Esta feliz que vocês que vocês voltaram. Acho que ela sentia falta da sua famíl
Elisa não parou de pensar em Dudu aquela semana. Havia todo um ar de romance proibido que, por algum motivo que ela não conseguia entender, era extremamente sedutor.Era como se ela tivesse voltado a ser uma jovem adolescente apaixonada, com os hormônios à flor da pele. Fantasiando um romance com seu crush, se "tocando" várias vezes ao dia.Talvez fosse uma vontade reprimida de voltar ao passado e recuperar os dezoito anos que ela perdeu em um casamento infeliz. Ou talvez fosse só uma crise de abstinência sexual que estava mexendo com seu julgamento.O fato é que Dudu havia se tornado o remédio para o tédio que ela sentia.Quando a sexta-feira do jantar na casa de Márcia chegou, ela estava nervosa. Parecia uma garota que estava saindo para seu primeiro date.Um banho demorado, hidratação no cabelo, esfoliação na pele, depilação nas pernas. Ela se arrumou como se estivesse se preparando para um encontro, um encontro que ela esperava que terminasse com um final feliz.Claro, ainda era u
O jantar seguiu, e a forma como Beatriz parecia estar mais interessada em Elisa do que em qualquer outro assunto que surgia na conversa apenas confirmou a impressão inicial: a garota estava flertando. Ela também tinha certeza de que Beatriz havia percebido seu interesse por Dudu. As várias insinuações que ela fez, apesar de sutis, deixavam isso claro.Dudu, por algum motivo, parecia incomodado com alguma coisa, como se estivesse constrangido. O que o fez mostrar um lado tímido. Várias vezes Elisa o pegou olhando para ela, mas ele desviava o olhar, meio sem jeito, sempre que percebia que ela estava retribuindo. Será que seus interesses eram mútuos?Conforme a noite se desenrolava, cada vez mais ela tinha certeza que sim. Toda aquela tensão sexual, entre ela e Dudu, ela e Beatriz, era, de alguma forma, extremamente excitante para Elisa. Tudo aquilo era totalmente inapropriado. Todos os alertas da razão tocavam enlouquecidamente, tentando avisá-la de que estava entrando em terreno peri
Na manhã de segunda, no horário combinado, Elisa encontrou Dudu no estacionamento do prédio. Ele estava usando terno, mais uma visão de tirar o fôlego que passaria a fazer parte das fantasias de Elisa."Bom dia, Tia Elisa" Ele a cumprimentou, então abriu a porta do carro para ela entrar.O carro tinha o cheiro de perfume dele. Elisa ficou tão distraída com aquele cheiro, que nem percebeu que Dudu já havia dado a volta no carro e estava sentado lado dela."Tia Elisa?" Ele precisou chamá-la para tirá-la do seu pequeno momento de transe."Ah, sim querido?" Ela estava constrangida, aquela frase tinha saído um pouco estranha."Eu não contei exatamente o que nós fazemos durante o jantar, por que não queria que minha soubesse" Ele começou a explicar."Eu percebi que havia algo não contado, então não se preocupe." Ela respondeu"Bom, acho melhor te explicar antes, não quero fazer você perder seu tempo". Ele continuou, ela apenas acenou, permitindo que ele continuasse a explicação."Você pode
No caminho para o escritório eles continuaram conversando. Elisa evitou perguntar mais sobre o trabalho dele, por que ele parecia muito constrangido. Mas, aproveitou para fazer mais perguntas pessoais. Sem querer, ela estava se comportando como se aquele fosse um primeiro encontro.A viagem de carro não durou mais do que dez minutos, o escritório ficava perto do prédio deles. Provavelmente poderiam ter ido caminhando. O escritório em si não tinha nada de estranho, tirando a sala onde ficavam as máquinas de realidade virtual é claro. Mas mesmo esse tipo de máquina vinha se tornando cada vez mais comuns em empresas, afinal elas tinham aplicações diversas.A sala de Beatriz era uma sala de canto, com uma vista privilegiada da cidade. Uma prova de como o negócio deles era bem sucedido. Quando Elisa chegou com Dudu, Beatriz abriu um sorriso largo e veio recebê-los.“Ola, você veio mesmo! Dudu pode ir fazer suas coisas, que agora eu tomo conto dela”. Beatriz falou e então mostrou o caminha