Sinopse: Amélia, uma enfermeira exausta, buscava apenas uma noite de diversão para esquecer a rotina. Mas seu encontro inesperado com Inácio, o enigmático cunhado de sua melhor amiga, transformou sua vida em um pesadelo. Ao acordar na manhã seguinte, ela não só se vê casada com um homem que mal conhece, mas em um lugar completamente diferente: a mansão de Inácio no Canadá. "Não disse que nos casaríamos?", ele sorri, com a mesma confiança arrogante que esconde um plano perigoso. Chocada, Amélia descobre que foi drogada e forçada a assinar um contrato de casamento com uma multa milionária, que a prende a Inácio. Agora, em um cativeiro de luxo e sob o olhar possessivo de um homem capaz de tudo - até mesmo de atirar em alguém para ter o que quer -, Amélia precisará lutar por sua liberdade e descobrir se, em meio a essa união forçada e perigosa, pode surgir algo além do desespero... ou do ódio.
Leer másAmélia Moreira
Acordei com uma latejante e insistente dor de cabeça, como se um martelo estivesse batendo dentro do meu crânio. Meus olhos, pesados e ardidos, mal conseguiam se fixar na claridade agressiva que invadia o quarto pela janela. Me espreguicei, soltando um bocejo arrastado. Ao virar a cabeça para o lado, para afundar o rosto no travesseiro e fugir da luz, congelei. Deitado serenamente ao meu lado, estava Inácio. Inácio! O irmão do marido da minha melhor amiga. No primeiro instante, o susto me atingiu como um choque elétrico. Mas então, a incredulidade deu lugar a uma curiosidade estranha. Ele parecia tão tranquilo, tão inocente em seu sono. Comecei a observá-lo, tentando entender por que ele estava ali, na minha cama. Mas, de repente, sem aviso, os olhos dele se abriram, focando nos meus, e um sorriso preguiçoso se espalhou por seu rosto. O susto foi tão grande que meu corpo deu um salto. — Caramba, Inácio! Você me assustou! O que você está fazendo na minha casa? O que você está fazendo na minha cama? — Exigi, minha voz um pouco mais alta do que eu pretendia, misturando choque e irritação. Ele sorriu, um sorriso malicioso que fez meu estômago embrulhar. Sem dizer uma palavra, ele se aproximou, sua mão deslizando pela minha cintura e me puxando para perto. — Ei! Desencosta! Tá maluco, é...? — Comecei a reclamar, tentando empurrá-lo, mas as palavras morreram na minha garganta. Meu cérebro finalmente registrou a sensação de ar na minha pele. Eu estava completamente nua. Como um raio, puxei o lençol até o pescoço, sentindo o rosto esquentar em brasa. A vergonha me atingiu em cheio, seguida por uma onda avassaladora de indignação. O que eu estava fazendo nua, com Inácio, o cunhado da minha melhor amiga, ao meu lado?! Olhei séria para ele, a sobrancelha erguida, tentando transparecer o mínimo de pânico. — Está bem. A gente transou? Seja direto, Inácio. Não sou ligada a enrolação — fui direta, minha voz gélida. Ele riu, um sorriso malicioso que não alcançava os olhos. — Talvez... — disse ele, deixando a frase pairar no ar, me provocando. — Estou falando sério, caramba! Responde! — O sangue fervia nas minhas veias. — Bom... você gemeu meu nome algumas vezes — disse ele, em um tom sério, que me deixou na dúvida se ele estava brincando ou não. A dúvida me corroeu. Levantei da cama, arrastando o lençol comigo, garantindo que minha nudez não fosse exposta. — Esquece. Eu vou embora. Onde estão as minhas roupas? — disse, olhando ao redor do quarto, que eu não reconhecia, procurando desesperadamente por minhas coisas. Inácio levantou-se, com uma facilidade irritante. Ao contrário de mim, ele estava vestido com uma calça moletom escura, mas sem camisa, exibindo o físico que eu, ironicamente, já tinha notado outras vezes. — Daqui você não