Capítulo 125, Uma missão quase impossível.
– Visão de Lua
Eu nem lembro direito como consegui sair de casa. Tudo virou um borrão tão rápido que, quando tentei puxar da memória, parecia que alguém tinha apagado a maior parte e deixado só os flashes mais desesperadores. Só sei que coloquei Sol e a pequena Ester nos braços da minha avó Laura, tentando sorrir, tentando parecer calma, enquanto a minha voz—trêmula e mentirosa—dizia que a gente iria “só ver uma coisinha rápida”.
Eu sabia que era mentira. Minha avó também sabia. Até a Sol, com sua sensibilidade enorme, deve ter percebido pela maneira como eu tremia ao pegar a bolsa. Mas ninguém me questionou. Talvez porque todos viram o medo no meu olhar. Medo real. Medo que aperta o peito como uma mão grande e fria.
A última imagem que tive antes de fechar a porta foi a Ester com os olhos arregalados, chupeta pendurada no canto da boca, e Sol segurando a roupinha da irmã com tanta força que parecia querer ancorar a gente no mundo. Aquilo ficou na minha mente como um aviso silencios