Uma proposta de trabalho

O jantar seguiu, e a forma como Beatriz parecia estar mais interessada em Elisa do que em qualquer outro assunto que surgia na conversa apenas confirmou a impressão inicial: a garota estava flertando. Ela também tinha certeza de que Beatriz havia percebido seu interesse por Dudu. As várias insinuações que ela fez, apesar de sutis, deixavam isso claro.

Dudu, por algum motivo, parecia incomodado com alguma coisa, como se estivesse constrangido. O que o fez mostrar um lado tímido. Várias vezes Elisa o pegou olhando para ela, mas ele desviava o olhar, meio sem jeito, sempre que percebia que ela estava retribuindo.

Será que seus interesses eram mútuos?

Conforme a noite se desenrolava, cada vez mais ela tinha certeza que sim. Toda aquela tensão sexual, entre ela e Dudu, ela e Beatriz, era, de alguma forma, extremamente excitante para Elisa.

Tudo aquilo era totalmente inapropriado. Todos os alertas da razão tocavam enlouquecidamente, tentando avisá-la de que estava entrando em terreno perigoso. Mas, pela primeira vez em meses — não, em anos — ela se sentia realmente viva.

“Eu acho que minha mãe deveria procurar um emprego. Não sei por que ela ainda aceita depender do dinheiro do meu pai” uma fala de Clara tirou Elisa de mais um devaneio.

“Você está distraída hoje, mãe” a fala de Caio ligou o alerta, e ela começou a prestar mais atenção nos arredores.

“Han? A sim. Eu já te falei Clara. Em que uma mulher de trinta e seis anos, cuja a única experiencia profissional foram os dois anos na academia militar da aeronáutica poderia trabalhar?” Ela respondeu.

“A quantos você esteve na academia da aeronáutica?” Beatriz perguntou. Toda aquela curiosidade da garota era realmente intrigante para Elisa.

Quando Beatriz viu a cara de confusão de Elisa ela completou.

“Se você tem trinta e seis, deve ter sido a uns vinte anos atrás certo?” Beatriz peguntou.

“Isso, por que a curiosidade?” Elisa perguntou, tentando entender as rasões da garota.

“A empresa que desenvolveu os simuladores de treinamento em realidade virtual usados naquela época pelos militares, usou a mesma Engine daqueles simuladores para desenvolver alguns dos jogos VRMMO mais jogados hoje em dia. Todo mundo que recebeu treinamento na mesma época que você costuma se dar muito bem jogando esses jogos”

Beatriz respondeu. Ela estava sugerindo que Elisa começasse a jogar video game com profissão? Para que não sabe a sigla VRMMO siginifica: Virtual Reality Massively Multiplayer Online ou Jogo Online Massivo Multijogador de Realidade Virtual.

“Você pode vir trabalhar comigo, nós podemos ver se você se adapta”.

Por algum motivo, Dudu engasgou com a comida no momento em que Beatriz falou aquilo.

“Nossa linha de trabalho não combina muito bem com a tia Elisa” Dudu falou.

“Pelo contrário, acho que ela seria perfeita. Minha intuição nunca falha”.

“Só porque ela é mais velha você acha que ela não pode trabalhar com joguinho igual vocês?” Márcia tentou defender Elisa, mas ela não tinha certeza de como se sentir em relação à forma como ela a defendeu.

“O que exatamente vocês fazem? Como se ganha dinheiro jogando MMO?” Elisa perguntou, morrendo de curiosidade.

“Você sabe o que é VRMMO mãe” Caio peguntou.

“MMOs já existiam antes dos dos jogos de realidade virtual de hoje em dia. Eu mesmo, jogava Tíbia quando era adolescente.” Ela respondeu o filho.

“Ainda tem um esquisitões que jogam tíbia até hoje”. O comentário de Caio entrou como um faca nas costas de Elisa.

“Mas então Beatriz o que exatamente vocês fazem?” Ela voltou a conversa para Beatriz. Antes de responder, Beatriz trocou um olhar com Dudu. Claramente havia algum segredo ali. Alguma atividade ilegal?

“Você poderia dizer que somos um tipo de empresa de serviços. Nos prestamos alguns tipos de serviços diferentes para os jogadores. O Dudu por exemplo, ele faz proteção para os jogadores que só querem aproveitar o ambiente virtual do jogo, mas não querem ter que ficar batalhando com outros jugadadores.” Beatriz respondeu, claramente deixando algo não contado.

“Acho que o Dudu está certo. Minha mãe é péssima com tecnologia, esse trabalho de vocês não parece ser pra ela” agora foi Caio quem falou.

“Se sua mãe recebeu treinamento militar usando simuladores de realidade virtual, então ela provavelmente venceria até você em batalha”. Ela falou provocando Caio.

“O que não seria grande coisa, já que eu não sou la tão bom assim” Caio falou, e Elisa sempre ficava impressionada com o quão seu filho era despreocupado às vezes.

“Se ela está oferecendo um emprego, você devia aceitar, mãe” Clara falou.

“Por que você não vem ao nosso escritório na segunda e eu te mostro tudo? Aí você toma uma decisão” agora Beatriz falou em um tom quase de exigência.

Claro, não custa nada pelo menos dar uma olhada, né?” Elisa respondeu, intrigada.

Ela não sabia exatamente se queria mesmo o emprego, mas estava empolgada com o mistério que obviamente ainda existia por trás daquela proposta.

Ótimo. Dudu, você traz ela com você quando vier trabalhar na segunda” Beatriz ordenou.

“É... certo? Claro, eu levo sim” ele respondeu, um pouco constrangido.

“Essa meus amigos nunca vão acreditar, minha mãe virando proplayer de VRMMO”. Caio fechou a noite com chave de ouro.

A noite terminou sem mais nada muito relevante acontecer. Elisa foi para casa com a imaginação acelerada, fantasiando com o que aconteceria na segunda-feira.

Ela se sentia completa. Pela primeira vez em muito tempo, era como se a vida tivesse voltado a ser interessante.

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