sai — disse ele, sua voz rouca, quase um rosnado. Ergui a sobrancelha, um sorriso provocador e irritado nos lábios. — Ah, é? E quem vai me impedir, Inácio? Você? — Eu. Sou seu marido, e estou dizendo que daqui você não vai sair — disse ele, e num movimento que me pegou de surpresa, ele puxou um papel de algum lugar – de uma mesinha de cabeceira que eu não tinha visto – e o jogou na minha direção. Ao ouvi-lo falar "meu marido", uma gargalhada alta e histérica escapou dos meus lábios. Uma gargalhada de puro deboche e descrença, enquanto eu segurava o lençol firmemente. — O que é isso? — perguntei, ainda rindo, meus olhos fixos no papel que caiu no chão, ignorando-o por um segundo. Ele manteve a postura calma e fria, os olhos fixos nos meus. — Veja com seus próprios olhos. Ignorei o papel por mais um momento, lançando-lhe um olhar de puro deboche. — Olha, se passamos a noite juntos, é só falar, ok? Não vou surtar. Mas daí a dizer que é meu marido, já é demais, hein, querido? Qual é a piada? — disse com uma voz carregada de escárnio. — Não estou brincando! — disse ele, a voz agora grave e séria, sem um pingo de humor. — Aí está a prova, Amélia. Agora você é Amélia Moreira Hall, minha mulher — completou, e o 'minha mulher' soou como uma sentença. — Você só pode estar brincando comigo! Isso é uma piada doente! — disse, ajoelhando-me apressadamente para pegar o papel do chão. Comecei a lê-lo, e a cada linha, a cada palavra, a irritação se misturava à surpresa, depois ao pânico e, finalmente, a uma raiva escaldante. — Mas que porra é essa?! — gritei, meu olhar subindo do papel para ele. Ele se aproximou, parando bem próximo de mim, tão perto que eu podia sentir o calor do seu corpo. Inclinou-se, sua boca quase tocando meu ouvido, e sussurrou: — Isto é um contrato de casamento, docinho. Eu te disse que nos casaríamos em um mês, não disse? E aí, gostou? — disse ele, o tom de zombaria escorrendo em cada sílaba, um triunfo cruel em sua voz. Me afastei dele com um empurrão, chocada e incrédula. Aquilo não podia ser verdade. Era alguma armação, alguma brincadeira doentia da parte dele. Eu nunca me casaria com ele, e muito menos assinaria um contrato. Eu jamais assinaria aquele contrato por livre e espontânea vontade. A não ser que... — Você fez alguma coisa comigo, não foi?! Eu nunca assinaria isso por livre e espontânea vontade! Você me drogou, seu desgraçado?! — disse, a voz subindo em um crescendo de acusação. — Será mesmo? — disse ele, um sarcasmo cortante na voz, um brilho nos olhos que me dizia que ele sabia exatamente o que tinha feito. A raiva me dominou, explodindo dentro de mim. Sem pensar, desferi um tapa estalado em seu rosto. O som ecoou no quarto, e minha mão ardeu. Ele riu, massageando a bochecha. Uma risada fria, irritante. — Quer saber? Que se dane! Isso não vai me prender aqui, seu psicopata! — disse, dando um passo decidido em direção à porta. Ele me segurou pelo braço, com uma força que me surpreendeu. Olhei para trás e o encontrei de cara fechada, os olhos agora duros como pedra. — Me solta! — gritei, tentando me desvencilhar do seu aperto. — Me solta logo, Inácio! — completei, a voz cheia de ódio. Sua expressão era fria e impenetrável. Sem me dar tempo de reagir, ele me pegou no colo, como se eu fosse um saco de batatas. — O que você está fazendo?! Me solta, seu imbecil! — gritei, batendo freneticamente em suas costas e ombros. — Já falei que daqui você não sai — disse ele, caminhando em direção à cama e me jogando sobre ela com um pouco de força. O lençol que envolvia meu corpo se soltou no ar, me deixando completamente exposta, a vergonha e a fúria lutando dentro de mim. — Sai de cima de mim, agora! — disse entre os dentes, tentando a todo custo me soltar do seu aperto, empurrando-o com as mãos e os pés. — Não quero. Assim está bom — disse ele sorrindo, ignorando meus protestos. Em um movimento inesperado, usei toda a minha força e, com um impulso, acertei uma joelhada certeira em sua virilha. Ele soltou um gemido abafado, o corpo se curvando, e caiu ao meu lado na cama, gemendo de dor, as mãos entre as pernas. Me levantei de pressa, o coração batendo descontroladamente. Nesse instante, avistei uma blusa jogada no chão perto da cama. A peguei e a vesti correndo, sentindo um alívio mínimo ao cobrir meu corpo. — Argh... — gemeu Inácio, contorcendo-se. Olhei para ele, furiosa, um misto de satisfação e pavor. — Isso é para você aprender a nunca mais tocar um dedo em mim, seu doente! — disse, antes de sair do quarto como um furacão. Sem me importar com meu estado, com a blusa que mal me cobria, desci as escadas correndo. Cheguei até a porta da frente, mas quando tentei abri-la, descobri que estava trancada. Meus ombros caíram. — Aonde pensa que vai? — Inácio surgiu atrás de mim, a voz ainda um pouco rouca de dor, mas com um tom de controle que me fez ranger os dentes. Bufei irritada. Aquela ladainha já estava me tirando do sério. — Abre essa merda de porta e pare de ser tão repetitivo! Você não pode me manter aqui! — disse, minha voz vibrando de fúria e desespero. Ele negou com a cabeça, a expressão impassível.Amélia MoreiraAcordei com o insistente toque do despertador. Marcava apenas seis e meia da manhã, mas hoje era o grande dia: nossa partida para Nova York. Queria deixar tudo perfeitamente organizado antes de sair de casa, então me levantei com um pique renovado. Peguei minhas duas malas grandes, abrindo-as sobre a cama, e comecei a separar roupas minhas e de Inácio. Apenas o necessário, afinal, tínhamos casas mobiliadas nos esperando lá.Após arrumar tudo com cuidado, fechei a última mala com um suspiro de satisfação e fui tomar um banho relaxante. A água quente escorria pelo meu corpo, lavando o cansaço dos últimos dias. Coloquei uma calça de moletom cinza e um top confortável, cobrindo-o com um casaco curto, pronta para a viagem.Depois de pronta, saí do quarto e segui diretamente para o quarto de Diana, ansiosa para chamá-la e ajudá-la a se arrumar. Abri a janela com suavidade, deixando a luz da manhã entrar, e me aproximei da cama, me agachando para ficar da altura dela.— Diana!
Amélia MoreiraEntrei na lanchonete com Diana, procurando refúgio após a fuga que parecia ter durado uma eternidade. O cheiro de fritura e café me trouxe de volta à realidade, uma realidade de liberdade.Pedi dois hambúrgueres e uma Coca-Cola para nós. Enquanto comíamos, famintas, vi Xz, Inácio, X9 e um homem desconhecido (que depois descobriria ser Gabriel) entrarem na lanchonete. Inácio estava com o braço enfaixado, o rosto marcado pelo cansaço e pela preocupação, mas seus olhos brilharam ao me ver.Ele correu até mim, me abraçando com tanta força que quase me tirou o fôlego. — Você está bem? Está ferida em algum lugar? — perguntou, a voz embargada de alívio.— Não se preocupe, o sangue não é meu — respondi, sorrindo, um alívio imenso me invadindo.X9 foi o primeiro a notar Diana, que estava encolhida ao meu lado, terminando seu sorvete. — Quem é a garotinha? — perguntou, com um tom de surpresa.— Diana — expliquei, passando a mão nos cabelos dela. — Também é vítima do cativeiro,
Inácio HallA tensão era palpável no armazém. O ar parecia pesado com a desconfiança. Demetri aplaudiu lentamente, com um sorriso irônico que me irritava profundamente.— Bravo! Vocês realmente se acham espertos, não é? — Seu tom sarcástico me fez apertar a arma em minhas mãos.— Não acredito em você, Demetri — disse, aproximando-me um passo, os olhos fixos nos dele.— Eu não tenho nada a ver com o desaparecimento de Amélia — afirmou ele, tentando manter a calma, mas percebi um leve tremor em suas mãos.— Então explique sua presença aqui, neste armazém abandonado, neste exato momento — exigi, a voz carregada de ameaça.— Já disse que sou dono deste lugar. Preciso justificar meus negócios para vocês agora? — respondeu, a voz ganhando um tom defensivo.Aproximei-me mais, a ponta da minha arma quase tocando seu peito. — Não pense que me engana, Demetri. Estarei vigilante. Cada passo seu será observado.— Vamos! — chamei os meninos, dando as costas a Demetri, mas sentindo seus olhos em m
Amélia MoreiraOlhei fixamente para o sequestrador, a repulsa e o medo se misturando em meu estômago como um veneno. Tentei manter a voz firme, mas senti um leve tremor.— O que exatamente você quer de mim? — perguntei, a respiração presa na garganta.Ele sorriu, revelando um cinismo perturbador que me fez revirar o estômago. — Uma noite... comigo, Amélia.Seus olhos percorreram meu corpo de cima a baixo, um olhar lascivo que me fez sentir uma onda de náusea. Apertei os punhos, lutando contra o impulso de vomitar.— Acha mesmo que eu me renderia à sua depravação? — retruquei, tentando esconder o tremor em minha voz, a raiva fervendo.Ele inclinou a cabeça, seu sorriso se transformando em uma ameaça fria. — Se quiser salvar sua vida... e a de Diana.A menção de Diana me atingiu como um choque elétrico. Ele sabia de Diana. Ele sabia o que me importava.— O que me garante que você vai cumprir com sua palavra? — perguntei, tentando negociar, mesmo sabendo que estava em uma posição de de
Inácio HallA tensão era palpável no meu escritório improvisado. Já se passaram 24 horas desde o sequestro de Amélia, e cada minuto de incerteza me consumia, apertando meu peito.— Alguma novidade? — perguntei, ansioso, olhando para os seguranças que se moviam em volta.— Nada concreto ainda, Inácio — respondeu Xz, com a expressão séria, os olhos fixos na tela do computador à sua frente.Gabriel interveio, sua voz firme. — Estamos analisando todas as câmeras de segurança possíveis e interceptando comunicações suspeitas. Vamos encontrar qualquer pista que nos leve à Amélia, senhor.X9 acrescentou, com a voz mais calma. — Faremos tudo para trazê-la de volta, Inácio. Não se preocupe.— Precisamos agir rápido — insisti, a frustração evidente em meu tom. — Cada minuto conta.Xz assentiu, seus dedos voando sobre o teclado. — Vamos intensificar as buscas. Revirar a cidade inteira, se for preciso.— Gabriel, você tem alguma pista sobre quem pode estar por trás disso? — perguntei, fixando m
Amélia MoreiraAcolhi Diana nos meus braços, sentindo seu pequeno corpo tremer, e fiz uma promessa silenciosa: eu a tiraria daquele lugar horrível, custasse o que custasse. Horas se passaram, e eu perdi completamente a noção do tempo, imersa em pensamentos. Nos meus braços, Diana dormia tranquilamente, um raio de inocência em meio à escuridão, enquanto eu tentava desvendar sua suposta ligação com Inácio. Qual seria? Por que ela seria uma garantia tão valiosa? Qual é o valor dela para que Inácio possa renunciar a tudo?Pela minha cabeça já passaram diversas possibilidades, até mesmo a mais assustadora: que essa pequena pudesse ser uma filha desconhecida de Inácio. Mas se isso fosse verdade? Não queria nem pensar nessa possibilidade. Inácio ficaria completamente louco se soubesse que alguém maltratou uma filha sua e ainda lhe deu ração de cachorro para comer.Vou rezar com todas as minhas forças para que eu esteja errada e essa menina não seja filha dele. Não consigo imaginar o quanto
Último capítulo